CAPÍTULO 3 – CRISE, CRESCIMENTO E MODERNIZAÇÃO AUTORITÁRIA:

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CAPÍTULO 3 – CRISE, CRESCIMENTO E MODERNIZAÇÃO AUTORITÁRIA: 1930-1945 A ORDEM DO PROGRESSO CAPÍTULO 3 – CRISE, CRESCIMENTO E MODERNIZAÇÃO AUTORITÁRIA: 1930-1945

INTRODUÇÃO A severidade do impacto da “grande depressão” sobre a economia mundial: Importante diminuição da importância relativa dos fluxos comerciais e financeiros Países como o Brasil: Se “voltaram para dentro”, com o crescimento dependendo crucialmente da capacidade de acomodar o deslocamento de demanda associado à brusca mudança de preços relativos encarecendo importações As restrições externas, entretanto, são os principais determinantes das linhas principais da política econômica, sublinhando a impossibilidade de estudar-se a economia brasileira no período sem referência à inserção do Brasil na economia mundial

1. A SUPERAÇÃO DA CRISE E A POLÍTICA ECONÔMICA DO GOVERNO PROVISÓRIO, 1930-1934 Choque Externo afetou o BP: Brutal queda dos preços de exportação, não compensada por aumento do quantum exportado Interrupção do influxo de capitais estrangeiros Termos de intercâmbio sofreram uma deterioração de cerca de 30% e a capacidade de importar de 40% As medidas quanto à política cambial foram orientadas por um liberalismo retórico primitivo Moratórias sucessivas em relação às dívidas em moeda estrangeira Em setembro de 1931, situação tornou-se insustentável Os pagamentos relativos à dívida pública externa foram suspensos Reintrodução do monopólio cambial do BB

1. A SUPERAÇÃO DA CRISE E A POLÍTICA ECONÔMICA DO GOVERNO PROVISÓRIO, 1930-1934 Taxa de câmbio artificialmente sustentada: Menos difícil a liquidação dos compromissos do governo em moeda conversível Indústria era protegida Controle de importações Acesso a insumos relativamente baratos Crise cambial a partir de 1929-30 Inviável a continuação do pagamento integral do serviço da dívida Depreciação do mil-réis aumentou a carga do serviço da dívida pública externa sobre o orçamento dos três níveis de governo

1. A SUPERAÇÃO DA CRISE E A POLÍTICA ECONÔMICA DO GOVERNO PROVISÓRIO, 1930-1934 Investimentos britânicos X americanos: Britânicos: Concentravam-se em setores “tradicionais” tais como serviços públicos (especialmente ferroviais) Maximizar os pagamentos financeiros, vendo com resignação o declínio da sua posição comercial Americanos: Aplicado em setores “modernos” tais como a indústria de transformação e atividades comerciais Tenderam a adotar uma política conciliatória em relação à dívida externa e concentrar esforços na manutenção de sua posição comercial

2. Boom Econômico e Interregno Democrático, 1934-37 Em 1934, envio ao Brasil da missão chefiada por John Williams: Reconheceu que a solução do problema cambial não dependia das autoridades brasileiras e sim da recuperação do nível de comércio internacional e da redução dos obstáculos ao livre comércio Em setembro de 1934, como consequência de suas recomendações, toda a cobertura cambial gerada por exportações (exclusive café) foi liberada do controle cambial No início de 1935, em vista da gravidade da crise cambial causada pela liberalidade na concessão de licenças para remeter lucros, foi proposta pelo Presidente do Banco do Brasil a suspensão do pagamento do serviço da dívida externa

2. Boom Econômico e Interregno Democrático, 1934-37 Em 1934, envio ao Brasil da missão chefiada por John Williams: Adoção de novo regime cambial Taxa de câmbio para importação permaneceu constante até 1937 Taxa de câmbio para exportações variou consideravelmente Política cambial + Política cafeeira = expansão de 20% no valor das exportações Acumulou reservas de cambiais = adoção de política extremamente liberal quanto à remessa de lucros + relaxamento dos controles de importação A recessão norte-americana em 1937-38, entretanto, resultou no fracasso desta política

