HEMATÚRIA NA INFÂNCIA INTRODUÇÃO

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
«Forte do Bom Sucesso (Lisboa) – Lápides 1, 2, 3» «nomes gravados, 21 de Agosto de 2008» «Ultramar.TerraWeb»
Advertisements

TREMOR ESSENCIAL EM CRIANÇAS
Síndrome Nefrótico Síndrome NEFRÍTICO
Síndrome Nefrótica Gustavo Alkmim Set/2011.
Jovem X RISCO EMOÇÃO Dr. Jairo Bouer Março de 2004.
Propriedades físicas representativas de
Vamos contar D U De 10 até 69 Professor Vaz Nunes 1999 (Ovar-Portugal). Nenhuns direitos reservados, excepto para fins comerciais. Por favor, não coloque.
Silicose no Brasil Atividade Autor Desenho Taxas
Exercício do Tangram Tangram é um quebra-cabeças chinês no qual, usando 7 peças deve-se construir formas geométricas.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA
ANATOMIA RENAL.
Nome : Resolve estas operações começando no centro de cada espiral. Nos rectângulos põe o resultado de cada operação. Comprova se no final.
CRIANÇAS Características e Avaliação Nutricional
Curso de ADMINISTRAÇÃO
Rosângela Carrusca Alvim
Abordagem da criança com Doença Renal (CRM)
Hematúrias na Infância (CRM)
Queixas músculo-esqueléticas como causa de alto índice de absenteísmo
CASO CLÍNICO CONGRESSO MINEIRO DE NEFROLOGIA 2009
CONGRESSO MINEIRO DE NEFROLOGIA APRESENTAÇÃO DE CASO CLÍNICO
Caso 01 Marlene Antônia dos Reis Ministério da Educação
SBN - Jan, 2007 Distribuição dos Pacientes em Diálise no Brasil, por Região, Jan (N=73.605), censo SBN Sul 16% (N=11.657) Sudeste 54% (N=39.499)
REFLUXO VESICOURETERAL Nefropatia do refluxo fatores prognósticos
12 March 2009.
Caso 01 Paciente feminino, 11 anos de idade realizou exames radiográficos para iniciar tratamento ortodôntico Cisto ósseo traumatico Paciente femenino.
Provas de Concursos Anteriores
ESTATÍSTICA.
Renda até 2 SM.
NEJM Anna Beatriz Herief Gomes
Diagnósticos Educativos = Diagnósticos Preenchidos 100% = 1.539
PESQUISA SOBRE PRAZO MÉDIO DA ASSISTÊNCIA NA SAÚDE SUPLEMENTAR
MECÂNICA - DINÂMICA Exercícios Cap. 13, 14 e 17. TC027 - Mecânica Geral III - Dinâmica © 2013 Curotto, C.L. - UFPR 2 Problema
Anamnese e exame físico em urologia
Hematúria.
SÍNDROME NEFRÍTICA AGUDA
CATÁLOGO GÉIA PÁG. 1 GÉIA PÁG. 2 HESTIA PÁG. 3.
Salas de Matemática.
1 Indicadores do Mercado de Meios Eletrônicos de Pagamento Junho de 2006 Indicadores do Mercado de Meios Eletrônicos de Pagamento Junho de 2006.
Coordenação Geral de Ensino da Faculdade
CÂNCER DA PRÓSTATA SERVIÇO DE UROLOGIA HCAP.
VIII Congresso Mineiro de Nefrologia Casos Clínicos
Projeto Marcas que Eu Gosto 1 PROJETO MARCAS QUE EU GOSTO Estudos Quantitativo de Consumidores Janeiro / 2005.
ALEXANDRE BITTENCOURT PEDREIRA Disciplina de Nefrologia - HCFMUSP
Projeto Medindo minha escola.
Púrpura de Henoch-Schonlein em adultos
INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO NA INFÂNCIA - INTERPRETANDO NOVOS CONSENSOS
Diagnósticos Diferenciais em Nefropatia Diabética
GLOMERULONEFRITES RAPIDAMENTE PROGRESSIVAS
EVOLUÇÃO E TRATAMENTO DA GNDA NO ADULTO
Discussão Anátomo-Clínica Portal da Sociedade Brasileira de Nefrologia
Insuficiência Renal Aguda na Síndrome Nefrótica
Síndrome de Goodpasture
Glomerulonefrite Anti-MBG
GLOMERULONEFRITE PÓS INFECCIOSA
Cólica Nefrética na criança: Como conduzir ?
Nefrolitíase e Factores Litogénicos na Doença Inflamatória Intestinal Apoio: Bolsa de investigação NGHD P. Figueiredo*, C. Outerelo**, T. Meira*, Teixeira.
12. Rede de Tratamento ao Usuário do Programa de Diabetes
Olhe fixamente para a Bruxa Nariguda
Infecção urinária febril Maurícia Cammarota
Doença Renal Crônica: Um Problema Contemporâneo de Saúde Pública
Genetic Aspects of Familial Ménière’s Disease Arweiler-Harbeck, Horsthemke, Jahnke, and Hennies University of Cologne, Germany Otology & Neurotology 32:695Y700.
Medidas de tendência central e de dispersão
C.M. é uma mulher de 24 anos de idade com DM1 desde os 10 anos de idade, quando teve cetoacidose diabética. À época do diagnóstico, observou-se que a paciente.
PREVENÇÃO DA DOENÇA RENAL CRÔNICA NA INFÂNCIA
Caso 1: Homem de 62 anos refere episódios recorrentes de monoartrite de joelho há 5 anos que melhoram com o uso de antiinflamatorios não hormonais e está.
Glomerulonefropatias
Ana Luiza Telles Leal 24/05/2010
Síndrome nefrítica aguda. Definição Síndrome caracterizada pela conjunção de hematúria,hipertensão arterial,oligúria,déficit de função renal e edema.
DIAGNÓSTICO, MONITORIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Transcrição da apresentação:

