14. – O Mistério da Trindade na reflexão da Igreja Encontros de Formação Cristã Paróquia de Santa Maria de Carreço « Ó meu Deus, Trindade que eu adoro,

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Transcrição da apresentação:

14. – O Mistério da Trindade na reflexão da Igreja Encontros de Formação Cristã Paróquia de Santa Maria de Carreço « Ó meu Deus, Trindade que eu adoro, ajudai-me a esquecer-me inteiramente de mim, para me estabelecer em Vós, imóvel e pacífica como se já a minha alma estivesse na eternidade. Que nada possa perturbar a minha paz, nem fazer-me sair de Vós, ó meu Imutável, mas que cada minuto me leve mais longe na profundeza do Vosso Mistério! Pacificai a minha alma, fazei dela o vosso céu, vossa morada querida e o lugar do vosso repouso. Que nunca aí eu Vos deixe só, mas que esteja lá inteiramente, toda desperta na minha fé, toda em adoração, toda entregue à Vossa acção criadora». Beata Isabel da Trindade

14ª sessão – O Mistério da Trindade na reflexão da Igreja Sumário: 1. Considerações gerais 2. As processões divinas 3.As relações divinas 4. As Pessoas divinas 5. As Missões divinas 6. A Economia divina 7. Bibliografia recomendada (E.F.C. 14)

1. Considerações gerais

1 – Considerações gerais 1 – Considerações gerais 1ª - Trata-se sempre de analogias e analogias imperfeitas, que não esgotam, nem de longe, a riqueza da Trindade; Analogia = relação de semelhança entre duas ou mais coisas; Emprega-se em teologia para aprofundar no conhecimento de Deus. Parte do mais conhecido para o menos conhecido (ex.: conhecer Deus através do conhecimento do homem). De Deus sabemos mais o que não é, do que aquilo que é. a análise teológica deve abrir-se não só ao Mistério, mas ter sempre em conta o respeito religioso. CIC 237 CIC 237: “A Trindade é um mistério de fé em sentido estrito, um dos mistérios escondidos em Deus, que não podem ser conhecidos se não forem revelados lá do alto”. 2ª - A Revelação dá-nos a conhecer ao mesmo tempo uma ontologia divina, a verdade que nos diz que Deus é Uno em essência e Trino em Pessoas e uma Economia, isto é, a acção cheia de amor e de misericórdia pela qual Deus Trino atrai a Si os homens.

2. As processões divinas

Latrão IV (1215) Latrão IV (1215): “Firmemente cremos e simplesmente confessamos, que um só é o verdadeiro Deus, eterno, imenso e incomunicável, incompreensível, omnipotente e inefável, Pai, Filho e Espírito Santo: três pessoas certamente, mas uma só essência, uma substância ou natureza absolutamente simples. O Pai não vem de ninguém, o Filho só do Pai, o Espírito Santo ao mesmo tempo de um e outro, sem começo, sempre e sem fim. O Pai que gera, o Filho que nasce e o Espírito Santo que procede: consubstanciais, co-iguais, co-omnipotentes e co- eternos”. 2 – Processões divinas 2 – Processões divinas Processão Processão = facto pelo qual um ser tem a sua origem noutro ser. Em Deus não pode haver processão como movimento local, mas sim como origem segundo a qual um filho procede do seu pai ou um rio procede da fonte. Processões imanentes Processões transitórias Processões imanentes: o termo que procede, permanece naquele do qual procede (ex.: verbo interior que procede da nossa inteligência). Processões transitórias: o que procede sai fora daquele do qual procede (ex.:palavras que manifestam os nossos pensamentos). Em Deus, as operações são imanentes, ad intra: sem as limitações dos seres criados e sem originar outro Deus. Mt 3, 17 Jo 15, 26 Jo 16, 15 É verdade de fé a existência de processões reais em Deus, conhecidas por Revelação. Fundamento no Evangelho: no Baptismo de Jesus, o Pai disse: “Este é o Meu Filho” (Mt 3, 17); Jesus disse que o Espírito Santo “procede do Pai” (Jo 15, 26) e que “receberá do que é meu” (Jo 16, 15).

