Sânscrito - a língua dos textos antigos da Índia -

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Transcrição da apresentação:

Sânscrito - a língua dos textos antigos da Índia - Herbert Andreas Welker

“Sânscrito”, em sânscrito: saṁskṛta = “refinado, perfeito”.

Língua considerada “deva bhāṣā”, = “divina língua” ou “língua resplandecente” ou “língua dos deuses”

Sumário 1. Línguas faladas na Índia 2. O sânscrito hoje 3 Sumário 1. Línguas faladas na Índia 2. O sânscrito hoje 3. Descoberta e estudos de sânscrito e dos textos sagrados na Europa

4. Origem e evolução do sânscrito 5. A questão da escrita

1. Línguas faladas na Índia

Primeiro levantamento linguístico: 1903-1927 (The Linguistic Survey of India) 179 línguas e 544 dialetos.

Censo oficial de 2001: 122 línguas

Serviço público federal: 22 línguas oficiais regionais (“scheduled”) Serviço público federal: nos exames, candidatos podem optar por serem examinados em qualquer uma delas (além do inglês).

da administração federal: hindi e inglês Duas línguas oficiais da administração federal: hindi e inglês Hindi: cerca de 41% da população indiana. 1965: tirar esse status do inglês → protestos → inglês continua língua oficial.

Hindi - uma das diversas línguas indianas derivadas do sânscrito (língua indo-europeia).

Mapa: Verde: línguas derivadas do sânscrito Rosa e pontilhado, no sul da Índia: línguas dravídicas (não são indo-europeias). Há ainda algumas de outras famílias linguísticas.

Cédulas indianas: várias línguas oficiais. Frente: hindi e inglês Cédulas indianas: várias línguas oficiais. Frente: hindi e inglês. Verso: outras línguas indianas.

2. O sânscrito hoje

Uma das línguas mais antigas do mundo, mas: uma das 22 línguas oficiais da Índia!!

1961: 190. 000 tinham o sânscrito como segunda língua 1961: 190.000 tinham o sânscrito como segunda língua. Censo de 1991: cerca de 50.000 pessoas fluentes em sânscrito.

Censo de 2001: cerca de 15.000 indianos o tinham como língua materna.

Revitalização do sânscrito

http://yogaforum. org/p/index http://yogaforum.org/p/index.php/18/11/2008/ong-indiana-difunde-sanscrito-falado/: “Desde 1995 a língua sânscrita falada recebeu um poderoso impulso e começou uma trajetória de crescimento jamais vista anteriormente na Índia.

Esse fenômeno foi devido à criação naquele ano, em Nova Delhi, de uma ONG [...] chamada Samskrita Bharati dedicada à tarefa de difundir o uso do Sânscrito falado entre membros de todas as camadas sociais da Índia.”

Outra informação: “A All India Radio (AIR) veicula diariamente dois noticiários, de cinco minutos cada, com as notícias mais importantes do dia faladas em Sânscrito.”

http://explore.oneindia.in/media/newspapers/sanskrit/: Sudharma “único” jornal diário em sânscrito, publicado em Mysore (Índia), desde 1970

Sanskrit-Vartaman-Patram: http://www.sasnkritnewspaper.com/: Sanskrit-Vartaman-Patram: segundo jornal diário em sânscrito, publicado aparentemente desde 2010

No Brasil: Na Universidade de São Paulo: bacharelado em sânscrito desde 1968 !

Várias outras instituições e professores (geralmente em conexão com aulas de yoga). 2010: Linguagem Sânscrita – Introdução, de Annabella Magalhães.

3. Descoberta e estudos de sânscrito e de antigos textos indianos na Europa

3.1 Descoberta das línguas indo-europeias

1498: chegada dos portugueses (Vasco da Gama) na Índia → outros europeus

Vários europeus perceberam semelhanças entre o sânscrito (ou outras línguas indianas) com línguas europeias. 1583: o padre inglês Thomas Stephens 1585: o comerciante italiano Filipo Sassetti 1767: o jesuita francês Coeurdoux Observações não ficaram conhecidas.

