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31. – O papel de Maria na História da Salvação e na vida cristã

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Apresentação em tema: "31. – O papel de Maria na História da Salvação e na vida cristã"— Transcrição da apresentação:

1 31. – O papel de Maria na História da Salvação e na vida cristã
«A minha alma glorifica o Senhor, e o meu espírito exulta em Deus, meu Salvador, porque olhou para a humildade da sua serva. De hoje em diante todas as gerações hão-de me chamar bem-aventurada. Porque fez em mim grandes coisas o Todo-poderoso. E santo é o seu nome: a sua misericórdia estende-se de geração em geração sobre aqueles que o temem. Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos com os desígnios que eles conceberam; derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes encheu de bens os famintos e aos ricos despediu-os de mãos vazias. Socorreu Israel, seu servo, recordando-se da sua misericórdia, como tinha prometido aos nossos pais, a Abraão e à sua descendência para sempre" (Lc 1, 46-55).». Encontros de Formação Cristã Paróquia de Santa Maria de Carreço

2 31ª sessão – O papel de Maria na História da Salvação e na vida cristã
Sumário: A Mariologia Maria nas Escrituras Dogmas Marianos Outras Doutrinas sobre Maria São José Culto e devoção a Nossa Senhora As aparições de Nossa Senhora Bibliografia recomendada (EFC 31) 5.

3 1. A Mariologia

4 1 - A Mariologia MARIOLOGIA: «De Maria + logía (do grego lógos, que significa “discurso”). É a parte da teologia católica que estuda Maria, que a Lumen gentium situa no «ministério de Cristo e da Igreja» (LG nº 54)» (PIERO PETROSILLO – O Cristianismo de A a Z). De onde vem o nome «Maria»? É de etimologia duvidosa; deriva do hebraico Mirian, do aramaico Maryam, traduzido para o grego, por Mariam; era um nome feminino bastante vulgar na Palestina do século I. Pode significar: «senhora» ou «mulher», mas também «serva», «amada». Nos primeiros séculos da era cristã, na época patrística, as questões sobre Maria faziam parte sempre das questões cristológicas. A primeira vez que se utilizou o termo «Mariologia» foi em 1602, pelo siciliano Plácido Nigido, que publicou a Summae sacrae mariologiae pars prima. Até aí utilizava-se o termo «Tratado». A partir da proclamação do dogma da Imaculada Conceição, em 1854, o seu uso foi generalizado. O estudo da Mariologia pode ser visto em diversos ângulos: Mariologia cristológica, cujo ponto de referência é a maternidade divina. Mariologia eclesiológica, pois Maria é protótipo da Igreja.

5 2. Maria nas Escrituras

6 MARIA NO ANTIGO TESTAMENTO
2 – Maria nas Escrituras Existe uma narrativa monográfica e lendária da vida de Maria, do século II, chamada de «Natividade de Maria». Contudo, tudo o que sabemos sobre Maria brota daquilo que é relatado no Novo Testamento (NT), especialmente em Mateus e Lucas. MARIA NO ANTIGO TESTAMENTO Existem passagens bíblicas, no Antigo Testamento, que anunciem a chegada de Maria, assim como existem para Jesus Cristo? Vejamos algumas… Gn 3, 15: «Farei reinar a inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta esmagar-te-á a cabeça e tu tentarás mordê-la no calcanhar.» Mq 5, 2-3: «Por isso, Deus abandonará o seu povo até ao tempo em que der à luz aquela que há-de dar à luz, e em que o resto dos seus irmãos há-de voltar para junto dos filhos de Israel». Is 7, 14: «Por isso, o Senhor, por sua conta e risco, vos dará um sinal. Olhai: a jovem está grávida e vai dar à luz um filho»

7 MARIA NO NOVO TESTAMENTO
2 – Maria nas Escrituras MARIA NO NOVO TESTAMENTO Que lugar tem Maria, a mãe de Jesus, no Novo Testamento? Um lugar simultaneamente discreto e importante, sempre associado à pessoa, obra e missão de seu Filho, Jesus. Discreto, porque tudo gira e centra-se em torno de Jesus, da Sua pessoa e missão. Ao N.T. interessa, essencialmente, mostrar que Jesus é o Messias esperado, Filho de Deus. Tudo o resto é deixado para reflexão posterior… Importante. O próprio N.T. transmite-nos uma figura de Maria intimamente associada à vida de Jesus, à sua obra e à sua Igreja. Isto pode ser visto ao longo dos Evangelhos… a) Nos Evangelhos de Infância. Vemos Maria actuante ou expressamente referida nos primeiros capítulos dos Evangelhos de S. Mateus e S. Lucas, por exemplo: Anunciação (Lc 1, 2-38) Visitação e Magnificat (Lc 1, 39-56) Nascimento de Jesus, em Belém (Lc 2, 1-10) Apresentação no Templo e circuncisão (Lc 2, 21-35) Exílio e regresso do Egipto (Mt 2, 13-23) Vida quotidiana em Nazaré Perda e encontro de Jesus no Templo (Lc 2, 39-52)

8 MARIA NO NOVO TESTAMENTO (cont.)
2 – Maria nas Escrituras MARIA NO NOVO TESTAMENTO (cont.) b) Durante a vida pública de Jesus. Aqui Jesus ocupa quase exclusivamente a cena. Para além de duas referências passageiras a Maria, onde Jesus aponta onde está o verdadeiro e definitivo parentesco (cf. Lc 8, 19-21) e em que consiste a autêntica felicidade (Lc 11, 27-28), S. João apresenta-nos Maria em dois momentos cruciais: nas Bodas de Caná (Jo 2, 1-12) e junto à Cruz de Jesus (Jo 19, 25-27). Nas Bodas de Caná, Jesus realiza o Seu primeiro milagre; o milagre é realizado por atenção e interesse de Maria, que mostra o poder que Ela tem de, através de um sinal, antecipar a «Hora» de Jesus, o Seu mistério pascal. É o primeiro contacto dos primeiros discípulos com Maria, mãe de Jesus. Junto à Cruz de Jesus, é dito que Maria «stabat», isto é, estava de pé; na figura do «discípulo fiel» que é entregue a Maria, desde sempre a Teologia viu representados os «fiéis», os «discípulos» de Jesus, a Igreja. A utilização do termo «Mulher» por Jesus, tanto numa como na outra passagem, pressupõe que é única a associação de Maria com a Sua missão redentora. Podemos ver neste título uma designação simbólica de Maria (como a «mulher» do Génesis, a Nova Eva, mãe de todos os que são chamados a viver pela «nova criação» do seu divino Filho.

