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Largo da Palma (1981) Revisão

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Apresentação em tema: "Largo da Palma (1981) Revisão"— Transcrição da apresentação:

1 Largo da Palma (1981) Revisão
Adonias Filho (A. Aguiar), jornalista, crítico, ensaísta e romancista, nasceu na Fazenda São João, em Ilhéus, BA, em 27 de novembro de 1915, e faleceu na mesma cidade, em 2 de agosto de Eleito em 14 de janeiro de 1965 para a Cadeira n. 21, sucedendo a Álvaro Moreyra, foi recebido em 28 de abril de 1965 pelo acadêmico Jorge Amado. O AUTOR

2 Adonias Filho faz parte do grupo de escritores que, a partir de 1945, a terceira fase do Modernismo, se inclinaram para um retorno a certas disciplinas formais, preocupados em realizar a sua obra, por um lado, mediante uma redução à pesquisa formal e de linguagem e, por outro, em ampliar sua significação do regional para o universal.

3 A Moça dos Pãezinhos de Queijo
Enredo e Personagens Gustavo = Mudo Protagonistas Célia = Bela Voz Contraste: Gustavo x Célia Intercomplementaridade: Carência, desejo, complementação no outro.

4 Desenvolvimento da Trama
Encontros, crescimento do amor, as reações dos que os cercam. Mãe de Célia Reações Márcia (irmã de Gustavo) Pai de Gustavo

5 Encontros Gustavo – Célia no Largo da Palma e no Jardim de Nazaré.

6 Clímax - Desfecho Agitação de Célia preparando pãezinhos de queijo para Gustavo. Idéia fixa: “É preciso querer e querer muito para alcançar” (p.19). Novo encontro Gustavo – Célia no Jardim de Nazaré, “escuro, pois tão escuro que as grandes árvores pareciam sombras fantásticas”. ... “Quentes e trêmulas, aquelas mãos! (...) o coração de Gustavo – como se quisesse falar” (p. 21) Ela lhe entrega um pãozinho de queijo, dizendo que colocara nele o seu próprio sangue. “Mal termina ele de comer o pãozinho de queijo, ela fecha-lhe a boca com sua própria boca. Sussurra, então, dizendo: _ Você, agora, pode falar. – E, como se ordenasse, acrescenta, - não, não fale agora!” Gustavo sente que o amor e o beijo de Célia podem gerar o milagre.” ... As lágrimas nos olhos que parecem sangrar. Tudo, agora, é nele angústia e dor. ... Um parto, é como num parto, a voz está nascendo... E ele exclama em tom ainda fraco, mas exclama: - Amor” (p )

7 a) Largo da Palma, Igreja e ladeira da Palma
Ambiente a) Largo da Palma, Igreja e ladeira da Palma Visão animista

8 A casa dos pãezinhos de queijo e a de Gustavo

9 Foco Narrativo e Tempo a) A narrativa é em terceira pessoa, com um narrador onisciente. Conhece presente e passado dos personagens, os fatos e os sentimentos internos dos personagens diante dos fatos. b) Note como os aspectos psicológicos são tão intensos que torna extremamente subjetiva a percepção do mundo exterior.

10 Foco Narrativo e Tempo “ mas nada permanece a não ser a voz que acabara de ouvir. Anda, quase a correr, com a voz nos ouvidos”. (...) “A voz permanecera e de tal modo está ali que receia venha a avó escutá-la”. ( p. 5 ) (...) “ entregara o pacote à avó, era como se tivesse as mãos livres para segurar a voz da moça dos pãezinhos de queijo”. (p. 6) “Célia, subindo, não sente o peso dos cestos vazios que carrega”. (p. 10)

11 Foco Narrativo e Tempo c) Embora a narração dos fatos enfatize sempre os aspectos psicológicos, interiores, o decurso temporal é cronológico, com pequenos flashes de volta ao passado (por exemplo: a morte do pai de Célia, a doença da mãe de Gustavo). d) A narrativa é bastante lírica, embora aqui e ali se percebam aspectos críticos como quando fala do Largo “sempre mal-iluminado que parece em penumbra.” ( p.9 ) ou quando fala da postura capitalista do pai de Gustavo em sua “decepção de ter um filho, quando não inválido, praticamente inútil”( p. 13).

