Os atos dos apóstolos ALOÍSIO A. COLUcci MÓDULO II – AULA 07.

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1 os atos dos apóstolos ALOÍSIO A. COLUcci MÓDULO II – AULA 07

2 OBJETIVOS Apresentar as realizações e dificuldades dos primeiros Apóstolos do Cristianismo, e mostrar a importância de ser um apóstolo hoje e sempre.

3 ABORDAGENS As primeiras Pregações e Curas feitas pelos Apóstolos
As primeiras sinédrio. Comunhão de Caminho As Epístolas do Apóstolos. O amor cobre uma multidão de pecados. Ser apostolo hoje.

4 INTRODUÇÃO "Não servindo à vista, como para agradar aos homens, mas como servos do Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus." - Paulo. (EFÉSIOS, 6:6.) Se sabes, atende ao que ignora, sem ofuscá-lo com a tua luz. Se tens, ajuda ao necessitado, sem molestá-lo com tua posse. Se amas, não firas o objeto amado com exigências. Se pretendes curar, não humilhes o doente. Se queres melhorar os outros, não maldigues ninguém. Se ensinas a caridade, não te trajes de espinhos, para que teu contato não dilacere os que sofrem. Tem cuidado na tarefa que o Senhor te confiou. É muito fácil servir à vista. Todos querem fazê-lo, procurando o apreço dos homens. Difícil, porém, é servir às ocultas, sem o ilusório manto da vaidade.

5 INTRODUÇÃO É por isto que, em todos os tempos, quase todo o trabalho das criaturas é dispersivo e enganoso. Em geral, cuida-se de obter a qualquer preço as gratificações e as honras humanas. Tu, porém, meu amigo, aprende que o servidor sincero do Cristo fala pouco e constrói, cada vez mais, com o Senhor, no divino silêncio do espírito... Vai e serve. Não te deem cuidado as fantasias que confundem os olhos da carne e nem te consagres aos ruídos da boca. Faze o bem, em silêncio. Foge às referências pessoais e aprendamos a cumprir, de coração, a vontade de Deus. VINHA DE LUZ – XAVIER, Francisco Cândido., pelo espírito Emmanuel.

6 AS PRIMEIRAS PREGAÇÕES
Atos dos Apóstolos é um dos livros do Novo Testamento, escrito em grego pelo evangelista Lucas, o autor do terceiro Evangelho. Este livro contém a história do Cristianismo, desde a ascensão de Jesus Cristo, até a chegada de Paulo, em Roma, segundo dizem, no ano 63 […]. Consta de 28 capítulos. Se quisermos resumi-lo, nele veríamos a história da fundação dos primeiros núcleos cristãos (igrejas) até a morte de Herodes: o cumprimento de muitas promessas do Cristo; a prova da ressurreição e aparições do Divino Mestre; a difusão do Espírito no cenáculo de Jerusalém [Pentecostes]; o desinteresse, a caridade dos primeiros apóstolos, enfim, o que sucedeu a estes até a sua dispersão, para pregarem o Evangelho em todos os lugares ao seu alcance.

7 AS PRIMEIRAS PREGAÇÕES
Consta na Bíblia de Jerusalém, várias informações sobre origem, organização, autoria e princípios doutrinários de Atos dos Apóstolos. O terceiro Evangelho e o livro de Atos eram primitivamente as duas partes de uma só obra, à qual daríamos hoje o nome de “História das origens cristãs”. Logo o segundo livro ficou conhecido com o título de “Atos dos apóstolos” ou “Atos de apóstolos”, conforme o modo da literatura helenística que conhecia os “Atos” de Aníbal, os “Atos” de Alexandre etc.; no cânon do Novo Testamento é separado do Evangelho de Lucas pelo de João, que é interposto.

8 AS PRIMEIRAS PREGAÇÕES
A relação original desses dois livros do Novo Testamento é indicada por seus Prólogos e por seu parentesco literário. O Prólogo dos Atos, que se dirige como o do terceiro Evangelho (Lc 1:1-4), a certo Teófilo (At 1:1) remete a esse Evangelho como o “primeiro livro”, de que ele resume o objeto e retoma os últimos acontecimentos (aparições do Ressuscitado e Ascensão) para encadeá-los à sequência do relato. A língua é outro laço que liga estreitamente os dois livros um ao outro. Não somente suas características (de vocabulário, de gramática e de estilo) se reencontram ao longo dos Atos, estabelecendo a unidade literária dessa obra, mais ainda se reconhecem no terceiro Evangelho, o que não permite mais duvidar que um mesmo autor escreve, aqui e lá.

9 AS PRIMEIRAS PREGAÇÕES
Atos dos apóstolos têm um único destinatário, explicitamente nomeado: é Teófilo, a quem o Evangelho de Lucas também foi dedicado. (Lucas, 1:3) Não sabemos praticamente nada sobre ele. Sua designação “excelentíssimo” pode assinalá-lo como um membro da ordem equestre (a segunda ordem mais elevada na sociedade romana), ou ser simplesmente um título de cortesia. Seria possível vê-lo como um representante da classe média de Roma, a quem Lucas desejava apresentar uma exposição confiável da ascensão e do progresso do Cristianismo.

10 AS PRIMEIRAS PREGAÇÕES
Desde o ano 175 há um consenso das igrejas em aceitar Lucas como o autor dos Atos dos Apóstolos. Este consenso está impresso no documento romano, chamado “Cânon Muratori” e nos seguintes Prólogos: o “Antimarcionita”, o de santo Irineu, o de Tertuliano e os Alexandrinos. Segundo seus escritos, o autor deve ser cristão da geração apostólica, judeu bem helenizado, ou melhor, grego de boa educação, conhecendo a fundo as realidades judaicas e a Bíblia grega [Septuaginta]. Ora, o que sabemos de Lucas a partir das epístolas paulinas concorda bem com esses dados. Ele é apresentado pelo Apóstolo como companheiro querido que está ao seu lado durante seu cativeiro. (Colossenses, 4:10-14; Filemon, 24; II Timóteo, 4:11)

11 AS PRIMEIRAS PREGAÇÕES
Segundo seus escritos, o autor deve ser cristão da geração apostólica, judeu bem helenizado, ou melhor, grego de boa educação, conhecendo a fundo as realidades judaicas e a Bíblia grega [Septuaginta]. Ora, o que sabemos de Lucas a partir das epístolas paulinas concorda bem com esses dados. Ele é apresentado pelo Apóstolo como companheiro querido que está ao seu lado durante seu cativeiro. (Colossenses, 4:10-14; Filemon, 24; II Timóteo, 4:11) Lucas é de origem pagã (de Antioquia na Síria, segundo uma antiga tradição), e médico, o que implicaria certa cultura […]. Para fixar a data em que se escreve, não encontramos nada de firme na tradição antiga. O livro termina com o cativeiro romano de Paulo, provavelmente Em todo caso sua composição deve ser posterior à do terceiro Evangelho (antes de 70? ou por 80? mas nada impõe uma data posterior a 70) […]. Antioquia e Roma são propostas como lugar de composição.

12 AS PRIMEIRAS PREGAÇÕES
Há indicações de que Lucas, ao escrever os Atos dos Apóstolos, estaria movido por um objetivo, além de apenas registrar informações sobre a igreja cristã primitiva. Teria procurado conciliar as críticas e tendências adversas ao Cristianismo, surgidas em decorrência da pregação de Pedro e de Paulo. Atos dos Apóstolos demonstram, com clareza, como se realizou a propagação das ideias cristãs. A pregação dos apóstolos representava as “testemunhas” confiáveis dos ensinamentos do Cristo (Atos dos Apóstolos, 1:8; 2:1-41), a despeito das imperfeições que ainda possuíam.

13 AS PRIMEIRAS PREGAÇÕES
Todos os Apóstolos do Mestre haviam saído do teatro humilde de seus gloriosos ensinamentos; mas, se esses pescadores valorosos eram elevados Espíritos em missão, precisamos considerar que eles estavam muito longe da situação de espiritualidade do Mestre, sofrendo as influ2ncias do meio a que foram conduzidos. Formação e desenvolvimento da Igreja de Jerusalém (Atos dos Apóstolos, 1:1-5,42): os integrantes da Igreja de Jerusalém reuniram-se, primeiro, ao redor de Pedro e, posteriormente, de Tiago Maior, mas permaneceram fieis à tradição judaica. (Atos dos Apóstolos, 15:1-5; 21:20)

14 AS PRIMEIRAS PREGAÇÕES
Esse fato dificultou a adesão dos gentílicos, provocando muitas discussões, sobretudo entre os judeus helenistas. Os helenistas eram judeus convertidos ao Cristianismo, que não aceitavam a Lei Judaica, nem seus ritos e práticas. Tão logo se verificou o regresso do Cordeiro às regiões da Luz, a comunidade cristã, de modo geral, começou a sofrer a influência do Judaísmo, e quase todos os núcleos organizados, da doutrina, pretenderam guardar feição aristocrática, em face das novas igrejas e a associações que se fundavam nos mais diversos pontos do mundo.

