O QUE É AUTISMO: uma resposta possível

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Transcrição da apresentação:

O QUE É AUTISMO: uma resposta possível M.C.M. Kupfer, São Paulo/BR

Olhando ao redor São muitas as manifestações chamadas de autisticas em crianças nos dias de hoje. O autismo encontra expressões diversas e em diferentes idades. Quais são essas “variações”?

Crianças com capacidades únicas ou ilhas de inteligência. Encontramos: Crianças com capacidades únicas ou ilhas de inteligência. Adultos com funcionamento intelectual pleno. Cálculos matemáticos por exemplo. São os escritores como Temple Grendin, Donna Williams, Amélie Nothomb.

Olhando ao redor Adultos que escrevem mas não falam. Crianças que quase não falam e aprendem pouco. Crianças com grande prejuízo de desenvolvimento. Crianças afetivas e ao mesmo tempo sem contato. É o caso de Annick Deshayes. Libres propos philosophiques d’une autiste. Presses de la Renaissance, Paris, 2009, p. 57.

Ponto comum a todas essas manifestações: dificuldades na relação com os outros, de modo geral. Mas como explicar que haja autistas carinhosas?

Classificações psiquiátricas DSM-IV “Prejuízo severo e invasivo em diversas áreas do desenvolvimento: habilidades de interação social recíproca, habilidades de comunicação, ou presença de comportamento, interesses e atividades estereotipados”.

Classificações psiquiátricas CID-10 “Grupo de transtornos caracterizados por alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e modalidades de comunicação e por um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo.” http://www.psiqweb.med.br/dsm/dsm.html

Características apontadas por outros pesquisadores As crianças autistas: Resistem ao toque e ao abraço Ficam felizes quando deixadas sozinhas. Estão sempre em seu próprio mundo. Têm problemas de empatia. Não entendem o interesse ou desejo dos outros. Não precisam exibir seus interesses para os outros. http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=240 Empatia: [teoria da mente]

O FOCO NA ISR Partimos de uma primeira característica marcante dos autistas: não sabem relacionar-se. Mas Nem todas as crianças autistas encaixam-se aí: algumas são afetivas e parecem gostar de relacionar-se com os outros.

Foco nas relações iniciais M.-C. Laznik, pesquisadora franco-brasileira, ajuda a entender que as crianças autistas sabem RECEBER carinho e amor. Mas não sabem DAR PARA RECEBER carinho e amor. Segundo Laznik, o bebê se dirige à mãe para nela provocar seu prazer de estar com ele.

O Foco nas relações iniciais As crianças aprendem muito cedo que, se derem amor, poderão recebê-lo de volta. É dando que se recebe, já dizia S. Francisco de Assis. Se uma criança dá amor e prazer, descobre que provoca em sua mãe uma reação de prazer, que dá origem a uma grande satisfação em retorno.

Primeira resposta Dessa perspectiva, pode-se dizer que: A criança autista aprendeu apenas a primeira parte da estrutura do relacionamento humano: receber. Algumas aprendem a segunda: dar. Mas nenhuma aprendeu a terceira parte: dar para receber

Primeira resposta Isso explica que comportamentos carinhosos convivam com falta de empatia Falta a capacidade de entender ou tentar entender os outros. Disso podem resultar todas as demais dificuldades de um autista

[Cena recortada só da barriguinha]

"Uma cena mostra um bebê que brinca com a mãe "Uma cena mostra um bebê que brinca com a mãe. Ela o estimula e finge comer seu pezinho. Ele gosta e demonstra certo prazer. Mas não lhe ocorre dar seu pezinho. Ele não parece interessar-se por aquilo que poderia dar prazer ao outro…. Os bebês nascem com um interesse pelo interesse dos outros. Não é o caso dos bebês de nossos filmes familiares”(Laznik, 2005, p.181). Sinal difícil de isolar. Então fizemos um protocolo

Consequências para o diagnóstico e o tratamento do autismo 1. O protocolo IRDI 2. A intervenção IRDI nas creches

IRDIs IRDIs: protocolo de 31 indicadores clínicos de risco, criado pelo GNP para uso por pediatras em consultas regulares, para a detecção de problemas de desenvolvimento em crianças de zero a dezoito meses. KUPFER, M. C. M. ; JERUSALINSKY, Alfredo ; BERNARDINO, Leda Fischer ; WANDERLEY, Daniele de Brito ; ROCHA, P ; MOLINA, Silvia Eugenia ; SALLES, Lea ; STELLIN, Regina Maria Ramos ; PESARO, Maria Eugenia ; LERNER, Rogério . Valor preditivo de indicadores clínicos de risco para o desenvolvimento infantil: um estudo a partir da teoria psicanalítica. Latin American journal of fundamental psychopathology on line, v. 6, p. 46-68, 2009.

IRDIs nas creches Cuidados psíquicos na infância reduzem a incidência de distúrbios mentais tanto na infância como na vida adulta. O protocolo IRDI pode ser um guia no acompanhamento do desenvolvimento psíquico A pesquisa atual pretende avaliar o IRDI como um instrumento de promoção de saúde mental nos primeiros estágios do desenvolvimento da criança

0 a 4 meses incompletos 1-Quando a criança chora ou grita, a professora sabe o que ela quer 2-A professora fala com a criança num estilo particularmente dirigido a ela (mamanhês) 3-A criança reage ao mamanhês 4-A professora propõe algo à criança e aguarda a sua reação 5- Há troca de olhares entre a professora e a criança

4 a 8 meses incompletos 6- A criança começa a diferenciar o dia da noite 7- A criança utiliza sinais diferentes para expressar suas diferentes necessidades 8-A criança solicita a professora e faz um intervalo para aguardar sua resposta 9- A professora fala com a criança dirigindo-lhe pequenas frases 10- A criança reage ( sorri, vocaliza ) quando a professora ou outra pessoa está se dirigindo a ela. 11- a criança procura ativamente o olhar da professora 12- A professora dá suporte às iniciativas da criança sem poupar-lhe esforços 13-A criança pede ajuda de outra pessoa sem ficar passiva

8 a 12 meses incompletos 14-A professora percebe que alguns pedidos da criança podem ser uma forma de chamar sua atenção 15- Durante os cuidados corporais, a criança busca ativamente jogos e brincadeiras amorosas com a professora 16- A criança demonstra gostar ou não de alguma coisa 17-professora e criança compartilham uma linguagem particular 18- A criança estranha pessoas desconhecidas para ela 19- A criança possui objetos prediletos 20- A criança faz gracinhas 21-A criança busca o olhar de aprovação do adulto 22-A criança aceita alimentação semi-sólida, sólida e variada

12 a 18 meses 23- A professora alterna momentos de dedicação à criança com outros interesses 24-A criança reage bem às breve ausências da professora e reage às ausências prolongadas 25-A professora oferece brinquedos como alternativas para o interesse da criança pelo corpo materno 26-A professora já não se sente mais obrigada a satisfazer tudo que a criança pede 27- A criança olha com curiosidade para o que interessa à professora 28-A criança gosta de brincar com objetos usados pela professora e pelo pai 29- A professora começa a pedir à criança que nomeie o que deseja, não se contentando apenas com pequenos gestos 30- Os pais colocam pequenas regras de comportamento à criança 31-A criança diferencia objetos maternos, paternos e próprios

Referências Bibliográficas Laznik, M.C. (2005). Les interactions sonores entre les bébés devenus autistes et leurs parents. In M.F. Castarède, Au commencement était la voix. Paris, Érès.