2 – Processões divinas 2 – Processões divinas Características das processões divinas: São imanentes e não se distinguem de Deus: são o próprio Deus. Mantém-se a identidade numérica da essência divina. São reais: não são simples modos de falar sobre a Trindade. A origem delas (uma Pessoa divina) é real e na simplicidade espiritual de Deus não inclui algo fictício ou acidente. São operações de Deus: toda a processão divina imanente pressupõe uma acção ou operação vital que permanece dentro de Deus. São eternas e identificam-se com a essência divina. Latrão IV (1215) Têm a sua origem e o seu termo nas pessoas, não na essência divina, que enquanto tal não é sujeito de acção. Latrão IV (1215): a essência divina “nem gera, nem é gerada, nem procede; mas é o Pai que gera; o Filho o que é gerado; e o Espírito Santo o que procede; de modo que as distinções estão nas pessoas e a unidade, na natureza”. Em Deus há apenas duas processões imanentes: o Verbo procede do Pai por via de entendimento e o Espírito Santo procede do Pai e do Filho por via de amor. O Filho procede do Pai por geração eterna, o Espírito Santo do Pai e do Filho por espiração.

3. As relações divinas

3 – As relações divinas 3 – As relações divinas relação Entende-se por relação a referência de uma pessoa ou de uma coisa a outra pessoa ou outra coisa. Toda a relação está constituída por três elementos: o sujeito, o termo e o fundamento. O sujeito é a pessoa ou a coisa que se relaciona com outro (termo “a quo”). O termo é a pessoa ou a coisa até à qual tende o sujeito da relação (termo “ad quem”). O fundamento é o facto em que se baseia a relação de uma pessoa ou coisa com outro. Exemplos de fundamentos em relações interpessoais: amor conjugal, amizade, geração, etc. Uma relação é real se os três elementos são reais. Exemplos de relações não reais: entre conceitos, comparação do ente com o nada, do presente com o futuro, etc. A analogia exige despojar as relações divinas do carácter acidental das relações que se dão entre os homens. Em Deus não há “acidentes” em sentido metafísico; por exemplo não há um antes, nem um depois de ser Pai. Assim, ao aplicar a analogia ficamos com o que é uma relação em si mesma (uma referência) e negamos em Deus o aspecto acidental das relações humanas. O próprio da relação que consideramos em Deus é pura alteridade, “esse ad”. Mas as relações em Deus são subsistentes, não acidentes: existem em si mesmas e identificam-se com a substância divina. Os homens têm relações, em Deus a relação é Deus.

3 – As relações divinas 3 – As relações divinas Quem gera é o Pai, não a substância, e quem espira é o Pai e o Filho, não a substância. Latrão IV ensina que as três Pessoas se identificam com a substância divina e se distinguem exclusivamente pelas suas relações de origem. “Relação” e “substância” são dois conceitos distintos, que em Deus se identificam. Mas as relações em Deus distinguem-se realmente entre si. Dado que há duas processões reais em Deus (gerar e espirar), há quatro relações reais: Paternidade, Filiação, Espiração activa (sujeito: Pai e Filho, e termo: Espírito Santo), e Espiração passiva (sujeito: Espírito Santo, e termo: Pai e Filho). Segundo a filosofia, duas relações opõem-se quando trocam sujeito e termo, sendo o fundamento o mesmo. Assim por exemplo, paternidade e filiação opõem-se porque o pai é sujeito da paternidade e termo da filiação, e o filho é sujeito da filiação e termo da paternidade, sendo o fundamento igual (geração). Concílio de Florença (1442) Concílio de Florença (1442): Em Deus “tudo é uno, onde não houver oposição de relação”. Vamos pois ver quais das relações divinas se opõem entre si. Vimos que em Deus se dão quatro relações reais, mas nem todas se opõem.

