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Myoclonic epilepsy with ragged-red fibers
MERRF Myoclonic epilepsy with ragged-red fibers
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FUNDAÇÃO FACULDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS MÉDICAS DE PORTO ALEGRE
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS MORFOLÓGICAS DISCIPLINA DE GENÉTICA HUMANA Rafaela de Vargas Ortigara Sheila Ferreira Fernandes Tatiana Bianchi Monitora: Niara Oliveira
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Introdução Mitocôndrias essenciais no fornecimento de energia para as células. DNA mitocondrial grande influência na produção dessa energia. Defeitos mitocondriais ampla variedade de manifestações clínicas.
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Primeiros relatos década de 60.
Década de 90 métodos diagnósticos mais eficientes. 1 : nascidos vivos. MERRF uma das doenças associadas a defeitos no mitDNA.
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Características Mitocondriais
Mitocôndrias: organelas esféricas ou alongadas; presentes em quase todas as células eucarióticas; produção de energia - ATP (rico em ligações energéticas); distribuição celular e nos tecidos: variável.
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Geração de energia: fosforilação oxidativa; cadeia respiratória - 5 complexos; passagem de elétrons liberação de energia gradiente de prótons síntese de ATP.
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DNA mitocondrial Mitocôndria DNA, RNA e ribossomos próprios.
Células somáticas mononucleares 1000 a 5000 cópias de mitDNA. Ovócitos maduros ou mais cópias de mitDNA. mitDNA informações genéticas para algumas proteínas mitocondriais - capacidade biossintética.
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Genoma mitocondrial humano:
pequena molécula circular de DNA de cadeia dupla; pares de bases; compacto, sem íntrons; 37 genes 2 rRNAs 22 tRNAs 13 mRNAs 13 polipeptídeos (componentes da cadeia respiratória).
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Função celular e função mitocondrial:
interdependentes; mais de 100 proteínas codificadas no núcleo são necessárias para manter o mitDNA e expressar os produtos de seus genes. Nº das subunidades dos complexos da cadeia respiratória codificadas pelo mitDNA: Complexo I 7 (ND1, ND2, ND3, ND4, ND4L, ND5, ND6); Complexo II 0 ;
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Mutações por rearranjos (deleções ou duplicações) e pontuais.
Complexo III 1 (citocromo b); Complexo IV 3 (COXI, COXII, COXII); Complexo V 2 (ATPase 6 e 8). Suscetibilidade a mutações mitDNA sem histonas protetoras e sem um sistema de reparo efetivo - radicais livres. Mutações por rearranjos (deleções ou duplicações) e pontuais. Mais de 200 mutações mitocondriais patogênicas identificadas.
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Evolução do mitDNA Hipótese endossimbionte:
Célula maior anaeróbica + células menores aeróbicas; Célula maior nutrientes e proteção às menores; Células menores oxidação e fornecimento de energia à maior;
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Evolução: célula maior organismo eucarionte;
células menores mitocôndrias; Fatores que sustentam a hipótese endossimbionte: mitDNA próprio; genoma mitocondrial diferente do nuclear; genoma mitocondrial com características comuns ao procarioto; Transferência de genes ao nDNA.
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HERANÇA MITOCONDRIAL Não clássica. Exclusivamente materna.
Homens afetados não transmitem a sua prole. Todos os filhos de mulheres afetadas têm a mutação.
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Multiplicidade de moléculas de mitDNA por célula
HOMOPLASMIA: quando contém somente moléculas de mitDNA normais ou anormais, isto é, são todas idênticas. HETEROPLASMIA: quando contém tanto moléculas de mitDNA normais quanto anormais em proporções que podem variar.
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Segregação e transmissão complexas e não bem estabelecidas:
Segregação mitótica; ¨Bottleneck¨.
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DOENÇAS MITOCONDRIAIS
Grupo de citopatias com expressão clínica heterogênea que decorrem de alterações no metabolismo energético celular. Decorrem mais freqüentemente de mutações no mitDNA. Também podem ocorrer devido a mutações no nDNA ou defeitos na sinalização intergenômica.