15 AS PRIMEIRAS PREGAÇÕES
A ascensão e atividade dos judeus helenistas na Igreja de Jerusalém. Esta questão, colocada no Concílio de Jerusalém, foi muito debatida, optando-se, então, por uma solução conciliadora. Por exemplo, foi dispensada aos convertidos a necessidade de realizar a circuncisão. Pedro, Tiago, Barnabé e Paulo muito contribuíram para conciliar as diferentes correntes de ideias existentes no Cristianismo nascente. Mesmo assim, os helenistas foram perseguidos e expulsos de Jerusalém pelos judeus não convertidos. Um helenista, muito famoso, foi Estevão, preso e morto por apedrejamento, sob as ordens de Saulo de Tarso. (Atos dos Apóstolos, 6:1-15; 15:1-31) (4)

16 AS PRIMEIRAS PREGAÇÕES
A doutrina do crucificado propaga-se com a rapidez de um relâmpago. Fala-se dela tanto em Roma como nas gálias e no norte da África. Surgem os advogados e os detratores. Os prosélitos mais eminentes buscam doutrinar, disseminando as ideias e interpretações. As primeiras igrejas surgem ao pé de cada Apóstolo, ou de cada discípulo mais destacado e estudioso. (10) A pregação apostólica procura, junto aos judeus, mostrar que Jesus é o Messias esperado, exortando-os a não resistirem ao recebimento desta graça: aceitar o Cristo como o Enviado de Deus (Atos dos Apóstolos, 1:1-11; 7:2-53; 13:16-41). A pregação junto aos povos politeístas, por outro lado, tenta justificar a supremacia do amor do Cristo. (Atos dos Apóstolos, 14:15-17; 17:22-31)

17 AS PRIMEIRAS PREGAÇÕES
Doutrina alguma alcançara no mundo semelhante posição, em face da preferência das massas. É que o Divino Mestre selara com exemplos as palavras de suas lições imorredouras. Os povos antigos eram submetidos a contínuas privações, morais e materiais, sobretudo a maioria deles, que era escrava. Dessa forma, a mensagem cristã surgia como um alento, um raio de esperança. Em virtude dos seus postulados sublimes de fraternidade, a lição do Cristo representava o asilo de todos os desesperados e de todos os tristes. As multidões dos aflitos pareciam ouvir aquela misericordiosa exortação: — “vinde a mim, vós todos que sofreis e tendes fome de justiça e eu vos aliviarei” — e da cruz chegava-lhes, ainda, o alento de uma esperança desconhecida.

18 AS PRIMEIRAS PREGAÇÕES
Em virtude dos seus postulados sublimes de fraternidade, a lição do Cristo representava o asilo de todos os desesperados e de todos os tristes. As multidões dos aflitos pareciam ouvir aquela misericordiosa exortação: — “vinde a mim, vós todos que sofreis e tendes fome de justiça e eu vos aliviarei” — e da cruz chegava-lhes, ainda, o alento de uma esperança desconhecida. Fazia parte das atividades doutrinárias da igreja cristã primitiva o culto de ação de graças. Esse culto caracterizava-se pelas pregações dos apóstolos, seguida de comunhão fraterna,; pela prece e pela partilha do pão e dos bens. (Atos dos Apóstolos, 2:42-47). Envolvidos pelo espírito da caridade, abnegação e fraternidade que a mensagem cristã lhes transmitia, os primeiros cristãos procuravam conviver de forma solidária: “Tudo possuíam em comum” e “eram queridos de todo o povo”. (Atos dos Apóstolos, 2:44-47; 4:32-36).

19 AS PRIMEIRAS CURAS Pedro e João subiram ao templo, para a oração da hora nona. E era levado um homem, coxo de nascença, o qual punham cada dia à porta do templo, chamada Formosa, para pedir esmola aos que entravam; e este vendo a Pedro e a João, que iam entrar no templo, implorava-lhes que lhe dessem uma esmola. Pedro fitando os olhos nele, juntamente com João, disse: Olha para nós. E ele, esperando receber deles alguma coisa, olhava-os com atenção. Mas Pedro disse: Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho isso te dou; em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda. E tomando-o pela mão direita, o levantou; e logo os seus pés e artelhos se firmaram e, dando um salto, pôs-se de pé, e começou a andar; e entrou com eles no templo, andando, saltando, e louvando a Deus. E todo o povo o viu andar e louvar a Deus, reconhecendo ser este o homem que se assentava a esmolar à Porta Formosa do Templo, todos ficaram cheios de admiração e pasmo pelo que lhe acontecera. – Atos, III – 1 a 10.

20 AS PRIMEIRAS CURAS Esta narrativa muito simples, cujo fato nenhum caráter miraculoso encerra, pois, são inúmeros os casos de curas narrados nos Evangelhos e até no Antigo Testamento, vem demonstrar mais uma vez que a “Cura dos Enfermos”, por ação psíquico-magnética faz parte do programa de Jesus, como bem compreenderam os Discípulos e o Espiritismo apregoa. De fato, o trabalho, ou antes, a missão do Apostolado não consiste em cultos, nem está sob a ação de ritos desta ou daquela espécie. O seu desiderato não pode deixar de ser o de fazer o bem. “Ide por toda a parte, disse o Cristo, curai os enfermos, expeli os demônios e anunciai o Evangelho”. E estudando a vida dos Apóstolos e seus atos, nós vemos que todos eles, assistidos pelos Espíritos do Senhor, a essas recomendações limitaram a sua tarefa Espiritual.

21 AS PRIMEIRAS CURAS A vida dos Apóstolos começou com a aprendizagem destes durante o tempo que seguiram a Jesus, desdobrando-se em grande atividade após a passagem do Mestre para a Outra Vida, depois de terem recebido o Espírito no Cenáculo. Antes do Pentecostes nada, absolutamente nada eles fizeram, a não ser aprenderem com o Senhor o modo pelo qual deveriam agir, para que a grande Religião, o Cristianismo, pudesse ser, ou antes, pudesse constituir-se a Religião Mundial. Nesta passagem observamos: 1º que os Apóstolos eram destituídos de bens; prata e ouro não tinham; mas tinham coisa muito superior à prata e ao ouro, coisas que com estes metais não se pode fazer, pois que, eles as faziam com o “dom de Deus”; 2º que a cura do coxo foi feita por processo psicomagnético; tendo eles empregado a fixação dos olhos (“olha para nós”, disse Pedro), e também estabelecido o contato com o doente (Pedro tomando-o pela mão direita, o levantou). A cura foi rápida, os membros entorpecidos adquiriram vigor, firmando-se os pés e artelhos do paciente

22 AS PRIMEIRAS CURAS Como é muito natural, todo o povo, cheio de admiração e pasmo pelo que acontecera, ficou em torno de Pedro e João, de olhos fixos para estes dois Apóstolos, sem compreender o escopo dessa cura e como puderam eles operar. Foi quando Pedro, no Pórtico de Salomão, deliberou falar-lhes exaltando o poder do Deus, de Abrahão, de Isaac e de Jacob, que glorificou a Jesus, com o auxílio de quem e por cuja fé, aquele homem se havia restabelecido. “Não foi, disse Pedro, por nosso poder ou por nossa piedade, que o fizemos andar”. ”E estendeu-se em considerações doutrinárias, relembrando a Paixão do Cristo, as profecias feitas a esse respeito, as recomendações de Moisés aos israelitas sobre a adoção do Moço Profeta que Deus deveria suscitar, assim como as profecias de Samuel e os que o sucederam, a tal respeito. No cap. que respigamos o leitor encontrará, do v. 11 ao 26, o discurso de Pedro no templo.

23 AS PRIMEIRAS CURAS Deixamos de nos estender em mais considerações sobre a “Cura do Coxo”, porque, na nossa obrinha — “Histeria e Fenômenos Psíquicos — As Curas Espíritas” já deixamos essa tese bem defendida, pelo que, convidamos os estudantes do Evangelho a passar em revista dita obra. Não convém repetir e repisar o assunto, pois, o nosso tempo é escasso, e não nos convém sair da tese anunciada, que é “Vida e Atos dos Apóstolos”. E faziam-se muitos milagres e prodígios entre o povo pelas mãos dos Apóstolos; e todos estavam de comum acordo no pórtico de Salomão; dos outros, porém, nenhum ousava ajuntar-se a eles, mas o povo os engrandecia; e cada vez mais se agregavam crentes ao Senhor, homens e mulheres em grande número; a ponto de levarem os enfermos até pelas ruas e os porem em leitos e enxergões, para que, ao passar Pedro, ao menos a sua sombra cobrisse algum deles.

