PREVENÇÃO DO USO, ABUSO E DEPENDÊNCIA DE DROGAS

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Transcrição da apresentação:

PREVENÇÃO DO USO, ABUSO E DEPENDÊNCIA DE DROGAS José Florentino Coordenador de Atenção às Drogas Presidente do COMUDA Especialista em DQ Mestrando em Psiquiatria e Psicologia Médica

PREVENÇÃO Chegar antes, preparar, evitar (um dano ou um mal) impedir que algo se realize” Conjunto de atitudes destinadas a evitar a ocorrência de fatos indesejáveis

PREVENÇÃO Classificação antiga PRIMÁRIA – transmitir informações para que as pessoas posam evitar o aparecimento do problema (antes do uso e abuso). SECUNDÁRIA – Identifica o problema precocemente e propõe ações para evitar que o problema se agrave. (diminuindo os riscos do abuso e a chance de instalação de dependência). TERCIÁRIA – o problema já está instalado e os danos são claros, tratamento precoce ou que diminua os danos já causados (garantido tratamento aos abusadores, dependentes e familiares).

PREVENÇÃO Classificação atual UNIVERSAL - para atender todos os públicos e diversas situações. Ênfase em drogas em geral. Fortalecer os fatores de proteção. SELETIVA – especialmente às pessoas com maior risco; visa retardar ou evitar o uso de drogas; abordagem de problemas existentes; ou potenciais de risco; ou grupos específicos. INDICADA – quando já existe uso ou abuso e há a percepção de prejuízos existentes e/ou futuros.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE ATITUDES SAUDÁVEIS BEM INFORMADA BOA SAÚDE QUALIDADE DE VIDA SATISFATÓRIA BEM INTEGRADA: FAMÍLIA E SOCIEDADE DIFÍCIL ACESSO ÀS DROGAS ATITUDES PATOLÓGICAS INFORMAÇÕES INADEQUADAS SAÚDE DEFICIENTE INSASTIFAÇÃO COM QUALIDADE DE VIDA DISFUNÇÃO FAMILIAR E/OU SOCIAL ACESSO FACILITADO ÀS DROGAS

DIFICULDADES CARDEAIS Aspectos Geográficos do Brasil Disponibilidade de recursos Fatores Culturais Informação

Aspectos Geográficos do Brasil Dimensão Continental Fronteiras com os principais produtores de drogas ilícitas Extensão de fronteiras terrestres – igual à distância de Nova Iorque a Los Angeles e de Lisboa a Moscou! Diversidades Regionais Diversidades Socioeconômicas

SOMA DE NOVA YORK A LOS ANGELES E DE LISBOA A MOSCOU = 7836 KM FRONTEIRAS COM OS TRES MAIORES PRODUTORES DE COCAÍNA DO MUNDO = 6603 KM E COM UM DOS MAIORES DE MACONHA = 1290 KM TOTAL = 7893 KM

Disponibilidade de recursos Falta de real percepção da gravidade do problema – baixas verbas Insuficiência de recursos humanos preparados para trabalhar nas várias etapas de atenção Desarmonia conceitual – conflitos entre serviços e profissionais Articulação entre vários setores praticamente inexistente

Fatores Culturais Preconceitos - variados Mitos Maneira como o Álcool, em especial, é encarado no cotidiano da sociedade Diálogo entre gerações marcado por dificuldades de tolerância e de critérios educacionais Percepção equivocada de experiências do passado e de outros países

Informação Propaganda de produtos Informações desencontradas Preconceitos reforçados pela mídia Atenção à infância e adolescência Conceitos de droga restrito às ilícitas Propostas de ações baseadas em critérios não científicos

OS PROGRAMAS DE PREVENÇÃO Devem ser planejados para facilitar os fatores de proteção e reverter ou reduzir os fatores de risco conhecidos. Devem se dirigir a todas as formas de drogas de abuso(incluindo álcool, tabaco, maconha e solventes). Devem promover habilidades sociais, além de atitudes contrárias às drogas. Fonte: Slobda & David, 1997 – de Nicastri & Paula Ramos, 2001.

OS PROGRAMAS DE PREVENÇÃO Quando dirigidos ao público adolescente, devem incluir métodos interativos(como discussões em grupo, lúdicos), ao invés de técnicas didáticas convencionais(como palestras) isoladamente. Devem incluir os pais ou responsáveis. Devem ser de longo prazo. Quando dirigidos à família, têm maior impacto do que estratégias voltadas aos pais ou jovens isoladamente. Fonte: Slobda & David, 1997 – de Nicastri & Paula Ramos, 2001.

OS PROGRAMAS DE PREVENÇÃO Devem fortalecer as normas sociais contra o uso de drogas em diversos contextos, tais como a família, a escola e a comunidade. Devem ser adaptados para atender à natureza específica do problema com drogas da comunidade local. Devem ser mais intensivos se os riscos para uso de substâncias forem mais elevados. Devem ser específicos para as diferentes idades e culturas. Fonte: Slobda & David, 1997 – de Nicastri & Paula Ramos, 2001.