12 Linguagem concisa, períodos curtos, incisivos
A linguagem narrativa é intensamente lírica. O narrador explora os aspectos poéticos da linguagem. Presença constante de metáforas, símbolos, comparações, etc... METONÍMIAS (...) o sobrado inteiro a dizer que tem um parafuso a menos” ( p.11 ) “ Doce e macia, ao lado do riso alegre, a voz da moça é música melhor de ouvir-se, nas manhãs de domingo, que o próprio órgão da igreja”. ( p. 5) SINESTESIA ASSÍNDETO “Pudesse falar e dir-lhe-ia que tudo,agora, é realmente estranho.”( p.15 )

13 Discurso Indireto livre
Fecha a porta e logo se atira na cama. Os olhos estão fechados, é verdade, mas a imagem do rapaz subsiste na escuridão. Como entender o que acontece? Homem ele já é com o peito largo e forte que é quase de um lutador. Alto e belo como uma árvore. E por que – Senhora Santa da Palma – e, por que é mudo? Nasceu assim? Houve um acidente? Doença? Tudo o que sabe é que jamais se interessou pelos rapazes que a quiseram namorar, nada sentindo mesmo, em todos descobrindo defeitos. Agora, porém, e como diria o velho Roberto Militão, seu pai, tinha a flecha no coração.

14 “Falará com a mãe, à noite seguinte, pouco antes de sair para encontrar-se com o rapaz. E se a mãe perguntar quem é ele e o que faz, como responderá? Dir-lhe-á que não sabe sequer o nome porque não houve tempo para maior aproximação. Confessará, porém, o detalhe: “Ele é mudo”. Inútil discutir, procurar explicar, tentar justificar-se frente ao espanto da mãe. Sabe que ela não compreenderá, ninguém entenderá, o sobrado inteiro a dizer que tem um parafuso a menos. Uma doida, apenas uma doida se deixará seduzir e fascinar por um mudo.”

15 O Largo de Branco Personagens Eliane Geraldo Odilon

16 O Desfecho “E, como se nada houvesse acontecido naqueles trinta anos, desde que se separaram, ele apenas diz: – Vamos, Eliane, vamos para casa. (...) Ela se lembra das manhãs de chuva que sempre escurecem o Largo da Palma. Agora, como a vingar-se daquelas manhãs, o sol ajuda o céu tão azul. E Eliane, ainda com o coração a bater muito forte, não tem dúvida de que o seu velho largo, como num dia de festa, está vestido de branco. (p.41)

17 Técnicas Narrativas e Tempo
A narrativa é em terceira pessoa, embora centrada no personagem Eliane. Está muito presente o estilo indireto livre. É como se Eliane estivesse fazendo uma revisão de suas vivências: A vida com Geraldo A vida com Odilon

18 Coloca-se como tempo presente narrativo aquela “manhã de junho” (P
Coloca-se como tempo presente narrativo aquela “manhã de junho” (P.25), em que “gasto o vestido que usa, fora de moda, o melhor de todos os que restaram” (P.26) Eliane espera reencontrar-se com Odilon no Largo da Palma. Inclusive, neste início, as formas verbais estão no indicativo presente; ressaltam a idéia dos fatos que estão em curso. Não raras vezes presente – fatos que estão sendo vividos e passado – fatos recordados.

19 Mudam, então, os tempos verbais ( imperfeito, perfeito, mais que perfeito, ressaltando a idéia de fatos já ocorridos.) Inclusive , em longos trechos, utilizam-se as aspas, para indicar que esses trechos são “narrados” pela memória da própria Eliane, como em um longo discurso indireto livre, dentro do qual aparecem formas do discurso direto. O narrador, além de marcar o tempo, usando verbos no presente e no passado, usa os advérbios “agora” e “lá” que ressaltam o tempo presente e lugar: Eliane no Largo da Palma, à espera de Odilon.