HEMATÚRIA NA INFÂNCIA INTRODUÇÃO Hematúria é comum em pediatria. Diversas Etiologias A investigação freqüentemente demanda vários exames. Prevalência em escolares saudáveis: 1º urina : 4 a 6 %. 2º urina : 0,5 a 1 %. ICr HCFMUSP

HEMATÚRIA NA INFÂNCIA DEFINIÇÃO AUTOR ANO CRITÉRIO ------------------------------------------------------ Graff 1983 > 1 a 2 hem / c Fairley/Birch 1982 > 8000 hem / ml Gubler 1983 > 5 hem / mm3 Perrone 1994 > 5-8 hem / c ------------------------------------------------------- ICr - HCFMUSP

Mal-formações refluxo vésico-ureteral Doenças hematológicas: coagulopatias anemia falciforme I.T.U. Distúrbio metabólico Litíase da vias urinárias Hematúria Glomerulopatias Processos inflamatórios: alérgicos/infecciosos Massas: tumores/cistos Alterações vasculares: fístula artério-venosa síndrome Nut-Cracker hemangioma

HEMATÚRIA NA INFÂNCIA Protocolo de Investigação calciúria uricosúria cistine urinária oxalato urinário citrato urinário magnésio urinário Urina I + sedimento dismorfismo eritrocitário urocultura BUN / creatinina hemograma CT / C3 / C4 séricos CALCIÚRIA USG vias urinárias proteinúria 24 Hr eletroforeses proteínas séricas colesterol / triglicérides IgA sérica audiometria exame oftalmológico coagulograma eletroforese de hemoglobina UGE / UCM Cultura de urina para M. tuberculosis BIÓPSIA RENAL CISTOSCOPIA ARTERIOGRAFIA ICr - HCFMUSP

Avaliação inicial das hematúrias: UI + DE/urocultura/CaU 24Hs ou Ca/|CrU HMG/Us/Crs/CT+F USG/Rx simples de abdome Positiva prosseguir de acordo Negativa prosseguir: freqüência e gravidade Causas metabólicas glomerulopatias hemoglobinopatias Infecções urinárias negativo Hematúria macro Hematúria micro persistente Cistoscopia arteriografia Biópsia renal

HEMATÚRIA NA INFÂNCIA Distribuição dos casos de acordo com sexo e idade. Anos Hematúria na Infância: Estudo retrospectivo de 128 pacientes pediátricos - Fujimura MD, Koch VH, Vaisbich MH, Furusawa EA,Schvartzmann BG, Pozzi RA, Saldanha LB, Penna DO & Okay Y. J Pediatria 74(2): 119-124,1998.

HEMATÚRIA NA INFÂNCIA RESULTADOS - DIAGNÓSTICOS n = 128 Hematúria na Infância: Estudo retrospectivo de 128 pacientes pediátricos - Fujimura MD, Koch VH, Vaisbich MH, Furusawa EA,Schvartzmann BG, Pozzi RA, Saldanha LB, Penna DO & Okay Y. J Pediatria 74(2): 119-124,1998.

HEMATÚRIA NA INFÂNCIA RESULTADOS - Diagnósticos das Glomerulopatias - n = 31 Hematúria na Infância: Estudo retrospectivo de 128 pacientes pediátricos - Fujimura MD, Koch VH, Vaisbich MH, Furusawa EA,Schvartzmann BG, Pozzi RA, Saldanha LB, Penna DO & Okay Y. J Pediatria 74(2): 119-124,1998.

HEMATÚRIA NA INFÂNCIA RESULTADOS - Diagnósticos dos Distúrbios Metabólicos Hematúria na Infância: Estudo retrospectivo de 128 pacientes pediátricos - Fujimura MD, Koch VH, Vaisbich MH, Furusawa EA,Schvartzmann BG, Pozzi RA, Saldanha LB, Penna DO & Okay Y. J Pediatria 74(2): 119-124,1998.

