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PublicouVinícius Vilaverde Brás Alterado mais de 8 anos atrás
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MODERNISMO EM PORTUGAL Mário de Sá Carneiro e Fernando Pessoa
Material de Literatura Prof. HIDER OLIVEIRA
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MÁRIO DE SÁ CARNEIRO Por mais que fosse modernista, graças à temática, à linguagem e à visão de mundo, há, em sua poesia, um caráter romântico; Isso se dá por meio do individualismo e da transparência com que trata sua problemática pessoal; Entre suas temáticas, estão a confusão que lhe ia pelo íntimo, a falta de horizontes e a descida inexorável para o derradeiro e solitário encontro consigo mesmo; É possível que o processo que o tenha levado ao suicídio ainda jovem tenha começado a partir desse encontro.
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A QUEDA (Mário de Sá Carneiro)
E eu que sou o rei de toda esta incoerência, Eu próprio turbilhão, anseio por fixá-la E giro até partir... Mas tudo me resvala Em bruma e sonolência. Se acaso em minhas mãos fica um pedaço de ouro, Volve-se logo falso... ao longe o arremesso... Eu morro de desdém em frente dum tesouro, Morro á mingua, de excesso. Alteio-me na côr à fôrça de quebranto, Estendo os braços de alma - e nem um espasmo venço!... Peneiro-me na sombra - em nada me condenso... Agonias de luz eu vibro ainda entanto. Não me pude vencer, mas posso-me esmagar, - Vencer ás vezes é o mesmo que tombar - E como inda sou luz, num grande retrocesso, Em raivas ideais, ascendo até ao fim: Olho do alto o gêlo, ao gêlo me arremesso Tombei... E fico só esmagado sobre mim!...
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FERNANDO PESSOA Escreveu como si mesmo e ainda criou outros três heterônimos: RICARDO REIS ALBERTO CAEIRO ÁLVARO DE CAMPOS
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FERNANDO PESSOA RICARDO REIS ÁLVARO DE CAMPOS ALBERTO CAEIRO
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FERNANDO PESSOA (ortônimo)
Sua poesia era sentimental e intimista, mas intelectualizada; Temática variada, por meio da qual interroga o sentido da existência; Saudosismo, às vezes misturado com um sentimento de perda; Cultua a pátria, mas com racionalidade e senso crítico; Expressa a solidão e tematiza a própria poesia; Em qualquer um dos temas, é constante o tom de tristeza e desconsolo; Opta por uma poesia metrificada, com presença de redondilhas (5 ou 7 sílabas poéticas) ou outras métricas curtas; Seus poemas têm uma musicalidade suave.
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AUTOPSICOGRAFIA (Fernando Pessoa)
O poeta é um fingidor. Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente. E os que leem o que escreve, Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve, Mas só a que eles não têm. E assim nas calhas de roda Gira, a entreter a razão, Esse comboio de corda Que se chama coração. AUTOPSICOGRAFIA (Fernando Pessoa)
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1º heterônimo: RICARDO REIS
Atitude vagamente moralista e didática; Gosto pelo paganismo (mitologia); Erudição do vocabulário (tendendo ao latim); Admiração pelos clássicos (especialmente Horácio); Preocupação com a métrica; Carpe diem epicurista (mansidão da alma, quietude do corpo, mansidão da alma, autodomínio); Sua musa inspiradora atende pelo nome de LÍDIA.
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Lídia, ignoramos. Somos estrangeiros Onde que quer que estejamos
Lídia, ignoramos. Somos estrangeiros Onde que quer que estejamos. Onde quer que moremos, Tudo é alheio Nem fala língua nossa. Façamos de nós mesmos o retiro Onde esconder-nos, tímidos do insulto Do tumulto do mundo. Que quer o amor mais que não ser dos outros? Como um segredo dito nos mistérios, Seja sacro por nosso. LÍDIA (Ricardo Reis)
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2º heterônimo: ALBERTO CAEIRO
Criado em contato com o campo; A natureza ocupa grande espaço na sua poesia; O campo é usada para modelar uma vida digna e sóbria; Recusa-se a pensar e a filosofar, pois acha que saber viver é apenas ver e sentir e o mais é complicado e inútil; Prega a simplicidade natural e material da vida, pois crê que a interferência de Deus e da alma complicam em demasia a existência pela necessidade de serem explicados; Não apresenta inquietação intelectual; Chega a ser primário e ingênuo nas ideias.
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O GUARDADOR DE REBANHO (Alberto Caeiro)
Eu nunca guardei rebanhos, Mas é como se os guardasse. Minha alma é como um pastor, Conhece o vento e o sol E anda pela mão das Estações A seguir e a olhar. Toda a paz da Natureza sem gente Vem sentar-se a meu lado. Mas eu fico triste como um pôr de sol Para a nossa imaginação, Quando esfria no fundo da planície E se sente a noite entrada Como uma borboleta pela janela. Mas a minha tristeza é sossego Porque é natural e justa E é o que deve estar na alma Quando já pensa que existe E as mãos colhem flores sem ela dar por isso. O GUARDADOR DE REBANHO (Alberto Caeiro)
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3º heterônimo: ÁLVARO DE CAMPOS
Obra complexa pela oscilação de sentimentos e visão de mundo; Às vezes, faz apologia do progresso e da máquina (atitudes futuristas); Por vezes, questiona a própria máquina por vê-la como veículo de massificação do cotidiano; Chega a ser agressivo na sua volúpia de se soltar das amarras sociais; É a manifestação mais moderna de Fernando Pessoa; Isso se dá não só pelo por ser um típico cidadão de uma sociedade tão complexa, mas também pela irreverência da linguagem e pelas ideias metrificação.
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OPIÁRIO (Álvaro de Campos)
É antes do ópio que a minh'alma é doente. Sentir a vida convalesce e estiola E eu vou buscar ao ópio que consola Um Oriente ao oriente do Oriente. Esta vida de bordo há-de matar-me. São dias só de febre na cabeça E, por mais que procure até que adoeça, já não encontro a mola pra adaptar-me. Em paradoxo e incompetência astral Eu vivo a vincos de ouro a minha vida, Onda onde o pundonor é uma descida E os próprios gozos gânglios do meu mal [... ]
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