Na Depressão, por exemplo, sabe-se que a predisposição genética é a principal causa da doença, que apresenta, desse modo, caráter familiar, podendo desencadear-se diante de fatores estressantes ou, até mesmo, sem nenhuma causa aparente.

Com isso cai por terra a idéia errônea e preconceituosa daqueles que dizem ser a Depressão uma doença de gente fraca, covarde, ociosa e sem fé. Quem assim se expressa demonstra desconhecimento da gênese física, psíquica e espiritual da Depressão.

Os distúrbios cerebrais orgânicos causadores de disfunção cerebral, que culminam com o aparecimento dos sintomas depressivos, reforçam a necessidade de utilização de medicamentos para reajustar as funções cerebrais, em detrimento daqueles que julgam curar a Depressão puramente por meios religiosos ou psicanalíticos. Como muitas outras áreas da medicina, as opiniões divergem..Na verdade, como abordarei em capítulo oportuno, julgo que o tratamento ideal envolve um conjunto de medidas médicas, psicológicas e comportamentais, além do amparo da fé, para que o indivíduo se reequilibre e se mantenha bem.

Algumas pesquisas científicas demonstram que os depressivos teriam uma atividade aumentada no lobo pré-frontal direito do cérebro e que isso causaria o arquivamento preferencial das experiências traumáticas e negativas, em detrimento das experiências positivas. Isso quer dizer que as pessoas depressivas têm um cérebro predisposto a ver o lado negro de tudo, e têm imensa dificuldade de fixar para o lado bom dos acontecimentos vividos.

Trabalhos realizados por pesquisadores americanos, nos quais se mostravam várias cenas alegres e tristes, pedindo-se posteriormente que os indivíduos escrevessem tudo o que se lembravam de ter visto, demonstraram que os indivíduos que tinham predisposição à Depressão haviam arquivado, em suas mentes, a maior parte das cenas tristes, lembrando-se bem pouco de cenas felizes.

Os indivíduos sem predisposição à Depressão fizeram exatamente o contrário. Isso mostra que "só fica depressivo quem pode, não quem quer".

Além dessas disfunções cerebrais citadas, sabe-se que nos depressivos há déficit nos níveis de serotonina e noradrenalina no cérebro, além de outros neurotransmissores cerebrais, que seriam os mensageiros da alegria e do bem estar do cérebro. A deficiência desses mensageiros facilitaria a instalação da Depressão.

Embora as causas genéticas sejam as mais importantes, há patologias clínicas e medicamentos que podem desencadear a Depressão. Portanto, diante de um quadro depressivo é importante que o indivíduo busque a orientação médica, pois a doença pode ser secundária a outras doenças clínicas que, se tratadas, podem devolver ao indivíduo seu equilíbrio emocional.