2. Boom Econômico e Interregno Democrático, 1934-37 Balanço do Período Apesar das dificuldades relativas ao BP: A economia continuou a crescer 6,5% ao ano entre 1934 e 1937 Encarecimento das importações permitiu a utilização de capacidade ociosa na indústria Continuada adoção de políticas fiscal, cafeeira, monetária e creditícia expansionistas permitiu a sustentação da demanda O produto industrial cresceu mais de 11% ao ano Aumento da tarifa específica + aumento considerável dos preços de importação em mil-réis, causado, principalmente, pela desvalorização cambial = explica o aumento considerável do produto industrial

2. Boom Econômico e Interregno Democrático, 1934-37 Política econômica externa brasileira Definida à luz dos interesses de diferentes setores da sociedade, os quais não eram conflitantes A expansão do comércio teuto-brasileiro favorecia: Exportadores, que não dispunham de mercados alternativos Importadores Consumidores, que tinham acesso a bens a preços vantajosos que não seriam importados na mesma quantidade no caso de cessar o comércio de compensação Militares A adoção desta política era vital do ponto de vista político, pois Vargas dependia do apoio dos estados mais afetados A maior importância das exportações destinadas ao Reino Unido e à Alemanha decorreu em grande medida das alterações da pauta de exportações

2. Boom Econômico e Interregno Democrático, 1934-37 Política econômica externa brasileira Quanto às importações, tornou-se impossível manter os níveis extremamente baixos que haviam caracterizado o período 1930-32 Conceder prioridade à importação de bens necessários a manutenção de uma taxa “razoável” de expansão do produto nacional

3. Estado Novo e Economia de Guerra, 1937-1945 O Estado transitou da arena normativa da atividade econômica para a provisão de bens e serviços Programa de investimentos públicos X pagamentos do serviço da dívida Principal instrumento de política comercial depois de 1937 Controle cambial e de importações Missão Aranha Agenda: Defesa nacional, relações comerciais, dívida pública externa, tratamento recebido pelos investimentos diretos norte-americanos no Brasil, política cambial, criação de banco central e planos de desenvolvimento de longo prazo na órbita do Tesouro norte- americano

3. Estado Novo e Economia de Guerra, 1937-1945 Missão Aranha Contrapartida: Adotar uma política cambial liberal, opor obstáculos ao comércio de compensação teuto-brasileiro e retomar o serviço da dívida pública externa Compromissos assumidos foram, em geral, horados Regularização da remessa de lucros e dividendos de companhias norte- americanas O comércio de compensação foi gradativamente sufocado Primeiras consequências da guerra sobre as exportações brasileiras: Brusca diminuição do saldo na balança comercial

3. Estado Novo e Economia de Guerra, 1937-1945 Expansão das exportações assegurada só depois de 1941: Acordos de suprimento de materiais estratégicos aos EUA Aumento da demanda por produtos brasileiros em mercados tradicionalmente supridos pelo Reino Unido e EUA Maciças compras de carne e algodão pelo Reino Unido Melhores preços do café garantidos pelo Acordo Interamericano Ponto de inflexão do ponto de vista econômico, 1942: Acelerou-se o crescimento industrial Começaram a acumular-se reservas cambiais Entrada de capitais privados norte-americanos após longo período de desinteresse Políticas fiscal, monetária e creditícia claramente expansionista

3. Estado Novo e Economia de Guerra, 1937-1945 Governo americano implementou uma política que visava atenuar as consequências da guerra Sustentou os preços dos produtos latino-americanos Apenas 25% das exportações do Brasil independiam de decisões das autoridades aliadas a respeito dos suprimentos necessários ao esforço de guerra Política norte-americana para América Latina no pós-Guerra: Inicialmente generosa, tornou-se progressivamente menos magnânima Questão específica mais importante relativa ao suprimento de produtos norte-americanos ao Brasil: Decisão de fornecer créditos e materiais para a construção de Volta Redonda