3 – As relações divinas 3 – As relações divinas Paternidade e Filiação opõem-se : distinguem o Pai e o Filho. Espiração activa e passiva também se opõem segundo vimos: distinguem juntamente o Pai e o Filho, do Espírito Santo. Florença A Espiração activa consiste em espirar: Pai e Filho podem espirar o Espírito Santo, sem contradição com o facto de serem Pai e Filho. A Espiração activa não se opõe nem à Paternidade nem à Filiação. Segundo o Concílio de Florença, se não há oposição, Paternidade e Espiração activa não se distinguem em Deus, bem como tão pouco a Filiação e a Espiração activa. O Pai gera o Filho e ama-O espirando o Espírito Santo, e o Filho é gerado pelo Pai e ama-O espirando junto com Ele o Espírito Santo. A Espiração passiva consiste em ser espirado. O Pai não o pode ser dado que é sem princípio. O Filho também não pode ser espirado porque já é gerado. Só o Espírito Santo pode ser espirado. Assim, Paternidade opõe- se a Espiração passiva e Filiação também se opõe a Espiração passiva, duas oposições que distinguem: o Pai e o Espírito Santo uma e o Filho e o Espírito Santo, a outra. Portanto, das quatro relações reais em Deus, só três se opõem entre si: a Paternidade, a Filiação e a Espiração passiva coincidindo com o Pai, o Filho e o Espírito Santo. As relações divinas são o modelo da vida e das relações humanas. À luz das relações divinas, a Trindade revela-se-nos como a mais perfeita realização da comunhão entre distintos e, como tal, é luz que ilumina as relações humanas interpessoais. Por isso, a família é imagem da comunhão trinitária. Jo 17, 21 Na Última Ceia, Jesus revela-nos a unidade das três Pessoas divinas como origem e modelo para a união entre os homens: “Que todos sejam um, como Tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles sejam um em nós” (Jo 17, 21).

4. As Pessoas divinas

4 – As Pessoas divinas 4 – As Pessoas divinas O Pai é fonte e origem de toda a Trindade: não procede de outra pessoa divina nem da essência divina, mas é princípio sem princípio. Comunica a sua própria essência divina ao Filho e ao Espírito Santo de modo que constituem com Ele, desde toda a eternidade, um único e mesmo Deus. No sentido genérico, é Pai de todos os homens; num sentido mais elevado, é Pai dos baptizados; em sentido próprio e exclusivo, é Pai do Filho unigénito. O constitutivo da Pessoa do Pai é a Paternidade. O Pai nunca esteve sem o Filho, nem o Filho sem o Pai, é uma geração eterna. É a única pessoa da Trindade que não procede de outra: é “agénnetos”, sua característica principal. O PAI: O FILHO: Em sentido próprio geração significa a origem de um ser vivo que provém de outro ser vivo, ao qual está unido segundo uma razão de semelhança de natureza. Aplica-se em Deus analogicamente. Em Deus a geração do Filho é eterna (sem antes nem depois), acto imanente de conhecimento do Pai que gera um conceito, o Verbo, que não só é da mesma natureza que o Pai especificamente, mas também numericamente. O Filho é imagem perfeita do Pai (tem origem n’Ele e não só “semelhança” mas identidade de natureza). É Unigénito. O ESPÍRITO SANTO: O Espírito Santo procede do amor mútuo do Pai e do Filho.

4 – As Pessoas divinas 4 – As Pessoas divinas Paulo VI, Credo do Povo de Deus Paulo VI, Credo do Povo de Deus: “Cremos no Espírito Santo, pessoa não criada, que procede do Pai e do Filho como seu eterno Amor”. João Paulo IIdiscurso de João Paulo II (discurso de ) distingue dois tipos de amor: um, “amor essencial”, é um atributo da essência divina que corresponde por igual ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo; o outro, “amor pessoal”, é próprio do Espírito Santo e o distingue realmente das outras duas pessoas divinas. O ESPÍRITO SANTO COMO DOM: Na vida íntima de Deus, o Espírito Santo é amor e doação mútua, é nexo entre o Pai e o Filho. Na relação de Deus com os homens, é também a maior doação, o maior bem que podemos receber os homens, porque com Ele recebemos o amor e a vida de Deus. A divinização do homem, a sua elevação sobrenatural como filho de Deus no sacramento do baptismo, é obra do Espírito Santo: Ele nos introduz no mistério de Cristo e nos chama à santidade do Pai. CIC CIC 247: “A afirmação do Filioque não figurava no Símbolo de Constantinopla de 381. Mas, com base numa antiga tradição latina e alexandrina, o Papa São Leão já a tinha confessado dogmaticamente no ano 447, mesmo antes de Roma ter conhecido e recebido o Símbolo de 381 no Concílio de Calcedónia, em 451. O uso desta fórmula no Credo foi sendo, pouco a pouco, admitido na liturgia latina (entre os séculos VIII e XI)”. => motivo de diferendo com as Igrejas ortodoxas.