20 Leia e perceba a passagem do passado, visto através da lembrança de Eliane, para o presente.
“Essa lembrança a perseguiu durante bastante tempo, era como uma idéia fixa, hora a hora a rever as notas sobre a cama. Parecia-lhe uma coisa tão venenosa e viva quanto uma víbora ou um escorpião. O dinheiro na cama, sobre o lençol, nele refletido o desprezo do homem. E como se aquele dinheiro pudesse compensar a ingratidão e resgatar a mocidade e a vida que a ele dera em troca de alguma coisa. Tudo, dera tudo mesmo em troca de nada. O sol, agora, invade o Largo da Palma e parece que vem mostrá-lo como uma das coisas mais preciosas da Bahia . Habituara-se aos poucos com ele, o Largo da Palma... Eliane, detendo-se para aquecer-se, esmorece os passos. Lá, no quartinho onde mora, o sol não entra.”( p. 30 ) Pelo exposto, percebe-se que o tempo da narrativa é basicamente psicológico.

21 Ambiente Rua do Bângala a) AMBIENTE EXTERNO
LARGO E IGREJA DA PALMA, COMO JÁ VIMOS, PRESENTE EM TODAS AS NOVELAS E TRATADO COMO SER VIVO Rua do Bângala

22 Quarto em que mora Alice e que Eliane subloca
b) AMBIENTE INTERNO Quarto em que mora Alice e que Eliane subloca Casas em que Eliane morou na infância (Itapagipe), quando casada com Odilon e quando viveu com Geraldo (Campo Grande, Barris e Rio Vermelho)

23 Linguagem Concisa, períodos curtos, incisivos. O narrador explora os aspectos lírico-poéticos da linguagem. Observar o uso de metonímias: “Você, Eliane, casou com um hospital”. O autor usa os mesmos recursos poéticos – metáforas, comparações, inversões, frases nominais e enumerações, assíndetos, etc.

24 INTERIOR / EXTERIOR O mundo interior - mundo invisível
“Gasto é o vestido que usa, fora da moda, o melhor dos que restaram. Os cabelos agora brancos, sempre sedosos, não melhoram o rosto cansado. Olhos sem brilho, boca um pouco murcha, as rugas. Este é o lado, o lado de fora, que Odilon verá. Sabe que o Odilon – e se não mudou inteiramente – examinar-lhe-á o rosto com atenção a observar todos os detalhes. Não poderá ver, porém, o lado de dentro, precisamente o lado da consciência e do coração.”( p. 26 )

25 O mundo interior traz uma percepção subjetiva do mundo exterior:
(...) a rua não era a mesma e certamente não era a mesma por causa dela própria. (...) ( p. 26 ) “Apesar de menos de sete meses, ah, quanto tempo.” ( p. 29 ) “A tensão nervosa expulsando-a do quarto, empurrando-a para a rua. A tensão nervosa e os olhos de Alice sempre cheios de curiosidade.” ( p. 29 ) ( ver mundo interior= tensão nervosa; mundo exterior = olhos de Alice=expressão mundo interior= curiosidade ).

26 Um Avô Muito Velho Uma temática extremamente atual. A Eutanásia
Abordagem lírica de um tema polêmico. Amar extremado x sofrimento da amada Morte Provocada

27 Técnica Narrativa e Enredo
3ª pessoa, centrada no personagem Negro Loio. O presente narrativo é o momento posterior a todos os fatos narrados: “O velho, quando aquilo aconteceu, trancou-se em si mesmo. ... Sempre calado em seu canto... No quarto e no quintal, a tocar sua sanfona, como a esperar a morte e que todos os esquecessem”. O Narrador Desenvolve dois Núcleos Narrativos 1- Núcleo Central: O Negro Loio e sua neta Pintinha; 2- Núcleo secundário: A vida do negro Loio.

28 Decurso Temporal - Enredo
1 Loio / Pintinha Pintinha (moça) 2 3 Vida de Loio Nascimento de Pintinha 4 Loio / Pintinha (Desfecho).

29 Aparecida - maior coração da Bahia
Personagens Aparecida - maior coração da Bahia Pai ? Previsão de Aparecida a Loio: “Você tem uma morte nas mãos” Loio Verinha ? Maria Ecléa Chico Timóteo Maria Eponina Loio Pintinha Amor extremo ?