24 AS PRIMEIRAS CURAS E também das cidades circunvizinhas de Jerusalém afluía uma multidão, trazendo enfermos e atormentados de espíritos imundos; os quais eram todos curados. Levantando-se, porém, o sumo sacerdote e todos os que estavam com ele (que eram da seita dos saduceus), encheram-se de inveja, prenderam os Apóstolos e os recolheram à prisão pública. Mas um anjo do Senhor abriu de noite as portas do cárcere e, conduzindo-os para fora, disse-lhes: Ide e, no templo, postos em pé, falai ao povo todas as palavras desta vida. E tendo ouvido isto, entraram ao amanhecer no templo e ensinavam. Mas comparecendo o sumo sacerdote e os que com ele estavam, convocaram o Sinédrio e todo o senado dos filhos de Israel, e enviaram os oficiais ao cárcere para trazê-los. Mas os oficiais que lá foram não os acharam no cárcere; e tendo voltado, relataram: Achamos o cárcere fechado com toda a segurança e os guardas às portas, mas abrindo-as, a ninguém achamos dentro.

25 AS PRIMEIRAS CURAS E quando o capitão do templo e os principais sacerdotes ouviram estas palavras ficaram perplexos a respeito deles e do que viria a ser isto, e chegou alguém e anunciou-lhes: eis que os homens que meteste no cárcere, estão no templo postos em pé e ensinando o povo. Nisto foi o capitão e os oficiais e os trouxeram sem violência, porque temiam ser apedrejados pelo povo. E tendo-os trazido, os apresentaram no Sinédrio. E o sumo sacerdote interrogou-os, dizendo: Expressamente vos admoestamos que não ensinásseis nesse Nome, e eis que tendes enchido Jerusalém com o vosso ensino e quereis trazer sobre nós o sangue desse homem. Mas Pedro e os Apóstolos responderam: importa antes obedecer a Deus que aos homens. O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, que vós matastes, pendurando-o num madeiro; a Eles elevou Deus com a sua destra a príncipe e Salvador, para dar arrependimento a Israel e remissão de pecados. E nós somos testemunhas destas coisas e bem assim: o Espírito Santo, que Deus deu aos que lhe obedecem. – Atos, V – 12 – 32.

26 AS PRIMEIRAS CURAS O Cristianismo é uma reunião, um congregado completo de boas obras. Assim como o mundo não consiste unicamente de terras, de mares e de rios, mas é tudo o que nele existe de bom, de útil, de indispensável à vida, à instrução e ao progresso, também o Cristianismo é substância, é luz, é vida para todos os que ingressam em suas fileiras. Todos os dons, todas as faculdades, quais clareiras abertas a um mundo novo, tudo o que é indispensável à vida moral e espiritual, que exalta o coração, que consubstancia o cérebro, que enobrece a alma, que eleva, dignifica e espiritualiza o homem, tudo encontramos no Cristianismo. Observemos a união daqueles crentes que formavam a Comuna Cristã, — o seu desinteresse, o seu espírito de concórdia, de paz, de humildade, e de outro lado as extraordinárias lições que os Espíritos Santos lhes davam por intermédio dos Apóstolos; observemos os fatos maravilhosos que se desdobravam a todo o momento às suas vistas, o desenrolar de cenas admiráveis, patéticas que repercutiam de quebrada em quebrada na Judéia, atraindo homens, mulheres, crianças; são os que iam beber no Cálice da Revelação a Sabedoria que enaltece, o Amor que embalsama, a Fé que salva; enfermos — uns caminhando trôpegos, mas por seus próprios pés, — outros carregados por mãos piedosas em leitos e enxergões, para que ao passar Pedro, ao menos a sua sombra cobrisse algum deles.

27 AS PRIMEIRAS CURAS Imaginai as romarias que enchiam as estradas, vindas de todas as cidades circunvizinhas em direção a Jerusalém, conduzindo atormentados pelas enfermidades, e subjugados por Espíritos obsessores, que recebiam a saúde, o remédio que os libertavam do mal! Observai ainda mais as pregações dos Apóstolos que conduziam numa urna triunfal a Doutrina do Ressuscitado, ao mesmo tempo que enfrentavam a sanha herodiana, dos sacerdotes e governos com aquele denodo que lhes era peculiar, com aquela coragem que só mesmo os Santos Espíritos lhes podiam dar, e tereis estampado às vossas vistas um quadro ainda muito mal delineado, do heroísmo em sua mais alta expressão, da Verdade com suas fulgurações modeladas em cores inéditas, não só para aquele povo de então, como até para o povo de hoje! Poderemos, porventura, admitir que os grandes daquele tempo, os sacerdotes que se diziam guardas da Lei, não vissem diante de seus olhos o que outros, de longínquas terras observavam e compreendiam? Viam e sabiam que uma Nova Luz havia baixado ao mundo, mas a inveja quando chega a denegrir a alma, modifica todas as cores, obscurece todo o entendimento, endurece o coração e desorienta o espírito, atirando-o nos báratros da descrença e da materialidade.

28 AS PRIMEIRAS CURAS O Sumo Sacerdote e todos os que estavam com ele, feridos no seu orgulho, cheios de inveja, pois, apesar de sua grandeza não podiam fazer o que faziam os Apóstolos, a despeito da sua sabedoria, sendo absolutamente impotentes para imitar os humildes pescadores, fizeram-nos prender e os recolheram na prisão. Eles não podiam prever que aquele recurso extremo que usavam, contra a lei, contra a justiça, contra a verdade, seria mais uma oportunidade, proporcionada ao Espírito, para a sua ostensiva manifestação, destruindo o poder dos poderosos e dando forças aos humildes. E assim aconteceu, o Espírito que movimenta os ares e faz tremer a terra, o Espírito que traz em suas mãos potentes, as chaves de todas as prisões, o fogo que tudo consome, não poderia permitir que seus representantes e intermediários permanecessem no cárcere sob o jugo dos grilhões. E deste modo libertos da prisão e com ordem expressa para pregarem no templo, assim foram encontrados aqueles que, sequestrados, afastados de sua tarefa espiritual, tiveram, a seu turno, ocasião de ver e sentir a misericórdia de Deus e seu grande poder.

29 AS PRIMEIRAS CURAS Que fenômenos maravilhosos! E quem os poderá esclarecer, explicar, confirmar e melhor glorificar do que o Espiritismo! Pois, mesmo após a deslumbrante manifestação a que acabavam de assistir, o sumo sacerdote e seus companheiros, não se deram por vencidos e tentaram, mais uma vez, subjugar os Apóstolos, valendo-se para isso da sua autoridade e seu prestígio. Mas suas pretensões não surtiram efeito, “Importa antes obedecer a Deus que aos homens”, disse Pedro. Quão luminosas são estas palavras e quão poucos são os que as obedecem no dia de hoje, mesmo decorridos 1900 anos desde a manifestação do Filho do Altíssimo na Terra! A vida dos Apóstolos e seus atos constituem um espelho que reflete as luzes do Puro Cristianismo. Quem os estudar e se esforçar por imitá-los não deixará de ter as bênçãos de Jesus, e a proteção dos eminentes Espíritos que dirigem a falange do Consolador que já se acha no mundo.

30 AS PRIMEIRAS CURAS Pedro Cura a Enéias Passando Pedro por toda a parte, desceu também aos santos que habitam em Lyda. Achou ali um homem chamado Enéias, que havia oito anos jazia numa cama, porque era paralítico. Pedro disse-lhe: Enéias, Jesus Cristo te sara; levanta-te e faze a tua cama. Ele logo se levantou. Viram-no todos os que moravam em Lyda e Sarona, os quais se converteram ao Senhor. – Cap. IX, v. v. 32 – 35. Um dos principais característicos dos Apóstolos, era a cura de enfermos. Pedro possuía esse dom em alta escala. As curas espirituais produziam grande contribuição para conversão dos incrédulos. Não só era o enfermo curado que se convertia, mas todos os que tinham seguro conhecimento do caso. Dotado de faculdades magnéticas e ainda auxiliado pelos Espíritos, que constituem a Falange do Consolador, que agiam em nome de Jesus, Pedro fez inúmeras conversões, mais por meio de curas do que mesmo pela palavra.

