Não podemos banhar-nos duas vezes no mesmo rio, porque as águas nunca são as mesmas e nós nunca somos os mesmos. Heráclito

Séc. VII a.C., o comércio se intensificava na Grécia, gerando riquezas que favoreceram importantes progressos materiais e culturais. Elaboravam-se as técnicas mais eficientes para a produção de bens que proporcionaram melhorias no padrão de vida dos cidadãos.

Nesse ambiente de grandes avanços e transformações no modo de vida urbano, surgiram questões para as quais as explicações mitológicas já não eram suficientes. Foi nesse cenário que surgiram os pré- socráticos (antecederam historicamente a Sócrates).

Entre os principais pré-socráticos, podemos citar, conforme as suas cidades de origem: Tales, Anaxímenes e Anaximandro de Mileto; Pitágoras, de Samos; Heráclito, de Éfeso; Xenofonte, de Cólofon; Parmênedes, de Eléia; Empédocles, de Agrigento; e Demócrito de, de Abdera.

Os pré-socráticos são também conhecidos como filósofos da natureza. A investigação era dirigida para o mundo exterior, para a natureza (physis). Acreditava-se que era possível encontrar o princípio de todas as coisas (arché), isto é, aquilo que está em todos os seres existentes, que é comum a tudo.

Esse princípio (arché), seria a chave para conhecer e explicar tudo o que existe no Universo. A arché, além de estar presente em todas as coisas, também teria uma atividade: ela seria a força que, conforme seus diferentes modos de ação, daria origem à variedade de fenômenos naturais.

Pode-se dizer que os filósofos pré-socráticos deram o passo inicial na tentativa de uma forma mais ordenada, mais lógica de pensar, que posteriormente daria origem às ciências naturais que hoje conhecemos, como física, biologia, astronomia e outras.

Qual é a causa última, ou princípio supremo de todas as coisas Qual é a causa última, ou princípio supremo de todas as coisas? Tales citado por Aritóteles Tales de Mileto Os escassos relatos biográficos sobre Tales (640 a.C – 546 a.C) afirmavam que ele, além de se dedicar a filosofia atuava na política. Foi também um engenheiro hábil; realizou, entre outros,projetos para desviar o curso de rios. Dedicou-se ainda a astronomia.

Tales considerava a água o princípio de todo o Universo. Considerava a água como uma divindade, como se fosse a própria vida. A água estaria presente em todas as coisas.

Enquanto o homem não souber para que ponto quer ir, nenhum vento será o vento certo. Sêneca Anaximandro de Mileto Anaximandro (610-546 a.C.) discordava de Tales quando afirma não ser possível explicar o surgimento dos elementos da natureza por meio de um elemento determinado – água.

Segundo ele, o princípio da natureza é indeterminado, sem fim e em movimento perpétuo. Desse movimento teriam surgido os elementos visíveis e as primeiras qualidades – quente e frio - , dando origem ao fogo e ao ar. Em seguida viriam as qualidades seco e úmido, originando a terra e a água,

Os seres vivos teriam nascido da evaporação da água submetida à luz e ao calor do Sol. A principal contribuição de Anaximandro foi ter desenvolvido um processo de abstração, ou seja, imaginou um princípio gerador do Universo que não estivesse visivelmente no mundo dos sentidos.

Anaxímenes de Mileto Anaxímenes (585-525 a. C) também procurou por um elemento material cósmico que justificasse os processos da natureza. Afirmava que o ar, com seus atributos, como a infinitude e o movimento incessante, seria o gerador da multiplicidade das coisas e que isso se daria por meio da rarefação e da condensação do ar.

Heráclito de Éfeso É considerado por numerosos autores da história da filosofia o mais importante dos pré-socráticos, apesar de ter sido conhecido como o “obscuro”,por apresentar seu pensamento por meio de aforismos ( frases que expressam, de maneira condensada, uma idéia, um fato ou uma regra), com um estilo propositadamente enigmático.

Sua idéia mestra é o devir eterno, a transformação incessante, pela qual as coisas se constroem e se dissolvem em outras. A idéia absolutamente original trazida por Heráclito é a de que o mundo não é um lugar estático, mas um fluxo, uma mudança permanente de todas as coisas.

Pitágoras É bem conhecido de todos nós por seu famoso teorema, também cultivava uma religiosidade profunda e se preocupava com as questões morais de seu tempo. Sua obra como pensador está diretamente ligada às suas crenças em relação ao Universo e aos homens. No lugar de divindades, entretanto, o pensamento pitagórico coloca a matemática.

Para Pitágoras, descobrir a essência de todas as coisas, o princípio de tudo, significa estudar as relações matemáticas que estariam ocultas em todos os fenômenos do Universo. Foi o primeiro a utilizar a palavra filosofia para designar essa atividade incansável de busca do saber , da verdade.

Parmênides Seu pensamento provém do poema de sua autoria denominado Sobre a natureza. Basicamente, essa obra trata, em duas partes, do caminho da verdade (da alétheia) e do caminho da opinião ( da doxa). A alétheia, significa ‘desvelamento’, ‘descoberta’. Ao percorrer o cominho da verdade, o homem, guiado pela razão, perceberia que o que é, é e não pode deixar de ser.

A opinião é designada em grego pela palavra doxa, e Parmênides a considerava algo desprezível, como um ponto de vista qualquer, individual, e que nunca poderia corresponder à verdade.