4 – As Pessoas divinas 4 – As Pessoas divinas : Fócio opõe-se ao Filioque afirmando que o Espírito Santo procede unicamente do Pai. 1054: Miguel Cerulário rompe com a Igreja e inicia o Cisma do Oriente. Procura de união: IV de Latrão (1215), II de Lião (1274), Florência (1439). Jo 15, 26 Jo 16, 14Rom 8, 9 O Magistério da Igreja não pode mudar o Símbolo mas pode completá-lo acrescentando algumas frases ou, inclusive, alguma verdade de fé. A adição do Filioque é legítima: Jo 15, 26 (“o Paráclito que vos enviarei”); Jo 16, 14 (o Espírito Santo “receberá do que é Meu”); Rom 8, 9 (“Espírito de Cristo”). Quanto à Tradição, os gregos preferem a fórmula “per Filium”. Ambas as fórmulas expressam substancialmente o mesmo. Florença (1442) Florença (1442): “Estas três Pessoas são um só Deus e não três deuses; porque as três têm uma só substância, uma só essência, uma só natureza, uma só divindade, uma só imensidade, uma só eternidade, e tudo é uno, pelo que não obsta a oposição de relação”. Idem Idem: “Por razão desta unidade, o Pai está todo no Filho e todo no Espírito Santo; o Filho está todo no Pai e todo no Espírito Santo; o Espírito Santo está todo no Pai e todo no Filho”. perikhóresis circumincessio = perikhóresis (gregos), circumincessio (latinos): Perikhóresis: mútua inabitação das Pessoas divinas: Por razão da essência divina, que é a mesma para as três Pessoas divinas. Por razão das relações: qualquer um dos termos que se opõem relativamente, entra no conceito do outro (não há Pai sem Filho, nem Pai e Filho sem o seu mútuo amor ou Espírito Santo). Por razão das origens ou processões divinas que são imanentes.

5. As missões divinas

5 – As missões divinas 5 – As missões divinas CIC 258 Florença, 1442 CIC 258: “Toda a economia divina é obra comum das três Pessoas divinas. Porque a Trindade, do mesmo modo que tem uma só e mesma natureza, assim também tem uma só e mesma operação. ‘O Pai, o Filho e o Espírito Santo não são três princípios das criaturas, mas um só princípio’ (Florença, 1442). No entanto, cada Pessoa divina realiza a obra comum conforme a sua propriedade pessoal. (...) São, sobretudo, as missões divinas, da Encarnação do Filho e do dom do Espírito Santo, as que manifestam as propriedades das Pessoas divinas”. propriedades Chamam-se propriedades às características ou notas que distinguem uma Pessoa de outra. As propriedades pessoais identificam-se com as Pessoas e dão-nos a conhecer algo da sua peculiaridade. São Gregório de Nazianzo São Gregório de Nazianzo: “Pai, Filho e Espírito Santo têm em comum a natureza divina e o não haver sido feitos; Filho e Espírito Santo têm em comum receber a sua origem do Pai. É próprio do Pai o não ser gerado, próprio do Filho o ser gerado e próprio do Espírito Santo o ser enviado”. apropriação Há uma diferença entre o que é próprio e exclusivo de uma Pessoa divina, e o que é comum às três, mas se atribui a uma delas. Este último chama-se “apropriação”. O fundamento de uma apropriação é a analogia. Fontes das apropriações mais frequentes Fontes das apropriações mais frequentes: - Sagrada Escritura, - Símbolos da fé, Padres da Igreja, - Liturgia. As apropriações ajudam-nos a entender melhor a acção das Pessoas divinas na nossa alma.