31 AS PRIMEIRAS CURAS É que a cura é um fato que toca logo o coração, o sentimento, mais fácil de percepção do que a palavra que precisa passar pelo cérebro e atravessar o crivo do entendimento. O amor opera milagres, ao passo que a Sabedoria é tardia em sua ação. Enéias, cujos nervos se achavam entrevados, tendo recebido os fluídos vitalizantes de que necessitava para pô-los em ação, à voz de Pedro, ergueu-se e ficou são. As curas espíritas constam, como se vê, dos anais do Cristianismo, e acrescentando estas palavras à narrativa de Lucas, não fazemos mais do que confirmar o que já temos dito em outras obras anteriores, principalmente a intitulada “Histeria e Fenômenos Psíquicos — Curas Espíritas”, que recomendamos aos leitores. Poder e Humildade dos Apóstolos – A Cura do Coxo Em Lystra estava sentado um homem aleijado dos pés, coxo desde o seu nascimento, e que nunca tinha andado. Ele ouvia falar Paulo, e este, fitando os olhos nele e vendo que tinha fé de que seria curado, disse em alta voz: Levanta-te direito sobre os teus pés. E ele saltou e andava.

32 AS PRIMEIRAS CURAS A multidão, vendo, o que Paulo fizera, levantou a voz em língua Iycaônica, dizendo: Os deuses em forma humana desceram a nós, e chamavam a Barnabé, Júpiter e a Paulo, Mercúrio, porque era este quem dirigia a palavra. O sacerdote de Júpiter, que estava em frente da cidade, trouxe para as portas touros e grinaldas e queria sacrificar com a multidão. Mas os Apóstolos Barnabé e Paulo, quando ouviram isto, rasgaram os seus vestidos e saltaram para o meio da multidão clamando: Senhores, porque fazeis isto? Nós também somos homens da mesma natureza que vós e vos anunciamos o Evangelho para que destas coisas vãs vos convertais ao Deus vivo, que fez o Céu, e a Terra, o Mar e tudo o que neles há; o qual nos tempos passados e permitiu que todas as nações andassem nos seus próprios caminhos; e contudo não deixou de dar testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos do Céu chuvas e estações frutíferas, enchendo-vos de mantimento e os vossos corações de alegria. Dizendo isto, com dificuldade impediram a multidão de lhes oferecer sacrifícios. – Cap. XIV, v. v. 8 – 18. A cura do coxo de Lystra foi efetuada pelo mesmo processo que a cura do coxo do templo da porta Formosa, efetuada por Pedra

33 AS PRIMEIRAS CURAS Paulo possuía também, como Pedro, o grande dom de curar os doentes. Era, como dissemos, um dos sinais que envolviam os Apóstolos. A fé contribui muito para o sucesso dessas curas. Jesus dizia aos que lhe pediam o restabelecimento da saúde: “Se tiveres fé, tudo é possível”. Sem dúvida, esse fenômeno, como todos os demais catalogados nos Evangelhos e que o Espiritismo reproduz, produzem grande sensação. Foi o que aconteceu em Lystra. Admirados do fato; surpreendente que acabavam de observar, não só o cura do, como todos os que presenciaram o fato, julgaram, de acordo com suas ideias primitivas, que Paulo e Barnabé eram deuses baixados à terra. Submissos ao politeísmo, sem noção da verdadeira religião que ensina aos homens todas as coisas, estavam eles já prontos para oferecer a “esses deuses” touros e grinaldas, como era de seu costume, mas os Apóstolos, compenetrados de seus deveres e fiéis à missão que desempenhavam repudiaram imediatamente as ofertas, os holocaustos e as ovações, fazendo-lhes ver que Deus não permite essas coisas, pois, sendo Ele o dono de tudo, não compete a nós oferecer-lhe dádivas nem sacrifícios.

34 AS PRIMEIRAS CURAS O sinal do aposto lado é o desinteresse e a humildade, e estes Apóstolos deviam fazê-lo realçar para que a doutrina que pregavam fosse aceita em seus princípios constitutivos, a fim de verdadeiramente poder salvar as almas. Observe com atenção o leitor a vida dos Apóstolos, os seus atos, a sua pregação e digam com a mão na consciência, se os sacerdotes atuais imitam, por ventura, algum dos feitos desses grandes instrutores da humanidade. Eles davam e não recebiam, eram perseguidos e não perseguiam, todas as suas palavras, todos os seus atos eram outros tantos louvores ao Deus vivo, que fez a Terra, o Céu, o Mar e tudo o que neles há. Repeliam as glórias, repudiavam os louvores, execravam o maldito ouro que tanto escraviza os sacerdotes do nosso tempo, e sofriam injustas perseguições, louvando sempre ao Senhor e dando bom testemunho que, de fato, eram cristãos. Eles eram cheios de poder, porque eram humildes e verdadeiros, por isso o Espírito seguia seus passos provendo-os de tudo o que necessitavam.

35 AS PRIMEIRAS PERSEGUIÇÕES PELO SINÉDRIO
E faziam-se muitos milagres e prodígios entre o povo pelas mãos dos Apóstolos; e todos estavam de comum acordo no pórtico de Salomão; dos outros, porém, nenhum ousava ajuntar-se a eles, mas o povo os engrandecia; e cada vez mais se agregavam crentes ao Senhor, homens e mulheres em grande número; a ponto de levarem os enfermos até pelas ruas e os porem em leitos e enxergões, para que, ao passar Pedro, ao menos a sua sombra cobrisse algum deles. E também das cidades circunvizinhas de Jerusalém afluía uma multidão, trazendo enfermos e atormentados de espíritos imundos; os quais eram todos curados. Levantando-se, porém, o sumo sacerdote e todos os que estavam com ele (que eram da seita dos saduceus), encheram-se de inveja, prenderam os Apóstolos e os recolheram à prisão pública.

36 AS PRIMEIRAS PERSEGUIÇÕES PELO SINÉDRIO
Mas um anjo do Senhor abriu de noite as portas do cárcere e, conduzindo-os para fora, disse-lhes: Ide e, no templo, postos em pé, falai ao povo todas as palavras desta vida. E tendo ouvido isto, entraram ao amanhecer no templo e ensinavam. Mas comparecendo o sumo sacerdote e os que com ele estavam, convocaram o Sinédrio e todo o senado dos filhos de Israel, e enviaram os oficiais ao cárcere para trazê-los. Mas os oficiais que lá foram não os acharam no cárcere; e tendo voltado, relataram: Achamos o cárcere fechado com toda a segurança e os guardas às portas, mas abrindo-as, a ninguém achamos dentro. E quando o capitão do templo e os principais sacerdotes ouviram estas palavras ficaram perplexos a respeito deles e do que viria a ser isto, e chegou alguém e anunciou-lhes: eis que os homens que meteste no cárcere, estão no templo postos em pé e ensinando o povo.

37 AS PRIMEIRAS PERSEGUIÇÕES PELO SINÉDRIO
Nisto foi o capitão e os oficiais e os trouxeram sem violência, porque temiam ser apedrejados pelo povo. E tendo-os trazido, os apresentaram no Sinédrio. E o sumo sacerdote interrogou-os, dizendo: Expressamente vos admoestamos que não ensinásseis nesse Nome, e eis que tendes enchido Jerusalém com o vosso ensino e quereis trazer sobre nós o sangue desse homem. Mas Pedro e os Apóstolos responderam: importa antes obedecer a Deus que aos homens. O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, que vós matastes, pendurando-o num madeiro; a Eles elevou Deus com a sua destra a príncipe e Salvador, para dar arrependimento a Israel e remissão de pecados. E nós somos testemunhas 40 destas coisas e bem assim: o Espírito Santo, que Deus deu aos que lhe obedecem. – Atos, V – 12 – 32.

38 AS PRIMEIRAS PERSEGUIÇÕES PELO SINÉDRIO
O Cristianismo é uma reunião, um congregado completo de boas obras. Assim como o mundo não consiste unicamente de terras, de mares e de rios, mas é tudo o que nele existe de bom, de útil, de indispensável à vida, à instrução e ao progresso, também o Cristianismo é substância, é luz, é vida para todos os que ingressam em suas fileiras. Todos os dons, todas as faculdades, quais clareiras abertas a um mundo novo, tudo o que é indispensável à vida moral e espiritual, que exalta o coração, que consubstancia o cérebro, que enobrece a alma, que eleva, dignifica e espiritualiza o homem, tudo encontramos no Cristianismo. Observemos a união daqueles crentes que formavam a Comuna Cristã, — o seu desinteresse, o seu espírito de concórdia, de paz, de humildade, e de outro lado as extraordinárias lições que os Espíritos Santos lhes davam por intermédio dos Apóstolos;

39 AS PRIMEIRAS PERSEGUIÇÕES PELO SINÉDRIO
Observemos os fatos maravilhosos que se desdobravam a todo o momento às suas vistas, o desenrolar de cenas admiráveis, patéticas que repercutiam de quebrada em quebrada na Judéia, atraindo homens, mulheres, crianças; são os que iam beber no Cálice da Revelação a Sabedoria que enaltece, o Amor que embalsama, a Fé que salva; enfermos — uns caminhando trôpegos, mas por seus próprios pés, — outros carregados por mãos piedosas em leitos e enxergões, para que ao passar Pedro, ao menos a sua sombra cobrisse algum deles! Imaginai as romarias que enchiam as estradas, vindas de todas as cidades circunvizinhas em direção a Jerusalém, conduzindo atormentados pelas enfermidades, e subjugados por Espíritos obsessores, que recebiam a saúde, o remédio que os libertavam do mal!

