CONCEPÇÃO SOBRENATURAL DE SAÚDE E DOENÇA Agatha Cosmo Emili Nakada Gabriela Dias Lívia Sato Stefanie Martins
“Omulu mandou a bexiga negra para a cidade. Mas lá em cima os homens ricos se vacinaram (...). E a varíola desceu para a cidade dos pobres e botou gente doente. Então vinham os homens da Saúde Pública, metiam os doentes num saco, leva para o lazareto distante. As mulheres ficavam chorando, porque sabiam que eles nunca mais voltariam. Omolu tinha mandado a bexiga negra para a cidade alta, para a cidade dos ricos. Omolu não sabia da vacina, Omolu era um deus das florestas da África, que podia saber de vacinas e coisas científicas? Já que soltara [a doença], tinha que deixar que ela realizasse sua obra. Mas como Omolu tinha pena dos seus filhinhos pobres, tirou a força da bexiga negra, virou em alastrim, que é uma bexiga branca e tola, quase um sarampo. (...) Os jornais falavam da epidemia de varíola e da necessidade da vacina. Os candomblés batiam noite e dia, em honra a Omolu, para aplacar a fúria de Omolu. (...) Mas Omolu não quis, Omolu lutava contra a vacina.” (AMADO, JORGE. Noite da grande paz, da grande paz dos teus olhos: Alastrim. Capitães da Areia. Companhia das letras, 1937.)
Deus da Umbanda e Candomblé, com domínio sobre doenças epidêmicas, cura de doenças, saúde, vida e morte.
“Pirulito clamava que era castigo de Deus por causa dos pecados deles [relações sexuais entre Almiro e Barandão].” (AMADO, JORGE. Noite da grande paz, da grande paz dos teus olhos: Alastrim. Capitães da Areia. Companhia das letras, 1937.)
REFERÊNCIAS MINAYO, Maria Cecília de Souza. Saúde-doença: uma concepção popular da etiologia. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 4, n. 4, p , Dec Available from. CASTRO SANTOS, Luiz A. de. As Origens da Reforma Sanitária e da Modernização Conservadora na Bahia durante a Primeira República. Dados, Rio de Janeiro, v. 41, n. 3, p., Available from.