HISTÓRIA DA PALAVRA ESCRITA

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Transcrição da apresentação:

HISTÓRIA DA PALAVRA ESCRITA Edimar Sartoro E-mail: edimarsartoro@gmail.com

Mesopotâmia

Sítio : Xique-xique IV - Seridó - RN A pintura rupestre é uma tentativa do homem de fixar aspectos do mundo em que vivia em um suporte situado fora de seu próprio corpo – cérebro;

Pictogramas: pré-história da escrita Para Tezzari (2005), a escrita como representação gráfica da linguagem passou por inúmeros estágios: A escrita pictográfica (picto = pintura + grafia = escrita) representou o estágio mais elementar. Nessa forma, figuras (desenhos, pinturas) eram utilizados para lembrar a forma física de um objeto. Isto é, representavam objetos, não palavras; Pictografias atuais: Pictogramas são signos-objeto.

Escrita pictórica em diferentes civilizações Cada pictograma tinha um significado. Eles permitiam fixar o pensamento. Porém, o pictograma homem não era suficiente para representar todos os significados do conceito homem. A escrita egípcia é chamada de hieroglífica: os sinais funcionavam como fonogramas e outros que funcionavam como ideogramas

Tábua pictórica encontrada em Uruck, Mesopotâmia – 3.300 a.C

Anúbis “Eu fiz a minha tumba com a bênção do Rei” “Adorar Amon na escadaria”

Ideogramas: pré-história da escrita O termo “ideograma" é originário do grego idea (idéia) e gramma (algo desenhado ou pintado). Nos ideogramas os caracteres da escrita em si mesmo não tinham sentido, a significação vai além da representação imedita. Quando o homem desenhava uma ave voando, poderia dar a idéia de liberdade, mas não da ave em si. Ideogramas são signos-palavras.

Frente a essa limitação, juntava-se dois pictogramas para representar uma terceira. Ex. mulher Mulher divina Princesa Mulher em Chinês Qual Será o Significado?

Escrita fonográfica Uma nova forma de escrita surge quando os sinais passam não mais representar os seres e objetos, mas o som da fala. Temos a passagem do pictográfico ao fonográfico: uma revolução.

Está tabula de argila datada de 2600 a.C, contém o registro da mudança mais significativa que ocorreu na história da escrita. Registro da transação de grãos de sevada. Símbolos que Representam o som da fala – fonéticos. Os dois símbolos tem significados individualmente, mas juntos não representam nada. Provavelmente os sinas formam um nome.

Os sumérios e os egípcios começaram a usar pictogramas, designando não o objeto por ele representado, mas um outro objeto cujo nome lhe era foneticamente semelhante. Portanto, signos que lembram palavras pelo som e não pelo significado, passam a ser usados para o resgistro da escrita; + = + =

Esse sistema também é chamando de logogrifo – signos que expressam a fala; Essa placa marca no nascimento da escrita silábica; Da escrita figurativa passou-se à fonética silábica: cada sinal representava o som de uma ou mais sílabas. O ideograma perde seu valor pictórico e passa a ser uma representação fonética. A partir daí, palavras podem ser representadas por signos.

Escrita cuneiforme: primeiro sistema de escrita da humanidade A escrita cuneiforme representa o mais antigo sistema de escrita de que se tem registro. Ela apareceu na região da Mesopotâmia – atual Iraque; O Mito de Gilgamesh

Escrita cuneiforme A escrita cuneiforme começou como um sistema pictográfico em que representava formas do mundo; por praticidade essas formas foram se tornando mais simples e abstratas. Essa escrita era composta de 600 caracteres, representando palavras ou sílabas e se estendeu aos povos assírios, babilônicos e persas, que a desenvolveram até o século I a.C. A escrita cuneiforme baseava-se  numa fonética silábica.

O Código de Hamurabi é um dos mais antigos conjuntos de leis encontrados. Estima-se que tenha sido escrito por volta de 1.700 a.C. e é considerado um dos documentos mais bem conservados. Código de Hamurabi, possui cerca 280 artigos. - Hamurabi foi um rei bailônico no 18º século A.C.

Preceitos do código Se um homem bater em seu pai, terá as mãos cortadas Se um homem furar o olho de um homem livre, ser-lhe-á furado um olho.

O texto registra um decreto do corpo sacerdotal do Egito, em 196 a O texto registra um decreto do corpo sacerdotal do Egito, em 196 a.C sob o reinado de Ptolemeu V (205 a 180 a.C.). Escrito em dois idiomas: Egípcio Tardio e Grego. O texto em antigo egípcio foi escrito em duas versões: hieróglifos e demótico, esta última uma variante cursiva da escrita hieroglífica. O texto possui 14 linhas escritas em hieróglifos, 54 linhas em grego e 32 em demótico egípcio.

Escrita alfabética Em torno do ano 1500 a.C., começou a formar-se no seio da cultura semita, provavelmente na Síria, a escrita alfabética. A invenção do alfabeto é uma revolução na história da escrita. Alfabetos são sistemas de escrita puramente fonéticos, ou seja, cada símbolo representa um som (ou mais de um); O alfabeto é um sistema totalmente abstrato, ou seja, uma convenção. Não há ligação entre os significados e a representação gráfica do texto.

“Primeiro” alfabeto da historia humana Cada signo designa uma letra, como nos alfabetos modernos. XIV a.C

Alfabeto Fenício Todos os alfabetos usados atualmente no ocidente derivam do alfeto fenício.

Alfabeto Fenício Nascimento: Entre os séculos XIII  e XI a.C. Lugar onde surgiu: Oriente Médio, nas antigas cidade de Biblos e Tiro; Número de símbolos: 22 Sentido de leitura: Da direita pra a esquerda; Funcionamento: Consonantal.