30 “O largo da Palma tem boa memória.” (P.46)
Ambiente “O largo da Palma tem boa memória.” (P.46) “Estava mesmo era no Largo da Palma que, de tão tranqüilo, talvez se preparasse para dormir”. (P.49) Visão animista = Largo = Tratado como ser vivo. a) Ambientes internos A casa do Gravatá Mercado Modelo

31 Linguagem Linguagem bem trabalhada, concisa, períodos curtos, incisivos. Tratamento lírico dado à narrativa e aos conflitos humanos abordados. INVERSÃO como forma de enfatizar sentido do termo invertido. “Companhias, se teve, foram duas: a sanfona e a saudade de Aparecida”. ( p.54) ( observe a junção do concreto( sanfona ) com o abstrato ( saudade de Aparecida ) FRASE NOMINAL ( O avô e a neta )“ O pé e o estribo.” (p. 47) ( ver sentido simbólico ) “ A alegria, o riso e a coragem tão partes dela quanto os seios redondos e duros. Úmida a luz dos olhos, a voz metálica, as coxas macias.” (p. 51) ( ver comparativo de igualdade entre abstrato e concreto e a inversão do adjetivo.) “ O sino, ah, o velho sino da igreja!” (p. 55) ( emotividade ) “ Namoro, noivado, casamento.” (p. 57) ( movimento, agilização da narrativa ) LINGUAGEM COLOQUIAL

32 UM CORPO SEM NOME a) Narrativa em primeira pessoa. Narrador não se identifica: “quem sou, isto não importa”. b) Enredo: mulher que morre nos braços do narrador e o faz lembrar fatos que viveu aos 18 anos. Associação: presente – passado – identificação. “Hoje, dois meses após a morte da mulher”... Ontem, quando reencontrei o inspetor na Rua Chile, quase dois meses após o meu depoimento na Delegacia da Polícia...” (p.75-75) “Dezoito anos, pois, a minha idade. (...) Loura e bonita, os cabelos corridos, os lábios finos, os seios pequenos e cheios, muito azul nos olhos. Não a vi, nem a ela e nem ao amigo, quando me levantei. E, ao levantar-me, já gritava: - Eu quero esta mulher!” (p.71)

33 “Hoje, dois meses após a morte da mulher, o Largo da Palma já esqueceu porque, velho como é, não tem memória para todos os acontecimentos. Não deve sequer lembrar-se de quando levantaram as casas mais baixas e estreitas, estas de telhas tão pretas quanto o tempo, com o verde e o azul das tintas fortes ocultando as cicatrizes e rugas, e certamente, não se lembra quando foram plantadas as árvores e chegaram os primeiros pombos. Vendo-os agora, nesta penumbra que sempre avisa a aproximação das noites na Bahia, com a igreja vazia e os sobradinhos em silêncio, penso na mulher que morreu em meus braços. Ela, a pobre, pareceu-me que vinha de longa viagem”. (p.74)

34 Crítica social A caftina a expulsa do bordel porque ela “já não dá no couro”, não arranja mais homem (p.70-71). A narrativa do passado, termina quando essa mulher exclama para o narrador que “morte deve ser melhor. Deve ser melhor mesmo porque não tem medo nem fome”. (p.71)

35 Ambiente: Largo da Palma.
Bordel : Sobradinho da Ajuda.

36 Linguagem Por que o título da novela: Um corpo sem nome?
Mesmos recursos poéticos presentes nas outras novelas

37 OS ENFORCADOS a) Embasamento histórico: Revolução dos Alfaiates (1798). b) Narrativa em 3ª pessoa, mas enquadrada à ótica de um personagem: o ceguinho da Palma. c)Presente narrativo: “dia dos enforcados” – “quatro homens, um quase menino, todos mulatos”: A “execução, um espetáculo exemplar”. d) Personagens: Ceguinho da Palma (ver sentido simbólico) e Valentim. e) Crítica sócio-histórica: “o governo e os graúdos” “a opressão, o terror, o medo, a insegurança.

38 f) Ambiente: Largo da Palma, Piedade

39 Linguagem: INVERSÃO (explorando o valor expressivo do adjetivo)
“Inúmeros os que passavam por ele, todos apressados, alguns como que corriam.” (p.83) “E porque grande era o silêncio e ouviu o barulho dos grilhões de ferro, soube que se arrastavam os que caminhavam para a morte.” (p.87) LINGUAGEM COLOQUIAL Adequadas ao personagem central (o ceguinho), encontramos expressões e palavras de linguagem coloquial. Palavras como “birosca”, “porrete”, “estrebuchavam”, até expressões como “quero um gole da melhor” (p.83) “engolir a aguardente” (p.84), “boa pinga!” (p.85), “é de arrebentar o coração” (p.87) “exemplo de merda” (p.88) e o uso do pronome sujeito como complemento verbal: “Que a Senhora da Palma ajude eles”. Uso dos mesmos recursos expressivos que se fazem presentes nas outras novelas: metáforas, comparações, frases nominais, enumerações etc.

