Jorge Amado Itabuna, BA, 1912 – Salvador, 2001. Obra: 2 fases 1ª Fase: Sociológica Militância Política: PCB Preso em 36, 39 e 42.

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Num bairro pobre de uma cidade distante, morava uma garotinha muito bonita. Ela freqüentava a escola local. Sua mãe não tinha muito cuidado e a criança.
Transcrição da apresentação:

Jorge Amado Itabuna, BA, 1912 – Salvador, 2001

Obra: 2 fases 1ª Fase: Sociológica Militância Política: PCB Preso em 36, 39 e 42

2ª Fase: retrato de costumes: hibridismo da cultura e sociedade brasileiras 1958

Neorrealismo Regionalista Nordestino Geração de 30 Compromisso social Romance-denúncia Foco na relação homem-meio e homem-sociedade Linguagem simples: termos regionais

Capitães da Areia

Gênero: romance-denúncia Miséria – Abandono – Exploração das crianças Engajamento social: Realismo Socialista “Instumentos” da opressão capitalista: 1.Imprensa 2.Igreja 3.Polícia

Espaço: Salvador, Cidade da Bahia cenários líricos/miseráveis A cidade está alegre, cheia de sol. Os dias da Bahia parecem dias de festa, pensa Pedro Bala, que se sente invadido também pela alegria. Assovia com força, bate risonhamente no ombro de Professor. E os dois riem, e logo a risada se transforma em gargalhada. No entanto, não têm mais que uns poucos níqueis no bolso, vão vestidos de farrapos, não sabem o que comerão. Mas estão cheios da beleza do dia e da liberdade de andar pelas ruas da cidade.

Personagens: divisão maniqueísta Pobres: bons - sociedade os leva ao crime Ricos: Maus – exploradores e hipócritas Narrador: 3ª pessoa onisciente Registro culto: correção gramatical + simplicidade Registro popular: diálogos

1ª Parte : Cartas à redação

Reportagem do Jornal da Tarde CRIANÇAS LADRONAS AS AVENTURAS SINISTRAS DOS “CAPITÃES DA AREIA” – A CIDADE INFESTADA POR CRIANÇAS QUE VIVEM DO FURTO – URGE UMA PROVIDÊNCIA DO JUIZ DE MENORES E DO CHEFE DE POLÍCIA – ONTEM HOUVE MAIS UM ASSALTO

Efeito de verossimilhança Repercussão: Autoridades (posição ideológica do Estado/Burguesia) Chefe de polícia / Diretor do reformatório Desvalidos : (polêmica contra o discurso oficial) costureira Maria Ricardina e Padre José Pedro

Variante linguística popular: É pra falar no tal reformatório que eu escrevo estas mal traçadas linhas. (...) Meu filho Alonso teve lá seis meses e se eu não arranjasse tirar ele daquele inferno em vida, não sei se o desgraçado viveria mais seis meses. O menos que acontece pros filhos da gente é apanhar duas e três vezes por dia. (publicada na quinta página do Jornal da Tarde, entre anúncios, sem clichês e sem comentários ) Contraste de Variantes Linguísticas

Variante linguística culta (paródia: intenção satírica) Tenho acompanhado com grande interesse a campanha que o brilhante órgão da imprensa baiana, que com tão rútila inteligência dirigis, tem feito contra os crimes apavorantes dos Capitães da Areia, bando de delinquentes que amedronta a cidade e impede que ela viva sossegadamente. (...) Quanto à carta de uma mulherzinha do povo, não me preocupei com ela, não merecia a minha resposta. Sem dúvida é uma das muitas que aqui vêm e querem impedir que o Reformatório cumpra a sua santa missão de educar os seus filhos (Publicada na 3º página do Jornal da Tarde com um clichê do reformatório e uma notícia adiantando que na próxima segunda-feira irá um redator do Jornal da Tarde ao reformatório.)

2ª Parte: Sob a lua num velho trapiche abandonado

O Trapiche O Herói : Pedro Bala - Líder dos Capitães 15 anos Corajoso Inteligente Loiro Força física Estrutura episódica Realismo da crítica social + idealização

O trapiche = microcosmo de sociedade socialista stalinista 1.Divisão dos bens 2.Líder supremo: Pedro Bala 3.Regras claras: proibido roubo entre membros do bando condenação da pederastia

Noite dos Capitães da Areia Apresentação de personagens: João Grande: 13 anos, Negro forte, bom coração, burro Professor: leitor voraz, desenhista Gato: Malandro e mulherengo Pirulito: devoção católica Volta Seca: sertanejo sombrio, afilhado de Lampião Apelidos = traços distintivos: aspectos físicos/psicológicos

Sem Pernas: coxo, provocador, angustiado Trauma: noite na cadeia (...) os soldados bêbados o fizeram correr com sua perna coxa em volta de uma saleta. Em cada canto estava um com uma borracha comprida. Corria na saleta como um animal perseguido por outros mais fortes. A perna coxa se recusava a ajudá-lo. E a borracha zunia em suas costas quando o cansaço o fazia parar.

As Luzes do Carrossel Carência das brincadeiras de infância Padre José Pedro: ex-operário, amigo dos capitães Cristianismo primitivo: simplicidade, devoção e caridade Oposição ao discurso oficial da Igreja

Leia o trecho abaixo, do capítulo “As luzes do carrossel”, de Capitães da Areia: O sertanejo trepou no carrossel, deu corda na pianola e começou a música de uma valsa antiga. O rosto sombrio de Volta Seca se abria num sorriso. Espiava a pianola, espiava os meninos envoltos em alegria. Escutavam religiosamente aquela música que saía do bojo do carrossel na magia da noite da cidade da Bahia só para os ouvidos aventureiros e pobres dos Capitães da Areia. Todos estavam silenciosos. Um operário que vinha pela rua, vendo a aglomeração de meninos na praça, veio para o lado deles. E ficou também parado, escutando a velha música. Então a luz da lua se estendeu sobre todos, as estrelas brilharam ainda mais no céu, o mar ficou de todo manso (talvez que Iemanjá tivesse vindo também ouvir a música) e a cidade era como que um grande carrossel onde giravam em invisíveis cavalos os Capitães da Areia.