5 – As missões divinas 5 – As missões divinas Apropriações mais frequentes Apropriações mais frequentes: 1) ao Pai, enquanto origem e fonte de toda a Trindade, atribuem-se-lhe a eternidade, a unidade e a omnipotência; 2) ao Filho, enquanto Verbo e Palavra de Deus, atribuem- se-lhe a verdade, a sabedoria, a beleza e a igualdade; 3) ao Espírito Santo, enquanto vínculo amoroso do Pai e do Filho, atribuem-se-lhe a bondade, a santidade e a felicidade terrena e eterna. missão divina Uma missão divina é o envio de uma Pessoa divina por outra, para se tornar presente de modo novo entre os homens. As missões divinas podem ser visíveis ou invisíveis. Revelam a irrupção da Trindade na história, para nos fazer participantes da salvação realizada por Cristo e nos elevar à vida divina. A Pessoa enviada procede da Pessoa que envia. Assim o Pai não é enviado porque não procede de nenhuma Pessoa: é princípio sem princípio. Dá-se à nossa alma mas não é enviado. Ele envia o Filho e com o Filho envia o Espírito Santo. Jesus revelou que as missões do Filho e do Espírito Santo aos homens têm como fim produzir em nós uma nova comunhão entre Deus e nós e, consequentemente, uma nova comunhão dos homens entre si. As missões divinas originam uma nova relação pessoal entre Deus e os homens, que transforma o homem, o capacita sobrenaturalmente pela filiação divina, para entrar em comunhão amorosa com o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

5 – As missões divinas 5 – As missões divinas Ad gentes, 2 Vaticano II (Ad gentes, 2): “A Igreja peregrina é, pela sua própria natureza, missionária, dado que tem a sua origem na missão do Filho e na missão do Espírito Santo, conforme o plano de Deus Pai”. Missão visível do Verbo Jo 3, 17 Gal 4, 4 Jo 3, 17: “Deus não enviou o seu Filho ao mundo para julgar o mundo, mas para que o mundo se salve por Ele”; Gal 4, 4: “Ao chegar a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de mulher”. A missão visível do Filho realiza-se na Encarnação. Como toda a operação “ad extra”, a Encarnação é obra da Trindade; mas considerada como missão em sentido próprio, a Encarnação procede exclusivamente do Pai: só Ele envia o Filho. A missão comporta a manifestação da Pessoa enviada: dá-nos um conhecimento d’Ela mesma e da Pessoa da qual procede. Mt 3, 16 Mt 17, 5 Jo 20, 22Act 2, 3-4 Missões visíveis do Espírito Santo: pomba no Baptismo de Jesus (Mt 3, 16); nuvem na Transfiguração (Mt 17, 5); sopro quando Jesus ressuscitado deu aos Apóstolos o poder de perdoar os pecados (Jo 20, 22); línguas de fogo no dia de Pentecostes (Act 2, 3-4). CIC 689 CIC 689: “Quando o Pai envia o seu Verbo, envia sempre o seu Espírito: missão conjunta na qual o Filho e o Espírito Santo são distintos mas inseparáveis”. 1 Cor 3, 16 Missão invisível do Filho: inabita na alma em graça. Também do Espírito Santo: “não sabeis (...) que o Espírito de Deus habita em vós?” (1 Cor 3, 16). Pelas missões santificam os homens.

