Professora: Fabíola Soares. Fevereiro / 2010.

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Transcrição da apresentação:

Professora: Fabíola Soares. Fevereiro / 2010. Artes da África Professora: Fabíola Soares. Fevereiro / 2010.

“A arte africana não é apenas “religiosa” como se diz, mas sobretudo filosófica. A evocação dos mitos nas artes da África é um tributo às origens — ao passado —, com vistas à perpetuação — no futuro — da cultura, da sociedade, do território. E, assim, essas artes “relatam” o tempo transcorrido; tocam no problema da espacialidade e da oralidade.” Marta Heloísa Leuba Salum

Artes da África A expressão "arte africana" pode parecer muito redutora, compactando, como monolítica (um só bloco), uma vasta produção técnica e estilística de centenas de sociedades, reinos e culturas da África tradicional. Mas é essa mesma expressão que nos permite sempre lembrar que as artes das sociedades da África foram, antes, rotuladas no singular, depois de terem sido chamadas de "arte primitiva" ou "selvagem".

O objetivo da "ação civilizadora" européia era para tirar suas elites da emergência de sua própria falência econômica: os europeus precisavam se apropriar de novas terras e mercados para alcançar hegemonia. E fizeram isso na perspectiva da exploração, sob pretexto de "descobrir" o que estava "perdido", tanto no globo terrestre (como se fosse seu quintal) como na história (como se ela fosse um produto acabado), sendo eles os sujeitos, no presente, do tempo e do espaço - passado e futuro. Ignoraram que os africanos já mantinham contatos seculares (provavelmente milenares) com outras civilizações. A cultura egípcia, por exemplo, é africana, apesar das relações estabelecidas, e reconhecidas historicamente, com o Mediterrâneo antigo.

O fato de não terem escrito sua história anteriormente, não quer dizer que os africanos, bem como os povos das Américas e da Oceania, não tinham história, muito menos que não tinham escrita. Objetos de arte considerados apenas decorativos estão plenos de mensagens codificadas por signos e símbolos que podem ser "traduzidos", ou interpretados verbalmente, como é o caso de muitos objetos proverbiais.

Portanto, a primeira coisa a reter é que, na África, cada estátua, cada máscara, tinha uma função estabelecida, e não eram expostas em vitrines, nem em conjunto, nem separadamente, como vemos dos museus.

Cabeça Nok, terracota, Nigéria. Século V a.C. ao século II.

Cabeças humanas Ife, Nigéria 12th-15th century

Uma estátua não representa, normalmente, um Homem, mas um Ser Humano integral, que tem uma parte física e espiritual - do passado e do futuro. Tem, por isso, um lado sagrado, ligado às forças da Natureza e do Universo.

Figura de rei (Chibinda Ilunga) Chokwe, Angola, século XIX. Estatueta do tipo chamada "de ancestral", arte luba-hemba, Republica Democrática do Congo, acervo MAE-USP Figura de rei, arte de Benin, Nigéria, acervo MAE-USP

Uma máscara ou uma estátua concentram forças inerentes do próprio material de que são constituídas, ou que comportam em seu interior ou superfície, além de sua própria força estética. Elas não têm, portanto, uma função meramente formal.

Topo de máscara, arte senufo, Costa do Marfim, acervo MAE-USP. Topo de máscara "tyi-wara", arte Bambara, Mali, acervo MAE- USP Máscara (Senufo, Mali). Madeira e fibra vegetal. Acervo do MAE/USP.

Ornamento, Luba, República Democrática do Congo, século XIX. Topo de máscara, Luba, República Democrática do Congo, século XIX.

Grupo estilístico. Ex: Arte sudanesa. Porta de celeiro, arte Dogon, Mali, acervo MAE-USP Topo de máscara "tyi-wara", arte Bambara, Mali, acervo MAE- USP

Há uma profusão de imagens antropomórficas esculpidas a que se chama de "ancestrais“. Normalmente, mas nem sempre como se divulga através de publicações, eram relacionadas, e usadas, no culto de antepassados. Figura Ancestral Hemba, República Democrática do Congo, século XIX

Os chamados "fetiches", colocados em oposição aos "ancestrais", são objetos, esculpidos ou não, constituídos de vários materiais agregados. O conceito de fetiche é discutível, pois, significando "coisa feita", é relacionado sempre à magia e a feitiçaria num sentido distorcido. Estatueta "buti", do tipo chamada de "fetiche", arte teke, Republica Democrática do Congo, acervo MAE-USP.

Figuras antropomórficas em estátuas e estatuetas, onde se ressaltam cabeça, mãos e pés, seios, ventre, orgãos sexuais (todos considerados, de um modo geral, centros de força vitais). Topo de máscara, arte senufo, Costa do Marfim, acervo MAE-USP. Estatueta "akua-ba", arte ashanti, Gana, acervo MAE-USP

Arte Utilitária Montagem de objetos utilitários com decoração típica, arte kuba, Republica Democrática do Congo, acervo MAE-USP.

Iconografia e provérbios: a transmissão de idéias do povo Ashanti, Gana. “A extensão total do sapo só é visível após sua morte", que pode ser interpretado como: o valor de um homem não pode ser devidamente reconhecido durante sua vida. “O quiabo não mostra suas sementes através da pele", significando que há mais na mente humana do que mostra sua face). Outras imagens são simples metáforas (ex. a cobra enrolada traz a mensagem de alerta, perigo).

Legitimação de poder Por exemplo, o peixe bagre era freqüentemente usado como símbolo real. Um peso bastante documentado representa um crocodilo e um bagre. Este peso está associado ao seguinte provérbio: "se o bagre engole algo precioso, ele o faz para seu mestre", ou seja, qualquer coisa que o bagre pega/come, volta para o crocodilo, que é o seu predador natural ou, entendido de outra forma, o seu "superior" natural (McLeod, 1971).

Pesos para medir ouro Pesos de latão para medição de pó de ouro, arte ashanti, acervo MAE Figura antropomorfa.

Figura geométrica.

Figura zoomorfa.

À representação de escorpião, é atribuído o seguinte provérbio: "Se o escorpião pica uma boa mãe, a dor continua ate que o coração esfrie", ou seja, "se há uma pessoa problemática na casa, não haverá paz até que ela parta".

Ilustração das etapas da fundição de um par de "edan" pela técnica da cera perdida, arte ogboni/ioruba, Nigéria, acervo MAE-USP.

Outra coisa deve ser lembrada: a arte africana é um termo criado por estrangeiros na interpretação da cultura material estética dos povos africanos tradicionais, diferente das artes plásticas da África contemporânea que se integram, como as nossas, brasileiras e atuais, no circuito internacional das exposições. Na próxima apresentação veremos um pouco da Arte Egípcia.

Bibliografia http://www.arteafricana.usp.br/index.html Há muitas outras modalidades da arte africana que dominam, junto com essas, a gênese de uma história da arte africana, mesmo que sempre apartada da história universal da arte. Por isso, não deixe de conferir a linha do tempo da história da arte no continente africano proposta pelo Museu Metropolitano de Nova Iorque. http://www.metmuseum.org/toah/hm/02/af/hm02af.htm.