1786: inglês William Jones (juiz, orientalista, fundador da Sociedade Asiática de Calcutá) – discurso sobre o sânscrito:

“A linguagem sânscrita, seja qual for sua idade, é de uma linda estrutura; mais perfeita que o grego, mais copiosa que o latim, e mais precisamente refinada que os dois, ainda compartilha com ambos uma forte afinidade, tanto nas raízes dos verbos quanto nas formas de gramática, [...];

“[a afinidade] é, na verdade, tão forte que nenhum filólogo poderia examinar as três sem acreditar que tenham nascido de uma fonte comum, que, talvez, nem exista mais.” (http://pt.wikipedia.org/wiki/William_Jones_%28fil%C3%B3logo%29)

= marco inicial da linguística comparada e dos estudos sobre as línguas indo-europeias (sânscrito, antigo persa, maioria das línguas europeias).

1795: fundação da Escola Nacional das Línguas Orientais Vivas em Paris – ensino das línguas e literaturas orientais, principalmente do Irã e da Índia.

1805: inglês H. Th. Colebrook - primeira gramática de qualidade (em língua europeia - inglês) do sânscrito - usada por todos os estudantes europeus de sânscrito da época.

erudito alemão Friedrich Schlegel 1808: erudito alemão Friedrich Schlegel “Sobre a língua e sabedoria dos indianos” (em alemão) Grande impacto entre os intelectuais. Slide seguinte: folha de rosto da tradução francesa

1818: linguista alemão Franz Bopp - primeiro grande estudo histórico-comparativo das línguas indo-europeias: “O sistema de conjugação do sânscrito comparado aos das línguas grega, latina, persa e germânica”

Fundador da gramática comparada do indo-europeu 1833-1849: “Gramática comparada do sânscrito, do zend, do grego, do latim, do lituano, do gótico e do alemão” (em alemão)

Muitos outros estudos (até hoje) sobre o indo-europeu (línguas e povos). Um exemplo relativamente recente: Beekes, Robert S.P. (1995). Comparative Indo-European Linguistics. Amsterdam: John Benjamins.

3.2 Comparação de algumas palavras em diversas línguas indo-europeias Muitos estudos sobre diversos aspectos da gramática das línguas indo-europeias. Comparações complexas

→ Mostrar as semelhanças de algumas palavras.

Esclarecimentos sobre os quadros: Palavras do grego e do sânscrito - em letras latinas. Palavras copiadas de http://en.wikipedia.org/wiki/Indo-European_vocabulary

sânscrito pitár grego patḗr inglês father alemão Vater latim pater francês père português pai

sânscrito matár grego mḗtēr inglês mother alemão Mutter latim mater francês mère português mãe

sânscrito bhrátar grego phrā́tēr inglês brother alemão Bruder latim frater francês frère português [fraterno, frade]

sânscrito dántam grego odón inglês tooth alemão Zahn latim dens francês dent português dente

sânscrito pad grego poús - podós inglês foot alemão Fuß latim pes francês pied português pé

sânscrito deváh grego theós inglês [god] alemão [Gott] latim deus francês dieu português

sânscrito dva grego dúō inglês two alemão zwei latim duo francês deux português dois

sânscrito tri grego treĩs inglês three alemão drei latim tres francês trois português

Também os números: catur - quatro ṣaṣ – seis sapta - sete nava - nove daśa - dez

3.2 Início do estudo dos textos sagrados indianos na Europa

1785: Charles Wilkins – Bhagavad Gītā → inglês 1789: William Jones - uma peça teatral indiana (entre séc. 1 a.C. e 4. d.C) → inglês

partes do Rāmāyana e do Mahābhārata → alemão 1808: Friedrich Schlegel – partes do Rāmāyana e do Mahābhārata → alemão (no livro mencionado)

