Obra aberta. Maior escritor brasileiro de todos os tempos, Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) era um mestiço de origem humílima, filho de um mulato.

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Transcrição da apresentação:

Obra aberta

Maior escritor brasileiro de todos os tempos, Joaquim Maria Machado de Assis ( ) era um mestiço de origem humílima, filho de um mulato e de um lavadeira portuguesa dos Açores. Moleque de morro, magro, franzino e doentio, o maior escritor brasileiro se fez sozinho, adquirindo a sua vasta e espantosa cultura de forma inteiramente autoditada. Sobre o autor

Machado de Assis, foto de 1890

Suas obras Dividem-se em duas fases: 1ª fase: marcadamente romântica, e nela sobressai poesia, conto e romances como Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874), Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878). 2ª fase: O marco delimitativo é o romance Memórias Póstumas de Brás Cubas publicado em 1881.

Fase realista Além de contos, poesia, teatro e crítica, integram essa fase os romances seguintes: Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881) Dom Casmurro (1900) Quincas Borba (1891) Esaú e Jacó (1904) Memorial de Aires (1908), seu último livro, pois morre nesse mesmo ano. Toda essa obra está ligada ao estilo realista, embora seja correto reconhecer que um escritor da categoria de Machado de Assis não pode ficar preso às delimitações de um estilo de época.

Sobre a obra Dom Casmurro Conforme observa Helen Caldwell, Dom Casmurro é "talvez o mais fino de todos os romances americanos de ambos os continentes" ("perhaps the finest of all American novels of either continent") Construído em flash-back, o protagonista masculino (Dom Casmurro), já cinqüentão e solitário, tenta "atar as duas pontas da vida" (infância e velhice), contando a história de sua vida ao lado de Capitu, a qual acaba tomando conta do romance, dada a sua força e o seu mistério.

Resumo Machado narra em primeira pessoa a estória de Bentinho que, por circunstância várias, vai se fechando em si mesmo e passa a ser conhecido como Dom Casmurro. Órfão de pai, criado com desvelo pela mãe (D. Glória), protegido do mundo pelo círculo doméstico e familiar (tia Justina, tio Cosme, José Dias), Bentinho é destinado à vida sacerdotal, em cumprimento a uma antiga promessa de sua mãe.

A vida do seminário, no entanto, não o atrai, já o namoro com Capitu, filha dos vizinhos. Apesar de comprometido pela promessa, também D. Glória sofre com a idéia de separar-se do filho único, interno no seminário. Por expediente de José Dias, o agregado da família, Bentinho abandona o seminário e, em seu lugar, ordena-se um escravo.

Correm os anos e com eles o amor de Bentinho e Capitu. Entre o namoro e o casamento, Bentinho se forma em Direito e estreita a sua amizade com um ex-colega de seminário, Escobar, que acaba se casando com Sancha, amiga de Capitu. Do casamento de Bentinho e Capitu nasce Ezequiel.

Escobar morre e, durante seu enterro, Bentinho julga estranha a forma qual Capitu contempla o cadáver. A partir daí, os ciúmes vão aumentando e precipita-se a crise. À medida que cresce, Ezequiel se torna cada vez mais parecido com Escobar. Bentinho muito ciumento, chega a planejar o assassinato da esposa e do filho, seguido pelo seu suicídio, mas não tem coragem. A tragédia dilui-se na separação do casal.

Capitu viaja com o filho para a Europa, onde morre anos depois. Ezequiel, já moço, volta ao Brasil para visitar o pai, que apenas constata a semelhança entre e antigo colega de seminário. Ezequiel volta a viajar e morre no estrangeiro. Bentinho, cada vez mais fechado em usas dúvidas, passa a ser chamado de casmurro pelos amigos e vizinhos e põe-se a escrever de sua vida (o romance).

ORGANIZAÇÃO / ESTRUTURA Dom Casmurro é narrado em primeira pessoa pelo protagonista masculino que dá nome ao romance, já velho e solitário, desiludido e amargurado pela casmurrice, conforme lhe está no apelido. A visão, pois, que temos dos fatos é perpassada da sua ótica subjetiva e unilateral: "tudo que sabemos do seu passado, de seus amores, de Capitu, só o conhecemos do seu ângulo" Em conseqüência disso, paira dúvida sobre o adultério de Capitu - dúvida que não se tem dissipado ao longo dos anos.

Todos os personagens só se tornam conhecidos do leitor pela sua perspectiva. Esse é o grande lance da obra: a escolha certa do foco narrativo. Segundo Ivan Teixeira (USP): "Ao inventar um narrador problemático, o romancista descobriu a chave para a densidade psicológica do romance e também para o seu efeito estético".

Perpassa, o romance uma atmosfera memorialista, dando a impressão de autobiografia, a qual, como se sabe, não tem nada a ver com Machado de Assis. O romance se compõe de 148 capítulos curtos, com títulos bem precisos, que refletem o seu conteúdo. A narrativa vai lenta até o capítulo XCVII, a partir do qual se acelera, como declara o próprio narrador, ao dar-se conta da sua lentidão: "Agora não há mais que levá-la a grandes pernadas, capítulo sobre capítulo, pouca emenda, pouca reflexão, tudo em resumo. Já esta página vale por meses, outras valerão por anos, e assim chegares ao final" (Cap. XCVII).

