O planejamento estatal e a produção do espaço amazônico: os projetos mineradores Geografia Regional IV – Amazônia Profa. Dra. Rita de Cássia Ariza da Cruz
Geologia da Amazônia Fonte: www.portalbrasil.net/brasil_geologia.htm
Fonte: www.geos.com.br/geos2.pdf
Amazônia: depósitos minerais Fonte: www.geos.com.br/geos2.pdf
Amazônia:principais depósitos minerais Fonte: Santos, Breno Augusto dos. In: Estudos Avançados, vol. 16 (2002)
Alguns recursos minerais Rondônia: cassiterita (estanho) Roraima: diamante e urânio Vale do Tapajós (PA): ouro Vale do Trombetas: bauxita + cobre, calcário, chumbo etc Amapá: manganês
Antecedentes históricos Liberalismo da década de 1940 1942: criada a Companhia Vale do Rio Doce – CVRD (atual Cia VALE) A Constituição Federal de 1946: não deixa explícito que os bens minerais eram uma propriedade da União 1947: a ICOMI (Indústria e Comércio de Minérios S/A), empresa brasileira: autorização p/ explorar manganês por 50 anos; 1950: por falta de recursos, a ICOMI associa-se à norte-americana Bethlehem Steel década de 1980: quando a problemática ambiental ganha visibilidade também no país, a empresa encerra sua atividades, antes de recuperar os danos ambientais
O Projeto Jari (1969) e a nacionalização internacionalizada Multi-milionário norte-americano Daniel Ludwig Municípios de Almerim (PA) e Mazagão (AP) A conivência dos governos militares (regulamentação de terras adquiridas por estrangeiros) Projeto florestal (produção de celulose) – agropecuário (arroz e criação de gado) e exploração mineral (caulim e bauxita). Oliveira, 1989
UMA AVENTURA TRANSOCEÂNICA O caminho percorrido pelas fábricas do Jari, do Japão à Amazônia, em 1978 Fonte: epocanegocios.globo.com/Revista/Epocanegocios/0,,EDG77547-8384-4-2,00-O+DESAFIO+DE+SALVAR+O+JARI.html
A face real do projeto Jari Desmatamento da floresta para implementação de espécies exóticas (gmelina arbórea e pinus caribea) Trabalho escravo Nacionalização internacionalizada “criada a Cia do Jari”, em 1982
O Estado autoritário e a produção do espaço O I PND (1972/74): pólos agropecuários e agrominerais; reorientação de fluxos migratórios NE-SE para NE-Amazônia; II PND (1974/79): aprofundamento da internacionalização da economia brasileira e da “entrega” da Amazônia ao K estatal/nacional e estrangeiro;
Os grandes programas de governo POLAMAZÔNIA/II PND-(Pólos agropecuários e agrominerais da Amazônia): promover o aproveitamento integrado das potencialidades agropecuárias, agroindustriais, florestais, em áreas prioritárias da Amazônia (vide mapa) Projeto Grande Carajás-PGC: criação de um complexo mínero-metalúrgico na Amazônia Oriental, envolvendo os eixos Carajás-Itaqui e Trombetas-Belém
O Polamazônia (1974) “...ancorava-se...numa visão de desenvolvimento regional que tinha por fundamento a necessidade de concentração espacial de capitais, capazes de produzir desequilíbrios e, em decorrência destes, impulsionar processos de desenvolvimento por meio do surgimento de uma cadeia de ligações para frente e para trás das atividades consideradas chave.” (Monteiro, 2005: 188)
Pólos integrantes do Polamazônia Carajás (ferro, principalmente) Trombetas (bauxita; ALCAN, MRN e CVRD, ALBRAS, ALUNORTE) Amapá (manganês e caulim; CADAM)
A internacionalização... CADAM (Caulim da Amazônia):Daniel Ludwig (US) ALCAN: Aluminium Limited of Canada MRN (Mineração Rio do Norte): ALCAN + CVRD + outras empresas internacionais ALBRAS, 1978 (Alumínio Brasileiro): 51% CVRD e 49% NALCO (Nippon Amazon Aluminium Co) ALUNORTE, 1978 (Alumina do Norte do Brasil): 60,8% CVRD e 39,2% NALCO ALUMAR, 1984 (Consórcio de Alumínio do Maranhão): ALCOA (US) + BILITON-SHELL (US)
O Programa Grande Carajás (1980) Formulado a partir do documento “Amazônia Oriental – Um projeto nacional de exportação” (CVRD) O projeto exportador e a dívida externa: exportação de recursos naturais → novas dívidas → pressão preços p/ baixo Oliveira, 1989