9 MARIA NO NOVO TESTAMENTO (cont.)
2 – Maria nas Escrituras MARIA NO NOVO TESTAMENTO (cont.) c) Na vida da Igreja Primitiva, depois da ascensão de Jesus. Há uma referência na Carta de S. Paulo aos Gálatas (Gl 4, «nascido de mulher»; mas vemos Maria intimamente associada à Igreja nascente, nos Actos dos Apóstolos (Act 1, 12-14), orando e implorando o Espírito Santo, o Dom por excelência do Pai e do Filho que transformaria aquela comunidade em Igreja, em «Corpo místico de Cristo». E aparece no Apocalipse (Ap 12, 1-6), como Mulher glorificada e em luta com o Dragão. Para lá de Maria, esta passagem visa também a própria Igreja, mas fá-lo através do símbolo real da Igreja, que é Maria. «Depois, apareceu no céu um grande sinal: uma Mulher vestida de Sol, com a Lua debaixo dos pés e com uma coroa de doze estrelas na cabeça. Estava grávida e gritava com as dores de parto e o tormento de dar à luz. (…) Ela deu à luz um filho varão (…)». Ap 12, 1-6 «E todos unidos pelo mesmo sentimento, entregavam-se assiduamente à oração, com algumas mulheres, entre as quais Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos de Jesus». (Act 1, 12-14)

10 3. Os Dogmas Marianos

11 QUAIS SÃO OS DOGMAS MARIANOS?
O QUE SÃO «DOGMAS»? «…Os dogmas são luzes no caminho da nossa fé: iluminam-no e tornam-no seguro. Por outro lado, se a nossa vida for recta, a nossa inteligência e nosso coração estarão abertos para acolher a luz dos dogmas da fé» (CIC nº 89). «Dogma» vem do grego e significa «decisão», «decreto». Não se trata de a Igreja inventar alguma coisa que até aí não existia; trata-se apenas de iluminar mais claramente as verdades que pertencem à Revelação Divina; surgem para esclarecer dúvidas sobre os conteúdos da fé cristã; e isto dá-se apenas após muitos anos de análise e de consultas a teólogos. Os dogmas fazem parte do “edifício da fé”: quando um dogma é proclamado não pode ser mais questionado, nem rejeitado, são verdades infalíveis. Muitas vezes não percebemos porque se tratam de mistérios, os quais a inteligência humana não os consegue abarcar na sua totalidade. Exemplos de dogmas: Existência de Deus, Santíssima Trindade, Ressurreição de Cristo, Presença real de Cristo na Eucaristia… A Igreja possui quatro Dogmas Marianos: Maternidade Divina (Maria é a Mãe de Deus); Virgindade Perpétua (Maria foi Virgem toda a vida: antes, durante e depois do parto); Imaculada Conceição (Maria foi concebida sem pecado); Assunção de Maria (Maria foi levada em corpo e alma ao céu). QUAIS SÃO OS DOGMAS MARIANOS?

12 1º - A MATERNIDADE DIVINA – MARIA, MÃE DE DEUS («THEOTÓKOS»)
3 – Os Dogmas Marianos 1º - A MATERNIDADE DIVINA – MARIA, MÃE DE DEUS («THEOTÓKOS») O primeiro a usar o título de Theotókos («que traz Deus», ou «Mãe de Deus») nos seus escritos foi Santo Hipólito de Roma, nos finais do século II. Já no século III, os cristãos do Egipto dirigiam-se a Maria com esta oração: «Sob a vossa protecção procuramos refúgio, santa Mãe de Deus: não desprezeis as nossas súplicas, que estamos na prova, e livrai-nos de todo o perigo, ó Virgem gloriosa e bendita» (Da Liturgia das Horas). Antes das controvérsias cristológicas, dos séculos IV e V, a principal expressão da fé cristã respeitante a Maria era a fórmula simples dos credos: «Cristo foi verdadeiramente concebido no seio de Maria, e nasceu realmente do Espírito Santo e da Virgem». A necessidade da época era apenas a de salvaguardar a realidade da humanidade do Senhor, contra as heresias do docetismo e gnosticismo, heresias que negavam que fosse realmente homem (era uma aparência de homem) ou que tivesse verdadeiramente nascido de Maria. Mas concretamente, a expressão ‘Mãe de Deus’ surgiu no âmbito da discussão sobre quem era verdadeiramente Jesus Cristo e como se harmonizavam nele as naturezas divina e humana. A resposta da Igreja às heresias, abriu caminho a uma compreensão mais explícita do papel de Maria. Nestório, bispo de Constantinopla, afirma que Maria só pode ser chamada de «Mãe de Cristo» e não «Mãe de Deus», porque Jesus tem, além de duas naturezas, duas pessoas: a humana e a divina; Maria teria sido só mãe do homem, ao qual posteriormente se incorporou a Segunda Pessoa da Trindade. Contra ele se insurge todo o Oriente, liderado pelo Bispo S. Cirilo de Alexandria: afirma que Jesus tem duas naturezas, mas é uma só pessoa, é verdadeiramente Deus feito homem. Por isso Maria pode, sim, ser chamada de «Mãe de Deus», porque é Mãe do Filho de Deus.

13 1º - A MATERNIDADE DIVINA – MARIA, MÃE DE DEUS («THEOTÓKOS») (cont.)
3 – Os Dogmas Marianos 1º - A MATERNIDADE DIVINA – MARIA, MÃE DE DEUS («THEOTÓKOS») (cont.) O Concílio de Éfeso ocupa-se desta discussão e, em 431, proclamou o dogma da maternidade divina de Maria. Para os Padres do Concílio de Éfeso, Theotókos representava um dogma cristológico centrado no mistério da Encarnação. Ao mesmo tempo, afirma que Maria goza de uma relação única com Cristo, a de ser verdadeiramente mãe do Verbo eterno que dela tomou a Sua carne humana. A sua doutrina foi aprofundada, mais tarde, no Concílio de Calcedónia, em 451; e no Concílios de Contantinopla II (553). O Concilio de Éfeso (431), sob o Papa São Clementino I ( ), definiu solenemente que: «Se alguém afirmar que o Emanuel (Cristo) não é verdadeiramente Deus, e que portanto, a Santíssima Virgem não é Mãe de Deus, porque deu à luz segundo a carne ao Verbo de Deus feito carne, seja excomungado» (Dz. 113). Provas das Escrituras: "Eis que uma Virgem conceberá..." (Is 7,14). "Eis que conceberás..." (Lc 1,31). “O que nascerá de Ti será..." (Lc 1,35). "Enviou Deus a seu Filho nascido..." (Gl 4,4). "Cristo, que é Deus..." (Rm 9, 5).

