A sociologia de Florestan Fernandes

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A sociologia de Florestan Fernandes Capítulo 4 apostila 2 A sociologia de Florestan Fernandes

As contribuições de Florestan Fernandes à questão racial Florestan Fernandes (1920-1995) desenvolve uma crítica contundente sobre a obra freyreana e, em especial, critica o que ele chama de mito da democracia racial. Além disso, nega o caráter pacífico e integrador do processo de miscigenação de raça defendido por Gilberto Freyre. Suas principais obras abordam aspectos da realidade racial em vigor no Brasil no século XX. Florestan escreve uma obra importante, A integração do negro na sociedade de classes (1965), mostrando as dificuldades na integração dos negros recém-libertos na sociedade capitalista agrária que ora se consolidava no país. Conforme a perspectiva de Florestan Fernandes, o processo histórico de nascimento da sociedade de classes gerou a exclusão social para os negros.

Assimilação marginal Em A integração do negro na sociedade de classe, Florestan expõe uma abordagem que representa uma virada metodológica nas análises sobre a questão racial no Brasil. O sociólogo constrói uma visão particular para tratar o assunto, evidenciando a condição de marginalidade dos negros e dos mulatos, situando a crítica na transição “da ordem social escravocrata e senhorial” para o desenvolvimento posterior do capitalismo. O problema racial, focalizado pelo prisma da modalidade social resultante das mudanças econômicas revela a natureza processo excludente no recorte temático, o que fica mais evidente em São Paulo. A extinção da escravatura não promoveu a imediata reintegração dos negros, relegando-o ao seu próprio destino e à margem da sociedade que se modernizava.

Florestan Fernandes e a teoria sociológica da sociedade brasileira A teoria sociológica de Florestan Fernandes trata das diversidades e dos antagonismos da sociedade brasileira , a partir de um apanhado de diferentes perspectivas de grupos de classes – índios, negros, imigrantes, escravos e livres, trabalhadores da cidade e do campo. A perspectiva oferecida pela sociedade brasileira, marcada por uma forte desigualdade social, permitiu ao sociólogo questionar a sociologia moderna e resgatar seus conteúdos críticos. Em seu livro A revolução burguesa no Brasil, procura, desvendar os momentos nucleares das relações, dos processos e das estruturas da espoliação econômica e política, que produzem e reproduzem a sociabilidade burguesa no Brasil, proveniente do capitalismo de natureza industrial.

A sociologia crítica e militante de Florestan Fernandes Florestan é considerado o fundador da sociologia crítica no Brasil. A sua produção intelectual criticou duramente a realidade e o pensamento social em que estava fundamentada. A influência de Fernandes no entendimento das relações raciais brasileiras ficou marcada pelo empenho em interrogar as interpretações predominantes a partir da dinâmica de interação social. A interação social é um assunto até hoje bastante controverso na sociologia. Fernandes, porém, não o deixou de lado em suas formulações teóricas. Todo fato social caracteriza-se por ser um vínculo com a vida real. Nesse sentido a interação social é, essencialmente, uma atividade dinâmica e, ao mesmo tempo, comporta numerosas possibilidades de relações de dependência mútuas entre as ações dos indivíduos.

A sociologia crítica e militante de Florestan Fernandes O significado de existir socialmente é participar de condições de situações, produzir ações e reações, praticar atitudes e relações que são interpendentes e agem mutuamente. Em sua obra Florestan Fernandes dá uma contribuição básica para a teoria sociológica: destitui e desenvolve o teor crítico da sociologia clássica de moderna. O que o levou a encarar diversidades, diferenças e adversidades foram as próprias desigualdades sociais existentes no Brasil e foi no campo político que expressou sua concepção de que não há como separar a produção intelectual de militância política. O sociólogo participou como deputado da Assembleia Nacional Constituiente.

A luta em defesa da educação pública. Para Florestan Fernandes, educadores com posturas distantes do processo social não colaboram efetivamente para a transformação social. Dessa forma, fez da educação um dos assuntos mais importantes de sua vida. Para ele o ponto inicial para se atingir um verdadeiro estado ou sociedade democrática é uma educação democrática, obtida por meio da escola pública gratuita. Com formação marxista, Fernandes defendeu uma educação ligada ao pensamento socialista. Para ele, a força revolucionária era resultado da classe trabalhadora e, por esse motivo, seus componentes precisavam estar organizados, bem informados e conscientes de sua atuação na sociedade, requisitos obtidos por meio da educação. O sociólogo entendia a educação , portanto, como uma mudança de fator social.