August Wilhelm Schlegel editou na Alemanha 1820-1830: August Wilhelm Schlegel editou na Alemanha o jornal “Biblioteca Indiana”. 1823: edição da Bhagavad Gītā (com longa introdução e interpretação em latim)

1829 -1846: edição crítica do Rāmāyana

Outro grande orientalista (e linguista) – William D Outro grande orientalista (e linguista) – William D. Whitney (norte-americano)

co-editou o Atharva Veda. 1856 (em Berlim): co-editou o Atharva Veda. Traduziu o Atharva-Veda, livros 1 a 19, com comentários (publicação postuma em 1905)

Mais famoso orientalista: (Friedrich) Max Müller

1849–1874: editou, em 6 volumes, o Rigveda

1868: Universidade de Oxford - cátedra de “Ciência da Religião”; Müller - primeiro titular; → fundador da Religião Comparada.

1869: publicou o primeiro volume de uma tradução (para o inglês) do Rigveda

edição de 41 volumes de traduções de livros sagrados do Oriente 1879-1896: edição de 41 volumes de traduções de livros sagrados do Oriente (título da série: The Sacred Books of the East); traduziu 3 e colaborou na tradução de outros 3. (A série toda abrange 50 volumes; os últimos foram editados após sua morte, até 1910.)

Sobre a Índia, Müller publicou também (em inglês): “Preleições sobre a origem e o crescimento de religiões, como ilustrados pelas religiões da Índia” (1878)

“A Índia, o que ela pode nos ensinar “A Índia, o que ela pode nos ensinar?” (1883) “Os seis sistemas da filosofia indiana” (1899)

4. Origem e evolução do sânscrito

Muitas teorias e controvérsias Muitas teorias e controvérsias ... → os dados mais amplamente aceitos na ciência ocidental.

Sobre a cronologia – história da Índia antiga, dos textos sagrados e do sânscrito – H.P. Blavatzky, muitos autores indianos, alguns ocidentais: outra visão.

Divergências sobre a origem do sânscrito, mas consenso na divisão: sânscrito védico – ou simplesmente védico – e sânscrito clássico

Védico – língua dos Vedas Vedas: os textos mais antigos da literatura religiosa indiana

Rigveda Yajurveda Samaveda Atharvaveda

Védico - língua indo-ariana (pertencendo à família das línguas indo-europeias)

± 2500 a.C., região do Mar de Aral (ao norte do atual Irã e Afeganistão), um povo que se autodenominava “árias” (em português: “arianos”, mas também “árias”)

āryā = “nobre” língua: indo-iraniano

entre 2500 e 2000 a.C.: divisão em dois grandes ramos → Irã (“Irã” ← “ária” ). → noroeste da atual Índia (Caxemira e Punjab) e norte do atual Paquistão

→ dois povos distintos No Avesta – (literatura religiosa da antiga Pérsia (Irã), do zoroastrismo) e nos Vedas indianos: autodenominação: “āryā”

Língua evoluiu e se diferenciou → línguas separadas Mas: muitas semelhanças (incl. na religião, na literatura)

Ramo indiano: língua indo-ariana língua védica (sânscrito védico) Vedas: compostos durante muitos séculos, a partir de cerca de 1500 a.C.

Divergências sobre as datas (e toda a história), mas ainda em 2001 Witzel afirma: “aparentemente o período dos quatro Vedas se estendeu de cerca de 1500 a.C. a 500 a.C.” (p. 6)

Witzel, Michael (2001). Autochthonous Aryans Witzel, Michael (2001). Autochthonous Aryans? The Evidence from Old Indian and Iranian Texts. Electronic Journal of Vedic Studies 7(3).

os arianos entraram no vale do Indo entre 1.400 e 1000 a.C., Villar, Francisco (1991). Los indoeuropeos y los orígenes de Europa. Madrid: Gredos. p. 408: os arianos entraram no vale do Indo entre 1.400 e 1000 a.C., e os Vedas “refletem o ambiente da conquista no Punjab”.