14 1º - A MATERNIDADE DIVINA – MARIA, MÃE DE DEUS («THEOTÓKOS») (cont.)
3 – Os Dogmas Marianos 1º - A MATERNIDADE DIVINA – MARIA, MÃE DE DEUS («THEOTÓKOS») (cont.) No séc. XIII, S. Tomás de Aquino contribui de forma especial para tornar o mistério da maternidade divina de Maria mais inteligível. Tal como a Igreja o fez, interpretou o dogma fundamentalmente cristológico: «A humanidade de Cristo e a maternidade de Virgem estão de tal modo interligadas que, quem errar acerca duma delas, deve também estar errado a respeito de outra». S. Tomás baseia-se no mistério da união hipostática, isto é, que em Cristo, as duas naturezas divina e humana estão unidas na Pessoa do Verbo. O Verbo, Segunda Pessoa da Trindade, encarnou desde o primeiro momento da Sua concepção, no seio de Maria. Uma vez que a mulher que concebe e dá à luz uma pessoa é a mãe dessa pessoa, Maria é verdadeiramente Mãe de Deus porque o Filho de Deus tomou dela a Sua carne humana. Não se pode chamar às nossas mães de «mães de apenas nossos corpos», embora as almas sejam directamente criadas por Deus. Da mesma forma, não podemos dizer que Maria é só mãe da humanidade de Cristo, embora ela não tenha gerado a Sua divindade. Apesar da natureza divina ser eternamente gerada pelo Pai do Céu, pela Encarnação, Jesus Cristo foi concebido e dado à luz por Maria. Assim, Maria é verdadeiramente «Mãe de Deus». S. Tomás de Aquino fez um elaborado estudo sobre Maria, na Parte Cristológica da sua «Summa Theologica». Compreende-se agora que a função de Maria, como mãe de Deus, a situa numa dignidade incomparável, superior a tudo o que não é Deus, a tudo o que é criado. Daqui deriva, como corolários, todos os seus outros privilégios e funções.

15 2º - A VIRGINDADE PERPÉTUA
3 – Os Dogmas Marianos 2º - A VIRGINDADE PERPÉTUA É verdade da fé católica que Nossa Senhora ficou perfeitamente sempre virgem, antes do parto, no parto e depois do parto. Intimamente ligada à imagem bíblica de Maria como mãe de Jesus, está a forma como a Bíblia trata da sua virgindade. Os Evangelhos dizem-nos claramente que Cristo foi concebido pelo poder do Espírito Santo, que «cobriu Maria com a sua sombra», sem a intervenção de pai humano. São Mateus evidencia este ponto no contexto do sonho de São José (cf. Mat 1, 20-25) e São Lucas, na resposta do anjo à pergunta da Maria (cf. Lc 1, 34). Mas a virgindade, pelo menos como consagração perpétua a Deus, não era conhecida em Israel, no Antigo Testamento. A grande bênção de Deus para o ser humano era a maternidade-paternidade. A virgindade (ou castidade) «pelo Reino dos Céus» é uma novidade proposta por Jesus Cristo (cfr. Mt 19, 12) e antecipadamente vivida por Ele e por Maria, sua Mãe. Convém que a mãe de Jesus seja uma virgem, por causa da origem divina de Jesus que só tem um Pai, a Primeira Pessoa da Santíssima Trindade. Este dogma deve ser visto, como todos os dogmas marianos, à luz cristológica do seu papel de Theotókos, portadora de Deus. Os ensinamentos da Igreja sobre Maria baseiam-se naquilo que ela crê sobre Cristo.

16 2º - A VIRGINDADE PERPÉTUA (cont.)
3 – Os Dogmas Marianos 2º - A VIRGINDADE PERPÉTUA (cont.) a) Concepção virginal. Maria concebeu Cristo, apenas pelo poder do Espírito Santo. É um dogma, baseado nas palavras da Escritura. Os Padres da Igreja dão amplo testemunho da concepção virginal de Cristo por Maria. Stº Inácio de Antioquia ensinou-a como uma verdade certa de fé: «O príncipe deste mundo ignorou a virgindade de Maria e a sua maternidade, e também a morte do Senhor – três mistérios proclamados ao mundo em altas vozes, mas que se realizaram no silêncio de Deus» (Epístola aos Efésios, 19, 1). S. Justino Mártir, interpretou a concepção virginal de Jesus por Maria, como o cumprimento de Is 7, 14: «Eis que uma virgem conceberá e dará à luz a um filho e o chamará Deus connosco». É incluído como «regra de fé», de verdades transmitidas na Igreja pela Tradição e Escritura, por Tertuliano. b) Virgindade no parto. A Igreja também proclama que Maria deu à luz Jesus duma forma virginal: «Ela deu-O à luz sem perder a sua virgindade, tal como ela O tinha concebido virginalmente (…) foi um nascimento miraculoso» (Papa Leão I, Carta a Flaviano, em 449). Santo Agostinho diz: «(Maria) é virgem quando concebe e virgem quando dá à luz; é virgem quando traz o Filho e virgem quando se separa d’Ele – é virgem, sempre virgem». Devemos lembrar-nos que, mais do que uma questão fisiológica, a virgindade comporta a consagração do coração a Deus, uma opção da pessoa; por exemplo, certa altura perguntaram a Santo Agostinho como é que ficaria a situação de umas virgens consagradas que tinham sido violadas por uns bárbaros; Santo Agostinho respondeu que cada uma delas continuava virgem, desde que fosse o seu desejo consagrar-se dessa forma a Deus.