6. Economia divina – Trindade Imanente

6 – Economia divina – Trindade imanente 6 – Economia divina – Trindade imanente Economia divina = obra comum das três Pessoas divinas que se nos revelaram e comunicaram na vinda do Pai e nas missões do Filho e do Espírito Santo. Trindade imanente = o mistério da vida íntima das três Pessoas divinas consideradas em si mesmas. CIC 236 CIC 236: “As obras de Deus revelam quem Ele é em si mesmo; e, inversamente, o mistério do seu Ser íntimo ilumina o entendimento de todas suas obras. Analogicamente, é o que se passa com as pessoas humanas. A pessoa revela-se no que faz e, quanto mais conhece-mos uma pessoa, tanto melhor compreendemos a sua actuação”. CIC 237 Dei Filius, 4 CIC 237: “A Trindade é um mistério de fé em sentido estrito, um dos ‘mistérios ocultos em Deus, que não podem ser conhecidos se não forem revelados lá do alto’ (Dei Filius, 4). (...) A intimidade do seu Ser como Trindade Santíssima constitui um mistério inacessível à razão sozinha e, mesmo, à fé de Israel antes da Encarnação do Filho de Deus e da missão do Espírito Santo”. Embora a economia divina e a Trindade imanente se distingam, não podem separar-se entre elas: as missões divinas manifestam no tempo as processões eternas, porque a revelação da Trindade aos homens manifesta o ser íntimo de Deus. Deus revelou-se para nos comunicar a vida feliz das Pessoas da Trindade e oferecer-nos a salvação.

6 – Economia divina – Trindade imanente 6 – Economia divina – Trindade imanente A comunicação da vida divina tem o seu começo na recepção do baptismo: perdoa-nos o pecado original e os pecados pessoais cometidos, e infunde-nos a graça santificante e as virtudes teologais. Faz-nos filhos de Deus. Cristo que passa, 78 Nesta acção divina recebemos “o tesouro incalculável da inabitação da Trindade Santíssima na alma” (São Josemaria, Cristo que passa, 78). A inabitação do Espírito Santo, ou da Santíssima Trindade, na alma do justo é a presença sobrenatural de Deus no homem, pela qual este é transformado interiormente, deificado, endeusado ou divinizado, conforme expressam os Padres da Igreja. É a existência real e substancial das Pessoas divinas na alma. Inclui a missão do Filho e do Espírito Santo, e a doação que faz o Pai de si mesmo. Presença transformadora pela qual o homem, libertado do pecado, é convertido em filho de Deus, capaz de participar na intimidade da vida divina Atribui-se ao Espírito Santo (acção santificadora). Inabitação:Jo 14, 23 1 Cor 6, 19 Inabitação: facto testemunhado com frequência no NT: Exemplo nos Evangelhos: Jo 14, 23: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos a ele e nele faremos morada”. Exemplo em São Paulo: 1 Cor 6, 19: “Não sabíeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que está em vós e que haveis recebido de Deus e que não vos pertenceis?”.

6 – Economia divina – Trindade imanente 6 – Economia divina – Trindade imanente São Basílio, na obra “O Espírito Santo”: são numerosas as passagens nas quais diz que o Baptismo dei-fica pela acção do Espírito Santo. De Trinitate, 15, 18, 32 Santo Agostinho, De Trinitate, 15, 18, 32: pelo Espírito Santo “se difunde nos nossos corações a caridade de Deus, pela qual vem inabitar em nós toda a Trindade”. Catequese, 22, 3 São Cirilo de Jerusalém, Catequese, 22, 3: “Quando participamos da Eucaristia, experimentamos a espiritualização deificante do Espírito Santo, que não só nos configura com Cristo, como sucede no Baptismo, mas também nos cristifica completamente, associando-nos à plenitude de Cristo Jesus”. Inabitação: no Magistério: Enc. Divinum illud munus (1897) Enc. Mystici corporis (1943) Leão XIII, Enc. Divinum illud munus (1897); Pio XII, Enc. Mystici corporis (1943). Enc. Dominum et vivificantem (1986), 58 João Paulo II, Enc. Dominum et vivificantem (1986), 58: “Deus uno e trino abre-se ao homem, ao espírito humano. O sopro escondido do espírito divino faz que o espírito humano se abra, por sua vez, perante a abertura salvífica e santificante de Deus”. Idem Idem: “Pelo dom da graça, que provém do Espírito, o homem entra numa vida nova, é introduzido na realidade sobrenatural da própria vida divina e faz-se morada do Espírito Santo, templo vivo de Deus (...). O homem vive em Deus e de Deus”. Inabitacção: ensino dos Padres (exemplos):

