Economia Global Aula teórica 8: O crescimento económico INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DO TRABALHO E DA EMPRESA LICENCIATURA EM ORGANIZAÇÂO E GESTÃO DE EMPRESAS 2º SEMESTRE – ANO LECTIVO 2004/2005 Economia Global Aula teórica 8: O crescimento económico
O Crescimento Económico Alguns factos do crescimento económico O modelo de Solow Pressupostos do modelo Caracterização do equilíbrio Considerações sobre os efeitos da política económica Os resultados do modelo e a evidência empírica Os modelos de crescimento endógeno: O modelo AK Os pressupostos do modelo A convergência no contexto do modelo AK Modelo de Solow vs Modelo AK: uma análise comparada Economia Global Ano lectivo 2004/2005 – 2º semestre
Economia Global Ano lectivo 2004/2005 – 2º semestre Bibliografia Bibliografia fundamental: Mankiw (2000), Macroeconomics, Capítulos 4 e 5 , Worth Publishers, New York. Bibliografia complementar: Mendes, V. e Vale, S. (2002), "Conhecimento e Novas Perspectivas sobre o Crescimento Económico" The Economist (2000), "Knowledge is Power" The Economist (1997), "Knowledge Factory" The Economist (2001), "Technology and Development" UNCTAD (1999), World Development Report 1999 - Chapter 02 (The Global Race for Knowledge) Economia Global Ano lectivo 2004/2005 – 2º semestre
Porque razão: O rendimento real de um cidadão europeu é hoje dez vezes mais elevado que no início do século XX? O rendimento real de um cidadão europeu é hoje 45 vezes superior que início do século XIX? Nas últimas décadas: Alguns países se desenvolveram muito rapidamente? E outros que eram pobres, permanecem hoje nessa condição?
Teorias do crescimento económico O modelo de Solow Ponto de partida das teorias modernas do crescimento Explica o crescimento económico com base: 1. Na acumulação de factores: Aumento do stock de capital Aumento da população activa 2. No progresso tecnológico Acumulação de factores Crescimento económico Progresso tecnológico Economia Global Ano lectivo 2004/2005 – 2º semestre
economia Empresas Famílias Produzem bens e serviços a partir de inputs Famílias Oferecem trabalho Poupam uma fracção constante do seu rendimento – s Poupança = s*Rendimento = s * Y Esta poupança é canalizada para investimento Os níveis iniciais de capital, trabalho e tecnologia são dados ➫ o modelo não explica as diferenças nos pontos de partida das várias economias Economia Global Ano lectivo 2004/2005 – 2º semestre
Economia Global Ano lectivo 2004/2005 – 2º semestre Função de produção Estabelece a ligação entre os factores de produção e o produto Factores de produção: Trabalho (L) Cresce à taxa constante - n Stock de capital (K) Deprecia-se à taxa constante - δ Tecnologia (E) Progresso tecnológico (PT) ⇒ Cresce à taxa constante e exógena – g PT actua tornando os trabalhadores cada vez mais eficientes Outras características da função de produção: Rendimentos constantes à escala (i.e. duplicação das quantidades de factores provoca a duplicação do produto) . Produtividade marginal do capital é: Positiva (↗k ↗y) Decrescente (↗ k ↗ y cada vez menores) A função de produção Y =F(K, E*L) O progresso técnico quando incorporado na função de produção deste modo designa-se por neutral á Harrod ou ‘labour-augmenting’. Intuição económica para proceder à validação desta hipótese: o progresso tecnológico actua tornando os trabalhadores cada vez mais eficientes no cumprimento das suas 3 – A tecnologia é caracterizada por rendimentos constantes à escala (RCE) quer em relação ao capital quer ao trabalho eficiente. Deste modo, verificando-se uma duplicação das quantidades de K e AL, duplica-se o montante de produto (Y). O facto da produtividade marginal do capital ser positiva mas decrescente, ou seja, variações positivas do stock de capital têm como contrapartida aumentos positivos mas cada vez menores da produção . (Esta hipótese será fundamental para que no modelo se crie a convergência para um estado estacionário como veremos mais à frente.) Z*Y=F(z*K, z*E*L) Economia Global Ano lectivo 2004/2005 – 2º semestre
Economia Global Ano lectivo 2004/2005 – 2º semestre Função de produção Rendimento por trabalhador eficiente (y) y = f(k) → Produto Passando das variáveis em níveis para variáveis por trabalhador eficiente vem: ou seja, Racio capital-trabalho eficiente (k) Economia Global Ano lectivo 2004/2005 – 2º semestre
