O meu Pai O Pai é um dos rostos que o afecto pode ter, é a voz que nos protege e nos faz adormecer. É a voz mansa e amiga que conta uma história nova e nos fala de aventuras que nos podem pôr à prova. O Pai é o mais forte na luta contra o medo, é o guardião dos sonhos que nos guiam em segredo.
O meu Pai O Pai trabalha muito e à noite vem cansado, mas tem sempre um bocadinho para ficar ao nosso lado. Pouco importa a televisão, que a hora é de ternura; o Pai tem no coração carinho com fartura.
O meu Pai O Pai gosta de futebol e tem um clube para torcer; juntos vamos fazer força para ele poder vencer. O Pai é como um livro Que se oferece à descoberta Destes olhos de menino Sempre que a manhã desperta. O Pai é este amigo que quer o melhor para nós, é o rumor de mil vozes a crescer na nossa voz.
O meu Pai O Pai nunca nos deixa, mesmo que esteja à distância, porque reencontra em nós o que foi na sua infância. O Pai ás vezes está triste com coisas da sua vida, mas da razão da tristeza nunca nos dá a medida. Nas conversas com a Mãe é que faz as confidências; quando brinca com os filhos mantém sempre as aparências.
O meu Pai << Terás tempo para saber o que a vida pode custar, agora o tempo é de estudo, nesta idade de brincar>>. O Pai não fala mais alto por saber que tem razão; quando fala com os filhos é como se fosse um irmão. Mesmo assim nunca se esquece dessa diferença de idade, que é a fonte do que sabe e lhe dá autoridade.
O meu Pai O Pai repete sempre a importância do saber; por isso insiste tanto na urgência de aprender. Do seu tempo de menino a que nunca disse adeus recorda cromos, brinquedos e as visitas aos museus. E ele que sabe tanto diz que é só aprendiz, e até aprende connosco O modo de ser feliz.
O meu Pai O Pai dá-nos livros e brinquedos, pensando na sua idade, e ensina-lhes o valor da palavra Liberdade. E ensina-lhes também, na confusão da cidade, o que é ser cidadão com responsabilidade. O Pai às vezes chora se a emoção o faz vergar, porque os homens quando choram não se devem envergonhar.