TÉCNICA, POLÍTICA E GESTÃO DE TRANSPORTES NO BRASIL Luiz Afonso dos Santos Senna, PhD Seminário Revista Estradas – Maio 2005.

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Transcrição da apresentação:

TÉCNICA, POLÍTICA E GESTÃO DE TRANSPORTES NO BRASIL Luiz Afonso dos Santos Senna, PhD Seminário Revista Estradas – Maio 2005

Telégrafo

Primeiro Telefone de Bell

Executivo da Motorola apresenta telefone celular em Nova York

Canal cruzando rio na Inglaterra (século XIX)

Linha de montagem do modelo Ford T

Linha de montagem- Cirurgias de Cataratas sendo conduzidas na Índia em “linha de produção” e escala industrial

Comparação entre navios petroleiros contemporâneos e da II Guerra Mundial Modern VLCC (305 m) T2 Tanker (153 m)

Primeiro avião dos Irmãos Wright

Douglas DC-3

Boeing 707

Boeing 747

Shinkansen

Trem Maglev, Shanghai 2003

Sistema ULTra (Urban Light Transport), Cardiff, UK

Turbinas de energia eólica no mar (GE)

Sketch para um helicóptero – Leonardo da Vinci (1483)

Porque bebês não são bidimensionais... Phillips

AS RODOVIAS AO FINAL DO PRIMEIRO QUARTO DO SÉCULO XXI

Dificuldade de falar sobre o futuro... Artigo de William Baumol no Economic Journal.... Porém é um belo desafio

Roman Road Network, 200 AD 500 km Atlantic Ocean Red Sea Black Sea Adriatic Sea Mediterranean Ocean

Development of Operational Speed for Major Transport Modes, (km per hour) Stage Coach Rail Automobile TGV Propeller Plane Jet Plane Liner Clipper Ship Containership Road Maritime Rail Air

Heranças do Século XX História e possibilidades edificadas sobre catástrofes, crises e incertezas Desigualdades sociais (fosso ampliado entre ricos e pobres) Globalização

Heranças do Século XX Internet (A globalização é uma “coisa da internet”) Alta tecnologia libera o capital para sobrevoar fronteiras nacionais, permitindo que mercados e empresas tornem-se globais de forma extremamente veloz Métodos just-in-time Eficiência em todos os setores da economia (custo Brasil) – empresas tornaram-se eficientes e agora movimento é de eficiência nos transportes Redução dramática das distâncias

Mapas tempo-espaço – Interação entre espaço e tempo cartograficamente – Leva a distorções em relação aos mapas com que se está familiarizado

Base map (60 km/h) Familiar Base (60 km/h)

Rail travel times 1993 Tempos viagem ferroviários em 1993

Rail travel times 2020 Tempos viagem ferroviários em 2010

Redução das distâncias  Mega Projetos de infraestrutura (e que a logística pode ser tambem incluída)  “Great war of independence from space”  Paul Virilio (pensador) fala do “fim da geografia”  Enquanto outros falam da “morte da distância”  Bill Gates e Bruzelius falam em “frictionless society”, que significa um estágio quantitativamente diferente de desenvolvimento econômico e social

Neste desenvolvimento: “Infraestrutura” passa a ser uma palavra gêmea de “tecnologia” Infraestrutura deixa rapidamente de ser uma simples pré-condição para produção e consumo e passa a ser parte da essência destas atividades (internet,ela mesmo passa a ser o “produto”) entregas just-in-time e acesso à internet são dois espetaculares exemplos

Infraestrutura É o grande “encurtador” do espaço (shrink) Poder, riqueza e status crescentemente pertencem àqueles que sabem como “encurtar” o espaço ou como se beneficiar do espaço “encurtado” Competitividade sistêmica do cluster Brasil

Infra-estrutura Paralelo entre as diversas infra-estruturas Setores energia, telecomunicações, água e saneamento, portos, etc... Essencial para a discussão conceitos econômicos como economia de escala, de escopo e de integridade de rede Reforma do estado

Custos Logísticos no Brasil Custos logísticos no Brasil estão estimados em torno de 20% do PIB, quase o dobro do nível dos países da OECD… ….afetando a integração do comércio e o desenvolvimento do país Logistics Costs as a share of GDP Source: Sima UNCTAD/World Bank - Trade Facilitation Seminar

Logística no Brasil  Road network is relatively poor … UNCTAD/World Bank - Trade Facilitation Seminar  … and in bad conditions:  3.4% of the production of non- exporting and 1.6% of exporting firms’ are lost annually due to transport failures, (Brazil- ICA, 2004) Roads, paved (% of total roads) var Brazil % Chile % Latin America & Caribbean % Indonesia % Korea, Rep % Philippines % Thailand % OECD -- High income %

Qualificação do setor Necessidade de reduzir as diferenças entre o “estado da arte” e o estado da prática Infelizmente no Brasil, transporte tem sido uma espécie de “área de segunda divisão” Ministros e autoridades da área geralmente conhecem o setor somente ao final da gestão Programas de governo para a área são desconexos Próximas eleições presidenciais e estaduais devem considerar seriamente o setor.... De forma geral a área é Ruim e pouco aporte intelectual, ao contrário de outras áreas da infra- estrutura como telecomunicações, energia, e inclusive água e esgoto....

