NORMA CULTA E VARIEDADES LINGÜÍSTICAS

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Transcrição da apresentação:

NORMA CULTA E VARIEDADES LINGÜÍSTICAS

Abertura: 1. Variação e Preconceito Lingüístico Toda língua muda com o tempo (mudança diacrônica ou histórica) e varia de acordo com o lugar em que é falada (variação diatópica ou geográfica). Diferenças lingüísticas refletem muitas vezes diferenças sociais  Preconceito Lingüístico, veiculado por meio de um preconceito social discriminatório.

* Os home tinha um pobrema sério pra arresorvê, intãoce eles pidiu ajuda pr’um véio amigo.

Concordância nominal/verbal e Processos fonológicos do português brasileiro (Pb): *“Os home tinha...”  eliminação das marcas de plural redundantes *home  desnasalização das vogais póstônicas *pobrema  síncope (supressão de segmentos fônicos no interior de um vocábulo) e rotacização *pra  síncope * arresorvê  arcaísmo e apócope (queda de vogal final ou redução vocálica) *intãoce  arcaísmo *véio assimilação

Variação: fenômeno lingüístico regular inerente a todas as línguas naturais Plural redundante: My beautiful yellow flower died yesterday / my beautiful yellow flowers died yesterday Desnasalização das vogais póstônicas: comum na passagem do latim para o português (abdomen > abdome; bitumen > betume; legumen > legume) Rotacização: (Latim) ecclesia > (Francês) église >(Espanhol) iglesia > (Port.) igreja; (L) plaga > (F) plage > (E) playa > (P) praia

Continuando... Arcaísmos: verbos iniciados com A- já pertenceram à norma literária clássica  A- > Ad (L) - preposição (ad + prendere = apprendere > “aprender; ad + fluere= affluere > “afluir”) Assentar, ajuntar, assoprar *Intãoce <entonce< *in + tuncce< estonce< *ex tuncce Assimilação: Som produzido por [lh] muito próximo ao da semivogal /Y/ (L) tégula> teg’la> tegla> teyla> telha> têia.

Português Padrão Francês Padrão Português ñp abelha abeille (abéye) abêia alho ail (ay) ai batalha bataille (batáye) bataia trabalho travailler (travayê) trabaiá

- O pronome “ele” é usado como objeto direto (“vi ele”) no português há mais de mil anos:basta ler os textos medievais. - - Os portugueses abandonaram esse uso, mas continuou vivo e atuante no português brasileiro e africano. - Ataliba de Castilho temos:“O pronome ele pode funcionar (i) como objeto direto:Maria viu ela;(ii) redobrar uma construção de tópico:A Maria,ela ainda não chegou […]”.

Alguns versos de Os Lusíadas (Luís de Camões) “E não de agreste avena, ou frauta ruda”(canto I, verso 5) “Doenças, frechas, e trovões ardentes”(X, 46) “Onde o profeta jaz, que a lei pubrica”(VII, 34) “Mas alembrou-lhe uma ira que o condena” “A noite negra e feia se alumia” “Alevantando o rosto assim dizia” (apud Bagno, M. A língua de Eulália. 2001, p. 119)

Mitos propostos por Bagno "A língua portuguesa apresenta uma unidade surpreendente” "Brasileiro não sabe português / Só em Portugal se fala bem português” "Português é muito difícil“ "As pessoas sem instrução falam tudo errado” "O lugar onde melhor se fala português no Brasil é o Maranhão”

Mitos propostos por Bagno "O certo é falar assim porque se escreve assim” "É preciso saber gramática para falar e escrever bem” "O domínio da norma culta é um instrumento de ascensão social”

Norma Padronização de normas de comportamento social = padronização de normas de comportamento lingüístico Variedade Padrão: “conjunto codificado de normas lingüísticas socialmente aceitáveis pela classe de maior prestígio numa comunidade” (Roberto Camacho)

Variedade Culta Pautada na língua literária escrita e na tradição gramatical Variedade padrão: imposta como referencial exclusivo para qualquer situação de fala

Variedades e Ensino Abolir o conceito de correto / incorreto O aluno deve ser educado não ensinado, afinal ele já conhece sua língua, no entanto, fala uma variedade não padrão, que é diferente e não errada. Buscar ampliar o leque de variedades que o aluno pode dominar para que possa escolhê-las de acordo com a situação de fala  adequação.