40 AS PRIMEIRAS PERSEGUIÇÕES PELO SINÉDRIO
Observai ainda mais as pregações dos Apóstolos que conduziam numa urna triunfal a Doutrina do Ressuscitado, ao mesmo tempo que enfrentavam a sanha herodiana, dos sacerdotes e governos com aquele denodo que lhes era peculiar, com aquela coragem que só mesmo os Santos Espíritos lhes podiam dar, e tereis estampado às vossas vistas um quadro ainda muito mal delineado, do heroísmo em sua mais alta expressão, da Verdade com suas fulgurações modeladas em cores inéditas, não só para aquele povo de então, como até para o povo de hoje!

41 AS PRIMEIRAS PERSEGUIÇÕES PELO SINÉDRIO
Poderemos, porventura, admitir que os grandes daquele tempo, os sacerdotes que se diziam guardas da Lei, não vissem diante de seus olhos o que outros, de longínquas terras observavam e compreendiam? Viam e sabiam que uma Nova Luz havia baixado ao mundo, mas a inveja quando chega a denegrir a alma, modifica todas as cores, obscurece todo o entendimento, endurece o coração e desorienta o espírito, atirando-o nos báratros da descrença e da materialidade. O Sumo Sacerdote e todos os que estavam com ele, feridos no seu orgulho, cheios de inveja, pois, apesar de sua grandeza não podiam fazer o que faziam os Apóstolos, a despeito da sua sabedoria, sendo absolutamente impotentes para imitar os humildes pescadores, fizeram-nos prender e os recolheram na prisão.

42 AS PRIMEIRAS PERSEGUIÇÕES PELO SINÉDRIO
Eles não podiam prever que aquele recurso extremo que usavam, contra a lei, contra a justiça, contra a verdade, seria mais uma oportunidade, proporcionada ao Espírito, para a sua ostensiva manifestação, destruindo o poder dos poderosos e dando forças aos humildes. E assim aconteceu, o Espírito que movimenta os ares e faz tremer a terra, o Espírito que traz em suas mãos potentes, as chaves de todas as prisões, o fogo que tudo consome, não poderia permitir que seus representantes e intermediários permanecessem no cárcere sob o jugo dos grilhões. E deste modo libertos da prisão e com ordem expressa para pregarem no templo, assim foram encontrados aqueles que, sequestrados, afastados de sua tarefa espiritual, tiveram, a seu turno, ocasião de ver e sentir a misericórdia de Deus e seu grande poder.

43 AS PRIMEIRAS PERSEGUIÇÕES PELO SINÉDRIO
Que fenômenos maravilhosos! E quem os poderá esclarecer, explicar, confirmar e melhor glorificar do que o Espiritismo! Pois, mesmo após a deslumbrante manifestação a que acabavam de assistir, o sumo sacerdote e seus companheiros, não se deram por vencidos e tentaram, mais uma vez, subjugar os Apóstolos, valendo-se para isso da sua autoridade e seu prestígio. Mas suas pretensões não surtiram efeito, ―Importa antes obedecer a Deus que aos homens‖, disse Pedro. Quão luminosas são estas palavras e quão poucos são os que as obedecem no dia de hoje, mesmo decorridos 1900 anos desde a manifestação do Filho do Altíssimo na Terra! A vida dos Apóstolos e seus atos constituem um espelho que reflete as luzes do Puro Cristianismo. Quem os estudar e se esforçar por imitá-los não deixará de ter as bênçãos de Jesus, e a proteção dos eminentes Espíritos que dirigem a falange do Consolador que já se acha no mundo.

44 AS PRIMEIRAS PERSEGUIÇÕES PELO SINÉDRIO
1. - Simão Pedro (Simão Barjonas) morreu em Roma no ano de 67, crucificado de cabeça para baixo Tiago, irmão de João, foi o primeiro dos apóstolos a morrer pela espada, por determinação do rei Herodes, no ano de João morreu em Éfeso, aos 96 anos de idade, quando o imperador romano era Trajano, no ano de 100. Escreveu um dos Evangelhos, 3 Epístolas e o Apocalipse. Foi o único que desencarnou naturalmente, depois de dolorosas perseguições. Foi desterrado para a ilha de Patmos onde escreveria o Apocalipse que quer dizer revelação André morreu crucificado em Patras, na Acaia. Sua cruz, diferente da do Cristo, tinha a forma de um “X”. Era irmão de Simão Pedro. A Acaia era uma região da antiga Grécia, no norte do Peloponeso Filipe foi trucidado na Ásia Menor, após pregar o Evangelho.

45 AS PRIMEIRAS PERSEGUIÇÕES PELO SINÉDRIO
6. - Bartolomeu foi esfolado vivo, prática cruel e comum na Pérsia Mateus, o publicano, que escreveu o primeiro evangelho foi morto na Etiópia, África. 8. - Tomé, o Dídimo, foi martirizado na Índia Tiago, chamado o Menor, morreu apedrejado em Jerusalém no ano de Simão Cananeu foi crucificado pelos Judeus Judas Tadeu, irmão de Tiago, o Menor, foi martirizado em Edessa, cidade da antiga Mesopotâmia Judas Iscariotes suicidou-se, enforcando-se, após trair o Mestre Jesus Matias, que substituiu Judas Iscariotes no colégio apostólico, foi apedrejado pelos Judeus no ano de Estevão, o primeiro mártir do cristianismo, foi apedrejado no Sinédrio em Jerusalém no ano de 35. Não pertencia ao colégio apostólico Paulo de Tarso, o Apóstolo dos Gentios, desencarnou com um único golpe de espada nos arredores da cidade de Roma, na via Ápia, próximo ao cemitério dos antigos romanos, no ano de 65, por ordem do imperador Nero. Alguns Historiadores situam a morte de Paulo de Tarso entre 64 e 67. Também não pertencia ao colégio apostólico. Revista O Espírita. Julho/Dezembro – Ano XXIX – Nº 124

46 A COMUNHÃO DE BENS NA CASA DO CAMINHO
Os apóstolos pregavam com arrebatamento a Boa Nova. As orações eram às vezes tão intensas que o próprio prédio “sacudia” em seus alicerces. A vida religiosa dos mesmos centrava em alguns desempenhos fundamentais: a oração, os sermões, a instrução religiosa e uma coletiva refeição diária. Levavam uma vida simples, despojada, sem confiar no poder do dinheiro. Em razão disso não se deixavam corromper. Sem dúvida, as grandes colunas ou desígnios da “Casa do Caminho” foram: o ensino e vivência da mensagem de Jesus, a assistência social, os tratamentos físico e espiritual, e a instauração de ambiente fraterno. Empregavam o trabalho assistencial de distribuição de alimentos, de remédios, de roupas e até mesmo dos dons curativos como chamariz para conseguirem o objetivo maior: a evangelização do socorrido. Procuravam transformar o assistido em assistente tal como aconteceu com Jeziel, que veio a ser o admirável Estevão, primeiro mártir do Cristianismo.

47 A COMUNHÃO DE BENS NA CASA DO CAMINHO
Não cobiçavam cargos de comando. Certa vez, Pedro, o primeiro líder do grupo, deliberou escolher um sucessor para Judas Iscariotes no colégio apostólico. Reuniu uma assembleia para eleger o sucessor. A assembleia apresentou dois nomes: José Justo e Matias (dois fidedignos cristãos). Sugeriu-se então, em vez de eleição, depositar os dois nomes numa sacola e retirar um após uma prece. Desse modo Matias foi o escolhido para suceder a Judas Iscariotes. A comunidade vivia um momento tão fraternal que José Justo, embora não tenha sido escolhido pelo sorteio, ofertou sua propriedade à “Casa do Caminho”, em sinal de solidariedade à decisão tomada pelo Plano Superior. Simão Pedro e companheiros administraram a “Casa do Caminho”, situada na estrada que ligava Jerusalém a Jope. Auxiliado particularmente por Tiago (filho de Alfeu), Filipe e por João (filho de Zebedeu), Cefas organizou os primeiros arranjos da instituição ao influxo amoroso das lições do Mestre. Em face disso, a residência do velho pescador (doação dos amigos do "Caminho"), transbordava de enfermos e desvalidos sem esperança. É célebre a frase do Cristo "Eu sou o caminho, a verdade e a vida". Em face dessa citação, quando os discípulos assumiram a divulgação do Evangelho, passaram a ser conhecidos como os “homens do Caminho".

