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Transcrição da apresentação:

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Prof. Everton da Silva Correa Mito e filosofia Prof. Everton da Silva Correa

Perguntas... A filosofia nasceu realizando uma transformação gradual nos mitos gregos ou nasceu por uma ruptura radical com os mitos? E afinal, o que é um mito?

Um mito é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa (origem dos astros, da Terra, dos homens, das plantas, dos animais, do fogo, da água, dos ventos, do bem e do mal, da saúde e da doença, da morte, dos instrumentos de trabalho, das raças, das guerras, do poder etc.).

Quem narra o mito? Quem narra o mito é o poeta-rapsodo. Mas quem é ele? Por que tem autoridade? Acredita-se que o poeta é um escolhido dos deuses, que lhe mostram os acontecimentos passados e permitem que ele veja a origem de todos os seres e de todas as coisas para que possa transmiti-la aos ouvintes. Sua palavra – o mito – é sagrada porque vem de uma revelação divina. O mito é, pois, incontestável e inquestionável.

Como o mito narra a origem do mundo e de tudo o que nele existe? De três maneiras principais:

Primeiro Encontrando o pai e a mãe das coisas e dos seres, isto é, tudo o que existe decorre de relações sexuais entre forças divinas pessoais. Essas relações geram os demais deuses: Os titãs (seres semihumanos e semidivinos), os herois (filhos de um deus com uma humana ou de uma deusa com um humano), os humanos, os metais, as plantas, os animais, as qualidades (como quente e frio, seco e úmido, claro e escuro, bem e mal, justo e injusto, belo e feio, certo e errado etc.). A narração da origem é, assim, uma genealogia, isto é, uma narrativa da geração dos seres, das coisas, das qualidades, por outros seres, que são seus pais ou antepassados.

Segundo Encontrando uma rivalidade ou uma aliança entre os deuses que fazem surgir alguma coisa no mundo. Nesse caso, o mito narra ou uma guerra entre as forças divinas ou uma aliança entre elas para provocar alguma coisa no mundo dos homens. O poeta Homero, na Ilíada, que narra a guerra de Troia, explica por que, em certas batalhas, os troianos eram vitoriosos e, em outras, a vitória cabia aos gregos. A cada vez, o rei dos deuses, Zeus, ficava com um dos partidos, aliava-se com um grupo e fazia um dos lados – ou os troianos ou os gregos – vencer uma batalha.

Terceiro Encontrando as recompensas ou castigos que os deuses dão a quem lhes desobedece ou a quem lhes obedece.

Como o mito narra, por exemplo, o uso do fogo pelos homens? O mito de Prometeu Como o mito narra, por exemplo, o uso do fogo pelos homens? Para os homens, o fogo é essencial, pois com ele se diferenciam dos animais, porque tanto passam a cozinhar os alimentos, a iluminar caminhos na noite, a se aquecer no inverno, como podem fabricar os instrumentos de metal para o trabalho e para a guerra. Mas o fogo era possuído apenas pelos deuses.

Vemos, portanto, que o mito narra a origem das coisas por meio de lutas, alianças e relações sexuais entre forças sobre naturais que governam o mundo e o destino dos homens. Visto que os mitos sobre a origem do mundo são genealogias, diz-se que são cosmogonias e teogonias.

Cosmogonia? A palavra gonia se origina do grego: do verbo gennao (“engendrar”, “gerar”, “fazer nascer e crescer”) e do substantivo genos (“nascimento”, “gênese”, “descendência”, “gênero”, “espécie”). Gonia, portanto, que dizer “geração”, “nascimento a partir da concepção sexual e do parto”. Cosmos, como já vimos, quer dizer “mundo ordenado e organizado”. Assim, a cosmogonia é a narrativa sobre o nascimento e a organização do mundo a partir de forças geradoras (pai e mãe) divinas.

Teogonia? Teogonia é uma palavra composta de gonia e theos, que, em grego, significa “as coisas divinas”, “os seres divinos”, “os deuses”. A teogonia é, portanto, a narrativa da origem dos próprios deuses a partir de seus pais e antepassados.

Duas foram as respostas. Voltemos a pergunta... Afinal, a filosofia nasceu realizando uma transformação gradual nos mitos gregos ou nasceu por uma ruptura radical com os mitos? Duas foram as respostas.

Primeira Foi dada nos fins do século XIX e começo do século XX, quando reinava um grande otimismo com relação aos poderes científicos e capacidades técnicas do homem. Dizia-se, então, que a filosofia teria nascido por uma ruptura radical com os mitos, sendo a primeira explicação científica da realidade produzida pelo Ocidente.

Segunda Foi dada a partir de meados do século XX, quando os estudos dos antropólogos e dos historiadores mostraram a importância dos mitos na organização social e cultural das sociedades e como os mitos estão profundamente entranhados nos modos de pensar e de sentir de uma sociedade. Por isso, dizia-se que os gregos, como qualquer outro povo, acreditavam em seus mitos e que a filosofia nasceu, vagarosa e gradualmente, dos próprios mitos, como uma racionalização deles.

Atualmente, consideram-se as duas respostas exageradas e afirma-se que a filosofia, percebendo as contradições e limitações dos mitos, foi reformulando e racionalizando as narrativas míticas, transformando-as numa outra coisa, numa explicação inteiramente nova e diferente.

Quais são as diferenças entre filosofia e mito? Podemos apontar três diferenças como as mais importantes:

Primeira O mito pretendia narrar como as coisas eram ou tinham sido no passado imemorial, longínquo e fabuloso, voltando- se para o que era antes que tudo existisse tal como existe no presente. A filosofia, ao contrário, se preocupa em explicar como e por que, no passado, no presente e no futuro (isto é, na totalidade do tempo), as coisas são como são;

Segunda O mito narrava a origem por meio de genealogias e rivalidades ou alianças entre forças divinas sobrenaturais e personalizadas. Enquanto a filosofia, ao contrário, explica a produção natural das coisas por elementos naturais primordias por meio de causas naturais e impessoais. Assim, por exemplo, o mito falava nos deuses Urano, Ponto e Gaia; a filosofia fala em céu, mar e terra.

Terceiro O mito não se importava com contradições, com o fabuloso e o incompreensível, não só porque esses eram traços próprios da narrativa mítica, como também porque a confiança e a crença no mito vinham da autoridade religiosa do narrador. A filosofia, ao contrário, não admite contradições, fabulação e coisas incompreensíveis, mas exige que a explicação seja coerente, lógica e racional; além disso, a autoridade da explicação não vem da pessoa do filósofo, mas da razão, que é a mesma em todos os seres humanos.

Fim