17 2º - A VIRGINDADE PERPÉTUA (cont.)
3 – Os Dogmas Marianos 2º - A VIRGINDADE PERPÉTUA (cont.) c) Virgindade perpétua. A Igreja ensinou desde os primeiros tempos que Maria permaneceu sempre Virgem durante toda a sua vida. Isto não pode ser claramente demonstrado, a partir do Novo testamento, mas deve ser visto á luz da Tradição. O que está implícito nas Escrituras foi vindo gradualmente à luz, na fé-consciência da Igreja. A expressão «sempre virgem» tornou-se um título popular de Maria, já no século IV, nas antigas liturgias. Embora os Padres anteriores ao século IV não fossem unânimes em aceitar que esta verdade pertencesse ao depósito da fé, houve testemunhos patrísticos mais antigos que a reconheciam como tal. Por exemplo, Santo Irineu, S. Clemente de Alexandria, São Gregório de Nissa. No período apareceram abundantes testemunhos a favor da virgindade perpétua, como Santo Ambrósio, Santo Agostinho, S. Pedro Crisólogo e S. Leão Magno. Foi claramente definida no Concílio de Éfeso, em 431 e aceites por todos os cristãos até á reforma protestante, no século XVI. O Concílio de Constantinopla II (553) declarou "Encarnou da gloriosa Theotókos e sempre Virgem Maria" (DS 427). No Concílio de Latrão, do ano 649 define-se Maria Imaculada, sempre virgem, que concebeu sem concurso de homem e ficou também intacta depois do parto. Uma bula de Paulo IV (Cum quorumdam hominum, ) declarou que Maria foi virgem antes do parto, no parto e depois do parto (cf. DS 993). Mas qual o significado da virgindade de Maria para a nossa fé? Faz parte do plano redentor de Deus; é um testemunho que convém à transcendência divina do seu Filho, que não tem pai humano, mas Deus é Seu Pai; e é dela que Jesus assume verdadeiramente a Sua carne humana. Também tem significado eclesial e escatológico. A Igreja é uma mãe virgem que gera os irmãos e irmãs adoptivos de Cristo, pelo ministério da Palavra e dos sacramentos. Maria é o modelo daqueles que escolhem a castidade no sacerdócio ou vida religiosa; inspira-os a darem testemunho último e do objectivo final, da história da salvação, a cidade celeste onde não haverá casamento (cf. Mc 12, 25).

18 2º - A VIRGINDADE PERPÉTUA (cont.) OS IRMÃOS E AS IRMÃS DE JESUS
3 – Os Dogmas Marianos 2º - A VIRGINDADE PERPÉTUA (cont.) OS IRMÃOS E AS IRMÃS DE JESUS Os católicos referem que Maria ficou sempre Virgem, como resultado de uma opção de vida, de uma dedicação de corpo e alma à causa de Jesus, renunciando a ter outros filhos e consagrando-se a Deus; a Tradição afirma isto desde os primeiros tempos. Os protestantes, por sua vez, aludem aos «irmãos e irmãs de Jesus» citados nos Evangelhos, para referir que Maria teve depois mais filhos. Pelo menos dois «irmãos» de Jesus, Tiago e José, não são filhos de Maria, mas de outra Maria (cf. Mc 6, 3, comparado com Mc 15, 40 e 16, 1). Quantos aos outros irmãos e irmãs de Jesus, a dúvida continua. Uma explicação diz que «irmãos de Jesus» significa «parentes próximos», ou «primos» no Oriente os laços familiares são muito estreitos. Às vezes na Bíblia um parente próximo é denominado «irmão». Por exemplo: Abraão, tio de Lot (Gn 11, 31), chama-o de «irmão» (Gn 13, 8). «Aliás, ainda hoje em África o costume permanece. Eu que vivi lá 5 anos sou testemunha disto mesmo» (Padre Salvador Cabral). Outra explicação, mas as fontes não são dignas de confiança. Ela diz que os irmãos de Jesus eram filhos de um primeiro casamento de José. Portanto, seriam “meios-irmãos” de Jesus. «Eis a tua Mãe. E a partir daquele momento, o discípulo recebeu-a em sua casa» (Jo 19, 25-27). Jesus entregaria a sua Mãe a João, se tivesse tido outros filhos? Não parece muito normal!

19 3º - A IMACULADA CONCEIÇÃO DE MARIA
3 – Os Dogmas Marianos 3º - A IMACULADA CONCEIÇÃO DE MARIA Maria é o «mais excelso fruto da Redenção» (SC 103). Esta doutrina culmina uma longa tradição concernente à sua total isenção de pecado. Ao longo dos tempos a questão de saber se sim ou não a graça salvífica de seu divino Filho preservou Maria do pecado original, assim como de toda a falta pessoal, embaraçou grandes santos, como Bernardo de Claraval e Tomás de Aquino. A dificuldade residia aqui: como se poderia dizer que ela foi redimida por Cristo, Redentor universal, se nunca foi manchada pelo pecado, mesmo pelo pecado original? Guilherme de Ware e João Duns Scotus desenvolveram o conceito de «Redenção antecipada». Embora Maria, descendente de Adão numa raça humana pecadora, devesse incorrer na culpabilidade do pecado original, por um especial decreto de Deus, foi preservada desse pecado, em vista dos méritos previstos ou antecipados de Jesus Cristo. Em 1854, foi definido solenemente por Pio IX: «A Bem-aventurada Virgem Maria, no primeiro instante da sua conceição, por singular graça e privilégio de Deus omnipotente, em vista dos méritos previstos de Jesus Cristo, Salvador do género humano, foi preservada intacta de toda a mancha de pecado original» (Bula Ineffabilis Deus, 8 de Dezembro de 1854).

20 3º - A IMACULADA CONCEIÇÃO DE MARIA (cont.)
3 – Os Dogmas Marianos 3º - A IMACULADA CONCEIÇÃO DE MARIA (cont.) Assim, a santidade de Maria, desde o primeiro momento da sua existência, faz dela as primícias da Redenção do seu divino Filho. Mesmo antes de ser definida já estava presente na piedade e culto, muito espalhada e muito antiga. Por exemplo, depois da Restauração da Independência de Portugal (1640), D. João IV proclama Nossa Senhora da Conceição, Padroeira e Rainha de Portugal, corou-a com a coroa real, que desde aí nunca mais foi usada pelos Reis de Portugal e jurou e fez jurar a defesa da imaculada Conceição de Maria, se necessário até à morte. Isto deu-se mais de 200 anos antes da definição do dogma! Para além da piedade e culto, a Igreja baseou-se na «lógica da fé»: se o pecado é acto de afastamento de Deus, a corredentora da Humanidade e mãe de Deus, Aquela de quem Jesus recebe toda a sua humanidade, tão intimamente unida à pessoa e obra de Jesus, em momento algum da sua existência pode ter contacto com o pecado. Isto não significa que Maria fosse por si mesma, justa, santificada, não-necessitada da redenção: Ela é simplesmente a primeira remida por seu Filho. Nas aparições de Lourdes, em França, em 1858, a Virgem disse: «Eu sou a Imaculada Conceição». Veremos isto mais à frente.