Ainda o PGC... O projeto Grande Carajás é criado, em 1980 (e extinto em 1991), com o intuito de coordenar a execução de projetos já existentes na área : Projeto Ferro Carajás Albras Alunorte Alumar Usina Tucuruí (Eletronorte, 1973) Monteiro, 2005
Os pontos “luminosos” que os brasileiros não conhecem Barcarena, PA (sede da Albras e da Alunorte) Laranjal do Jari, AP (Projeto Jari) Claçoene, AP (Mineração Novo Astro, ouro) Mazagão, AP (Mineração Água Boa, ouro) Monte Dourado, PA (Projeto Jari) Oriximiná, PA (Alcan) Paraupebas, PA (início do PGC) São Féliz do Xingú, PA (PGC) Curionópois, PA (Serra Pelada)
Empresas mineradoras x garimpeiros A exploração do ouro Década de 80: elevação do preço desse metal no mercado internacional ↓ Empresas mineradoras x garimpeiros
O fenômeno Serra Pelada 1976: descoberto ouro por um funcionário do DNPM (área pertencente à CVRD) 1977: notícia se espalha 1979: garimpeiro acha ouro 1980: governo federal intervém na área, que já tem a presença de 30.000 garimpeiros 1981: esgotamento do ouro de superfície (já haviam 80.000 garimpeiros na área) 1982/83: garimpo reaberto e tem apogeu em 1983 (13,9 ton) A partir de 1987: início do declínio 1992: volta a concessão para a CVRD
Serra pelada em imagens Fonte: paginas.terra.com.br/educacao/geopoliticanaweb/Serra_Pelada.htm
Serra Pelada pelas lentes de Sebastião Salgado Fonte: paginas.terra.com.br/educacao/geopoliticanaweb/Serra_Pelada.htm
Serra Pelada pelas lentes de Sebastião Salgado Fonte: paginas.terra.com.br/educacao/geopoliticanaweb/Serra_Pelada.htm
Serra Pelada, pelas lentes de fotógrafos desconhecidos Fonte: paginas.terra.com.br/educacao/geopoliticanaweb/Serra_Pelada.htm
Serra Pelada, pelas lentes de fotógrafos desconhecidos Fonte: paginas.terra.com.br/educacao/geopoliticanaweb/Serra_Pelada.htm
Fonte: paginas.terra.com.br/educacao/geopoliticanaweb/Serra_Pelada.htm O passivo ambiental Fonte: paginas.terra.com.br/educacao/geopoliticanaweb/Serra_Pelada.htm
As ações e os outros sujeitos As seis irmãs (monopólio mundial do alumínio): - ALCAN (CA) - ALCOA (USA) - REYNOLDS (USA) - KAYSER (USA) - PÉCHINEY (FRANÇA) - ALUSUISSE (SUIÇA) ● Cia Meridional de Mineração, criada em 1970 (US Steel) Oliveira, 1989
Um novo sistema de objetos: uma lógica ferroviário-portuária A fábrica de papel de Daniel Ludwig (Munguba, Pacatuba, PA) A usina hidrelétrica de Tucuruí A Estrada de Ferro de Carajás (Serra de Carajás a Itaqui, MA) O aeroporto de Carajás Porto de Ponta da Madeira, Itaqui (MA) Várias indústrias processadoras de minérios
O novo sistema de objetos Fonte: www.antf.org.br/Files/EFC.pdf
O sistema portuário nacional
Extrativismo mineral x desenvolvimento regional vantagens comparativas no lugar de vantagens competitivas precário encadeamento produtivo dependência de dinâmicas extra-regionais procedimentos padronizados em termos globais crescimento da dívida externa exploração desordenada de recursos naturais desorganização da economia local (extrativismo, agricultura de subsistência, garimpo...)
Referências Bibliográficas MONTEIRO, Maurílio de Abreu. Meio século de mineração industrial na Amazônia e suas implicações para o desenvolvimento regional. Estudos Avançados, vol. 19, nº 53, 2005, p. 187-207. OLIVEIRA, Ariovaldo U. de. Amazônia: monopólio, expropriação e conflitos. Campinas: Papirus, 1989. _____. Integrar para não entregar. Políticas públicas e Amazônia. Campinas: Papirus, 1988. SANTOS, Milton & SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil – território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2001. VEIGA, A. T. C. A geodiversidade e o uso dos recursos minerais da Amazônia. Terra das Águas, 1: 88-102. NEAz/UnB e Paralelo 15, Brasília, 1999. disponível em www.geos.com.br/geos2.pdf