Rio Indo ← Indus ← Sindhu [“rio”, rio Indo] Rio Indo [Indus] → “Índia” (rio hoje no Paquistão)

No Vale do Indo, antes da chegada dos arianos, outra civilização: “Cultura do Vale do Indo”, “Cultura de Harappa” .

Início: ± 6.500 a.C. Apogeu: ± 2.600 grandes cidades; sistema de escrita (até hoje não decifrado)

Declínio cerca de 1. 800 a. C. → somente ruínas Declínio cerca de 1.800 a.C. → somente ruínas. Divergências sobre a relação dessa cultura com a cultura védica.

Voltando aos árias: ocupação de outras partes da atual Índia, não o sul : populações de línguas dravídicas.

Línguas dravídicas: não são línguas indo-arianas nem indo-europeias.

Hoje: cerca de 200 milhões de falantes, principalmente no sul da Índia; mais importantes: Tamil, Telugu, Kannada e Malayalam.

Hoje: cerca de 200 milhões de falantes, principalmente no sul da Índia; mais importantes: Tamil, Telugu, Kannada e Malayalam.

Voltando aos Vedas: Datação mediante a análise dos fatos narrados no Rigveda (o mais antigo)

Exemplos (cf. Witzel): no Rigveda: são mencionados objetos de cobre e de bronze, mas não de ferro; → anterior à Idade do Ferro (que começou por volta de 1200 a.C.);

Não são mencionadas as cidades da civilização do Vale do Indo (Harappa), somente ruínas, → Rigveda é posterior ao declínio dessa civilização, ou seja, posterior a 1800 a.C.

Vários autores indianos (e alguns ocidentais): a) não concordam com essa datação (afirmando que os Vedas datam de 4.500 a.C.)

b) teoria de que não houve imigração (ou invasão), e sim que os arianos eram originários do norte da Índia (teoria dos “arianos autóctones”).

Por exemplo, os autores deste livro de 1995

defendem a teoria de que o povo da Cultura do Vale do Indo (Cultura de Harappa) era ariano e que essa cultura já era védica. Witzel (2001 – artigo de 115 páginas) refuta essa teoria e a dos arianos autóctones.

Vedas: transmissão oral porque eram textos sagrados

→ preservar a pronúncia e entonação corretas (na escrita isso poderia ser perdido)

Língua védica: extremamente rica, complexa, sobretudo no seu sistema verbal, uma complexidade “que não encontra paralelo em nenhuma língua indo- europeia” (Rodríguez Adrados, 1953: 9).

Era a língua dos textos sagrados, científicos e literários Era a língua dos textos sagrados, científicos e literários. O resto da população: diversos dialetos – surgidos a partir do védico – = prácritos.

Para se diferenciar do bramanismo (antigo hinduísmo) os budistas e jainistas usavam o prâcrito. Sermões do Buda Gautama: em pali, uma forma de prâcrito.

Devido ao grande prestígio do sânscrito → muitos textos budistas escritos em sânscrito.

Línguas indo-arianas atuais (hindi etc. ) originam-se nos prácritos Línguas indo-arianas atuais (hindi etc.) originam-se nos prácritos. (cf. línguas românicas ← do latim “vulgar”, ou popular, não do latim clássico).

Cerca de 600 ou 500 a.C.: sânscrito clássico: Mahābhārata e Rāmāyana

Gramático Pānini : de 520 a 460 a. C Gramático Pānini : de 520 a 460 a.C. Sua gramática (Aṣṭādhyāyī - “Gramática em oito capítulos”): não descritiva, e sim prescritiva.

Até hoje a mais volumosa gramática de todas as línguas, pois: a) sânscrito clássico - língua muito complexa (mas menos complexa do que o védico); b) descrição extremamente detalhada.

Pequena ideia da complexidade, ou riqueza: 1) No português: 31 fonemas (sons distintivos) Sânscrito: 46 fonemas.