40 A PEDRA Aspectos regionais: garimpo, Jacobina.
O enriquecimento gera a migração para a capital. Personagens: Cícero Amaro, Zefa, Flor. - a ingenuidade de Cícero, a exploração, as mulheres, o empobrecimento. Clímax “Fique de uma vez com suas putas... Vá e não volte, Saia, saia logo seu bêbado sujo. Vá logo antes que te meta o braço.” (p.101)

41 Desfecho “E no largo, ao ver a igreja bem defronte, (Cícero) pôs-se a andar, cabisbaixo, como perdido em profunda meditação. A ingratidão de Zefa, o desprezo de Flor, chô, o mundo era mesmo uma boa merda” (p.101) “Grandes, porém, eram os olhos de Deus. Todos pagariam semelhante na própria terra.” (p.101). E procura arranjar um pouco dinheiro para voltar à sua vida de garimpeiro em Jacobina.

42 Ambiente: Largo e Igreja da Palma.
Bordel onde Flor Trabalha. Narrativa em 3ª pessoa, centralizada em Cícero e Zefa.

43 Linguagem: INVERSÃO “Maior que a peste, de verdade, só o medo” (p.94)
“E tinha os seus dengues, Flor!” (p.100) “Farta estava cheia de tantas mentiras e malandragens” (p.101)

44 IDENTIFIQUE A VOZ NARRATIVA, O DISCURSO INDIRETO LIVRE E O DISCURSO DIRETO.
“Zefa recebeu-o de cara amarrada. Ali estava o resultado da leseira, sem uma prata no bolso, a roupa encardida no corpo. Que queria fazer agora? Se pensava comer o lucro da quitanda, vender a casa, viver nas suas costa, que desenganasse. Aquilo nem por minuto. Melhor era deixar tudo bem claro e, se pensava que a tapeava com aquelas conversas de Mercado Modelo, estava era mesmo a comer vento. Os sumiços, as bebedeiras, os bordéis. Não, a ela ninguém iludia! Farta, estava cheia de tantas mentiras e malandragens!

45 – Saiba que você está sobrando pois já tenho o que queria – e Zefa falando, tinha a cara fechada e raiva na voz. – Tenho meu negócio e tenho minha casa. Que você, pois, fique de uma vez por todas com as suas putas! E como se quisesse ser ouvida por todo o Largo da Palma, gritava alto mesmo: – Vá e não volte! Saia, saia logo seu bêbado sujo! Vá depressa antes que te meta o braço. Cícero Amaro... transpôs a porta. A camisa de seda, que na química da poeira e do suor adquirira uma cor indefinível, já não passava de um trapo. Sujara-se tanto a roupa de linho que lembrava um pano de esfregar o chão. (...) E no largo, ao ver a igreja bem defronte, pôs-se a andar cabisbaixo, como perdido em profunda meditação. A ingratidão de Zefa, o desprezo de Flor, chô, que o mundo era mesmo uma boa merda.

46 Grandes, porém, eram os olhos de Deus
Grandes, porém, eram os olhos de Deus. Todos pagariam semelhante maldade na própria terra. E, porque uma simples questão de tempo, embora mais velho que moço, saberia esperar. Enquanto isso, sentindo o suor correr na barba rala, pensou conseguir algum dinheiro. Não muito, era verdade. O necessário para comprar a passagem e, voltando a Jacobina, retomar os seus teréns de garimpeiro. → ASSÍNDETO “Não fosse ela, sua coragem e sua saúde, e de há muito que teriam morrido de fome.” (p. 95) → Linguagem Coloquial.

