A dicotomia entre saúde e saúde mental

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Transcrição da apresentação:

A dicotomia entre saúde e saúde mental Luciane De Rossi

Saúde Mental Compete a todos os profissionais de saúde. Área de atuação. Habitat privilegiado para o tratamento não é mais o hospital psiquiátrico, mas a própria comunidade e as unidades de saúde (PSF, UBS, CAPS)

Saúde Mental Como definir o que é uma mente saudável? Em cada sociedade, época ou cultura são definidos tipos sociais mais ou menos ideais, mais ou menos sadios, mais ou menos normais. Foucault (1987): até a Idade Média, a loucura era praticamente despercebida como doença e, quando notada, era vista como um fato cotidiano ou como uma dádiva divina, por meio de significações religiosas e mágicas

Breve Histórico Quando o hospital passou da finalidade social para a terapêutica (século XVIII), Philippe Pinel iniciou uma transformação que deu origem à Psiquiatria: Deveriam permanecer no hospital apenas os doentes, separados por tipo de enfermidade. Nesta classificação, dedicou-se principalmente ao estudo e tratamento da alienação mental (loucura).

Alienação Mental Do latim alienatio: separação, ruptura, delírio; estar fora de si, da realidade. Alienígena: estrangeiro, diferente. O alienado era considerado incapaz de participar da sociedade e deveria ser excluído: Idéia de periculosidade; Idéia de que a inclusão numa instituição bem estruturada pudesse reorganizar a pessoa, através de regras, princípios e rotinas. Discriminação, o preconceito e o estigma em relação ao doente mental.

Hospitais Psiquiátricos Inicialmente: função de tutela, disciplina, vigilância e controle. Denúncias de maus-tratos, violência e violação dos direitos humanos. Após Segunda Guerra: Reforma Psiquiátrica: Hospital psiquiátrico: de um lugar de degradação e produção de doença para local terapêutico.

Reforma Psiquiátrica Primeira vez que o paciente foi ouvido, visto, tratado como pessoa, com potencial para participar de seu tratamento. Inicialmente o Hospital continua o centro (modelo hospitalocêntrico), mas já aparecem os primeiros trabalhos na comunidade, focando a prevenção.

Reforma Psiquiátrica Trieste (Itália), 1971: experiência mais radical de transformação do modelo assistencial psiquiátrico. Em vez de colocar o homem entre parênteses era preciso colocar a doença entre parênteses para lidar com os sujeitos concretos que sofrem. Paciente precisa de tratamento, mas também de trabalho, lazer, cuidado, afeto: DESOSPITALIZAÇÃO.

Brasil Anos 60, 70 e 80: os hospitais psiquiátricos eram um negócio rentável: Muitos pacientes; Poucos funcionários; Péssimas condições sanitárias; Anulação dos direitos de cidadania dos internos. Algumas experiências transformadoras. Final dos anos 70: início da Reforma Psiquiátrica.

Brasil Reforma Psiquiátrica: Crítica ao modelo hospitalocêntrico (1978-1991) Constituição de 1988: Criação do Sistema Único de Saúde (SUS). Críticas aos hospitais Psiquiátricos. São Paulo (1980): Criação dos ambulatórios de saúde mental. Equipes: psiquiatra, assistente social e psicólogo. Modelo biopsicossocial. Primeiro CAPS (1987).

Brasil Reforma Psiquiátrica: Implantação da rede extra-hospitalar (1992-2000): 208 CAPS e 93% dos recursos do Ministério da Saúde para a Saúde mental ainda eram destinados aos hospitais psiquiátricos. Lei Nacional (2001-atual): Lei Federal 10.216 redireciona a assistência em Saúde Mental: Privilegia o tratamento em serviços de base comunitária. Proteção e direitos de pessoas com transtornos mentais. Construção de uma rede de atenção à saúde mental substitutiva ao modelo centrado na internação hospitalar.

Programa Saúde da Família Equipe multidisciplinar: todos os profissionais devem participar das atividades terapêuticas da área de saúde mental. Atividade pesada para os profissionais: muito contato com sofrimentos de diversas ordens. Pacientes tratados nas tramas que organizam suas vidas. Ações pautadas pelo conceito de cidadania. Trocar a contenção pela continência.

Desafio atual Desconstrução da dicotomia entre saúde física e saúde mental e dos pressupostos que a embasam. “Sofrimento psíquico”: categoria norteadora da prática.