2) Casos gramaticais = formas que as palavras declináveis – substantivos, artigos, pronomes, adjetivos – tomam em diversas funções:

No alemão – 4 casos: nominativo (sujeito) acusativo (objeto direto) dativo (objeto indireto) genitivo (indica posse etc.)

No latim: 6. No sânscrito: 8 !!!!

Além disso: (como no alemão e no latim) 3 gêneros: masculino, feminino, neutro.

3 números gramaticais: singular, dual, plural

Os 8 casos: Nominativo Acusativo Instrumental Dativo Ablativo Genitivo Locativo Vocativo

Declinação da palavra agni ( = fogo) (segundo Leidecker, p. 101) Leidecker, Kurt F. (1976). Sanskrit. Essentials of Grammar and Language. 2. ed. Madras: The Adyar Library and Research Centre. [1ª ed.: 1934]

Singular Dual Plural N agnis agnī agnayas Ac agnim agnīn I agninā agnibhyām agnibhis D agnaye agnibhyas Ab agnes G agnyos agnīnām L agnau agniṣu V agne

Algumas formas repetidas, mas: 17 formas diferentes da mesma palavra Para escrever corretamente ou mesmo entender o sânscrito, é preciso saber todas as 24 formas.

5. A questão da escrita Muitas das cerca de 6 5. A questão da escrita Muitas das cerca de 6.900 línguas do mundo: ágrafas.

A escrita: surgiu cerca de 3000 a. C A escrita: surgiu cerca de 3000 a.C.; entre os sumérios (na Mesopotâmia): escrita cuneiforme; no Egito: hieróglifos.

Essas escritas estão documentadas: tabuinhas de argilo dos sumérios; nas paredes de tumbas egípcias.

Na Índia: textos mais antigos preservados: época do rei Ashoka (cerca de 300 a.C.); em prácrito; éditos inscritos em rochas ou pilares.

Textos sânscritos: apenas transmitidos oralmente. Orientalistas, p. ex Textos sânscritos: apenas transmitidos oralmente? Orientalistas, p.ex. Max Müller (final do século 19) e Witzel (2001): Transcrições ± a partir da época de Panini.

Argumentos (no livro mostrado no slide anterior) a favor de uma datação anterior (p. 130): a) Não há documentos mais antigos preservados porque os textos foram escritos em materiais perecíveis (“provavelmente, folhas de palmeiras ou madeira”).

b) O gramático Panini (cerca de 500 a. C b) O gramático Panini (cerca de 500 a.C.) mencionou muitos autores que descreveram o sânscrito antes dele. Seria improvável que tais gramáticas não fossem feitas por escrito.

H.P. Blavatzky (volume XIII de Collected Writings): “[...] durante eras, os Vedas, como toda nossa literatura sagrada, eram considerados sagrados demais para serem transcritos e [...] o ato [de escrever] era, numa certa época, punido com a morte. [...]

[...] os brâmanes [...] foram os primeiros a reduzir a literatura sagrada à escrita [...]. [...] a casta dos Kayastha [i.e. dos escribas] era pequena, e surgiu apenas poucos séculos antes dos budistas. Mas isso não é uma razão para não ter havido escrita antes daquela época.”

Blavatzky indicou nenhuma data ou época exata, mas afirmou: havia escribas antes do começo do budismo (antes de 500 a.C.) pode ter havido escrita bem antes disso.

Tipo de escrita Primeiro: Brāhmī (p.ex. nos éditos de Ashoka)

As letras de Brāhmī (segundo Wikipédia):

Brāhmī - antecessora de muitos tipos de escrita na Índia Brāhmī - antecessora de muitos tipos de escrita na Índia. O tipo mais importante: devanāgarī (“da cidade dos deuses”) A mais antiga inscrição em devanāgarī: século 7 d.C.