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As mutações no mitDNA podem ser: REARRANJO:
esporádicas, não transmitidas às gerações subseqüentes; ocorrem na área de deleções comuns; Síndrome de Kearns-Sayre (KSS); Síndrome de oftalmoplegia externa progressiva crônica (CPEO); Síndrome de Pearson.
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SUBSTITUIÇÕES PONTUAIS:
troca de uma base nitrogenada por outra em um gene mitocondrial; podem afetar genes mitocondriais dos 13 polipeptídeos, dos 2 rRNAs, ou dos 22 tRNAs; são de herança estritamente materna; Neuropatia óptica hereditária de Leber (LHON) - GA no gene da subunidade ND4 do complexo I, convertendo arginina para histidina; Síndrome de Leigh - TG no gene da ATPsintetase mitocondrial, convertendo leucina para arginina.
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MELAS - mitochondrial encephalomyopathy, lactic acidosis and stroke episodes - AG no gene do tRNAleu ; MERRF- myoclonic epilepsy with ragged-red fibers; outras são sugeridas, como a Surdez não sindrômica.
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MERRF Myoclonic epilepsy with ragged-red fibers.
Encefalomiopatia mitocondrial. Rara, de herança materna, progressiva e devastadora. Mutação em genes mitocondriais que codificam tRNAs produção defeituosa de diversas proteínas fosforilação oxidativa afetada decréscimo na produção energética manifestações clínicas.
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Etiologia - bases moleculares e bioquímicas
Mutações no gene tRNALys. 80 a 90% transição AG na posição 8344. 10 a 20% transição TC na posição 8356. Outras mutações: AG na posição 3243 (MELAS). Heteroplasmia.
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Mutação defeito na síntese proteíca mitocondrial.
redução geral da síntese proteíca; códon de terminação, determinando uma finalização precoce da tradução; geração anormal dos produtos da tradução; número de resíduos de lisina nos polipeptídeos; redução no consumo de O2 e na atividade enzimática da cadeia respiratória; NADH desidrogenase (complexo I) e citocromo c oxidase (complexo IV).
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Resultado déficit energético celular.
Mutações no tRNA do mitDNA deficiências enzimáticas e defeitos na tradução independentemente do nDNA.
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FISIOPATOLOGIA E CORRELAÇÃO FENÓTIPO GENÓTIPO-LIMIAR DE EXPRESSÃO
Mutação que causa defeitos nos complexos I e IV da cadeia respiratória. Questão chave: requerimento energético do tecido conforme sua função celular. Manifestações clínicas dependem de uma série de fatores.
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LIMIAR DE EXPRESSÃO: limite de déficit energético suportado pelo tecido, conforme seu trabalho celular; tecidos diferem quanto ao grau de requerimento energético; classificação bioenergética em limiar de expressão em órgãos humanos são, em ordem decrescente: SNC, coração, músculo esquelético, sistema renal, endócrino e hepático.
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Quando excedido seu limiar de expressão as manifestações clínicas são apresentadas.
Sugere-se que estejam associadas com a percentagem de mitDNA mutante do tecido. Células cerebrais in vitro têm sua síntese protéica prejudicada quando um limiar específico de ~85% de mitDNA é excedido.
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Mais que 60% de mitDNA mutante no tecido cerebral.
Mais que 92% de mitDNA mutante no tecido muscular. Correlação idade, nível de mitDNA mutante e fenótipo.
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HERANÇA MITOCONDRIAL EM MERRF
Respeita as características da herança mitocondrial em geral. Transmissão estritamente materna. Menor freqüência de filhos clinicamente afetados, comparada a MELAS. Nível de mitDNA mutante no sangue materno> 40% = possibilidade de filhos clinicamente afetados.
