Presença negra no Paraná

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Transcrição da apresentação:

Presença negra no Paraná Até 1853 o território paranaense fazia parte da Província de São Paulo. A fundação da capital paranaense, Curitiba, atribuída a Ébano Pereira, data de 1654. Elevada a capital da província em 1853 ganhou importância que até então não tinha, sendo à época, Paranaguá a principal cidade. Theodoro de Bona, Fundação de Curitiba, óleo sobre tela (5,00 X 2,60 m), 1948

- A presença negra em território paranaense é detectada ainda no início de sua “ocupação” por imigrantes portugueses, “marginalizados sociais, colonos ou aventureiros” (Sérgio Odilon NADALIN, 2001, p. 35), na segunda metade do século XVI, por volta de 1570-80. - Dois grupos principais foram identificados por Horácio Gutierrez: Bantos e Sudaneses. Entre os Bantos havia pessoas de origem Benguela, Angola, Congo, Rebolo, Cassange e Cabinda.

O Porto de Paranaguá foi porta de entrada para milhares de africanos/as escravizados/as. A partir de 1830 com a proibição oficial do tráfico de pessoas escravizadas, muitas foram emancipadas dos navios apreendidos no porto de Paranaguá, sendo consideradas oficialmente livres. “...participavam ainda desse ‘infame comércio’, as localidades de Guaraqueçaba, Antonina, Superagui e Guaratuba” (Adriano Bernardo Moraes de LIMA, 2011, p. 104, grifo do autor).

Durante o regime escravista a população negra exercia as mais variadas funções, tanto na cidade quando na zona rural e dominavam técnicas de tecelagem e costura, teciam rendas finas de bilro, fabricavam roupas e objetos em couro, extraiam e fundiam o ouro na região de Curitiba, fabricavam e tocavam instrumentos musicais, conheciam técnicas de entalhe em madeira e também de arquitetura. A música e a dança faziam parte de suas celebrações religiosas e de suas festas, embora a Congada, o Batuque, a Dança de São Gonçalo e a Capoeira fossem “especialmente reprimidas” (Etelvina Maria de Castro TRINDADE; Maria Luiza ANDREAZZA, 2001, p. 27)

Arquitetura Em relação à arquitetura, a contribuição mais conhecida dos povos africanos no Brasil está associada à introdução de técnicas construtivas que usavam o adobe e a taipa de mão usadas tanto nas áreas rurais quanto urbanas. Aqui no Paraná, nas primeiras igrejas construídas, as informações que dispomos não fazem menção à utilização da taipa, mas afirmam que se trata da iniciativa da população negra. Em 1578, organizada em irmandade, construiu em Paranaguá a primeira igreja do país em homenagem a Nossa Senhora do Rosário. Igreja de São Benedito dos Negros - Paranaguá (1600/50) Igreja de Nossa Senhora do Rosário – Paranaguá (1578)

A Igreja do Rosário, em Curitiba, inicialmente chamada de Igreja do Rosário dos Pretos de São Benedito, foi patrocinada, projetada e construída por pessoas negras, em 1737. Em estilo colonial, era maior e mais bonita que a igreja matriz, construída em madeira onde os/as negros/as não podiam entrar. Provavelmente foi a segunda igreja construída na capital paranaense, pois entre 1875 e 1893 serviu de igreja matriz enquanto a nova catedral era construída. “Aos onze dias do mês de setembro do ano de mil oito centos e dois faleceo da vida prezente Bárbara viúva q ficou de Constantino Cabral, morreo de par tema Recebeo todos os Sacramentos menos o da Eucaristia por morar longe, não, fez testamento por não ter deque foi enterrada na Capela do Rozário, encomendada por mim. Morreo de Sincoentaanos mais ou menso, e para constar fis este assento. O Vigário Jozé Barbosa de Brito” (Silvio Adriano WEBER, p. 35, 2005)

Pessoas negras, escravizadas ou não, também eram sepultadas em capelas que não pertenciam as irmandades negras: “Aos vinte, e hum de Dezembro de mil oitocentos, e dous, falleceo da vida prezente sem Sacramentos, por morrer de huma facada Innocencio, Solteiro, de treinta e Seis annos de idade, escravo do Capitão mor Jose Carneiro dos Santos. Foi encomendado, e Seo Corpo Sepultado na Capella de Tamanduá, disctricto desta Freguezia da Villa de Coritiba. Do que para constar faço este assento. Pelo que me foi remettido” (WEBER, p. 35, 2005). Tamanduá foi desmembrada de Curitiba e elevada à condição de freguesia em 20 de março de l8l3. Hoje é o município de Balsa Nova. A “Capela de Tamanduá” a que se refere o autor é a IGREJA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DO PILAR DE TAMANDUÁ, construída em 1730.

JEAN BAPTISTE DEBRET, CURITIBA, AQUARELA, 1827 A falta de pesquisa nessa área, aqui no Paraná, impede-nos, por exemplo, de identificar quem eram os arquitetos, os mestres- pedreiros e os artistas que decoravam as igrejas patrocinadas pelas irmandades negras que atuaram em várias regiões, principalmente nas cidades litorâneas. Mesmo assim, é possível afirmar que os construtores negros dominavam técnicas variadas de construção, inclusive com pedras.