Nesse momento de música eles sentiram-se donos da cidade. E amaram-se uns aos outros, se sentiram irmãos porque eram todos eles sem carinho e sem conforto e agora tinham o carinho e conforto da música. Volta Seca não pensava com certeza em Lampião nesse momento. Pedro Bala não pensava em ser um dia o chefe de todos os malandros da cidade. O Sem-Pernas em se jogar no mar, onde os sonhos são todos belos. Porque a música saía do bojo do velho carrossel só para eles e para o operário que parara. E era uma valsa velha e triste, já esquecida por todos os homens da cidade. (Jorge Amado, Capitães da Areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2008, p. 68.) a)De que modo esse capítulo estabelece um contraste com os demais do romance? Quais são os elementos desse contraste? b) Qual a relação de tal contraste com o tema do livro?

Docas Conversa com João de Adão (estivador grevista) Anagnórise: Bala conhece a história de seu pai: Raimundo, o Loiro, líder dos estivadores morto durante greve De todos os cantos surgiam estivadores que se iam dirigindo para o grande armazém. Pedro Bala os olhou com carinho. Seu pai fora um deles, morrera por defesa deles. E por eles fizera discursos trepado em um caixão, brigara, recebera uma bala no dia em que a cavalaria enfrentou os grevistas. Por isso, no dia em que quisesse, teria um lugar nas docas entre aqueles homens, o lugar que fora de seu pai. E teria também que carregar fardos... Mas também poderia fazer uma greve assim como seu pai e João de Adão, brigar com policias, morrer pelo direito deles. Assim vingaria seu pai, ajudaria aqueles homens a lutar pelo seu direito (vagamente Pedro Bala sabia o que era isso). Imaginava-se numa greve, lutando. E sorriam os seus olhos como sorriam os seus lábios.

E tinha vontade de se jogar no mar para se lavar de toda aquela inquietação, a vontade de se vingar dos homens que tinham matado seu pai, no ódio que sentia contra a cidade rica que se estendia do outro lado do mar, na Barra, na Vitória, na Graça, o desespero de sua vida de criança abandonada e perseguida, a pena que sentia pela pobre negrinha, uma criança também. Pedro Bala sodomiza negrinha no areal Violência é “desculpada” pelas condições sociais que a originaram

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Família Sem-Pernas vivencia amor familiar Ricos: Dona Ester e Dr. Raul Rouba pais adotivos: rancor cresce mais

Alastrim Epidemia de Varíola Pe. José Pedro é advertido pelo cônego – Que culpa eles têm? – o padre se lembrava de João de Adão. – Quem cuida deles? Quem os ensina? Quem os ajuda? Que carinho eles têm? – estava exaltado e o Cônego se afastou mais dele, enquanto o fitava com os olhinhos duros. – Roubam para comer porque todos estes ricos que têm para botar fora, para dar para as igrejas, não se lembram que existem crianças com fome... Que culpa... – Cale-se – a voz do Cônego era cheia de autoridade. – Quem o visse falar diria que é um comunista que está falando. E não é difícil. No meio dessa gentalha o senhor deve ter aprendido as teorias deles... O senhor é um comunista, um inimigo da Igreja...

3ª Parte: Noite da Grande Paz, da grande paz dos teus olhos

Dora entra no bando: vira irmã e mãe “Noiva” de Pedro Bala Prisão: “descida aos infernos” Bala toma consciência do seu destino A cadeia, os presos na cadeia, a surra ensinaram a Pedro Bala que a liberdade é o bem maior do mundo. Agora sabe que não foi apenas para que sua história fosse contada no cais, no mercado, na Porta do Mar, que seu pai morrera pela liberdade. A liberdade é como o sol. É o bem maior do mundo. Dora, Esposa: entrega-se a Pedro Bala e morre

4ª parte: Canção da Bahia, canção da liberdade

Vocações Professor vai estudar pintura no Rio Pe. José Pedro ganha paróquia no sertão Pirulito vira frade Volta Seca: cangaceiro temido do grupo de Lampião Sem-Pernas suicida-se fugindo da polícia João Grande engaja-se num navio

Companheiros Pedro Bala engaja capitães em movimento grevista A revolução chama Pedro Bala como Deus chamava Pirulito nas noites do trapiche. É uma voz poderosa dentro dele, poderosa como a voz do mar, como a voz do vento, tão poderosa como outra voz sem comparação O camarada Pedro Bala, que estava perseguido pela polícia de cinco estados como organizador de greves, como dirigente de partidos ilegais, como perigoso inimigo da ordem estabelecida. (...) E, apesar de que lá fora era o terror, qualquer daqueles lares era um lar que se abriria para Pedro Bala, fugitivo da polícia. Porque a revolução é uma pátria e uma família. Redenção: heroísmo revolucionário

A temática das crianças que vivem nas ruas continua bastante atual. Para escrever Capitães da Areia, Jorge Amado foi dormir no trapiche com os meninos. Isso ajuda a explicar a riqueza de detalhes, o olhar de dentro e a empatia que estão presentes na história. Zélia Gattai Amado