do latim “punctus contra punctum” (nota contra nota)

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Transcrição da apresentação:

do latim “punctus contra punctum” (nota contra nota) CONTRAPONTO do latim “punctus contra punctum”  (nota contra nota)

TEXTURAS MONOFÔNICA (MONODIA) HOMOFÔNICA MELODIA ACOMPANHADA HETEROFÔNICA POLIFÔNICA

MONOFÔNICA (MONODIA) É a textura mais simples, consistindo numa única linha melódica, sem harmonias de suporte. Contudo, a melodia pode ser executada por várias vozes/instrumentos e às vezes acompanhadas de percussão ou um bordão. Exemplos: Cantochão “O Igne Spiritus” – Hildegard von Bingen Danças Medievais “In Pro Estampie” – Anon. Syrinx – C. Debussy

HOMOFÔNICA (HOMOFONIA) Algumas vezes também é chamada de “textura coral”. Este tipo de textura coloca em primeiro plano a harmonia, apresentando as vozes em “blocos iso-rítmicos”. Exemplos: Gloria da Missa Pequena em Dó – Joaquim de Paula Souza (c.1780-1842) MG Sederunt Principes – Pérotin

MELODIA ACOMPANHADA Tem o interesse musical centrado em uma linha melódica, geralmente na região mais aguda. As outras linhas caminham homofonicamente realizando o acompanhamento harmônico. A melodia pode ser destacada de diversas maneiras: timbre, figuração, registro, etc Exemplos: Prelúdio n.4 Mi menor – Chopin Lígia – Tom Jobim Allegro da Sonata em Dó Maior KV 545 - Mozart

HETEROFÔNICA (HETEROFONIA) Poderia ser descrita como um tipo de “polifonia casual”. Existe algum grau de independência melódica, rítmica ou modal relacionada. É muito utilizada por povos sem grafia, e povos que preservaram suas manifestações folclóricas antigas. Exemplos: Proposta nº II - Orquestra Errante The Unanswered Question – C. Ives Wodaabe Of Dakoro Lelore – Fulani (Oeste da África)

TEXTURAS POLIFÔNICAS Numa textura polifônica (ou contrapontística), duas ou mais linhas têm igual importância, sendo construídas ao mesmo tempo. Pode-se combinar melodias totalmente diferentes, ou utilizar idéias parecidas e/ou complementares. Um cânone é essencialmente polifônico.

CONTRAPONTO CONCEITOS GERAIS Estruturas Gerativas Intervalo, Consonância, Dissonância e Série Harmônica Modo, Escala e Série Salto, Grau Conjunto e Cromatismo e Microtom Motivo, Cantus Firmus e Tema Processos Construtivos Repetição, Variação e Inversão Imitação, Canone e Fuga Harmonia e Cromatismo Poliritmia, Politonalidade e Microtonalidade Polifonia e Micropolifonia

CONTRAPONTO MEDIEVAL O nascimento da polifonia dá-se a partir do séc.IX com os primeiros “Organa”, derivados diretamente do cantochão. Os maiores nomes da Ars Antiqua (1170-1300) foram Leonin e Perotin, ambos da Escola de Notre-Dame. Na Ars Nova (1300-1450) temos Guillaume de Machaut, Gilles Binchois, Guillaume Dufay. Paralelamente ao fim da Ars Nova, houve um estilo musical caracterizado por complexidades de ritmo, notação e harmonias, que ficou conhecido como Ars Subtilior. Muitas vezes suas abstrações formais e singularidades técnicas são comparadas com a produção contemporânea de música experimental. Alguns nomes são: Johannes Ciconia, Solage,Philippe de Vitry.

Características do Contraponto Medieval Não havia o conceito de harmonia (vertical) assim como o de tonalidade. O material derivava dos modos litúrgicos. Notas cromáticas eram introduzidas, num processo conhecido como Musica Ficta. Na Ars Nova, surge um dos mais importantes recursos da escrita polifônica: a Imitação. Ainda não existia a idéia de separação dos compassos, e o ritmo era dado por metros pré-determinados (alguns vindos da poesia). Foi muito utilizada a técnica do Hoquetus (soluço) entre as vozes. Com relação aos intervalos, no contraponto medieval existe uma permissividade muito maior do que nos outros períodos. Consonâncias eram utilizadas em pontos estruturais, mas as dissonâncias apareciam com frequência e sem a necessidade de serem resolvidas. Exemplos: Kyrie da Missa de Notre Dame – Guillaume de Machaut Fumeux Fume – Solage.

