TEORIA MACROECONÔMICA II [A] Prof. Giácomo Balbinotto Neto UFRGS

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TEORIA MACROECONÔMICA II [A] Prof. Giácomo Balbinotto Neto UFRGS 24/03/2017 Os Custos da Inflação Prof. Giácomo Balbinotto Neto UFRGS PROF. GIACOMO BALBINOTTO NETO

TEORIA MACROECONÔMICA II [A] 24/03/2017 Os custos da inflação - Shoeleather costs [custos de sola de sapatos]; Menu Costs; - Aumento da variabilidade dos preços relativos; - mudanças não desejadas nas obrigações fiscais; Confusão e inconveniência; - arbitrariedade na distribuição de renda. PROF. GIACOMO BALBINOTTO NETO 26 26 30 30

Os custos da inflação: os custos de menu TEORIA MACROECONÔMICA II [A] 24/03/2017 Os custos da inflação: os custos de menu - durante o período inflacionário, é necessário atualizar as listas de preço e outros preços fixados por meio de listas; Isto constitui-se num processo de consome recursos de outras atividades produtivas PROF. GIACOMO BALBINOTTO NETO 28 28 32 32

Os Custos da Inflação: Shoeleather Costs " Shoeleather Costs “ são custos que surgem devido ao aumento na incerteza econômica durante o processo inflacionários. Isto ococre através de um aumento na velocidade de circulação da moeda, visto que as pessoas buscam evitar sofrer perdas do valor da moeda. Quando inflação for elevada, a busca por informações torna-se um négócio lucrativo, pois vale a pena comparar preços e gastar mais tempo [search] e recursos em procura antes de realizar uma compra.

Os Custos da Inflação: Shoeleather Costs Os custos Shoe-leather costs são custos referentes, também a maiores idas aos bancos decorrentes da preseça da inflação. Eles refletem um aumento no custo de oportunidade de se manter moeda [saldos reais de caixa].

Os custos da inflação: aumento da variabilidade dos preços relativos TEORIA MACROECONÔMICA II [A] 24/03/2017 Os custos da inflação: aumento da variabilidade dos preços relativos Durante os períodos inflacionários, há uma defasagem entre os aumentos de preços. Enquanto que alguns preços são constantes, outros estão subindo. Assim, torna-se mais díficil saber quais são os preços relativos relavantes para a tomada de decisão econômica, pois os preços se modificam de um modo irregular. PROF. GIACOMO BALBINOTTO NETO 29 29 33 33

Os custos da inflação: aumento nos impostos em termos reais TEORIA MACROECONÔMICA II [A] 24/03/2017 Os custos da inflação: aumento nos impostos em termos reais Com a inflação, rendas não ajustadas são tratadas como ganhos reais. Consequentemente, com uma taxação progressiva, aumentos nas rendas nomimais são taxadas mais pesadamente. PROF. GIACOMO BALBINOTTO NETO 30 30 34 34

Os custos da inflação: aumento nos impostos em termos reais Quando a quantidade de moeda aumenta, o Banco Central aumenta seus lucros, pois a base monetária é utilizada para aquirir dívida pública, a qual paga uma taxa de juros positiva. Os lucros do Banco Central são transferidos para o governo que, assim obtém mais receita – o chamado imposto inflacionário.

Senhoriagem e Inflação Imposto Inflacionário Quando senhoriagem será igual ao imposto inflacionário

Max Usando a demanda de moeda como m chegamos: Em equilíbrio estacionário: Logo: A condição de maximização é:: A elasticidade da demanda de moeda em relação a inflação: A condição de máximo corresponde a condição de lucro máximo de Monopólio e o imposto inflacionário que maximiza a senhoriagem é aquele em que a elasticidade da base em relação ao imposto é -1

Os custos da inflação: confusão e inconveniência TEORIA MACROECONÔMICA II [A] 24/03/2017 Os custos da inflação: confusão e inconveniência Com a inflação, é necessário fazer-se correções constantes a fim de comparar as rendas reais, custos e lucros ao longo do tempo. O tempo gasto na realização de tais ajustamentos poderia ser utilizado para a produção de bens e serviços. PROF. GIACOMO BALBINOTTO NETO 31 31 35 35

Os custos da inflação: distribuição arbitrária da riqueza TEORIA MACROECONÔMICA II [A] 24/03/2017 Os custos da inflação: distribuição arbitrária da riqueza Com uma inflação não antecipada ou incorretamente antecipada, a riqueza é distribuida entre os devedores líquidos e credores. Isto pode resultar em transferências de renda que não seriam, de outro modo, aceitáveis. PROF. GIACOMO BALBINOTTO NETO 32 32 36 36