hipóteses sobre progresso tecnológico (e) Y=F(K,L*E) E representa a eficiência do trabalho depende do: Conhecimento dos trabalhadores sobre avanços nas técnicas de produção ( conhecimento trabalhadores tornam-se mais produtivos) Saúde Educação Qualificações Hipótese: PT apresenta uma taxa de crescimento constante g Tx de crescimento da força de trabalho em unidades de eficiência = = taxa de crescimento da população (n) + taxa de PT (g) = Dos trabalhadores = n+g Economia Global Ano lectivo 2004/2005 – 2º semestre
A dinâmica de transição - Em cada período … O stock de capital: sofre uma depreciação devido ao: desgaste da utilização () progresso tecnológico (g) crescimento populacional (n) sofre um reforço resultante do investimento Depreciação total do stock de capital =(+ g+ n)k Expansão do stock de capital = s f(k) Variação do stock de capital por trabalhador eficiente no processo de transição: Economia Global Ano lectivo 2004/2005 – 2º semestre
Caracterização do equilíbrio o conceito de estado estacionário (EE) EQUILÍBRIO = ponto que designamos por ESTADO ESTACIONÁRIO DEFINIÇÃO - ponto no qual: Taxa de crescimento do stock de capital em unidades de trabalho eficiente é nula. Poupança = s f(k) = sy Depreciação do stock de capital = ( +n +g)k Poupança = Depreciação do stock de capital por trabalhador eficiente Economia Global Ano lectivo 2004/2005 – 2º semestre
A representação gráfica do equilíbrio Investimento Depreciação ( +n +g)k → depreciação de k sy = sf(k)→ investimento ESTADO ESTACIONÁRIO Racio capital-trabalho eficiente (k) k* No estado estacionário: Economia Global Ano lectivo 2004/2005 – 2º semestre
quando o estado estacionário é alcançado: A economia mantém-se nesse ponto (é um ponto de equilíbrio) Δk=0 Δy=0 As taxas de crescimento das variáveis no estado estacionário: Variável Tx crescimento no EE Capital por trabalhador eficiente k = K/(E * L) Produto por trabalhador eficiente y = Y/(E * L) Produto por trabalhador Y/L = y * E g Produto total Y= y * E * L n+g Economia Global Ano lectivo 2004/2005 – 2º semestre
E se a economia não estiver no estado estacionário? Se k0< k*? ( +n +g)k Investimento Depreciação sy = sf(k) ESTADO ESTACIONÁRIO k k0 k1 k* De que modo se processa o ajustamento? Em k0 - a poupança é maior que os recursos necessários para compensar a depreciação do stock de capital ↗ stock de capital por trabalhador eficiente ➫ no período seguinte a economia estará em k1 Este processo continuará até se alcançar k* - ponto no qual a taxa de crescimento do stock de capital por trabalhador eficiente é nula Economia Global Ano lectivo 2004/2005 – 2º semestre
E se a economia não estiver no estado estacionário? Se k0 > k*? Se k0 > k* - a poupança acumulada em cada período não compensa a depreciação do stock de capital ⇒ ↘ k Investimento Depreciação ( +n +g)k sy = sf(k) k k* k0 K diminui porque a depreciação é superior ao investimento Economia Global Ano lectivo 2004/2005 – 2º semestre
Economia Global Ano lectivo 2004/2005 – 2º semestre Resumindo ➫ Quando a economia não está no estado estacionário, encontra-se a convergir para esse equilíbrio. Modelo de Solow ➫ Interpretação: independentemente do ponto inicial ou grau de desenvolvimento, as dinâmicas existentes na economia conduzem-na ao equilíbrio Economia Global Ano lectivo 2004/2005 – 2º semestre
Que variáveis condicionam o EE? Taxa de poupança Taxa de progresso tecnológico Taxa de crescimento da população Taxa de desgaste do stock de capital ➫ > a taxa de poupança ➫ O bem-estar (em termos do rendimento per capita e do consumo per capita) é tanto maior quanto: < a taxa de crescimento da população ➫ > taxa de PT Economia Global Ano lectivo 2004/2005 – 2º semestre
O que acontece quando a taxa de poupança aumenta? A economia terá um novo ponto de equilíbrio Caracterizado por: Consumo e rendimento per capita mais elevados Processo de ajustamento para o novo ponto de equilíbrio: Em k1*: investimento > depreciação do stock de capital O stock de capital aumenta até se atingir k2*. Durante a transição: y, c e k crescem a taxas mais elevadas. Quando k2* é alcançado a economia atinge o novo EE a taxa de crescimento de k regressa a zero Economia Global Ano lectivo 2004/2005 – 2º semestre
A dinâmica de uma economia Figura: Os estados de um processo dinâmico: (i) a situação inicial; (ii) o processo de transição dinâmica; (iii) o equilíbrio de longo prazo Fonte: Mendes, V. e Vale, S. (2002), "Conhecimento e Novas Perspectivas sobre o Crescimento Económico" Economia Global Ano lectivo 2004/2005 – 2º semestre
Os efeitos de um aumento exógeno da taxa de crescimento da população (0 +n1 +g0)k (0 +n1 +g0)k Investimento Depreciação (0 +n0 +g0)k (0 +n0 +g0)k sy ↗ Taxa de crescimento da população A economia terá um novo ponto de equilíbrio Caracterizado por: Consumo e rendimento per capita mais baixos k k1* k0* Economia Global Ano lectivo 2004/2005 – 2º semestre