48 A COMUNHÃO DE BENS NA CASA DO CAMINHO
O número de seguidores da nova Doutrina aumentou espantosamente – além dos discípulos judeus-palestinenses havia discípulos da diáspora, apontados como "helenistas". Nesse contexto em que a “Casa do Caminho” crescia, paralelamente ocorriam os rigores do misticismo de Tiago, filho de Alfeu. Irromperam as diferenças de opiniões e de interesse entre os discípulos judeus-palestinenses e os “helenistas”. Os apóstolos, sentindo a necessidade de se dedicarem só à pregação, providenciaram para que a comunidade escolhesse trabalhadores fiéis para instruir os judeus da diáspora ( “helenistas”).[3] Destaca-se na ocasião o “helenista” Estêvão, um judeu da diáspora, que aderiu à "Seita do Caminho" e começou a fazer em Jerusalém pregações veementes acusando os judeus de massacrarem os Profetas e Jesus, além de críticas à Lei e ao Templo. Talvez fosse ele o porta-voz da mais antiga pregação dos discípulos convertidos provindos da diáspora. O irmão de Abigail analisava as profecias, sobretudo de Isaias. Ao saber que Jesus havia sido crucificado, recordou o profeta: “Levantar-se-á como um arbusto verde, vivendo na ingratidão de um solo árido, onde não haverá graça nem beleza. Carregado de opróbrios e desprezado dos homens, todos lhe voltarão o rosto. Coberto de ignomínias, não merecerá consideração. É que Ele carregará o fardo pesado de nossas culpas e de nossos sofrimentos, tomando sobre si todas as nossas dores.”[4]

49 A COMUNHÃO DE BENS NA CASA DO CAMINHO
Quando outros seguidores do Mestre contemporizavam os comentários públicos com exposições agradáveis ao judaísmo predominante, “Estevão apresentava à multidão o Salvador do Mundo, indiferente às lutas que iria provocar, comentando sobre a vida do Crucificado com o seu verbo inflamado de luz.”[5] O idioma grego foi o veículo de transmissão do Cristianismo nos seus primeiros tempos. Mais tarde Paulo pregou que não havia diferença entre "judeu" (palestinenses) e "grego" (“helenistas”) quanto à “salvação” em Jesus Cristo, porque pelo "batismo do Espírito", ou seja, imposição de mãos pelo passe, todos se tornavam "irmãos em Cristo"; portanto não era preciso passar antes pelo judaísmo para se tornar cristão. Mas tal questão só ficou definitivamente resolvida após uma reunião com os apóstolos e os anciãos (presbíteros) na comunidade (igreja) de Jerusalém, em 49 d.C. A essa reunião alguns estudiosos chamam de "Concílio" de Jerusalém. [6]

50 A COMUNHÃO DE BENS NA CASA DO CAMINHO
Fazemos aqui uma breve interpolação por questão de coerência histórica. Em nossa narrativa não podemos esquecer que a primeira dessas congregações cristãs surgiu na Galileia, e era composta principalmente de mulheres oprimidas e simples do povo. Tais baluartes do Evangelho atendiam os mendigos, pedintes, coxos e aleijados com auxílios de amparo e de solidariedade. Na crise do Calvário, que culminou na morte de Jesus, as mulheres galileias tiveram posição destacada aos pés da Cruz. A “Casa do Caminho” contou com a colaboração fundamental de valorosas companheiras de ideal. Maria (mãe de Jesus), Lídia (mãe de Silas), Maria e sua irmã Marta, Suzana, Salomé, Maria [esposa de Cléofas], Maria (mãe de João Marcos), Maria de Magdala, Joana de Cusa, Loíde e Eunice ( avó e mãe de Timóteo), Priscila (esposa de Áquila), Lídia, viúva digna e generosa etc, etc, etc...

51 A COMUNHÃO DE BENS NA CASA DO CAMINHO
Mais de cem pessoas recebiam assistencialmente alimentação diária, além dos serviços de socorro aos enfermos, aos órfãos, aos alienados mentais e viciados. Por outro lado, a perseguição atroz do judaísmo obrigou a uma relação de permanentes concessões. Havia infelizmente a dependência monetária da sociedade judia para manutenção da obra. Certa ocasião, Paulo, já convertido, quando em visita a Jerusalém, consternado com a situação da “Casa do Caminho”, em diálogo com Pedro, recomendou buscarem-se outros meios de libertar as verdades evangélicas do convencionalismo humano. Sugeriu serviços agrários de captação de recursos próprios. Cada assistido trabalharia de conformidade com as próprias forças. Assim poderia emancipar o grupo de Jerusalém das imposições do farisaísmo. Pedro justificava que os assistidos já trabalhavam, contudo a igreja continuava onerada de despesas e dívidas que só a cooperação do judaísmo poderia atenuar. Paulo advertiu, porém, que se poderia atender a muitos doentes, ofertar um leito de repouso aos mais infelizes; todavia sempre houve e haverá corpos enfermos e cansados na Terra. Na tarefa cristã, obviamente semelhante esforço não pode ser esquecido, mas a iluminação do espírito deve ser tarefa prioritária. Se o homem trouxesse o Cristo no íntimo, o quadro das necessidades seria completamente modificado.

52 A COMUNHÃO DE BENS NA CASA DO CAMINHO
Não mais de três séculos decorridos dos tempos apostólicos surgiram a falsidade e a má fé, adaptando-se às conveniências dos poderes políticos do mundo, desvirtuando-se todos os princípios, por favorecer doutrinas de violência oficializada. Por isso, a civilização ocidental não chegou a se cristianizar. [7] Mas o Espiritismo, na sua missão de Consolador, será o amparo do mundo nestes séculos de declives da sua História; só ele pode, na sua feição de Cristianismo redivivo, salvar as religiões que se apagam entre os choques da força e da ambição, do egoísmo e do domínio, apontando ao homem os seus verdadeiros caminhos. [8] São chegados os tempos em que as forças do mal serão compelidas a abandonar as suas derradeiras posições de domínio nos ambientes terrestres. Trabalhemos por Jesus, ainda que a nossa oficina esteja localizada no deserto das consciências.

53 AS EPÍSTOLAS DOS APÓSTOLOS
Através de suas epístolas, Paulo transmitiu aos seus discípulos uma fervorosa fé em Jesus Cristo e na sua ressurreição. As cartas ou epístolas de Paulo são denominadas pastorais porque estão dirigidas a um destinatário específico. Trata-se de instruções, conselhos, repreensões ou exortações do apóstolo aos seus discípulos. As demais epístolas existentes no Evangelho (Pedro, João, Judas Tadeu), ao contrário, são de caráter universal porque destinadas aos cristãos, em geral. Quem pretenda conhecer Paulo deve estudar as suas epístolas e os Atos dos Apóstolos “[…] duas fontes independentes que se confirmam e se completam, não obstante algumas divergências em pormenores.” ( As epístolas e os Atos [dos Apóstolos] nos traçam também um retrato surpreendente da personalidade do Apóstolo. Paulo é apaixonado, alma de fogo que se consagra sem limites a um ideal. E esse ideal é essencialmente religioso. Para ele, Deus é tudo e ele o serve com uma lealdade absoluta, primeiro perseguindo aqueles que ele tem na conta de hereges (Gl 1:13; At 24:5,14), depois pregando o Cristo, após haver entendido por revelação que só nele está a salvação. Esse zelo incondicional traduz-se pela abnegação total ao serviço daquele que ama. Trabalhos, fadigas, sofrimentos, privações, perigos de morte (1 Cor 4:8-13; 2 Cor 4:8; 6:4-10;11:23-27), nada lhe importa, contando que cumpra a missão pela qual sente responsável (1 Cor  9:16). […] O ardor do seu coração sensível se traduz bem nos sentimentos que demonstra por seus fiéis.