HEMATÚRIA NA INFÂNCIA RESULTADOS - DIAGNÓSTICOS DIAGNÓSTICOS Nº CASOS % Distúrbios Metabólicos 45 35,2 Glomerulopatias 32 25,0 Distúrbios Metabólicos+Litíase 27 21,0 Litíase Idiopática 12 9,3 Inconclusivos 6 4,7 Tuberculose renal 1 0,8 Anomalis Vasculares 1 0,8 Tumor de Wilms 1 0,8 Anemia Falciforme 1 0,8 Alport + Hpercalciúria 1 0,8 Tuberculose + Hipercalciúria 1 0,8 TOTAL 128 100,0 Hematúria na Infância: Estudo retrospectivo de 128 pacientes pediátricos - Fujimura MD, Koch VH, Vaisbich MH, Furusawa EA,Schvartzmann BG, Pozzi RA, Saldanha LB, Penna DO & Okay Y. J Pediatria 74(2): 119-124,1998.

Investigação das hematúrias causas glomerulares história familiar positiva, doença sistêmica, presença de edema, hipertensão arterial, proteinúria, DE e/ou cilindros hemáticos e consumo de complemento. Excluir causas extra-glomerulares; Indicação de biópsia renal: hematúria macro hematúria micro  2 - 3 anos

Hematúria Glomerular Crianças com hematúria glomerular podem ter : Doenças genéticas da membrana basal glomerular Síndrome de Alport Doença da Membrana Basal Fina Nefropatia por IgA outras glomerulopatias

Doenças genéticas da MBG Doença da membrana basal fina e síndrome de Alport apresentam inicialmente afilamento difuso da MBG; na Síndrome de Alport ocorre posteriormente áreas de espessamento conjuntamente com aparecimento de proteinúria e declínio de função renal.

Doenças genéticas da MBG Na década de 90 foram identificadas 6 isoformas geneticamente distintas do colágeno tipo IV e 3 destes genes mostraram-se envolvidos nas formas autossômicas e ligada ao X da Membrana Fina e do Alport. As cadeias alfa3, alfa4 e alfa5 do colágeno tipo IV constituem o arcabouço da MBG; uma alteração em qualquer das cadeias leva a alteração na integridade da membrana. Síndrome de Alport com todas as suas alterações é associada a uma mutação no alelo COL4A5 no sexo masculino na forma ligada ao X ou mutação em ambos os alelos do COL4A3 e COL4A4 na forma autossômica recessiva. Mutações heterozigóticas em COL4A3 e COL4A$ causam anormalidades mais leves na Doença de membrana Fina. Quando estas últimas mutações associam-se com proteinúria e declínio na função renal constitui-se a Síndrome de Alport autossômica dominante.

Espectro de doença associada a mutações nos genes COL4A3 e COL4A4 Mutações em ambos alelos COL4A3 e COL4A4 Mutações em 1 alelo COL4A3 e COL4A4 Alport aut.rec. Alport aut.dom. Membrana fina Sem sintomas hematúria proteinúria Perda de função renal surdez Kashtan CE. Familial hematuria due to type IV collagen mutations:Alport syndrome and thin basement membrane nephropathy. Current Opinion Ped 2004, 16:177-181.

Associação de distúrbio metabólico e doença da membrana basal fina Após a investigação inicial da hematúria com a confirmação de distúrbio metabólico e afastando-se outras causas, interrompe-se a avaliação e inicia-se o tratamento; a persistência da hematúria após o tratamento e controle do distúrbio metabólico, por exemplo da hipercalciúria, indica a realização de biópsia renal, para investigação de causa glomerular da hematúria.

Associação de hipercalciúria (Hca), hiperexcreção de ácido úrico (HU) e nefrolitíase com Membrana Fina (MF) Diagnóst N Idade anos F/M microH persist Hca HU Litíase macroH episod Dor lombar MF 27 32 11-55 18/9 (100%) 10 37% 7 25% 6 22% 4 14% parentes c/microH 19 26 15-58 15/4 8 42% 21% 2 10% s/microH 25 22 12-52 12/ 13 (0%) 3 12% 0% Pac. com NIgA 30 15-55 11% 1 3% 17 62% controles normais 20 18-59 12/8 5% Praga M, Martinez MA et al. Kidney Int 54(3), 1998

Enalapril em crianças com Síndrome de Alport n=10 seguimento= 5 anos idade início: 5,15-13,75 anos (mediana=10,25) início 1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos dose(mg/Kg) 0,05 0,24 0,37 0,45 0,43 0,49 proteinúria mg/Kg/dia 48 20 25 36 30 40 Clcr ml/min/1,73 104 95 100 87 85 92 Boa resposta com variação individual: proteinúria i: > versus < 50 mg/Kg/dia foi o diferencial 3 casos de Clcr < 60 mL/min/1,73 7 casos > 80. Proesmans W. Ped Nephrol 19:271-275, 2004

Ciclosporina no tratamento da Síndrome de Alport t de tratamento = 6 m com enalapril + 6 meses enalapril + CYA Geier P et al.Nephrology Dialysis Transplantation 18 (4),372,2003

Recomendações Diagnóstico precoce da hematúria, partindo do fluxograma de investigação e sempre afastando as causas mais graves e freqüentes. Se biópsia renal for indicada para investigar hematúria é obrigatória a realização de microscopia óptica, imunofluorescência e microscopia eletrônica. Futuro do tratamento da Síndrome de Alport poderá envolver terapia gênica; no momento não há consenso sobre tratamento realmente efetivo em evitar a progressão da doença.