C URSO DE LICENCIATURA EM FÍSICA DISCIPLINA: Didática PROFESSORA: Giovana Gomes Albino Comenius e a Didática Magna

Jan Amos Komenský João Amós Comenius O educador Jan Amos Komenský, mais conhecido por Comenius, é reconhecido como o pai da Didática Moderna e um dos maiores educadores do século XVII.

Nasceu em 28/03/1592, na Morávia, Europa central, região que pertencia ao antigo Reino da Boémia e hoje integra a República Checa. Viveu e estudou na Alemanha e na Polônia. Foi o primeiro educador, no Ocidente, a interessar-se pela relação ensino/aprendizagem, considerando haver diferença entre o ensinar e o aprender.

Era de uma família eslava e protestante que seguia a igreja dos Irmãos Morávios, ligados às Sagradas Escrituras e defensores de uma vida humilde, simples e sem ostentações. A educação rígida e piedosa recebida o influenciou para os estudos teológicos.

Ficou órfão aos 12 anos, sendo educado sem carinho por uma família de seguidores da igreja dos Morávios. Sua educação restringiu-se a: saber ler, escrever e contar, centrada em ambiente rígido, sombrio. O professor era o centro das atenções; as crianças, pequenos adultos e os conteúdos escolares infalíveis e inquestionáveis.

A rispidez e o uso da palmatória eram elementos básicos na educação. Isto marcou sua vida ao ponto de inspirá-lo a criar uma didática revolucionária para o século XVII. Cursou Teologia na Universidade Calvinista de Herbron, na Alemanha, e adquiriu boa formação cultural e vasta cultura enciclopédica. Mais tarde, tornou-se pastor.

Aprimorou seus estudos em Astronomia e Matemática em Heidelberg, na Alemanha. Voltou à Moravia e se estabeleceu em Prerov, no magistério, ansioso para pôr em prática suas ideias pedagógicas. Modificou radicalmente a forma de ensinar artes e ciências na sua escola, destacando-se como professor, pastor e reformador.

Ordenado pastor da igreja dos Morávios em 1616, aos 26 anos, mudou-se para Fulnek, capital da Morávia, onde se casou e teve filhos. Essa região era marcada por disputas entre católicos e protestantes – estopim da Guerra dos Trinta Anos. Em 1621 os exércitos espanhóis invadiram e incendiaram Fulnek quase extinguindo a população. Comenius perdeu a família – mulher e dois filhos – na epidemia de peste que brotou, e também sua biblioteca e seus escritos.

Mudou-se para a Polônia em 1628 e se estabeleceu em Lezno, onde retomou atividades de pastor e professor. Dedicou-se a escritos religiosos. Sua fama cresceu e ganhou simpatizantes na Inglaterra, onde permaneceu quase um ano.

Permaneceu seis anos no reino da Suécia e foi contratado para promover a reforma do ensino. Ali se encontrou com René Descartes. Preocupado com o método, um dos grandes problemas epistemológicos de seu tempo, publicou, em 1627, a Didactica Tcheca, traduzida em 1631 para o latim como Didática Magna, sua grande obra.

Em 1648 estabeleceu-se em Amsterdã, na Holanda, onde se casou de novo e retornou a seu trabalho como educador e reformador social. Prestigiado pelas autoridades, viu publicadas todas as suas obras pedagógicas, muitas já famosas. Morreu a 15/11/1670, em Amsterdã, famoso e prestigiado, tendo sempre lutado pela fraternidade entre os povos e as igrejas.

Foi enterrado em Naarden. Em 1956, a Conferência Internacional da UNESCO, em Nova Delhi (India), decidiu publicar todas as suas obras e o apontou como um dos primeiros propagadores das ideias que inspiraram – quase 300 anos depois – a fundação da UNESCO.

Pedagogia de Comenius Ensinar tudo a todos – sintetizando princípios e fundamentos que permitem ao homem colocar-se no mundo como autor. Objetivava a aproximação do homem a Deus, visando tornar os homens bons cristãos (sábios no pensamento, dotados de fé e capazes de praticar ações virtuosas).

A didática é, ao mesmo tempo, processo e tratado: é tanto o ato de ensinar quanto a arte de ensinar. Salientava a educação formal de crianças pequenas e a criação de escolas maternais. Desde cedo devem ser adquiridas noções elementares do que se deve aprofundar mais tarde.