ProjetoCustos de construção ultrapassados em (%) Tráfego atual como percentagem do tráfego previsto, no ano de abertura do projeto Humber bridge, UK Channel Tunnel, UK, France 8018 Baltimore metro, USA 6040 Tyne and Wear metro, UK 5550 Portland metro, USA 5545 Búfalo metro, USA 5030 Miami metro, USA 3515 Paris Nord TGV, France 25

Competitividade Aumento na competição global e o reconhecimento que infra-estrutura é elemento fundamental para a “eficiência sistêmica dos países” levou governos a transformar os serviços básicos para atender às necessidades do setor produtivo No futuro, expectativa é que a necessidade de ser competitivo seja ainda maior

Questão Básica Como sustentar crescimento econômico? Vinculação entre infra-estrutura e crescimento econômico (embora não se tenha certeza da direção na relação causal) – Oferta inadequada e falta de confiabilidade pode inibir investimentos do capital produtivo ou restringir/reduzir output – Obviamente, “over-investimento” também é indesejado, ensejando ainda necessidade de planejamento estratégico

Necessidade de Eficiência Tradicionalmente países utilizavam Estatais Modelo se mostrou ineficiente, particularmente nos países em desenvolvimento Paises em desenvolvimento – instituições ainda não são livres da intervenção governamental com finalidade política A combinação dos papéis de Proprietário, Regulador e Operador concentrada em uma única entidade (governo) sistematicamente leva a uma performance pobre

Novos Paradigmas Nos anos 80 e 90 liberalização das políticas de transportes – Processo de participação privada na provisão de infra- estrutura – Retorno a um ponto aproximadamente 50 anos atrás, quando houve nacionalização de serviços Questões Ambientais Porque estratégias dos governos incluem a participação privada Escassez de orçamento (Cide-Ministra) Necessidade de investimentos–continuidade!

Formas de PPPs O espectro de financiamento varia desde oferta totalmente público até a completa privatização através da venda de companhias. No meio, existem diferentes formas de prover parcerias público-privado.

Formas de PPPs CAO (Contract-Add-Operate), Super Turnkey and Operations and Maintenance Contract:. Régie Interessée: Affermage: LDO (Lease-Develop-Operate): RTO (Rehabilitate-Operate-Transfer): DBFOT (Design-Build-Finance-Operate- Transfer):

Formas de PPPs BOT (Build-Operate-Transfer) – ((BOT))… BLOT (Build-Lease-Operate-transfer): BTO (Build-Transfer-Operate): BOO (Build-Own-Operate): BBO (Buy-Build-Operate): Shadow Toll (muitas críticas….)

QUESTÕES INSTITUCIONAIS AGENTES ENVOLVIDOS – Governo – Agência Reguladora – Usuários – Concessionários

Usuários Empresas Governo AGÊNCIA

Tecnologia Próximas décadas haverá forte aporte tecnológico Rodovias abertas serão “fechadas” eletronicamente Influência sobre indústria automobilística – veículos mais equipados Rodovias serão equipadas Segurança viária (sensores, etc...) Rodovia perdoa (tira da via e passa para o veículo)

Síntese do cenário em 2022 Ambientes políticos democráticos – Reformas deverão ser feitas em sociedades abertas (Chile, Coréia, China...) Usuários e consumidores em geral serão muito mais exigentes Fosso social ainda não terá sido eliminado e necessidade de custos baixos para insumos à produção será ainda maior pelo aumento da globalização – Tarifas deverão ser sempre módicas

Síntese do cenário em 2022 (ABDIB) Rodovias serão consideradas serviços (como as demais utilities) – Participação de investimentos privados será substancial no provimento de serviços de infra-estrutura rodoviária – Sofisticação dos serviços Forte aporte de tecnologia tanto nos veículos quanto nas vias Grandes oportunidades de novos negócios

Quanto ao Brasil Dependerá da velocidade com que sejam consolidadas as reformas – Planejamento estratégico (multimodalidade, mas com todos os elos eficientes...) – Institucionais – Redução dos “gaps” em relação aos principais blocos econômicos

Quanto ao Brasil Desafio é: como sustentar taxas esperadas de crescimento? (México) Lembrar exemplos de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul (revolta dos carroceiros) – Programa de concessões possibilitou uma logística eficiente – Em princípio os Estados estão preparados para sustentar taxas de crescimento, embora não tenha concluído o programa.... – Porém, dificilmente haverá espaço para atitudes intempestivas como as do Paraná e do Rio Grande do Sul Mas e quanto ao restante do país ?

Entrepreneurship 2-Consolidation 3-Regulation of fee and franchises 4-Decline in profitability 5-Withdrawal of capital and services 6-Public takeover 7-Public subsidies 8-Declining efficiency 9-Dilemma of subsidy cuts, fee increases and service cuts 10-Privatisation The wheel of privatisation and nationalization (Source: Gomez-Ibanez and Meyer, 1993 – Going private)