Parágrafo: unidade de composição

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1 Parágrafo: unidade de composição
Conceito: “O parágrafo é uma unidade de composição constituída por um ou mais de um período, em que se desenvolve determinada ideia central ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela.” (GARCIA, O. Comunicação em Prosa Moderna. Rio de Janeiro, FGV Editora, 2001.)

2 Parágrafo: unidade de composição
“Unidade de composição suficientemente ampla para conter um processo completo de raciocínio e suficientemente curta para nos permitir a análise dos componentes desse processo, na medida em que contribuem para a tarefa da comunicação.” (TRAINOR e MACLAUGHLIN. An inductive method of teaching composition. In The English Journal 1963.)

3 Parágrafo: unidade de composição
Unidade de composição indicado na página por um recuo na 1ª linha, chamado de branco paragráfico, ou alínea, representa a aglutinação de ideias que, a partir de uma ideia central, vão se desenvolvendo para ao final formar um texto como um todo coeso. Tem a importante função de isolar e organizar a sequência de ideias do escritor e facilitar a compreensão do texto pelo leitor. Nos códigos, o recuo não aparece e o parágrafo é indicado por “SS” ou verticalmente § que significa a abreviatura de signum sectionis.

4 Parágrafo: unidade de composição
Extensão do parágrafo: A extensão do parágrafo é variada. Há parágrafos de uma ou duas linhas, bem como os de uma página inteira. O que determina sua extensão é a divisão do assunto, podendo as ideias mais intricadas estenderem para mais outro parágrafo.

5 Parágrafo: unidade de composição
Os parágrafos assumem nos textos as funções de introdução desenvolvimento e conclusão, e há parágrafos que trazem em si as três funções. São os chamados parágrafos padrões. Assim chamados não apenas por sua estrutura ou por serem modelares, mas também por serem frequentes nas obras de diversos autores. Trazem a ideia central, em dois ou três períodos curtos, em seguida esta ideia é desenvolvida e por vezes traz a conclusão mostrando uma circularidade com a ideia central.

6 Parágrafo: unidade de composição Parágrafo padrão
“A comunicação e a expressão não são dois fenômeno estanques, separados, apesar de existir uma pequena distinção entre esses dois conceitos bastante usados. Comunicar significa, primordialmente, transmitir conceitos o mais explicitamente possível, com um mínimo de ambiguidades e conotações. Expressar diz respeito à manifestação de sentimentos através de diferentes sinais ou signos. Na expressão não se transmite um significado explícito, mas se indicam sensações e sentimentos. Como a expressão é ambígua, depende de uma maior interpretação daquele que a percebe. Pode-se observar que o sentido expresso pelo choro de uma pessoa vai depender da interpretação da circunstância que envolve o fato. No entanto, toda expressão carrega em si uma comunicação e vice versa: quando se manifesta algum sentimento, comunicam-se determinados fatos e eventos e, quando se comunica algo, também se expressam certos sentimentos.” DUARTE JR. Linguagem e Arte.

7 Parágrafo: unidade de composição
Estávamos em plena seca. Amanhecia. Um crepúsculo fulvo alumiava a terra com a claridade de um incêndio longe. A pretidão da noite esmaecia. Já começava a se individualizar o contorno da floresta, a silhueta das montanhas ao longe. A luz foi pouco a pouco tornando-se mais viva. No oriente assomou o Sol, sem nuvens que lhe velassem o disco. Parecia uma brasa, uma esfera candente, suspensa no horizonte, vista através da ramaria seca das árvores. (Rodolfo Teófilo, in: Nova antologia brasileira, de Clóvis Monteiro, p.85)

8 Parágrafo: unidade de composição tópico frasal / ideia núcleo / ideia central
É formado por dois ou três períodos curtos, traz de modo geral e conciso a ideia núcleo, do parágrafo, para que seja em seguida desenvolvida. O que se observa em texto de principiantes é que, normalmente, os parágrafos são compostos apenas pelos tópicos frasais

9 Parágrafo: unidade de composição Modalidades de tópicos frasais
1) Declaração inicial 2) Definição 3) Divisão 4) Alusão histórica 5) Interrogação 6) Omissão de dados identificadores