6 – Economia divina – Trindade imanente 6 – Economia divina – Trindade imanente Com a inabitação da Santíssima Trindade na alma, estamos no caminho que nos conduz à Trindade imanente. O Filho, revelado na carne e na debilidade, conduz-nos ao Pai através da acção santificante do Espírito Santo. Os meios mais significativos para chegar ao Pai são a oração e a santidade. O Pai fez-nos “filhos no Filho”. Trata-se de uma divinização ou deifição que consiste em participar da natureza divina. CIC 2565 CIC 2565: “Na Nova Aliança, a oração é a relação viva dos filhos de Deus com o seu Pai infinitamente bom, com o seu Filho Jesus Cristo e com o Espírito Santo (...). Assim, a vida de oração é estar habitualmente na presença de Deus três vezes Santo, e em comunhão com Ele”. A vida de oração é um relacionamento amoroso e confiado com cada uma das Pessoas divinas. Mt 5, 48 Para chegar ao Pai, santidade pessoal: “Sede perfeitos como o vosso Pai celestial é perfeito” (Mt 5, 48). Lumen gentium 40 Lumen gentium 40: “todos os cristãos, de qualquer classe ou condição, estão chama-dos à plenitude da vida cristã e à perfeição do amor”.

6 – Economia divina – Trindade imanente 6 – Economia divina – Trindade imanente Amigos de Deus, 238 São Josemaría, Amigos de Deus, 238: “A oração é o fundamento de todo o trabalho sobrenatural; com a oração somos omnipotentes e, se prescindíssemos deste recurso, não conseguiríamos nada”. Mensagem de São Josemaría: todo o cristão está chamado a santificar- se na vida corrente. CIC 2634 CIC 2634: Jesus Cristo “é o único intercessor junto do Pai em favor de todos os homens, em particular dos pecadores”. Dominus Iesus, 16 Jesus Cristo está na Igreja. Dominus Iesus, 16 (Cong. para a Doutrina da Fé, 2000): “constituiu a Igreja como mistério de salvação: Ele mesmo está na Igreja e a Igreja está n’Ele; por isso, a plenitude do mistério salvífico de Cristo pertence também à Igreja, inseparavelmente unida ao seu Senhor”. Cristo que passa,86-87 Jesus Cristo está na Eucaristia: com o seu corpo, sangue, alma e divindade, como fruto do sacrifício eucarístico. A Missa é “acção divina, trinitária, não humana. (...) Entende-se que a Missa seja o centro e a raiz da vida espiritual do cristão” (São Josemaría, Cristo que passa,86-87). Novo Millennio Ineunte, 38 Jo 15, 5 João Paulo II, Novo Millennio Ineunte, 38: “É certo que Deus nos pede uma real colaboração com a sua graça convidando-nos, por conseguinte, a investir, no serviço pela causa do Reino, todos os nossos recursos de inteligência e de acção; mas ai de nós se esquecemos que, ‘sem Cristo, nada podemos fazer’ (cfr. Jo 15, 5)”.

6 – Economia divina – Trindade imanente 6 – Economia divina – Trindade imanente O Espírito Santo, dador de vida, leva a comunicar aos outros a vida divina, para que sejam mais livres e felizes, para fazer da terra um espaço de comunhão fraterna, um céu. O apostolado consiste em ser testemunhas do Amor. Temas actuais do cristianismo, 58 São Josemaría, Temas actuais do cristianismo, 58:“A chamada de Deus, o carácter baptismal e a graça, fazem que cada cristão possa e deva encarnar plenamente a fé. Cada cristão deve ser alter Christus, ipse Christus, presente entre os homens”. Amigos de Deus, 220 São Josemaría, Amigos de Deus, 220: “O Céu é a meta da nossa senda terrena. Jesus Cristo precedeu-nos e ali, em companhia da Virgem e de S. José -a quem tanto venero-, dos Anjos e dos Santos, aguarda a nossa chegada”. Gozar da vida trinitária. «Se alguém me tem amor, há-de guardar a minha palavra; e o meu Pai o amará, e Nós viremos a ele e nele faremos morada. Jo 14, 23

7. Bibliografia recomendada (E.F.C. 14)