Assim, pois, até o capítulo XCVII, quando o narrador sai do seminário, "com pouco mais de dezessete anos", focaliza-se, em câmera lenta, a infância e a adolescência, dada necessidade do narrador traçar o perfil dos protagonistas da estória (Bentinho e Capitu), revelando, desde as entranhas, o caráter e as tendências de cada um: afinal, o adulto sempre se assenta no pilar da infância, como insinua Dom Casmurro, no final da narrativa, ao referir-se a Capitu: "Se te lembras bem da Capitu menina, hás de reconhecer que uma estava dentro da outra, como a fruta dentro da casca" (Cap. CXLVIII).

Quanto ao lugar em que decorre a ação, trata-se do Rio de Janeiro da época do Império. “o que domina no livro não é esse tempo cronológico; é o psicológico, que se passa dentro das personagens, dentro da própria vida”

“arquiteto de personalidades” Capitu: traiu ou não traiu Bentinho? A pergunta continua sem resposta. Por outro lado, revelando um dos traços mais marcantes da psicologia feminina - a capacidade de dissimulação de que é dotada a mulher, Capitu, com seus “olhos de ressaca” e de “cigana oblíqua e dissimulada”, contribui ainda mais para fortalecer a dúvida: ela sabe sair-se bem de situações difíceis - ela sabe dissimular.

Dom Casmurro. O perfil do protagonista masculino pode ser acompanhado em três fases distintas: Bentinho, Dr. Bento Fernandes Santiago e Dom Casmurro. Bentinho revela-se uma criança/adolescente marcado pela timidez, sem muita iniciativa e bastante dependente da mãe.

D. Glória. Mãe de Bentinho, cedo assume as rédeas da casa com a morte do marido, o qual deixa a família bem amparada. Ao longo do romance, D. Glória, revela-se religiosa, apegada às tradições e ao passado.

José Dias. Era agregado da família e gostava muito de Bentinho. Escobar. Muito amigo de Bentinho (colegas de seminário), Escobar era casado com Sancha e revela-se um tanto quanto misterioso: teria participado do “trio” cantado por Dom Casmurro, formando o triângulo amoroso da suspeita do narrador? Fica a dúvida e a mágoa, como revela Dom Casmurro no capitulo final, já que Escobar foi tragado pela morte (afogamento), sem possibilidade de defender-se da acusação.

Ezequiel. É o filho de dom Casmurro com Capitu, pejorativamente chamado pelo pai do “filho do homem”. Gostava de imitar e imitava muito bem sobretudo Escobar. Vitima da suspeita do pai, acaba sendo afastado, assim como a mãe, para a Suíça, tendo morrido perto de Jerusalém, como arqueólogo.

ESTILO DO AUTOR LINGUAGEM Acadêmica: clássica, bem cuidada, regida pelas normas de correção gramatical. Linguagem náutica: olhos de ressaca Registra aspectos típicos da língua da personagem, como nesta fala de um vendedor de cocada: - Sinhazinha, qué cocada hoje?

Tendência para a frase sentenciosa proverbial, como aquela em que compara a vida com uma ópera, atribuída ao tenor Marcolini: “A vida é uma ópera”. Uso freqüente de alusões, referências e citações que vão como que confirmando as suas idéias e pensamentos.

Interlocução: diálogo com o(a) leitor(a): conversa com ele(a), dá-lhe conselhos, pondera e explica: “Mas eu creio que não, e tu concordarás comigo; se te lembras bem da Capitu menina...” (Cap. CXLVIII).

Visão amarga, pessimista e niilista da vida humana, Machado de Assis sempre se revela sarcástico e irônico na sua obra: desmascara o ser humano na sua hipocrisia e torpezas, desnudando-o nas suas entranhas; desmistifica crenças e instituições sacralizadas pelos tempos; questiona o sentido da vida. Tudo se desfaz e se desmorona ante o seu olhar aquilino e arrasador: até mesmo um casamento que parecia sólido e embasado no pilar do amor.

Considerações: Auto-análise de Bentinho - Visão pessoal e íntima - Reconstitui a vida para entendê-la - Pseudo autobiografia - Obra aberta - Busca do tempo perdido - Advogado que escreve por motivos psicológicos - Narrador problemático, irônico, enganoso, inseguro,paranóico - Delírio de ciúmes

- Pessimismo irônico - Questionamento da realidade absoluta - Projeção da sua alma - Bentinho age pela cabeça dos outros - Metalinguagem - Impressões, dúvidas - Ceticismo - descrença na bondade dos outros - Dissimulação - Ruptura com a narrativa linear - Narrativa lenta - Flashback - Bentinho dominado por mulheres (mãe e esposa)

Tom confidencial - Análise fria - Aguda observação - Leitor = personagem a mais - Olhos = espelho da alma - Intertextualidade: Otelo - Shakespeare - “Atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência “ BENTINHO - espírito dividido - rico e mimado - santo + Iago - paranóico (personalidade muda bruscamente)