Grupo Poéticas Digitais

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Transcrição da apresentação:

Grupo Poéticas Digitais http://poeticasdigitais.wordpress.com/ http://www.cap.eca.usp.br/poeticasdigitais

Projeto Amoreiras Conta a lenda que uma princesa chinesa estava sentada embaixo de uma amoreira quando um casulo caiu em sua xícara de chá. Ao puxá-lo ela percebeu um delicado fio que se formava, dando origem ao fabrico da seda.   O doce de amora é nosso, - ou sempre achei que fosse - não é o chá, que vem das folhas, mas a mistura da própria fruta com açúcar da cana, rebuçado, nos longos cafés das tardes, agradando aos sentidos.

"Vou contar para o seu pai que você namora, Vou contar pra sua mãe que você me ignora, Vou pintar a minha boca do vermelho da amora, Que nasce lá no quintal da casa onde você mora..." Amora, de Renato Teixeira

  Cinco pequenas amoreiras serão plantadas, em grandes vasos, na Avenida Paulista em São Paulo. A captação da “poluição” será feita através de um microfone, que medirá as variações e discrepâncias de ruídos, como um sintoma dos diversos poluentes e poluidores. O balançar dos galhos será provocado por uma “prótese motorizada” (disposta ao redor do tronco de cada árvore que vibra, causando os movimentos nas folhas e nos galhos). A observação e o amadurecimento do comportamento das “árvores” serão possibilitados a partir de um algoritmo de aprendizado artificial. Ao longo dos dias, as árvores vão vibrar em diálogo com a variação dos fatores de poluição, numa dança de árvores, próteses e algoritmos, tornando aparente e de forma poética o balançar às vezes (in)voluntário-maquínico, às vezes através do próprio vento nas folhas.

Figura 1: No diagrama acima, (1) representa o computador, (2) o microfone (que captura o som ambiente) e (3) as 'árvores aprendizes'.

Aos primeiros sons da manhã, uma “árvore” responde à poluição que já começa a se depositar em suas folhas, movimentando-se para se livrar da sujeira. Quanto maior o ruído dos motores, das buzinas dos carros e do vozerio dos transeuntes na rua, mais a “árvore” se balança. As árvores novas e menores não sabem como lidar com esse ambiente de barulhos e humores. Elas não sabem como se balançar para espantar a sujeira da cidade – são as “novatas”. Mas elas são capazes de aprender em resposta ao ambiente e pela sobrevivência. Amoreiras é um projeto sobre autonomia, aprendizado artificial, natureza e meio ambiente. Os atores principais são cinco novas árvores na Avenida Paulista, centro cultural e econômico de São Paulo. Cinco pequenas amoreiras recém plantadas, que dão fruto vermelho, drupas compostas cilíndricas, infrutescências de textura suculenta, de sabor acidulado e agradável, que amadurecem na primavera. A árvore tem folhas cordiformes, denteadas, que servem de alimento ao bicho-da-seda, flores em amentilhos e frutos vermelho-escuros quase negros, comestíveis ao natural e muito apreciados em geléias; amora, amoreira-negra, amoreira-preta, mora. São árvores proibidas de plantio nas avenidas das cidades por poluírem suas ruas com folhas que caem nos bueiros e frutos que atraem passarinhos e mancham de maneira indelével as calçadas e roupas dos passantes.

Cada uma das cinco amoreiras tem uma prótese implantada, um dispositivo que visa suprir, corrigir ou aumentar uma função natural comprometida e assim garantir a sua sobrevivência. Prótese de metal, borracha e acrílico, conectadas a pequenos motores e a uma placa Arduíno no jovem tronco que vai vibrar em diálogo com a variação dos fatores de poluição. Cada árvore tem uma prótese similar, mas distinta em função de suas peculiaridades e anatomia.   Ao longo do dia, as “aprendizes”, inicialmente desajeitadas, pouco a pouco passam a reagir cada vez mais autonomamente em relação aos dados recebidos de poluição, balançando-se quando houver muito ruído (que será uma baliza para o reconhecimento do nível de poluição) e descansando quando a ameaça for menor. Até o final da tarde, já se nota diferença em seus comportamentos, mostrando que elas estão aprendendo e talvez também dialogando entre si, intercambiando dados numa dança de próteses maquínicas, varetas, borrachas e folhas.

Figura 2: Esquema da montagem das proteses vibratórias nas amoreiras, (1) Tronco, (2) mecanismo vibratório, (3) Motor e (4) placa Arduíno.