Os custos da inflação: distribuição arbitrária da riqueza Quando um país enfrenta uma inflação como a existente no Brasil [na década de 1960], o principal determinante das taxas nominais de juros passa a ser o ritmo esperado da taxa da alta geral de preços. As previsões quanto a taxa de inflação, todavia, são inevitavelmente precárias e arriscadas, sobretudo quando se estendem a prazos não muito curtos. Esse problema conduz à redução dos prazos de operação do mercado de crédito, criando impasse de difícil solução para as operações de longo prazo. [cf. Simonsen (1970, p.135-136)]

Os custos da inflação: a instabilidade e a desordem salarial Segundo Simonsen (1970) a inflação provoca uma instabilidade nos salários reais, visto que eles se tornam oscilantes pela conjugação de altas de preços contínuas com revisões intermitentes das remunerações nominais. Some-se a isto o fato de que as hierarquias de remuneração são distorcidas pelo processo inflacionário.

Os Custos da Inflação Quais os reais custos da inflação? Os custos da inflação dependem do nível de sua taxa e de sua previsibilidade; Quanto maior a taxa de inflação, maior será o custo, e quanto mais imprevisível a taxa, maior será o custo.

Estabilização aumenta a eficiência econômica Capital real Razão da distorção de preços D Distorção da inflação C E F Razão de preços não distorcidos Equilíbrio inicial G Produto em t1 Produto em to 45° H O A B Capital financeiro

Efeito sobre o crescimento (%) insignificante e fraca Efeitos sobre o crescimento econômico per capita de um aumento da inflação de 5% para 50% ao ano. Autores Número de países Período Tipo de dado Efeito sobre o crescimento (%) Heitger (1985) 115 1950-80 Panel data -0,9 a -4,5 Barro (1990) 117 1960-1985 Cross section insignificante e fraca Fischer (1991) 73 1970-1985 cross section -2,1 Grimes (1991) 21 1960-1987 panel data -5,0 Roubini e Sala-i-Martin (1992) 98 -2,2 Montley (1994) 78 1960-1990 -1,3 a -4,5 Sarel (1996) 87 1970-1990 -5,8 Taylor (1996) EUA 1952-1993 Times series -11,2 Gylfason (1999) 105 1985-1994 -2,3 Rousseau e Wachtel (2001) 84 1960-1995 -0,14

Efeito sobre o crescimento (%) Efeitos sobre o crescimento econômico per capita de um aumento da inflação de 5% para 50% ao ano. Autores Número de países Período Tipo de dado Efeito sobre o crescimento (%) Fischer (1991) 73 1970-85 Cross-section -2,1 Gylfason (1991) 37 1980-85 -2,0 Roubini & Sala-i-Matin (1992) 98 1960-1985 -2,2 De Gregorio (1993) 12 1950-1985 -0,7 Fisher (1993) 80 1960-89 -1,8 Barro (1995) 100 1960-92 -1,0 -1,5 Gylfason & Herbertsson (1996) 145-170 Panel data - 0,6 ; 1,3 Barro (1997) 80-87 1960-90 1,3-1,81,2 Bruno & Easterly (1998) 97 1961-92 -1,2 160 1985-94 -2,4 Gylfason (2001) 170 -0,6 a -1,3

Mais inflação e menos crescimento? GNP per capita in 1995 (USD) 100000 Austria Israel Spain 10000 Uruguay Argentina Barbados Mexico GNP per capita in 1995 (USD) Brazil Latvia Ecuador 1000 Zambia Nicaragua Burundi Sierra Leone 100 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 Inflation distortion 1970-1995

Finalizando ... Por certo a estabilidade de preços não é condição suficiente para que um país cresça. Mas a teoria e o bom senso também deixam claro que a inflação dificilmente será ingrediente de uma trajetória ótima de desenvolvimento. O processo inflacionário, afinal, resulta apenas da tentativa de se implantar um conjunto de aspirações incompatíveis da sociedade, do desejo de dividir o bolo em fatias de soma superior ao todo. E a revolta contra a aritmética jamais constituiu arma eficiente para a construção do progresso de qualquer país. Mário Henrique Simonsen (1970)

Sites Recomendados http://www.rep.org.br/pdf/55-9.pdf - imposto inflacionário no Brasil