10 Parágrafo: unidade de composição Modalidades de tópicos frasais
Declaração inicial O autor afirma ou nega algo para depois apresentar sua argumentação e justificativas. “ O homem contemporâneo não é onívoro como seu antepassado pré-histórico; nem todos os animais e vegetais da região figuram na sua cozinha. Nosso sertanejo, por exemplo, aprecia muito os peixes de água doce e a mandioca, mas não dá o menor valor aos crustáceos e às verduras. Os negros africanos também não valorizam as hortaliças e pouca atenção dão à carne de gado. O homem urbano do Ocidente, por sua vez, não tolera a ideia de mastigar os gafanhotos, as larvas e os besouros que fazem a delícia de tantos povos do Oriente e da África. Os hindus preferem morrer de fome a provar carne das gordas reses que abundam em seu país. Todos os povos possuem limitações inarredáveis no tocante às coisas que comem.”

11 Parágrafo: unidade de composição Modalidades de tópicos frasais
2) Definição Abre-se o parágrafo definindo, conceituando, de forma didática, denotativa, ou científica. “ Estilo é a expressão literária de ideias e sentimentos. Resulta de um conjunto de dotes externos ou internos, que se fundem num todo harmônico e se manifestam por modalidades de expressão a que se dá o nome de figuras.”

12 Parágrafo: unidade de composição Modalidades de tópicos frasais
3) Divisão No tópico frasal divide-se ou discrimina-se didaticamente as ideias que serão desenvolvidas. “Quatro funções básicas têm sido convencionalmente atribuídas aos meios de comunicação de massa: informar, divertir, persuadir e ensinar. A primeira diz respeito à difusão de notícias, relato, comentários etc. sobre a realidade, acompanhada, ou não, de interpretações ou explicações. A segunda função atende à procura de distração, de evasão, de divertimento por parte do público. Uma terceira função é persuadir o indivíduo – convencê-lo a adquirir certo produto, a votar em certo candidato, a se comportar de acordo com os desejos de um anunciante. A quarta função-ensinar- é realizada de modo indireto ou direto, intencional ou não, por meio de material que contribui para a formação do indivíduo ou para ampliar seu acervo de conhecimentos, planos, destrezas etc.

13 Parágrafo: unidade de composição Modalidades de tópicos frasais
4) Alusão Histórica Abre-se o parágrafo fazendo-se alusão a fatos históricos, lendas, tradições, crendices, anedotas, acontecimentos de modo geral. “Conta uma tradição cara ao povo americano que o Sino da Liberdade, cujos sons anunciaram em Filadélfia, o nascimento dos Estados Unidos, inopinadamente se fendeu, estalando, pelo passamento de Marshall. Era uma dessas casualidades eloquentes, em que a alma ignota das coisas parece lembrar misteriosamente aos homens as grandes verdades esquecidas (...)”

14 Parágrafo: unidade de composição Modalidades de tópicos frasais
5) Interrogação Abre-se o parágrafo com uma pergunta que será respondida logo a seguir. “ O que é dialética? Num sentido até pejorativo usa-se o termo para censurar a atitude de quem emprega excessivamente falácias e sutilezas. Mas tem seu lado positivo: dialética é a arte da discussão mediante a força de argumentação. Para os filósofos, é a oposição de posturas ou ideias que conduz, provisoriamente, à unidade. Hegel, inclusive a julga como a natureza verdadeira e única da razão e do ser, pela união incessante de contrários numa categoria superior. Já segundo Marx, dialética supõe o processo de descrição do real. Por isso, conhece-se na História da Filosofia uma sucessão de várias dialéticas.”

15 Parágrafo: unidade de composição Modalidades de tópicos frasais
6) Omissão de dados identificadores É uma forma de iniciar o parágrafo pela qual mantem-se a atenção do leitor suspensa, omitindo-se certos dados necessários para identificar o ponto de vista do autor. O tópico frasal e levado para o final do parágrafo. “Escorraçada de toda parte, vivendo sempre esfomeada, tendo que subsistir sem morada certa, apunhalada aqui, estrangulada ali, não desejada em verdade a não ser por uns poucos e loucos humanistas e revolucionários através da história, é ridículo se representar a liberdade como uma mulher bela, um facho eternamente aceso na mão. Os traços finos, a fisionomia tranquila e altiva. A liberdade é um cachorro vira-latas.”