47 1. LARGO DA PALMA (SÍNTESE)
Cinco novelas narradas em 3ª pessoa. Uma só novela (Corpo sem Nome) tem narração em 1ª pessoa. O narrador é testemunha-participante dos fatos que narra. Em O Largo de Branco, Um avô muito velho e Os Enforcados, a narrativa é em 3ª pessoa, mas enquadrada à ótica de um personagem. Por isso o narrador não é onisciente. A narrativa se aproxima das limitações de uma narrativa em 1ª pessoa. Predomina o psicológico. Os fatos são apresentados ora como fatos já vividos ora como fatos que estão sendo vividos. Passado e presente se fundem. Em Moça dos Pãezinhos do Queijo e Pedra, a narrativa é em 3ª pessoa e tem um narrador onisciente. Os fatos se centralizam nos personagens principais: Gustavo e Célia, Cícero e Zefa. Mundo interior e mundo exterior se fundem no relato do narrador.

48 Enforcados tem uma base histórica: a Revolução dos Alfaiates – 1798
Enforcados tem uma base histórica: a Revolução dos Alfaiates – Pedra tem aspectos regionalistas: o garimpo em Jacobina, a migração interior-capital-interior. Há referências a fatos históricos: Abolição, República, peste bubônica em Salvador. e) Em Enforcados, o personagem- narrador é cego. Atente para o sentido alegórico. f) Pedra é a novela em que é menor a análise psicológica. Há uma predominância dos fatos. Em todas as outras a análise do mundo interior dos personagens é mais importante que o relato de fatos. g) É forte nas novelas: a) A presença do Discurso Indireto Livre. b) O lirismo. c) O psicológico (fusão mundo interior-mundo-exterior, passado-presente). h) Corpo sem Nome e Enforcados são as novelas em que aparece uma crítica mais explícita. A crítica nas outras novelas está presente muito mais em referências ligeiras ou como algo implícito.

49 2. AMBIENTE Há um ambiente comum em todas as novelas: o Largo da Palma, a Igreja da Palma, que são tratados com qualidades, sentimentos e ações de ser vivo (visão animista). Esse ambiente, quase personagem, como que dá certa unidade às novelas. É mostrado desde 1798 (Enforcados), final do século XIX e início do século XX (Pedra) e século XX (demais novelas). Em várias novelas, fala-se dos arredores do Largo, como a rua do Bângala, que aparece em duas novelas (Largo de Branco e Corpo sem Nome) e a rua do Gravatá, onde fica a casa do avô Loio (Avô muito Velho). Fala-se, também, da Baixa dos Sapateiros, aonde vai dar a Ladeira da Palma, da rua da Ajuda e seus bordéis, da rua Chile, do Porto, da praia da Barra, do Mercado Modelo, da Piedade, do Rio Vermelho, da rua Direita do Palácio (hoje, rua Chile), de São Pedro, da ilha de Itaparica, dos Barris, do Campo Grande, do Terreiro de Jesus, da Cidade Baixa, da Ladeira da Montanha e seu bordel.

50 3. PERSONAGENS Os ambientes diversos das várias novelas nos mostram personagens populares, que não pertencem às elites baianas, nem um plano intelectual, nem no plano econômico-social. Faz exceção, a família de Gustavo, personagem de Moça dos Pãezinhos de Queijos e o narrador de Um Corpo Sem Nome. Cada novela conta com um número limitado de personagens. Há um núcleo narrativo principal em que se centraliza a narração. Os núcleos secundários, na maioria delas, não apresentam personagens novos, mas os mesmos personagens no tempo passado. Quando aparece um número maior de personagens ou personagens novos, eles são mais referidos que caracterizados e sempre têm a ver com o núcleo narrativo principal ou com os personagens principais. Vários personagens se destacam como símbolo ou pelo papel que exercem, por isso não têm nome.

51 4. LINGUAGEM Como é característica de Adonias Filho, a linguagem é bem trabalhada. Predominam os períodos curtos, incisivos. Linguagem concisa. O que ressalta, em termos gerais, é sobretudo a adequação da linguagem aos fatos narrados, ao tipo de personagens que vivem os fatos, às posturas narrativas assumidas e aos ambientes onde se passa a ação. Assim a linguagem coloquial é bem mais presente em algumas novelas, como Os Enforcados e Pedra. A linguagem ressalta, ainda, o caráter lírico, enfatizado pela presença de elementos essencialmente poéticos, como metáforas, sinestesias, metonímias e outros elementos expressivos, como frases nominais, enumerações, assíndetos etc. A exploração de tais recursos expressivos, a exploração de um vocabulário que explora as impressões sensoriais revelam o tom poético que o autor imprime à narrativa.


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