CONTRAPONTO RENASCENTISTA O modalismo ainda é a linguagem utilizada, mas a introdução de cada vez mais acidentes, vai contribuir para o nascimento do tonalismo e dos conceitos harmônicos verticais. A técnica da imitação torna-se cada vez mais importante, contribuindo para o nascimento de novas formas musicais: madrigal, moteto. O texto latino é quem determina a métrica (ainda não há divisão de compassos). O tratamento das dissonâncias passa a exigir resolução. Principais compositores: G. P. Palestrina, Josquin des Prez, Orlando di Lassus, W. Byrd, Tomás Luiz de Victoria, Gesualdo. Exemplos: Kyrie da Missa para 5 vozes - William Byrd Tribulationem et dolorem – Gesualdo

CONTRAPONTO BARROCO É o que comumente chamamos de contraponto tonal. Teve seu apogeu com J.S. Bach, embora este não tenha conseguido todo este reconhecimento em vida. O CTP Tonal tem a sua disposição as 12 tonalidades maiores e as 12 menores. É essencialmente diatônico, pensado não apenas linearmente, mas também verticalmente. A imitação continua sendo o principal elemento formal. Alguns dos principais compositores além de Bach, foram: Monteverdi, Corelli, Lully, Vivaldi, Telemann, Buxtehude, Händel, etc. Exemplos: Fuga em Mib maior BWV 852 - Bach “Propter magnam gloriam tuam” do Gloria RV 589 - Vivaldi

CONTRAPONTOS CLÁSSICO/ROMÂNTICO O contraponto praticado no período homofônico, da metade do séc XVIII ao final do séc XIX, tem como principal diferenciador em relação ao do barroco a forte influência que a harmonia exerce sobre sua construção. Principais compositores: Mozart, Beethoven e Brahms Exemplos: Sonata para piano nº.29 em Bb Op.106 “Largo – Allegro Risoluto” L.van Beethoven Fuga do Quarteto em Eb op. 12 - Mendelssohn

CONTRAPONTO ATONAL Deixa de existir a dicotomia consonância/dissonância e, conseqüentemente, tensão/relaxamento. A grande força de coesão está nos motivos melódicos. Principais compositores: Schöenberg, Berg e Webern Exemplos: Variações para orquestra Op. 31 – Schoenberg Quarteto de Cordas Op.28 III - Webern ( http://www.youtube.com/watch?v=xyHIG5rxo7s )

CONTRAPONTO CONTEMPORÂNEO Modalidade e Uso Livre da Dissonância Serialismo Poliritmia e Diatonismo Ampliado (Stravinsky) Politonalismo Micropolifonia (Ligeti) Repetição, Polirritmia e Fase Rítmica (Reich e Glass) Repetição, Variação e Complexidade (Brian Ferneyhough) Espectralidade Paisagens Sonoras Contraponto eletroacústico (Wishart) Exemplos: Octandre – E. Varèse Cries of London – L. Berio

MICROPOLIFONIA Conceito aplicado por G. Ligeti Tecido de linhas independentes, entrelaçadas em movimentos muito próximos (no que diz respeito ao tempo e às frequências. Cria-se a percepção de uma “massa sonora” em movimento. Perde-se o sentido de discurso melódico. Exemplo: Lux aeterna

CONTRAPONTO NA MÚSICA POPULAR Não existe uma teoria formal para o contraponto voltado para a música popular. Contudo, suas bases podem ser facilmente deduzidas a partir do contraponto tonal e da prática do período homofônico (classicismo/romantismo). No Brasil, temos uma larga utilização no choro. Pixinguinha, ao lado do flautista Benedito Lacerda, marcou a história da MPB com seus contrapontos ao Sax tenor. Além disso, o violão de 7 cordas, comumente assume o papel de realizar as “baixarias”, que são linhas contrapontísticas feitas principalmente na região grave, tendo o papel de conectar as harmonias. Ex: Um a Zero – Pixinguinha Help – Beatles (por Carlos Malta)

Referências:. Arranjo, Carlos Almada (Editora Unicamp) Referências: .Arranjo, Carlos Almada (Editora Unicamp) .Elementos Básicos da Música, Roy Bennett (Jorge Zahar) .História da Música Brasileira, Paulo Castaña (IA-UNESP) .Almanaque do Choro, André Diniz (Jorge Zahar) .Horizontalidade e Verticalidade: dois modelos de improvisação no choro brasileiro, Paula Valente (2009-USP) .Composição eletroacústica por timbre e contraponto, Orlando Scarpa (2008-UFPR) .A History of Music Style, Richard Crocker (Dover) .Contraponto: técnicas contemporâneas, Jônatas Manzolli (IA-Unicamp) (http://www.nics.unicamp.br/jonatas/aulas/arranjo/aula06/contraponto.html)