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PublicouMelissa Cecilio Alterado mais de 9 anos atrás
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Introdução P. Armindo Janeiro Presidente da Direcção
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Contexto externo Nos finais dos anos 50 deu-se uma dupla evolução: o mundo ocidental conheceu um forte crescimento e desenvolvimento – os famosos “Golden Sixties”; é o início da chamada “sociedade de consumo”. Não obstante a construção do muro de Berlin (1961) e a crise dos mísseis de Cuba (1962), assiste-se: ao processo de desanuviamento entre os dois blocos saídos da IIª Guerra Mundial à descolonização e à emergência do chamado “movimento dos não alinhados”, pela mão de Nasser (Egipto) e Nehru (Índia).
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Contexto interno O Concílio foi preparado por um conjunto de movimentos, muito activos nos pontificados de Pio XI e Pio XII, tais como: o litúrgico o bíblico o patrístico o mariano o ecuménico o teológico o laical Estes movimentos, mais ou menos organizados, mas sem estatuto oficial, são portadores de “ideias novas” que enriqueceram os trabalhos conciliares.
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A ideia de um concílio! A maioria dos Papas, desde 1870, tinha pensado retomar os trabalhos do Iº Concílio do Vaticano, mas havia um impedimento grave: para muitos, tal significaria reconhecer a situação criada pela invasão dos Estados pontifícios. João XXIII, simplesmente, anuncia a celebração de um Sínodo para a Diocese de Roma e de um Concílio Ecuménico para a Igreja Universal, a 25/1/1959, menos de três meses após a sua eleição.
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A ideia de um concílio! Mons. Capovilla, seu secretário, refere que o Papa não pediu “aprovação de um projecto ainda discutível”, mas sim “fiel e cooperante adesão e participação de todos os membros do Povo de Deus na sua decisão de convocar um concílio”. Andrea Riccardi afirma que “João XXIII, ao contrário de Pio XI e Pio XII, não pediu para se estudar a questão, anunciou simplesmente o concílio sem consultas”.
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Que concílio? Havia muita pergunta por responder: Qual a sua natureza e finalidade? Seria um novo concílio ou era apenas o retomar do que fora interrompido, como tinham querido fazer os seus predecessores? Seria um concílio para promover a união ou seria um concílio católico, no sentido tradicional do termo? Um concílio de condenações/luta contra a modernidade ou de reformas? Só a meados de Julho de 1959, é que João XXIII comunica ao cardeal Tardini que o concílio se chamaria “II Concílio do Vaticano”. Logo, um novo concílio!
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Que concílio? Pouco a pouco, nos seus discursos e gestos, o Papa vai-lhe apontando o rumo: 1) seguirá o caminho do aggiornamento – este termo tornar-se-á a palavra-chave do Concílio; 2) deverá dar particular atenção ao ministério episcopal e às igrejas locais; 3) deverá cuidar das relações com as outras Igrejas cristãs e com a acção social e política dos povos.
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A preparação Nomeia a comissão ante-preparatória, presidida pelo Cardeal Secretário de Estado Domenico Tardini, a 17/5/1959, dia de Pentecostes, para fazer a consulta à Cúria Romana e aos futuros padres conciliares sobre os assuntos a tratar no Concílio, e organizar as comissões de trabalho. Chegaram 2161 propostas, estão publicadas em 12 volumes. A fase preparatória começa com a criação de 10 comissões, a 5/6/1960. À excepção da dos leigos, todas as outras eram constituídas por membros das Congregações romanas.
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A preparação Acima das comissões preparatórias, havia a comissão central, presidida pelo Papa e composta por uma centena de membros por ele escolhidos. Esta comissão era a mais representativa da realidade da Igreja. Nela se começaram a confrontar as duas tendências que haveriam de marcar o ritmo do Concílio: uma reformista (Suenens) que depressa assumiu a palavra “aggiornamento”, utilizada pelo Papa e a outra mais defensiva (Ottaviani).
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Os participantes Membros natos: Cardeais e Patriarcas Arcebispos e bispos residenciais, titulares e auxiliares Superiores das ordens e congregações religiosas Ao todo, entre 2.000 e 2.200 membros. No Concílio de Trento (1545-1563) participaram algumas dezenas de bispos, na sua grande maioria, italianos e espanhóis, sem esquecer a notável presença portuguesa. No Iº Concílio de Vaticano (1869-1870) estiveram presentes cerca de 700 padres, a maioria de origem europeia.
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Os peritos Os Teólogos, chamados “peritos conciliares”, ganharam importância logo no primeiro período conciliar (1962) com a rejeição, pela assembleia conciliar, dos esquemas preparatórios. Eles foram protagonistas maiores no “drama conciliar” (Levillain), pois lhes foi confiada a tarefa de elaborar esquemas alternativos, bem fundamentados nos textos bíblicos e patrísticos. Na abertura do Concílio, os “peritos oficiais” eram 201: 75 italianos e 126 estrangeiros. Na última sessão do Concílio, o seu número ultrapassou os 500. A colaboração entre bispos e teólogos, durante o Concílio, foi “exemplar” (Wicks), já no período pós- conciliar, infelizmente, não foi possível manter este espírito de colaboração entre o Magistério e os teólogos.
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Observadores não católicos Novidade absoluta querida pelo papa João XXIII. O convite foi melhor aceite pelas Igrejas da reforma protestante do que pelas Igrejas Ortodoxas. Apenas a Igreja Ortodoxa Russa, por motivos políticos, haveria de estar na primeira sessão do Concílio; as outras vieram na terceira sessão (1964), depois do encontro de Paulo VI com Patriarca Atenágoras, em Jerusalém, no mês de Janeiro. As igrejas protestantes, à excepção da Baptista, enviarem os seus representantes, que foram aumentando: quatro dezenas em 1962 e uma centena em 1965. Foram também convidados pelo Secretariado, os fundadores da Comunidade de Taizé (Roger Schutz e Max Thurian) e o teólogo luterano Óscar Cullmann.