Alfabeto hebraico

Nascimento: X século a.C Lugar onde surgiu: Oriente Médio Número de símbolos: 22 Algumas línguas que o utilizam: hebraico, aramaico, ídiche, judeu-espanhol, judeu-árabe, etc Sentido de leitura: da direita para a esquerda Sistema: Consonantal.

Alfabeto Grego

Nascimento: aproximadamente VII século a.C; Lugar onde surgiu: Grécia Número de símbolos: 24 letras Línguas que o utilizam: grego, e os extintos antigos jônico e dórico. Hoje é usado para a linguagem científica e matemática. Sentido de leitura: originalmente da  direita para a esquerda; a partir do século V a.C., da esquerda para a direita Funcionamento: Alfabético. Foi nesse sistema que foram inventadas as vogais.

É do alfabeto Grego que nasce o alfabeto latino. O Império Romano foi decisivo no desenvolvimento do alfabeto ocidental, por criar um alfabeto formal realmente avançado, e por dar a adequada difusão a este alfabeto por toda Europa conquistada, já que muitas línguas que não tinham sistema próprio de escritura adotaram o alfabeto romano ou latino.

Alfabeto Árabe

Nascimento:  Entre o V e o IV século depois de Cristo Lugar onde surgiu: Arábia Número de símbolos: 28 símbolos Línguas que  o utilizam: árabe, persa, turco-otomano, malaio, urdu, e numerosas línguas africanas Sentido de leitura: da direita para a esquerda Funcionamento: Consonantal. Ainda em uso.

Alfabeto Romano

Nascimento: século V a.C. Lugar onde surgiu: Itália Número de símbolos: 19 letras originalmente, mais outras foram acrescentadas. Línguas que o utilizam: Inicialmente, línguas neolatinas e, atualmente, um grande número de línguas em todo o mundo. Sentido de leitura: atualmente, da esquerda para a direita Funcionamento: Alfabético. Atualmente em uso.

Revoluções na história da leitura Conforme Chartier (1999), os historiadores da cultura escrita designaram diversas revoluções nesse campo, algumas têm a ver com a técnica de reprodução dos textos, outras com a forma do próprio livro, o suporte em suas estruturas fundamentais.

1º revolução A primeira revolução ocorreu na Idade Média e esteve vinculada à passagem da prática oral de leitura, à prática silenciosa; “Embora ambos os estilos de leitura tivessem coexistido na antiguidade grega e romana, foi durante a Idade Média que a habilidade de ler em silêncio foi conquistada pelos leitores ocidentais” (CHARTIER, p. 23); Permitiu ao leitor/a um contato mais íntimo com a escrita.

2º revolução A segunda revolução ocorreu durante a era da imprensa (1468) : a sucessão da leitura intensiva para extensiva é o marco principal dessa revolução; O leitor intensivo interagia com um número pequeno de livros que eram lidos, relidos e transmitidos de geração a geração; Já, o leitor extensivo tinha obsessão por ler. “Eles liam rapidamente e avidamente, submetendo o que tinham lido a um julgamento crítico imediato” (CHARTIER, p. 25).

3º Revolução Texto eletrônico: a transmissão eletrônica dos textos e as maneiras de ler que se originam dessa modalidade de suporte apontam, atualmente, para uma terceira revolução. A imaterialidade das obras, nesse contexto, altera a relação física que existia entre objeto impresso e o leitor. Nas palavras de Chartier: “A passagem dos textos do livro impresso para a tela do computador é uma mudança tão grande quanto a passagem do rolo para o códex durante os primeiros anos da era cristã” (p. 28).

Conceito de leitura O que é leitura? Para Fachinetto e Ramos (2010, p. 2): “O ato de ler constrói-se a partir da relação que o homem estabelece com textos em seus diferentes suportes”. Ler é sempre uma construção: A leitura não está determinada diretamente pelos signos, nem por seu suporte. Lemos a partir de nossa história de vida, das experiências, dos conhecimentos que possuímos etc.

Na origem da palavra leitura, encontram-se três significados: 1) ler significa soletrar, agrupar as letras em sílabas; 2) ler está relacionado ao ato de colher, a leitura passa a ser a busca de sentidos no interior do texto, nessa concepção os sentidos vivem no texto, basta que eles sejam retirados, colhidos como uvas no vinhedo; 3) ler vinculado ao ato de roubar. Isto é, o leitor tem a possibilidade de tirar do texto sentidos que estavam ocultos, o leitor cria até significados que, em princípio, não tinha autorização para construir. Manguel (2007): “Toda a escrita depende da generosidade do leitor.”

Bibliografia BREU, Márcia (org.). Leitura, história e história da leitura. Campinas/ SP: Mercado de Letras: Associação de Leitura do Brasil; São Paulo: Fapesp, 1999. DARNTON, Robert. História da leitura. In: BURKE, Peter (Org.) A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo. UNESP, 1992. FACHINETTO, Eliane Arbusti; RAMOS, Flávia, Brocchetto. Reflexões Sobre a Leitura: Estudo de caso. Disponível em: <http://www.pucrs.br/edipucrs/online/vsemanaletras/Artigos%20e%20Notas_PDF/Eliane%20Arbusti%20Fachinetto%20e%20Fl%E1via%20Broccheto%20Ramos.pdf >. Acessado em: 28/05/2010. MANGUEL, Alberto. Uma história da leitura. 2ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. MATOS, Olgária. Discretas esperanças: reflexões filosóficas sobre o mundo contemporâneo. São Paulo: Editora Nova Alexandria, 2006.