A educação deve começar pelos sentidos, pois as experiências sensoriais obtidas por meio dos objetos são internalizadas e depois interpretadas pela razão. Compreensão, retenção e práticas = base do método didático. Através disso se chega às três qualidades: erudição, virtude e religião; que correspondem às três faculdades necessárias: intelecto, vontade e memória.

FUNDAMENTOS NATURAIS DO MÉTODO  Fim: sabedoria, moral e perfeição;  Todos são dotados da mesma natureza humana, apesar de terem inteligências diversas;  Diversidade das inteligências: um excesso ou deficiência da harmonia natural;  O melhor momento para remediar excessos e deficiências acontece quando as inteligências são novas.

PRECEITOS DO MÉTODO  Tudo o que se deve saber deve ser ensinado;  Qualquer coisa que se ensine deve ser ensinada em sua aplicação prática, com uso definido;  Ensinar de maneira direta e clara;  Ensinar a verdadeira natureza das coisas, partindo de suas causas;  Explicar primeiro os princípios gerais;  Ensinar as coisas em seu devido tempo.

A DIDÁTICA MAGNA E AS CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS DA ESCOLA MODERNA  A construção da infância através de sua pedagogização por meio da escolaridade formal (até então tratadas como pequenos adultos);  Aliança entre a família e a escola por meio da qual a criança vai se soltando da influência da órbita familiar para a órbita escolar;

 Transmissão dos saberes baseada no método de instrução simultânea, agrupando-se os alunos;  Construção de um lugar de educador, de mestre, reservado aos adultos portadores de saberes legítimos.

DIDÁTICA MAGNA Tratado da Arte Universal de Ensinar Tudo a Todos ou processo seguro e excelente de instituir, em todas as comunidades de qualquer Reino Cristão, cidades e aldeias, escolas tais que toda a juventude de um e de outro sexo, sem excetuar ninguém em parte alguma, possa ser formada nos estudos, educada nos bons costumes, impregnada de piedade, e, desta maneira, possa ser, nos anos da puberdade, instruída em tudo o que diz respeito à vida presente e à futura, com economia de tempo e de fadiga, com agrado e com solidez.

Os fundamentos de todas as coisas que se aconselham são tirados da própria natureza das coisas; A sua verdade é demonstrada com exemplos paralelos das artes mecânicas; O curso dos estudos é distribuído por anos, meses, dias e horas;

Deve ser construído um caminho fácil e seguro de pôr estas coisas em prática com bom resultado. A proa e a polpa da Didática deverão ser investigar e descobrir o método segundo o qual os professores ensinem menos e os estudantes aprendam mais;

Que nas escolas haja menos barulho, menos enfado, menos trabalho inútil, e, ao contrário, mais recolhimento, mais atrativo e mais sólido progresso; Na Cristandade, que haja menos trevas, menos confusão, menos dissídios e mais luz, mais ordem, mais paz e mais tranquilidade.

A palavra didática (didáctica) vem da expressão grega Τεχνή διδακτική (techné didaktiké), que traduz-se como “arte ou técnica de ensinar”. A Didática é a parte da pedagogia que se ocupa dos métodos e técnicas de ensino; que estuda o processo de ensino.

Segundo Comenius, poucos saem da escola com uma instrução sólida. Isso tem duas causas: ou as escolas preocupam-se demais com coisas inúteis ou os alunos esquecem o que aprenderam porque tiveram contato rápido demais com as matérias. Sendo assim, ele propõe dez princípios a serem seguidos para que isso não aconteça.

10 PRINCÍPIOS ENUNCIADOS POR COMENIUS I. Só devem ser estudados assuntos de inquestionável utilidade II. Todos devem ser estudados juntos, sem separação entre eles III. A tudo devem ser atribuídos sólidos princípios IV. Esses princípios devem ser muito aprofundados V. Tudo deve se apoiar nesses fundamentos

VI. Tudo o que deve ser distinguido deve acontecer de modo muito claro VII. Tudo o que for posterior deve se fundamentar no que for anterior VIII. Tudo que tiver relação deve ser relacionado para sempre IX. A tudo deve ser dada uma ordem que tenha relação com o intelecto, a memória e a língua X. Tudo deve ser consolidado com exercícios constantes