Ainda hoje: hindi e outras línguas indianas – escritas em devanāgarī Ainda hoje: hindi e outras línguas indianas – escritas em devanāgarī. Exemplos de devanāgarī :

महाभारत Mahābhārata रामायण Rāmāyaṇa भगवद्गीता Bhagavad Gītā

Mantra Gāyatrī ॐ भूर्भुवस्व: तत् सवितुर्वरेण्यं भर्गो देवस्य धीमहि (mais famoso mantra, já formulado no Rigveda) (copiado de http://pt.wikipedia.org/wiki/Gayatri): ॐ भूर्भुवस्व: तत् सवितुर्वरेण्यं भर्गो देवस्य धीमहि धियो यो नः प्रचोदयात्

Final do século 18: transliteração do sânscrito para o alfabeto latino Final do século 18: transliteração do sânscrito para o alfabeto latino. → vários sistemas de transcrição

International Alphabet of Sanskrit Transliteration (IAST) Desde 1912: International Alphabet of Sanskrit Transliteration (IAST) (Alfabeto internacional de transliteração do sânscrito) – → sistema padrão para trabalhos acadêmicos

O IAST usa sinais diacríticos (linhas, pontos, acentos, til) Exemplos: ā Gītā ī Gītā (vogais longas)

ṛ Ṛgveda (Rigveda / Rig Veda) ś Śiva (Shiva)

= consoantes “cerebrais”, retroflexas ṣ - ḍ - ṭ - ṇ = consoantes “cerebrais”, retroflexas ṣ ṣaṣ (seis), Kṛṣṇa (Krishna), ṛṣi (Rishi) ṭ aṣṭa (oito) ṇ guṇa (qualidade)

ḥ [repete a vogal final, com aspiração] devaḥ → [devahá] ṁ saṁskṛta ( → Sânscrito), [cf. maçã, õ etc.] ḥ [repete a vogal final, com aspiração] devaḥ → [devahá]

c = tch vac (falar; palavra) j = dj Arjuna consoante + h: Letras “especiais” sem sinais diacríticos: c = tch vac (falar; palavra) j = dj Arjuna consoante + h: bh Mahābhārata dh Budhi, Dharma [etc.]

Havendo vários sistemas de transliteração, livros que citam palavras sânscritas deveriam esclarecer qual sistema é usado.

(P.ex.: muitas vezes se usa â, î, û em vez de ā, ī, ū; Infelizmente esse esclarecimento quase nunca é dado, e tampouco há explicações de como as letras (com ou sem diacríticos) devem ser pronunciadas. (P.ex.: muitas vezes se usa â, î, û em vez de ā, ī, ū; mas o que o acento circunflexo significa? )

sem sinais diacríticos p.ex.: Shiva, Krishna Frequentemente: transliteração simplificada: sem sinais diacríticos p.ex.: Shiva, Krishna

o “sh” em Shiva representa o som transliterado no IAST por ś (Śiva), Mas: o “sh” em Shiva representa o som transliterado no IAST por ś (Śiva), ao passo que o “sh” em Krishna representa o som transliterado no IAST por ṣ (Kṛṣṇa).

adotou-se / manteve-se a grafia inglesa Em português: adotou-se / manteve-se a grafia inglesa dessa transliteração simplificada (p.ex.: Krishna, sendo que em português não existe a combinação de letras “sh”, a não ser em empréstimos, como “show”).

Essa adoção da grafia inglesa leva à Essa adoção da grafia inglesa leva à pronúncia errada (ou a dúvidas sobre a pronúncia).

Como em inglês, usa-se: “j” (p. ex Como em inglês, usa-se: “j” (p.ex., em “Arjuna”, “Raja”, sendo que esse “j” deve ser pronunciado como o “j” em “John”), em vez de “dj” (como em “adjetivo”);

“ch” (p.ex., chela [sânscrito: cela <servo, escravo → discípulo]; sendo que esse “ch” deve ser pronunciado como o “ch” em “chair”), em vez de “tch” (como em “tcheco”).

Fim

Fim