54 AS EPÍSTOLAS DOS APÓSTOLOS
Há historiadores que enxergam aspectos místicos no caráter de Paulo, outros o consideram, sob certas circunstâncias, exaltado e doentio. Nada é menos fundamentado. […] Ele nada tem do imaginativo, se julgarmos pelas imagens pouco numerosas e corriqueiras que emprega […]. Paulo é, antes, cerebral. Nele se une a um coração ardente inteligência lúcida, lógica, exigente, preocupada em expor a fé segundo as necessidades dos ouvintes. […] Paulo argumenta muitas vezes como rabino, segundo métodos exegéticos que recebeu do seu meio e da sua educação (por exemplo, Gl 3:16; 4:21-31). […] Além disso, esse semita tem boa cultura grega, recebida talvez desde a infância em Tarso, enriquecida por repetidos contatos com o mundo Greco-romano, e esta influência se reflete na sua maneira de pensar, bem como em sua linguagem e no estilo.

55 AS EPÍSTOLAS DOS APÓSTOLOS
É possível que Paulo tenha escrito muitas outras cartas, mas somente catorze chegaram até nós. As epístolas paulinas são as seguintes, segundo a ordem existente no Novo Testamento: 1. Romanos 2. Coríntios (primeira e segunda) 3. Gálatas 4. Efésios 5. Filipenses 6. Colossenses 7. Tessalonicenses (primeira e segunda) 8. Timóteo (primeira e segunda) 9. Tito 10. Filemon 11. Hebreus

56 AS EPÍSTOLAS DOS APÓSTOLOS
As epístolas paulinas […] não são tratados de teologia, mas respostas a situações concretas. Verdadeiras cartas que se inspiram no formulário então em uso […], não são nem “cartas” meramente particulares, nem “epístolas” puramente literárias, mas explanações que Paulo destina a leitores concretos e, para além deles, a todos os fiéis de Cristo. Não se deve, pois, buscar aí exposição sistemática e completa do pensamento do Apóstolo; sempre se deve supor, por detrás delas, a palavra viva, de que são o comentário em pontos particulares. […] Embora dirigidas em ocasiões e a auditórios diferentes, descobre-se nelas uma mesma doutrina fundamental, centrada em torno de Cristo morto e ressuscitado, mas que se adapta, se desenvolve e se enriquece no decurso desta vida consagrada totalmente a todos. (1 Cor 9:19-22).

57 AS EPÍSTOLAS DOS APÓSTOLOS
Emmanuel esclarece como e por que Paulo teve a ideia de escrever as suas cartas. Onde quer que o apóstolo estivesse sempre chegavam emissários das igrejas por ele fundadas, portadores de assuntos urgentes, que solicitavam a presença de Paulo, na localidade, para resolver conflitos ali existentes. Evidentemente, ele não podia atender a todos, pois os deslocamentos, de uma cidade para outra, eram demorados e nem sempre os dedicados discípulos, Silas e Timóteo, estavam disponíveis para substituí-lo. Preocupado com a situação e sem saber como atender às rogativas dos fiéis, Paulo orou fervorosamente a Jesus, pedindo-lhe solução para o problema. Após a prece, ouviu, sob inspiração, Jesus dizer-lhe:

58 AS EPÍSTOLAS DOS APÓSTOLOS
Não te atormentes com as necessidades de serviço. É natural que não possas assistir pessoalmente a todos, ao mesmo tempo. Mas é possível a todos satisfazeres, simultaneamente, pelos poderes do espírito. […] Poderás resolver o problema escrevendo a todos os irmãos em meu nome; os de boa vontade saberão compreender, porque o valor da tarefa não está na presença pessoal do missionário, mas do conteúdo espiritual do seu verbo, da sua exemplificação e da sua vida. Doravante, Estevão permanecerá mais conchegado a ti, transmitindo-te meus pensamentos, e o trabalho de evangelização poderá ampliar-se em benefício dos sofrimentos e das necessidades do mundo. […] Assim começou o movimento dessas cartas imortais, cuja essência espiritual provinha da esfera do Cristo, através da contribuição amorosa de Estevão — companheiro abnegado e fiel daquele que se havia arvorado, na mocidade, em primeiro perseguidor do Cristianismo.

59 AS EPÍSTOLAS DOS APÓSTOLOS
É natural confiar no Cristo e aguardar n’Ele, mas que dizer da angústia da alma atormentada no círculo de cuidados terrestres, esperando egoisticamente que Jesus lhe venha satisfazer os caprichos imediatos? […] É imprescindível, portanto, esperar em Cristo com a noção real da eternidade. A filosofia do imediatismo, na Terra, transforma os homens em crianças. Não vos prendais à idade do corpo físico, às circunstâncias e condições transitórias. Indagai da própria consciência se permaneceis com Jesus. E aguardai o futuro, amando e realizando com o bem, convicto de que a esperança legitima não é repouso e, sim, confiança no trabalho incessante.

60 O AMOR COBRE UMA MULTIDÃO DE PECADOS
Uma torrente infindável de mágoas e sentimentos contraditórios leva contingentes de seres humanos exaustos a formar um séquito de sofredores à procura de socorro psiquiátrico ou psicológico, multiplicando o volume das análises e divãs em consultórios e clínicas. Quantitativo crescente de casos aporta aos templos religiosos, num desesperado apelo para a fé como última saída para uma coletânea de ressentimentos, num intricado labirinto de angústias e depressões. Em grande parte, é a dificuldade nossa de cada dia de desculpar, de desculpar-se, de começar de novo. Dificuldade que emerge dos relacionamentos diários, tornando a vida uma administração de conflitos – na família, na escola, no trabalho, no trânsito, no lazer. Até na Casa Espírita. A Ciência vem fazendo importantes constatações na área do comportamento humano, levando pesquisadores a formular conceitos de extrema relevância, capazes de alterar substanciosamente a qualidade de vida de indivíduos, famílias e grupos sociais.

61 O AMOR COBRE UMA MULTIDÃO DE PECADOS
Revolucionando diagnósticos e substituindo terapias convencionais, conduzindo pacientes a trocar prolongados tratamentos alopáticos por terapias inovadoras, os níveis do conhecimento indicam a mudança de hábitos como pré-requisito terapêutico à erradicação de males de etiologia complexa. Sem externar crenças, a maioria dos pesquisadores evita revelar convicções religiosas de modo a dar às conclusões caráter de cunho estritamente científico, mas acabam por fornecer subsídios valiosos ao argumento da religiosidade corrente. Estudiosos de Stanford relataram valiosas observações, levando o cientista Fred Luskin a tratar do assunto com admirável propriedade quando torna pública parte desse importante acervo: “Estudos científicos mostram com clareza que o aprendizado do perdão é bom para a saúde e bem-estar – bom para a saúde mental e, de acordo com dados recentes, bom para a saúde física.

62 O AMOR COBRE UMA MULTIDÃO DE PECADOS
“(…) Definitivamente, o passado é passado. “(…) A doença cardíaca é a causa mortis principal tanto para homens quanto para mulheres. “(…) A raiva provoca a liberação de substâncias químicas associadas ao estresse, que alteram o funcionamento do coração e causam o estreitamento das artérias coronárias e periféricas. “(…) O perdão é uma experiência complexa, que modifica o nível da autoconfiança, de ações, pensamentos, emoções e sentimentos espirituais de pessoa vítima de afronta. Acredito que aprender a perdoar os sofrimentos e ressentimentos da vida seja um passo importante para nos sentirmos mais esperançosos e conectados espiritualmente, e menos deprimidos.” Pasma o relato circunstanciado do Dr. Fred Luskin sobre algo que não é estranho ao meio espírita:

63 O AMOR COBRE UMA MULTIDÃO DE PECADOS
“Imagine que o que você vê em sua mente está sendo visto numa tela de tevê. (…) Pelo seu controle remoto você determina o que se apresenta na sua televisão. Imagine agora que cada um tenha um controle remoto para mudar o canal que está vendo na mente. (…) Desse ponto de vista, a mágoa pode ser vista como um controle remoto travado no canal da mágoa.” O raciocínio do cientista faz-nos rememorar a rica literatura advinda através de Chico Xavier, da valiosa colaboração de André Luiz: “(…) Estupefato, comecei a divisar formas movimentadas no âmbito da pequena tela sombria. Surgiu uma casa modesta de cidade humilde. Tive a impressão de transpor-lhe a porta. Lá dentro, um quadro horrível e angustioso. Uma senhora de idade madura, demonstrando crueldade impassível no rosto, lutava com um homem embriagado. – ‘Ana! Ana! pelo amor de Deus! não me mates! – dizia ele, súplice, incapaz de defender-se. – ‘Nunca! Nunca te perdoarei! (…)’.”

