Em 7 de novembro de 2008 encerrou-se o ano comemorativo aos 700 anos de morte do representante máximo da Escola Franciscana: o beato João nascido em Duns na Escócia e conhecido com o nome de João Duns Escoto.

Na sua mente sempre está presente a última vontade do Santo de Assis: “ E eu, frei Francisco, pequeno e humilde, quero seguir sempre a vida e a pobreza do Altíssimo Senhor nosso, Jesus Cristo, e de sua Santíssima Mãe e perseverar assim até o fim.” Então, Cristo e Maria são os modelos a serem contemplados para compreender o mistério de Deus e de sua criação.

Escoto diz claramente que a vinda de Jesus não pode ter sido ocasionada pela queda de Adão. Não se pode pensar que a “Suma obra de Deus”, isto é: o homem Jesus, tenha tido o pecado original como motivo de sua realização. Tanto que se o homem não tivesse pecado (como afirmavam muitos teólogos medievais), Deus não se teria encarnado. A encarnação do Verbo não se deu por este motivo.

Escoto, então, reflete sobre a carta de São Paulo aos Colossenses na qual se diz: “...tudo foi criado por Ele e para Ele. Ele existe antes de todas as coisas e todas as coisas subsistem nele.” E também sobre a carta aos Efésios, na qual se afirma que o Pai “nos escolheu nele antes da criação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis diante de seus olhos. No seu amor, nos predestinou para sermos adotados como filhos seus por Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua livre vontade.

O doutor franciscano não duvida que o fim da criação é a encarnação do Filho de Deus (e não o pecado). A criação foi projetada para a vinda de Jesus, o cumprimento de tudo. Cada ser criado, encontra então, em Jesus seu sentido, o próprio fim de sua existência. Pelo Deus feito homem, a Trindade pode infundir o seu amor sobre todas as criaturas.

Mas, o homem e a mulher foram criados “à imagem e semelhança de Deus”, logo com a potencialidade de um amor que só se tornaria perfeito, depois e a partir da encarnação do Filho de Deus, que faz bater o coração de Deus no coração humano.

O pensamento de Escoto foi consagrado pelo dogma da Imaculada Conceição quando o beato, papa Pio IX, proclamou que Deus havia “pré-estabelecido, com um único decreto, a origem de Maria e a encarnação da divina Sabedoria.” O beato João Duns Escoto, veio assim reconhecido, como grande representante da Escola Franciscana, porque defendeu a doutrina da Imaculada Conceição antes, até que foi proclamado dogma da Igreja. Por este motivo, acima de todos os outros mestres da Igreja, só a ele cabe o título de “doutor da Imaculada”.

Autor: Frei Stefano Cecchin, OFM Título e tradução: Frei Estêvão Ottenbreit, OFM Formatação: Ir. Sandra Cristina, OIC Hino: Recebe, Virgem Maria (Irmãs Concepcionistas – Mosteiro de Bauru)