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Características Clínicas
Início dos sintomas: entre 5 e 12 anos. Piora progressiva com a idade. Sintomas relacionados à: proporção entre mitocôndrias mutantes e normais; necessidade energética do órgão afetado. Sistema nervoso necessita de maior aporte energético.
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Manifestações mais freqüentes:
miopatia mitocondrial; mioclônus; ataxia; epilepsia; surdez neuro-sensorial. Menos freqüentes: demência, neuropatia, baixa estatura, atrofia óptica, DM, AVC.
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Diagnóstico Clínica: Histopatológico:
levantar suspeita de d. mitocondrial; praticamente é diagnóstico de exclusão. Histopatológico: músculo é tecido ideal; fibras rotas vermelhas(ragged-red fibers) – cortes de criostato corados pelo tricrômio de Gomori; quando > que 3% é quase patognomônico; quando em crianças e adolescentes, necessita-se de outros métodos diagnósticos.
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Bioquímico: Alteração no estado de oxirredução do plasma, devido à deficiência funcional do ciclo de Krebs: aumenta concentração de lactato, piruvato, relação lactato/piruvato e corpos cetônicos; se lactato estiver entre 2,2 e 7mmol/L, fazer relação L/P após teste de esforço e/ou após sobrecarga de glicose; se lactato for > que 7mmol/L, não é necessário.
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A partir de índices de oxirredução alterados, dosar atividade das enzimas mitocondriais:
medida do consumo do O2 pela mitocôndria (polarografia): diminuído em MERRF; medida da atividade da citocromo c oxidase (compl.IV): diminuída em MERRF; atividade da NADH-CoQ-citocromo c redutase (compl.I eIII): diminuída em MERRF; atividade da oxidação da NADH na presença da ubiquinona (receptor de elétrons): também diminuída; atividade da citrato sintetase (enz do ciclo de Krebs).
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Molecular: As mutações de ponto mais freqüentes em MERRF (MTTK*MERRF8344G e MTTK*MERRF8356C) são detectadas através do estudo de polimorfismos de comprimentos de fragmentos de restrição de regiões do mitDNA amplificadas por PCR.
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Investigação adicional:
Eletroencefalograma: ondas basais lentas e picos multifocais; Eletromiografia: perda de unidades motoras, velocidade de condução diminuída; Imagem (TC, RNM): calcificação de núcleos da base, atrofia de hemisférios cerebrais e cerebelares, alterações na substância branca; ECG, ecocardiograma, etc.
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Tratamento Não há cura para MERRF.
Os objetivos são melhorar o funcionamento anormal da cadeia respiratória e proporcionar alívio sintomático. A resposta ao tratamento varia de um indivíduo para outro.
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Vitaminas e co-fatores:
proporcionar > produção de ATP; Coenzima Q e derivados quinona: regularização do piruvato e lactato; vitamina K3, K1, C: melhorar o transporte de elétrons; vitamina B2: co-fator nos complexos de fosforilação I e II;
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vitamina B1, B3, E, ácido fólico, ácido lipóico, selênio, betacaroteno, biotina e outros: diminuem a progressão da doença pelo poder antioxidante; dicloroacetato: regularização do lactato e piruvato.
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Mudanças na rotina: - evitar o jejum prolongado; - vômitos/anorexia: hospitalização; - cuidados com regimes de emagrecimento; - evitar alimentos ricos em Fe: lesão na mitocôndria e mitDNA; - evitar bebidas alcoólicas e cigarro; - evitar ambientes muito frios ou quentes; - evitar situações cansativas.
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Tratamento sintomático:
- atenuar manifestações de MERRF nos diversos órgãos; - mioclônus: antiepilépticos; - musculatura esquelética: fisioterapia; - descompensação metabólica: hidratação, glicose EV, correção da acidose e repouso.
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Diagnóstico Pré-natal e Aconselhamento Genético
Não há relação entre o resultado dos testes e o verdadeiro fenótipo a ser manifestado pelo indivíduo. Orientar as famílias e as gestantes é uma tarefa de grande desafio para o médico.
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