Descritivo Técnico   O Projeto Amoreiras consiste basicamente nos seguintes componentes: - 5 amoreiras - 3 microfones, que captarão os ruídos e funcionarão como sensores e coletores dos dados para as árvores; - 1 computador que gerencia os dados das 5 árvores e retransmite as informações; - 5 placas arduino bluetooth ; (uma para cada árvore) - 5 caixas de acrílico com 3 motores independentes, varetas e mecanismo de transmissão (uma para cada árvore). O comportamento de cada árvore é autônomo e acontece em resposta à intensidade do som ambiente, também sendo influenciada pela “personalidade” de cada árvore. A captura de som será realizada diretamente por um patch escrito no Pure Data, que enviará as informações para a aplicação principal, desenvolvida em Java, via OSC. Já a “personalidade” de cada árvore é definida por duas variáveis, sorteadas no início de cada dia, que definem o quanto cada árvore irá buscar imitar as suas companheiras (ignorando os estímulos sonoros) e o quanto o seu comportamento será perturbado de forma aleatória.

Cada árvore tem um algoritmo que determina como ativar os seus motores (via Arduíno) de acordo com a atividade sonora. De uma maneira geral, quanto maior o ruído, maior atividade (é importante ressaltar que há regras adicionais, como por exemplo, intensidade e extensão da vibração, para que os movimentos sejam suaves; limite de duração de tempo, período em que se pode balançar a árvore, de forma a não danificá-la). As árvores podem “ver” o comportamento das outras árvores, de modo que cada uma é influenciada pelo comportamento das árvores vizinhas. Esta capacidade é utilizada pelo algoritmo do trabalho para avaliar o comportamento de cada árvore – por comportamento nos referimos ao nível de ativação dos motores e sua relação com os das demais arvores.  Inicialmente o algoritmo é “não habituado”, o que leva a comportamentos "sem sentido" (por exemplo: as árvores balançam mesmo sem ruído). Um algoritmo de aprendizado monitora o banco de dados e observa constantemente o comportamento de cada árvore, compara com a atividade sonora e tenta adaptar o Algoritmo para agir de maneira similar. Isto é, o algoritmo de aprendizado tenta fazer com que o Algoritmo de cada árvore chegue ao mesmo nível de ativação que os das demais para uma dada intensidade sonora.

Para realização do algoritmo das Amoreiras estamos nos orientando pelos princípios do jogo da vida (http://en.wikipedia.org/wiki/Conway's_Game_of_Life). Isto é, temos um conjunto de regras simples com um resultado complexo. Entretanto, devemos observar que o comportamento final não é especificado pelas regras, apesar de derivar delas. Isto é, não há, no algoritmo, nenhuma especificação de "gliders" ou "blinkers". Há apenas as quatro regras de John Conway.   O que fazemos, é aplicar princípios de vizinhança ao processo de auto-avaliação das amoreiras. Isto é, o comportamento das duas (ou apenas uma, se a amoreira estiver em uma das extremidades) amoreiras adjacentes possuem um peso maior do que o das amoreiras mais distantes. Isto pode facilitar a ocorrência de comportamentos com possíveis combinações de acionamento dos motores.

Na prática, o resultado esperado é:   As árvores irão se balançar isoladamente, de vez em quando, de acordo com o ruído ambiente, de forma a livrar-se da poluição em suas folhas. As árvores irão agir de maneira inicialmente arbitrária e ao longo do dia passarão também a dialogar entre si, entrando cada vez mais em uma sintonia emergente. Algumas observações: Cada árvore, embora todas jovens, é um indivíduo. Seus motores e caixas-próteses são similares, mas não idênticas, para que se adaptem de forma adequada a cada uma das árvores, sem machucá-las. Ao término de cada dia, as “personalidades” das árvores são alteradas de maneira randômica, de forma a reiniciar o processo de aprendizagem. Isso impede que, a partir do primeiro dia, todas as árvores já estejam "em sintonia fechada" e não mudem mais de comportamento, mas que construam ciclos e ritmos emergentes e continuem ainda buscando distintas aproximações entre si. Todos os algoritmos citados acima a princípio são programados em Java rodando no computador. Por conta das limitações de processamento da Arduíno, e da sua incapacidade de armazenar dados, a placa só será usada como uma interface entre a aplicação desenvolvidda em Java e os motores. Também estão sendo utilizados o banco de dados MySQL, para registrarmos o comportamento de cada amoreira ao longo da exposição, e um pequeno sistema de monitoramento, escrito em PHP, que é acionado pela aplicação em Java em caso de erro. Ao ser acionado, o sistema de monitoramento envia e-mails aos integrantes do grupo, relatando o erro ocorrido.

  Projeto Amoreiras Exposição Emoção Art.ficial 5.0 Itaú Cultural, São Paulo, 30 de junho a 5 de setembro de 2010 O Grupo Poéticas Digitais neste trabalho está composto por Gilbertto Prado, Agnus Valente, Andrei Tomaz, Claudio Bueno, Daniel Ferreira, Luciana Ohira, Lucila Meirelles, Mauricio Taveira, Nardo Germano, Sérgio Bonilha, Tania Fraga e Tatiana Travisani. http://www.cap.eca.usp.br/poeticasdigitais http://www.youtube.com/watch?v=RORnRVp_ye0