21 4º - A ASSUNÇÃO DE MARIA AO CÉU EM CORPO E ALMA
3 – Os Dogmas Marianos 4º - A ASSUNÇÃO DE MARIA AO CÉU EM CORPO E ALMA Quando acabou a sua vida na terra, Maria foi juntar-se ao Filho, foi levada ao céu em corpo e alma. Nas escrituras não há nenhuma referência a isto. Mas tem profundas raízes na mesma sobre a santidade e dignidade de Maria e sobre o sentido do homem, do pecado, da morte e ressurreição do corpo. Assim como os frutos da redenção foram antecipados, para a preservar do pecado original, também foram antecipados para a levar coporalmente ao céu, antes da ressurreição geral no fim dos tempos. Maria não esteve sujeita ao pecado, pelo que não devia permanecer no túmulo, sujeita ao império da morte trazido pelo pecado a este mundo. Maria está no céu com Jesus, onde O adora, na glória do seu corpo ressuscitado. Esta devoção é antiga na Igreja; por volta de 500 a Igreja do Oriente já celebrava, em 15 de Agosto, a festa da «Dormição» de Maria, ou seja, o seu adormecimento no Senhor. Nos finais do século VIII, já era festejada em todo o Ocidente. Ainda nesse século, São João Damasceno resume em três homilias a fé da Igreja na Assunção. Foi formalmente definida como dogma, consagrando uma antiquíssima piedade e culto, por Pio XII, em 1/11/1950: «Proclamamos, declaramos e definimos como dogma divinamente revelado, que a imaculada Mãe de Deus, Maria sempre Virgem, uma vez terminado o curso da sua vida terrena, foi elevada em corpo e alma à glória do céu». Assim, o que para nós é ainda promessa e futuro, é para Maria já realidade e presente, a glorificação antecipada do seu próprio corpo. «Glorificada já em corpo e alma no céu, a Mãe de Jesus é, na terra, imagem e início da Igreja que se há-de consumar no século futuro» (cf. LG 68).

22 4. Outras Doutrinas sobre Maria

23 4 – Outras Doutrinas sobre Maria
Toda a reflexão teológica sobre Maria deriva da reflexão sobre o próprio Jesus; só a partir d’Ele, temporalmente e quanto ao conteúdo, é que tem sentido e lugar próprio a reflexão sobre a sua mãe. 1º - Maria, Mãe do Redentor e Co-Redentora. A este título estão associados os títulos de Mediadora e Rainha, sempre a partir do próprio Jesus Cristo, seu Filho. A «entrada» de Deus, autor exclusivo da Salvação, na Humanidade, através da Encarnação realiza-se precisamente através de Maria. Maria, com o seu «sim», com o «Faça-se em mim segundo a Tua palavra», colabora afirmativamente com Deus com a Sua obra de Redenção da Humanidade. Jesus, na Sua pessoa e obra, é o Redentor da humanidade; Maria, mãe de Jesus e mãe precisamente por causa da «obra» de Jesus, vive a sua existência humana totalmente em função do seu Filho e de Sua obra. Por isso, Maria é reconhecida como Mãe do redentor e verdadeira Co-Redentora. Mas Maria não é «redentora autónoma», nem acrescenta nada à redenção de Cristo, que tem em Si eficácia suficiente e infinita; mas Deus quis que Maria, pelos seus próprios actos livres, se tornasse e fosse verdadeira Co-Redentora da Humanidade, não separada da acção redentora do seu Filho, mas fazendo parte dela.

24 4 – Outras Doutrinas sobre Maria
Jesus, no céu, está à direita do Pai, no corpo glorificado, continua plenamente homem, como permanece «Único Mediador entre Deus e os homens» (1 Tm 2, 5), sempre pronto a interceder por nós junto do Pai, como «Sumo e Eterno Sacerdote» (Hb 5, 10; 7, 25). Maria, intimamente unida à pessoa e obra redentora do sue Filho, permanece Co-Redentora, na sua Maternidade espiritual, na função de Mediação universal, pelo exemplo de santidade e intercessão maternal por todos os seus filhos. Maria é, assim, Medianeira de todas as graças porque é Mãe da fonte de toda a graça. Sendo Maria Mãe de Deus e Co-Redentora, daí deriva a sua Realeza: Ela é verdadeiramente Rainha do Céu e da Terra: Por ser mãe do Rei, mãe de Jesus, Rei Eterno e Senhor Universal. Por ser esposa (Nova Eva), unida a Cristo para dar ao Mundo a Nova Vida. 2º - Maria, Mãe da Igreja, a Nova Eva. A redenção da Humanidade vem já prometida deste o «proto-Evangelho», em Gn 3, 15: «Porei inimizade entre ti (serpente) e a Mulher e o descendente da Mulher esmagar-te-á a cabeça ao feri-lo no calcanhar». Desde sempre se interpretou este texto como fazendo alusão a Maria, a Mulher e seu descendente, Jesus Cristo, que esmaga o mal e o pecado. S. Paulo chama a Jesus Novo ou Último Adão (por ex. em Rm 5, 12-21); S. João fala, nas Bodas de Caná, em «Mulher», tendo já presente que Caná é um sinal que antecipa a Eucaristia e o mistério pascal que Maria mostra ter capacidade de adiantar.

25 4 – Outras Doutrinas sobre Maria
S. João vê brotar «sangue e água» do lado de Jesus, símbolos da Eucaristia e Baptismo, os dois grandes sinais – sacramentos da Igreja; a alusão a Adão e Eva também é clara: assim como Deus tirara Eva do costado de Adão (e por ela, a Humanidade), o homem adormecido, agora do lado aberto do Novo Adão, Cristo, no sono da morte, tira a Nova Eva, a Igreja, primícias da Nova Humanidade. Mas a «Mulher», Maria lá está: ao pé da Cruz, Jesus volta a tratá-la por «Mulher». Maria, mãe de Jesus, é também Mãe da Igreja, que é o Corpo, o prolongamento do seu Filho. Sendo mãe da Cabeça, que é Jesus Cristo, também não pode deixar de ser Mãe de todo o Corpo do seu Filho, a Humanidade fiel. Maria é Mãe da Igreja. O papel de Maria: privilégio ou serviço? Maria foi verdadeiramente e gratuitamente escolhida por Deus e acompanhada com uma graça incomparável que nada tira à nossa, antes é a sua fonte. A graça que Maria recebeu nada tirou à sua liberdade humana, antes a consolidou e elevou, como a ninguém. Tudo em Maria tem valor porque, gratuitamente chamada a uma dignidade incomparável, agraciada e livre como ninguém, pela sua liberdade, muito amou, amou mais do que ninguém. Nisso está o seu valor, o seu mérito e a sua glória. «Maria tem uma imensa glória, expressão celeste do seu imenso mérito, porque dotada à partida de uma imensa graça, com uma imensa liberdade, imensamente amou…» (António Vaz Pinto, S.I.)