Os efeitos de um aumento exógeno da taxa de progresso tecnológico Rendimento por trabalhador eficiente (y) y2 = f(k) ➫ y1 = f(k) Racio capital-trabalho eficiente (k) PT - permite um crescimento no bem-estar Economia Global Ano lectivo 2004/2005 – 2º semestre
políticas públicas para aumentar o bem-estar das populações Política de estimulo à poupança Poupança total = poupança privada + poupança publica Governantes podem contribuir para o aumento de poupança através: Diminuição das despesas publicas (redução do défice orçamental) Benefícios fiscais que incentivem a poupança privada Políticas de investimento publico que direccionem recursos para: Infra-estruturas Capital humano Políticas que impulsionem o progresso tecnológico – exemplo: Consolidação do sistema nacional de patentes Apoio a projectos de I&D Subsídios a departamentos de investigação das universidades ... Economia Global Ano lectivo 2004/2005 – 2º semestre
De acordo com o modelo de solow … É previsível que os níveis de desenvolvimento das economias se aproximem? Resposta: DEPENDE Se as economias tiverem as mesmas características estruturais (i.e. taxas de crescimento da população, de poupança e de progresso tecnológico iguais) irão aproximar-se No processo de convergência a economia mais atrasada apresentará taxas de crescimento maiores do que as mais desenvolvidas Exemplo: Japão e Alemanha no pós IIGG face aos EUA Se as economias tiverem características estruturais distintas Cada economia convergirá para o seu EE O processo de aproximação/convergência entre economias não ocorrerá Exemplo: Bangladesh ou Uganda face aos EUA SIM NÃO Economia Global Ano lectivo 2004/2005 – 2º semestre
Economia Global Ano lectivo 2004/2005 – 2º semestre se duas economias apenas se diferenciarem pelos níveis de capital iniciais, o que esperar? Exemplo: Japão e Alemanha depois da IIGG face às outras economias desenvolvidas. A economia mais pobre por contar com um stock de capital mais reduzido tem uma produtividade marginal do capital mais elevada pelo que apresentará taxas de crescimento mais elevadas. ( +n +g)k sy = sf(k) ESTADO ESTACIONÁRIO k k0 k* Economia Global Ano lectivo 2004/2005 – 2º semestre
Economia Global Ano lectivo 2004/2005 – 2º semestre e se duas economias se diferenciarem em mais do que nos níveis de capital iniciais? o que esperar? Economia Global Ano lectivo 2004/2005 – 2º semestre Fonte: Mendes, V. e Vale, S. (2002), "Conhecimento e Novas Perspectivas sobre o Crescimento Económico"
Os modelos de crescimento endógeno: O modelo AK No modelo de Solow ➫ A tx de crescimento de longo prazo apenas depende da taxa de PT – mas o modelo não especificava qualquer determinante desta tx Surgimento de teorias que explicam as taxas de crescimento a partir de decisões sociais como sejam as decisões de poupança A existência de um EE no modelo de Solow dependia da hipótese assumida para a função de produção (rendimentos decrescentes à escala) modelos de crescimento endógeno: O modelo AK Economia Global Ano lectivo 2004/2005 – 2º semestre
será que a hipótese de rendimentos marginais decrescentes admitida no modelo de solow se justifica sempre? Supondo que a função de produção apresenta rendimentos constantes à escala e não rendimentos marginais decrescentes, de que modo se alteram as conclusões? y Rendimentos marginais decrescentes Rendimentos marginais constantes y y=f(k) y=f(k) sy k k sy Deixa de haver Estado Estacionário Economia Global Ano lectivo 2004/2005 – 2º semestre k0 k* k k0 k
Com rendimentos constantes à escala Ex. de uma função de produção com rendimentos constantes à escala: Y=AK Como explicar esta especificação? Considerando que K abrange: capital físico+capital humano Evolução do stock de capital nesta economia: ΔK= sY – δK Realizando algumas manipulações vem: ΔY/Y = sA – δ Se sA > δ → o produto cresce indeterminadamente e este crescimento será tanto maior quanto maior for s Economia Global Ano lectivo 2004/2005 – 2º semestre
Modelo de Solow vs Modelo AK: uma análise comparada Um aumento da taxa de poupança provoca: Qual o modelo que mais se aproxima da realidade? Depende do conceito de capital que mais se adequar ao contexto em análise No modelo de Solow - Stock de capital mais elevado - Aumento do nível de rendimento mas uma vez alcançado o EE: - a economia volta a registar às txs de crescimento iniciais No modelo AK - inicia-se um processo de crescimento permanente Economia Global Ano lectivo 2004/2005 – 2º semestre