64 O AMOR COBRE UMA MULTIDÃO DE PECADOS
Com toda a sua dinâmica de desvendar o conhecimento a partir de observação repetida e sistemática, a ciência experimental vem galgando passos importantes na disseminação do saber, dando saltos quantitativos gigantescos, ora muito objetiva e rapidamente, ora muito lenta e gradualmente. E a variante dos novos passos que são dados tem a vontade como mola propulsora. Quando deseja, o homem caminha rápido, muito rápido; quando não, demora-se nas enseadas da vida, às vezes evitando tratar abordagens incômodas ou de futuro incerto, postergando o transcendente para outra instância, receoso de chegar a conclusões embaraçosas, que possam implicar em mudanças importantes nos valores cultuados. A ciência e a religião tocam-se nas linhas infinitas do tempo.

65 O AMOR COBRE UMA MULTIDÃO DE PECADOS
O Meigo Nazareno já havia recomendado o perdão na sua mensagem consoladora ao colégio apostólico, aos discípulos, e, em todos os conflitos, externava generosidade e compreensão, procurando substituir a ofensa pela desculpa, a intransigência pela tolerância, a mágoa pelo amor. Recomendara a um dileto amigo que desculpasse ilimitadas vezes, como que procurando dizer a ele que o perdão age como medicamento profilático, vacinal, capaz de substituir vincos na fronte cerrada e ameaçadora pela amena descontração de um riso relaxante e confortador. Acostumado a observar a infantilidade de conflituosos contemporâneos, desaconselhava o litígio, endereçando as querelas a soluções que esvaziam as disputas. Como quem quisesse nos dizer que a maioria dos aborrecimentos do dia-a-dia passariam despercebidos, se pudéssemos as mais das vezes dizer ao semelhante que nos desafia: – Estou errado, enganei-me. Não faria de novo.

66 O AMOR COBRE UMA MULTIDÃO DE PECADOS
Habituados a não reconhecer o próprio erro, sempre empenhamos recursos verbalísticos persuasivos, no afã de evitar o mea culpa que deixaria o assunto exaurir-se de per si. Opta-se por tentar identificar o erro no semelhante ou descobrir nele a contribuição para a contenda, crendo na sua dissimulação, capaz de aviltar a verdade para esquivar-se de qualquer transgressão. De Pedro vem observação interessante, que não cogita da contenda, dotada de senso de oportunidade, atualíssima na sociedade em que estamos inseridos, onde o conflito ainda é a via primeira para solucionar questões do dia-a-dia:[6] (…) Tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre a multidão de pecados.

67 O AMOR COBRE UMA MULTIDÃO DE PECADOS
Sede, mutuamente, hospitaleiros, sem reclamar. Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus; se alguém serve, faça-o na força que Deus supre… Desculpar não é aceitar o erro que alguém pratica. Mas reconhecer o erro, nosso ou do nosso semelhante, sem se ofender. Sem se magoar. Sem ter que sentir de novo, no dia seguinte, a contrariedade da véspera: portanto, sem se ressentir. É aceitar as pessoas, e a nós mesmos, sem ficarmos presos aos acontecimentos indesejados da vida em sociedade. É admitir que “o passado é passado”, como afirma Fred Luskin. Ou o próprio Emmanuel quando escreveu: “Agora, eis o momento da melhora que procuras. (…) Ontem não mais existe (…).” O Amor Cobre uma Multidão de Pecados, por Antônio Carmo Rubatino. Fonte: Revista Reformador, Outubro de 2005, p

68 SER APÓSTOLO HOJE “VOCAÇÃO CRISTÔ
“Por isso mesmo, irmãos, procurai com mais diligência consolidar a vossa vocação e eleição, pois, agindo desse modo, não tropeçareis jamais...” ( Pedro, 1:10). Muitos adeptos das religiões e filosofias nascidas do Evangelho de Jesus buscam, nos cultos exteriores e no claustro da letra doutrinária, a revelação da vocação cristã que aspiram, sem, no entanto, conseguirem expressar em sua conduta a essência do ensinamento cristão. Emocionam-se sob o influxo de comentários inspirados acerca da sublime vida de doação incondicional do Cristo. Entretanto, do lado de fora dos templos dedicados à fé que professam, mostram-se insensíveis perante a miséria material de moral dos que sucumbem à mingua nas ruas do abandono social.

69 SER APÓSTOLO HOJE A assertiva do apóstolo Pedro é rocha edificante sobre a qual todo trabalhador do Cristo deve construir sua trajetória terrena. O impulso de servir é tendência natural do espírito, semente latente que pulsa no âmago da sua dimensão crística. E, para que este precioso dom desperte, é necessário pautar a experiência cotidiana pelos exemplos de sabedoria e amor que Ele legou ao mundo. Nesse sentido, a missão do Espiritismo, na condição de cristianismo restaurado no mundo, transcende o papel investigativo da ciência e da filosofia no tocante às realidades do mundo espiritual, guardando, em sua feição mais íntima, o propósito elevado de religar o homem à sua essência divina, por meio da prática da caridade, expressão legítima do amor universal.

70 SER APÓSTOLO HOJE Assim, alma querida, consolida a tua vocação cristã seguido, sem vacilar, o roteiro traçado pela Boa-Nova do Mestre, para que não venhas a tropeçar nos pedregulhos da razão egoísta e da insensibilidade intelectual. Cuida da semente de fraternidade que já trazes em teu íntimo, regando- com a água da alegria espontânea que brota do gesto de auxílio ao irmão em aflição. Conforta-o com o estímulo do verbo edificante, mas sobretudo, estando-lhe as mãos generosas em nome de Jesus, a fim de que tu sejas para ele o exemplo vivo da fé na misericórdia divina. O obreiro cristão é aquele que supera a euforia verbal das letras evangélicas, aprendendo a aliar as bênçãos da inteligência ao elixir de amor guardado na taça do coração, convertendo-se em instrumento da bondade divina. No trabalho com Jesus, teoria e prática, ensinamento e ação são realidades inseparáveis.

71 SER APÓSTOLO HOJE Oportuno meditar que o ato de servir unifica vocação e realização, assemelhando-se na Terra à sublime antevisão das bem-aventuranças celestes que palpitam na esperança da coletividade humana como promessas do Cristo. Portanto, se nos dispormos a servi-Lo, é preciso determinação e perseverança para seguir-Lhe os passos, tomando sobre os ombros o madeiro das nossas responsabilidades perante a vida. Viver de acordo com os princípios evangélicos exige sacrifícios e renúncia, obediência e humildade para a modificação de hábitos e a correção de rumos, de modo a se atingir os cimos altaneiros da vida espiritual.

72 SER APÓSTOLO HOJE Não existe progresso sem renovação. Por isso mesmo, o verdadeiro cristão é aquele que exercita sua vocação no cadinho redentor das atribulações diárias, não fugindo às lições dos testemunhos e nem se deixando abater pelas próprias limitações. Por atender confiantemente ao chamado do Cristo, deixa para trás os desatinos sombrios do passado e vive a claridade do presente sob inspiração do serviço no bem, pois sabe que, somente renunciado ao galardão transitório das glórias terrenas, poderá, um dia, alcançar os tesouros imperecíveis da Vida Eterna. Irmã Scheilla.

73 SER APÓSTOLO HOJE Constroem brilhantes edifícios teóricos acerca de lei de amor como fonte mantenedora da vida, expressa por Jesus na síntese universal de “amai-vos uns aos outros”. Contudo, ao menor sinal de ofensa ou calúnia recebida de irmãos invigilantes que lhes compartilham a jornada, respondem com aguilhões do revide, de sarcasmo e da indiferença. Enchem-se de compreensivo otimismo ante as excelsas promessas de eternidade, anunciadas pelo divino amigo do Sermão do Monte. Porém, são incapazes de doar seque um minuto de seu tempo aos que sofrem as provações da miséria material e da enfermidade, de maneira e minorar-lhes os tormentos do físico e da alma, por meio da alegria de um pedaço de pão ou do reconforto de uma palavra amiga.

74 FONTES DE PESQUISAS Atos dos Apóstolos, A Bíblia, Novo Testamento.
As três Epístolas de João. As duas Epístolas de Pedro. Epístola da Tiago. Fonte Viva, Apóstolos, lição 57. Laços de Afeto, DUFAUS, Ernane. As Curas Relatadas no Espiritismo, Centro Espírita Léon Denis. Vida e Atos dos Apóstolos, SCHUTEL, Cairbar, 1933. Casa do Caminho, HESSEN, Jorge. Revista O Espírita, dezembro 2007. O Cristianismo, Módulo II, Bíblia do Caminho. Revista O Reformador, outubro de pag. 23 a 33, Artigo: O Amor cobre uma Multidão de Pecados, RUBATINO, Antônio Carmo.


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