26 5. São José

27 5 – São José Ao falarmos de Maria, temos de falar também do papel de S. José na nossa salvação. A ele foi confiada a guarda da Sagrada Família; foi o esposo castíssimo de Nossa Senhora e pai adoptivo de Nossa Salvador, ele recebeu uma das mais altas vocações no plano da Redenção. Os Evangelhos falam pouco deste homem de fé, dão amplo testemunho da sua vida e reverência mediante a vontade de Deus. Esteve inteiramente aberto à palavra reveladora de Deus. Depois de Maria ter concebido virginalmente Jesus, José ficou confuso e triste; mas, como homem justo que era (cf. Mt 1, 19), planeia deixá-la secretamente, para não a difamar (Mt 1, 19). Recebe uma mensagem angélica, que lhe diz que Maria concebera virginalmente um Filho, que «salvará o Seu povo dos seus pecados» (Mt 1, 21). Apesar de ser pai adoptivo de Jesus (e não físico), José estava verdadeiramente casado com Maria, num devotado amor pessoal. Deus quis que o Menino nascesse no contexto de uma família humana. Tal como Maria, José deve ter tido uma influência profunda sobre o Filho «que lhes era submisso» (Lc 2, 51). A 8/12/1870, o Papa Pio IX, proclama São José Patrono da Igreja Universal, título que traduz o seu lugar especial na vida cristã. As suas especiais virtudes de justiça e fidelidade prestam-se particularmente a ser imitadas por pais de família e trabalhadores. A fé em São José pode levar a uma fé mais profunda na nova vida de Cristo, comunicada por Maria. João Paulo II dedica-lhe uma Exortação Apostólica: Redemptoris Custos», em 1989.

28 6. Culto e devoção a Nossa Senhora

29 6 – Culto e Devoção a Nossa Senhora
O culto é uma honra que se tributa a uma pessoa superior a nós. O culto rendido aos servidores de Deus honra ao próprio Deus, que se manifesta por eles e por eles nos atrai até Ele. Deus quer que honremos a Sua Mãe, quanto nos seja possível, dado que a cumulou de graças. Todos os filhos se alegram por honrarem a mãe! Não é desprezando a mãe de alguém que se consegue a sua amizade! Contudo, devemos distinguir diversas classes de culto: Adoração (latria): só se presta a Deus; Veneração suprema (hiperdulia): presta-se a Maria, devido á Sua condição de Mãe de Deus. Veneração (dulia): é a que é prestada aos santos. Mas toda a veneração deve ser feita, em última instância, para honra à Trindade. Ter em conta que, embora Maria possua a dignidade sublime de ser Mãe de Deus, ela é, como nós, uma criatura. A devoção que nasce do coração não consiste num sentimentalismo e numa credulidade vagas; mas procede da fé, que nos leva a reconhecer a excelência de Nossa Senhora e a imitar as suas virtudes. Ela é modelo da Igreja, na ordem da fé, da caridade e da perfeita união com Cristo, como nos diz Santo Ambrósio.

30 6 – Culto e Devoção a Nossa Senhora
«Antes de tudo, é sumamente conveniente que os exercícios de piedade à Virgem Maria expressem claramente a nota trinitária e cristológica que é intrínseca e essencial. (...) Na Virgem Maria tudo é referido a Cristo e tudo depende d’Ele: com vistas a Ele Deus Pai, Deus Pai a elegeu desde toda a eternidade como Mãe toda santa e a adornou com dons do Espírito Santo que não foram concedidos a nenhum outro” (Paulo VI, Marialis cultus 24). Além disso, é necessário que os exercícios de piedade (...) ponham mais claramente de manifesto o posto que ela ocupa na Igreja: o mais alto e mais próximo de nós depois de Cristo. (...) O amor à Igreja traduzir-se-à em amor a Maria e vice-versa; porque uma não pode subsistir sem a outra” (nº 28). A Igreja, para honrar a Virgem Maria, celebra ao longo do ano litúrgico diversas festas marianas. O Concílio Vaticano II exorta a que se promova o culto, especialmente o litúrgico, pois este está firmemente radicado nas doutrinas da fé, tais como o estão as orações marianas privadas tradicionais mais dignificadas e mais calorosamente recomendadas, como o Angelus e o Rosário. (recomendadas pelo Papa Paulo VI, na Exortação Apostólica Marialis Cultus). As Solenidades marianas são: Santa Mãe de Deus (1 de Janeiro), Anunciação (25 de Março), Assunção (15 de Agosto), Imaculada Conceição (8 de Dezembro).

31 7. Aparições de Nossa Senhora

32 7 – Aparições de Nossa Senhora
Uma palavra ainda para as chamadas aparições de Nossa Senhora… REVELAÇÃO PÚBLICA E REVELAÇÕES PRIVADAS (ou PARTICULARES). A Revelação pública, de Deus aos homens está terminada e encerrou com a morte do último apóstolo; isto não quer dizer que as verdades estejam todas completamente explicitadas; contudo, não se trata de novas verdades, mas do aprofundar de verdades já contidas no depósito da fé; todo o católico deve acreditar na Revelação Pública, contida na Tradição e nas Escrituras, interpretadas autenticamente pelo Magistério, sob pena de deixar ser católico. Ao invés, as revelações privadas não pertencem ao depósito da fé; não vêm completar, nem acrescentar nada à Revelação Pública; o facto de serem chamadas de “privadas” não significa que não sejam conhecidas por muita gente e que não tenha grande repercussão, inclusive a nível mundial; nenhum católico é obrigado a aceitar e a acreditar nessas Revelações privadas. Contudo, «não fazendo parte do depósito da fé em que se deve acreditar, não deixam, por isso, as revelações particulares, devidamente atestadas e enquadradas na Tradição viva da Igreja, merecer todo o respeito dos fiéis. Com efeito, a serem obra divina, desprezá-las seria um acto de presunção, ou orgulho» (Peter Stilwell; Cristina Sá Carvalho). Normalmente, as autênticas revelações privadas vêm chamar a atenção para algum aspecto esquecido ou indevidamente desvalorizado. Muitas vezes, o culto a Maria tem sido estimulado pela sua aparição a devotos seus, como em Lourdes, em Fátima e em Guadalupe. «Estes acontecimentos providenciais servem para nos lembrar os temas fundamentais do Cristianismo: a oração, a penitência e a necessidade dos sacramentos» (CNB E.U.A., Carta pastoral Eis a Vossa Mãe: uma Mulher de Fé, 1973).