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Leigos no Concílio Mons. Felici, secretário da Comissão Central, teria dito a quem o interrogou que, sendo o Concílio um acto da Igreja docente e não da discente, os leigos não poderiam participar directamente. João XXIII fez logo uma excepção na primeira sessão, convidando o filósofo francês Jean Guitton como “observador”. Na segunda sessão, Paulo VI convidou como “ouvintes” 13 leigos. Um deles (Vittorino Veronese) e Jean Guitton haveriam mesmo – foram os únicos leigos a fazê-lo – de usar da palavra no Concílio. A partir da terceira sessão, o Papa nomeou também mulheres (10 leigas e 10 religiosas). Estas colaboraram na elaboração do decreto sobre o Apostolado dos Leigos e na da constituição sobre a Igreja no Mundo Contemporâneo.
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O desenrolar do Concílio 1º Período: 11 de Outubro – 8 de Dezembro de 1962 No discurso inaugural, João XXIII foi decididamente optimista, afirmando que “discordava dos chamados profetas da desgraça, que anunciavam sempre o pior, como se estivesse iminente o fim do mundo”. O caminho a seguir era, claramente, o do aggiornamento, que excluía todo o tipo de condenações: “nos dias de hoje – afirmava o Papa – a esposa de Cristo prefere usar antes a medicina da misericórdia do que a da severidade ”. 2 dias depois, os Padres conciliares começavam a cumprir o espírito do Concílio: pedem mais tempo para conhecer e propor, para as Comissões, os candidatos mais qualificados.
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O desenrolar do Concílio 1º Período: 11 de Outubro – 8 de Dezembro de 1962 Deste modo, entram na dinâmica conciliar as conferências episcopais, aquisição importantíssima para todo o Concílio, e o trabalho em conjunto dos padres conciliares. Cresce, assim, a «consciência conciliar» que há-de rever tudo o que tinha sido feito até então e propor novos esquemas de trabalho.
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O desenrolar do Concílio 2º período: 29 de Setembro – 4 de Dezembro de 1963 Paulo VI abre a 2ª sessão conciliar com um discurso menos optimista, mas com a mesma inspiração fundamental: confirma a sua finalidade “prevalentemente pastoral” e apresenta 4 objectivos para o Concílio: 1) aprofundar a doutrina sobre a Igreja; 2) renovar a Igreja pelo regresso às suas tradições mais autênticas e fecundas; 3) recompor a unidade de todos os cristãos; 4) abrir o caminho do diálogo com o mundo contemporâneo. Deste período são o decreto sobre a Comunicação Social e a constituição sobre a Liturgia.
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O desenrolar do Concílio 3º período: 14 de Setembro – 21 de Novembro de 1964 Nesta sessão viveram-se grandes momentos de tenção que culminaram na chamada “semana negra” do Concílio. 3 decisões do Papa foram mal acolhidas na aula conciliar: 1) fez preceder o IIIº capítulo da constituição sobre a Igreja de uma nota explicativa prévia que parecia retirar força ao texto sobre a colegialidade episcopal ; 2) reenviou o texto sobre a Liberdade Religiosa para a sessão seguinte ; 3) introduziu algumas modificações no decreto sobre o Ecumenismo.
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O desenrolar do Concílio 3º período: 14 de Setembro – 21 de Novembro de 1964 Depois, no discurso de Encerramento, o Papa conferiu a Maria o título de “Mãe da Igreja”, título esse que a comissão conciliar encarregada da redacção do capítulo sobre a Virgem Maria não quis reconhecer. Contudo, o trabalho deste período é amplamente positivo: o caminho do “aggiornamento” continuou a ser percorrido com a publicação dos decretos sobre as Igrejas Orientais e sobre o Ecumenismo e a constituição sobre a Igreja.
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O desenrolar do Concílio 4º período: 14 de Setembro – 7 de Dezembro de 1965 Na abertura, o Papa fez 2 anúncios importantes: a instituição do Sínodo dos Bispos, aplicando assim o princípio da colegialidade episcopal e a visita à sede da ONU, para apelar à paz e à solidariedade entre os povos.
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O desenrolar do Concílio 4º período: 14 de Setembro – 7 de Dezembro de 1965 Neste último período foram aprovados e promulgados todos os documentos em discussão: as declarações sobre a Educação Cristã, as Religiões Não-cristãs e a Liberdade Religiosa; os decretos sobre os Bispos, a Vida Religiosa, o Apostolado dos Leigos, as Missões, o Ministério dos Presbíteros e a Formação Sacerdotal; as constituições sobre a Revelação e sobre a Igreja no Mundo Contemporâneo.
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O desenrolar do Concílio 4º período: 14 de Setembro – 7 de Dezembro de 1965 No último dia do Concílio (7/12/65) foi levantada a excomunhão recíproca de 1054, pelo Papa Paulo VI e pelo Patriarca Atenágoras de Constantinopla, reconhecendo ambos que a excomunhão se dirigia a pessoas e não às Igrejas e que não tinham querido romper a comunhão eclesial, e, ao mesmo tempo, lamentando os excessos cometidos por ambas as partes.
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O desenrolar do Concílio 4º período: 14 de Setembro – 7 de Dezembro de 1965 No discurso de encerramento, o Papa afirmou que a parábola do Bom Samaritano fora o paradigma da espiritualidade conciliar.
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Fim da Apresentação Braga, 13 de Setembro de 2014
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