Effectiveness of Interventions and Alcohol Policies: What Works, What Doesn’t THOMAS F. BABOR

Impostos e taxas

Regulamentação da oferta

Modificando o ambiente de bebida

Medidas no Beber e Dirigir

Educação e Persuasão

Programas de Prevenção em Escolas Programas que se apóiam primariamente no aumento do conhecimento das conseqüências do beber não são efetivos. Programas efetivos freqüentemente: Incluem aplicação de normas. São baseados em modelos de influência social. Focam nas pressões sociais e no aprendizado de habilidades de resistência. Incluem informações apropriadas ao nível de desenvolvimento. Incluem componentes ligados ao grupo(“turma”). Garantem treinamento dos educadores. São interativos. Alcohol and Development in Youth: A Multidisplinary Overwiew – NIAAA 2004/2005

Regulamentação da propaganda

Diminuição do consumo em países que proibiram a publicidade do tabaco Data da proibição Diminuição do consumo até 1996 Noruega 01/07/1975 -26% Finlandia 01/03/1978 -37% Nova Zelandia 17/12/1990 -21% França 01/01/1993 -14% Joossens, L. (1997)

Evidências da relação entre publicidade e consumo Os anúncios publicitários do álcool tem um efeito significativo no incremento do consumo de álcool entre adolescentes (Grube, Madden & Friese, 1996). Um incremento de 5 minutos na exposição a anúncios de álcool se relaciona com o aumento de consumo de 5 gramas de álcool ao dia (Strickland, 1982). O consumo de álcool dobra entre aqueles submetidos a uma alta exposição a anúncios de bebidas (Atkin & Block, 1984).

Evidências da relação entre publicidade e consumo As “crianças” entre 10 e 14 anos expostos a anúncios de cerveja tem ideias mais favoráveis em relação a ela e manifestam, en maior medida, sua intenção de beber quando são maiores (Grube & Wallack, 1994). Estudo longitudinal (Connolly): um estudo realizado na Nova Zelândia avaliou o consumo de cerveja aos 18 anos com a exposição a anúncios publicitários aos 13 anos (cinco anos antes). Não houve diferenças quanto à frequência do consumo mas os jovens que estiveram mais expostos referiram beber maior número de cervejas em cada ocasião.

Evidências da relação entre publicidade e consumo 56% dos estudantes dos USA, de 5º a 12º grau reconhece que a publicidade de bebidas alcoólicas os anima a beber (Academia Americana de Pediatria, 2001). O impacto da publicidade no consumo de bebidas alcoólicas em adolescentes é maior entre os meninos (Collins et al., 2003). 34% dos jovens que começam a fumar tabaco se deve à promoção deste (Pierce, 1998).

DEVEMOS CONSIDERAR: Álcool é a primeira droga de escolha entre adolescentes nos EUA(NIDA). Consumo de álcool antes dos 15 anos causa quatro vezes mais dependência que o início após os 21 anos de idade. Adolescentes bebem menos freqüentemente que adultos porém bebem mais em cada ocasião. Álcool está entre as principais causas de morte dos 10 aos 24 anos: acidentes automobilísticos, ferimentos não intencionais, homicídio e suicídios. Propaganda da cerveja na TV, 2002: US$ 972 milhões (aumento de 45% em relação a 1998) (CSPI 2003). Jovens assistem 49% mais propagandas de cerveja que adultos e 27% mais quanto aos destilados(CAMY 2004). Propaganda objetiva aquisição de novos consumidores além da retenção das marcas e produtos.

Melhores práticas Idade mínima legal de compra Monopólio legal de vendas Restrição de horas e dias de vendas Restrição na densidade de pontos de vendas Impostos e taxas sobre o álcool Pontos de checagem de sobriedade Diminuição dos limites de alcoolemia Suspensão administrativa das habilitações Habilitação gradual para novatos Intervenção breve para bebedores problema

Práticas menos efetivas Código voluntário de atendimento – bares e restaurantes Promover atividades sem álcool Educação nas Escolas Educação para Universitários Serviço de Mensagens ao Público Rótulos de advertência “Motorista da vez” ou serviços especiais de transporte

CONCLUSÕES A diferença entre as boas e más políticas sobre o álcool não é uma abstração, mas frequentemente uma questão de vida ou morte. As pesquisas são capazes de apontar quais estratégias são mais adequadas para as intenções de Saúde Pública e quais as menos efetivas ou até inúteis, enganosas e eventualmente com desperdício de recursos. Hoje, mais do que nunca, temos disponíveis oportunidades que são baseadas em evidências e melhor atendem o bem público. Medidas ineficazes ou mal avaliadas ainda são muito utilizadas. Devido ao álcool não ser um produto qualquer, a população tem o direito de esperar ações baseadas em evidências.