33 7 – Aparições de Nossa Senhora
A Igreja não emite qualquer juízo definitivo sobre a autenticidade ou a natureza de tais aparições. Com extrema prudência manda investigar o caso, com um exame lento e minucioso dos factos. Na prática, instaura um rigoroso processo, primeiro a nível diocesano, que atende a alguns critérios: Critérios a respeito dos videntes: os videntes devem ser pessoas equilibradas, de bom estado físico e mental; averiguar se há falta de sinceridade por parte dos mesmos, ou então se querem servir-se das supostas aparições para tirarem proveito próprio ou protagonismo; verificar o testemunho que os videntes dão no dia-a-dia; se os videntes sustentam que as aparições têm valor superior ao ensinamento da Igreja, etc. Critérios a respeito da mensagem transmitida pela aparição: o seu conteúdo não pode colidir com a revelação bíblica, nem com a doutrina da Igreja (ortodoxia); o conteúdo da mensagem deve estar em sintonia com as linhas pastorais da Igreja (convergência); o que os videntes vêem, ouvem e dizem deve formar um todo coerente (coerência). Toda a autêntica aparição deve ser coerente com as linhas e o espírito do Evangelho: as muitas minúcias, com datas, locais, tipo de fenómenos, etc, merecem reservas na linguagem bíblica. Critérios a respeito das ressonâncias da aparição: os sinais que acompanham as aparições (milagres, curas, conversões, etc); os frutos espirituais que surgem (o amor à Igreja aumenta? Há renovação da vida cristã?, etc) Mais alguns critérios concretos para distinguir as verdadeiras das falsas aparições. Nas mensagens de Fátima, Lourdes, La Salette, etc. A Virgem Maria fala muito pouco, com mensagens muito breves (assim como as intervenções da Virgem nos Evangelhos); nas “novas aparições”, as mensagens da Virgem são enormes, aborrecidos, dão a impressão que não acabam nunca. Nas autênticas aparições, as mensagens são de amor à Igreja, de esperança; nas “novas aparições” são mensagens cheias de temor e de medo. Mas «Deus é amor» (1 Jo 3). Se analisarmos Santa Bernardette, os Pastorinhos de Fátima, etc., são pessoas humildes, simples, que fogem da fama, que se escondem quando alguém pergunta por eles. Os “videntes” de hoje aparecem nos meios de comunicação, percorrem o mundo, fazem conferências, etc.

34 7 – Aparições de Nossa Senhora
Mas não se trata de dizerem que determinada revelação particular ocorreu de facto, mas de atestar que, analisado o relato, este não contradiz a revelação pública transmitida na Tradição e nas Escrituras, e se sim, porquê, e que a devoção suscitada pelo acontecimento não colide com o bem espiritual dos fiéis. O máximo a que chega a Igreja Católica é a uma "aprovação negativa" - certificando que nada relacionado a uma determinada aparição é contrário à fé ou à moral - e que, dessa forma, a aparição pode merecer crédito (a nível não de fé católica, mas de devoção privada).  Muitas vezes, a Igreja nada diz: de facto não há motivos para condenar as aparições; a Igreja espera que a piedade se desenvolva até que haja razões de ordem doutrinária ou moral que exijam algum pronunciamento. Além de que, a Igreja só se pronuncia após encerradas as aparições e sempre com extrema prudência: as revelações particulares não devem ser presumidas num juízo precipitado; diante de um fenómeno tido como extraordinário, procurem-se primeiro explicações ordinárias ou naturais; é preciso levar em conta a fragilidade humana, sujeita a enganos, alucinações colectivas, etc. A respeito de tais fenómenos extraordinários, o Papa Bento XIV ( ) publicou o seguinte: «A aprovação (de aparições) não é mais do que a autorização de as publicar, para instrução e utilidade dos fiéis, depois de maduro exame. Pois estas revelações assim aprovadas, ainda que não se lhes dê nem possa dar um assentimento de fé católica, devem contudo ser recebidas com fé humana segundo as normas da prudência, que fazem de tais revelações objecto provável e piedosamente aceitável». PAPA BENTO XIV ( )

35 7 – Aparições de Nossa Senhora
Aparições e locuções autênticas evoluem, normalmente, em quatro fases distintas: Pronunciamento do bispo, após avaliação por comissão constituída pela diocese local, certificando que não envolve nada de contrário á fé ou moral; Após a aprovação do bispo, nota-se uma propagação da devoção privada dos fiéis; se a devoção se aprofunda e espalha, é possível passar a outro estágio; Reconhecimento papal: o Papa atesta publicamente que está favoravelmente disposto em relação aos eventos e conteúdos da aparição. Reconhecimento litúrgico: a celebração é inserida no calendário litúrgico da Igreja (sempre como memória facultativa, jamais como objecto de fé católica, no sentido de universal e obrigatória em ordem à salvação). Após o diligente processo da Igreja, as aparições privadas podem-se enquadrar num dos quatro tipos: Questionáveis: toda a presumível aparição situa-se numa primeira instância neste grupo. Falsas: após a competente avaliação, quase todas as presumíveis aparições são dadas como falsas, ainda que os videntes tivessem sido sinceros ou sejam mentalmente saudáveis; muitas vezes são fruto de fenómenos de influência colectiva; por exemplo, após as aparições de Lourdes proliferaram na Europa mais de 150 aparições falsas! Fraudulentas: algumas aparições podem ser fraudes elaboradas para procurar atenção, publicidade, honras, etc; ou então há um envolvimento satânico; temos o caso de Madalena da Cruz, que fazia toda uma série de prodígios levitava, fazia curas, predizia o futuro, etc.; contudo, no leito de morte confessou que tinha-se consagrado a Satanás desde a infância. Autênticas: são muito poucas, pois implicam intervenção sobrenatural e actuam no fortalecimento da fé dos que as seguem.

36 7 – Aparições de Nossa Senhora
Formas de aparições: Teofanias (manifestação de Deus); Cristofanias (aparições de Cristo após a Ressurreição); Aparições da Virgem Maria (Mariofanias) e de Santos. Teologicamente há que distinguir entre estas duas uma distinção importante: a Virgem Maria tem já corpo glorificado, pela sua Assunção ao céu em corpo e alma; para os santos, tal não se verifica ainda. Termos importantes relacionados com as revelações privadas: Aparições: a manifestação mística de uma pessoa sobrenatural, que não pode ser vista senão pelos videntes; também chamadas de visões (corporais, imaginárias intelectuais...); Locuções: palavras de ordem sobrenatural, percebidas na mente do vidente como mensagens claras e distintas; Êxtases: estado espiritual que causa no vidente a perda total de contacto com a realidade circundante, tempo e local. O vidente não responde a qualquer estímulo externo. Estigmas: manifestação visível, no corpo do vidente, dos ferimentos infligidos a Jesus Cristo na Sua Paixão. Os ferimentos sangram, quase sempre à sexta-feira, sendo as dores consideráveis nos videntes. Revelações. São visões ou encontros? Os videntes experimentam uma existência real e objectiva; mas é um encontro face-a-face ou Deus induz na subjectividade dos videntes para Se comunicar? Uma ou outra forma pode ser possível.

37 7 – Aparições de Nossa Senhora
As aparições privadas sempre aconteceram. Durante o século XX foram registadas cerca de 400 aparições marianas (ou pretensas aparições), 200 das quais entre 1944 e A partir de 1831, as aparições de Maria têm proliferado, alguns autores chamam de «Era de Maria». Algumas aparições aprovadas pela Igreja (ou pelo bispo respectivo da diocese): Nossa Senhora do Rosário, Prouille, França, São Domingos de Gusmão (instituição do Santo Rosário) (1208); Nossa Senhora do Carmo, Avlesford, Inglaterra, Simão Stock recebe o escapulário de Nª Srª do Carmo, (1251); Nossa Senhora de Caravaggio, Itália, a Joaneta Varoli, uma camponesa (1432); Nossa Senhora de Guadalupe, México, a S. Juan Diego, um indígena (1531); Sagrado Coração de Jesus, Parav-le-Monial, França; Nossa Senhora de Laus, Saint-Étienne d’Avançon, Franç, a uma pastora Benoîte Rencurel ( ) – aprovadas em 4/5/2008; Nossa Senhora das Graças, Rue du Bac, França, a Stª Catarina Labouré, uma irmã das Irmãs da Caridade (1830); Nossa Senhora da Salette, França,a dois pastores, Melanie Calvat e Maximin Giraud (1846); Nossa Senhora de Lourdes, França, a Santa Bernardette Soubirous (1854); Nossa Senhora da Esperança, Pontmain, França, a Eugéne e Joseph Barbedette, Jeanne-Marie Lebosse, Francoise Richer e uma criança de dois anos: Augustine (1871); Nossa Senhora do Silêncio, Knock, Irlanda, a numerosas testemunhas que viram Nossa Senhora, São José e São João Evangelista (1879); Nossa Senhora do Rosário de Fátima, Fátima, Portugal, aos três pastorinhos Jacinta, Francisco e Lúcia (1917); Virgem do Coração de Ouro, Beauraing, Bélgica, a cinco estudantes (1932); Virgem dos Pobres, Banneux, Bélgica, a Mariette Beco uma pequena estudante (1933); Divina Misericórdia, Cracóvia, Polónia, aparição de Cristo a Santa Faustina (1931); Nossa Senhora de Akita, Akita, Japão (1973); Betânia, Venezuela (1976); Nossa Senhora das Dores, Kibeho, Ruanda,a sete adolescentes ( ); Nossa Senhora de Cuapa, Cuapa, Nicarágua (1980) – reconhecida pelo Bispo local; Nossa Senhora da Luz, Zeitoun, Egipto, numerosas pessoas observam a Virgem numa cúpula duma Igreja ( ) – reconhecida pela Igreja copta;

38 7 – Aparições de Nossa Senhora
NOSSA SENHORA DO CARMO NOSSA SENHORA DE CARAVAGGIO NOSSA SENHORA DE GUADALUPE SAGRADO CORAÇAO DE JESUS NOSSA SENHORA DE LAUS NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS NOSSA SENHORA DE LA SALETTE NOSSA SENHORA DE LOURDES NOSSA SENHORA DE PONTMAIN NOSSA SENHORA DE KNOCK

39 7 – Aparições de Nossa Senhora
NOSSA SENHORA DE AKITA VIRGEM DOS POBRES NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DE FÁTIMA VIRGEM DO CORAÇÃO DE OURO NOSSA SENHORA DE KIBEHO NOSSA SENHORA DE ZEITOUN NOSSA SENHORA DE CUAPA DIVINA MISERICÓRDIA

40 7 – Aparições de Nossa Senhora
Algumas aparições que ainda não têm pronunciamento da Igreja, até porque muitas delas ainda estão, supostamente, a decorrer: Nossa Senhora do Carmo, em Garabandal ( ), Espanha, a quatro jovens raparigas; Virgem do Escorial, Prado Nuevo, Espanha, a Luz Amparo (de 1980 ao presente); Nossa Senhora de Medjugorge (Rainha da Paz), Medjugorge, Bósnia Herzegovina, a Bósnia e Herzegovina, a cinco adolescentes e uma criança: Ivanka Ivanković, Mirjana Dragićević, Vicka Ivanković, Marija Pavlović, Ivan Dragićević e o pequeno Jakov Čolo (1981 ao presente); Nossa Senhora de Anguera, Anguera, Brasil, a Pedro Régis (1987 ao presente); Nossa Senhora da Rosa Mística, São José dos Pinhais, Paraná, Brasil, aparições de Nª Senhora Crostp, S. José, anjos, etc., a Eduardo e Júnior (1988 ao presente); Rainha do Rosário e da Paz:, Itapiranga e Manaus, Amazonas, Brasil, aparições de Nossa Senhora, Jesus Cristo, S. Miguel Arcanjo, São José a Edson Glauber e Maria do Carmo (1994 ao presente)… NOSSA SENHORA DO CARMO DE GARABANDAL NOSSA SENHORA DO ESCORIAL NOSSA SENHORA DE MEDJURGORGE NOSSA SENHORA DE ANGUERA NOSSA SENHORA DE ITAPIRANGA

41 8. Bibliografia recomendada (E.F.C. 31)


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