III Congresso da CPLP Lisboa, 17 a 19 de Marco

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Transcrição da apresentação:

III Congresso da CPLP Lisboa, 17 a 19 de Marco Porquê alto risco de infecção pelo HIV entre jovens estudantes dos 15 aos 19 anos de idade na cidade de Nampula e no distrito de Lalaua, província de Nampula, Moçambique? III Congresso da CPLP Lisboa, 17 a 19 de Marco Eusebio Chaquisse, MD, MIH Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Universidade Lurio

Introdução Mais de 25 milhões de pessoas morreram vítimas do Sindroma de Imunodeficiência Adquirida (SIDA) desde 1981 altura em que foi diagnosticado África sub-sahariana continua a ser duramente flagelada pela epidemia do HIV e cerca de 25.8 milhões de pessoas vivem com o HIV

Introdução (2) Moçambique é um dos dez países no mundo com a mais elevada taxa de prevalência de infecção pelo HIV; Desde o início da epidemia, Moçambique implementou programas nacionais com o objectivo de abordar os desafios de saúde reprodutiva dos adolescentes e jovens, Envolvendo os sectores de Saúde Educação Juventude e desportos

Introdução (3) Os jovens constituem 60% de novas infecções, tendo sido identificados factores que contribuem para a expansão do HIV em Moçambique As mulheres jovens são principalmente infectadas pelo HIV devido à falta de suporte económico e de terem relações sexuais com homens de diferente geração

Características da Província A província de Nampula no Norte de Moçambique, É uma das maiores contribuintes para o produto nacional bruto.

Objectivo global Identificar os factores associados à vulnerabilidade à infecção pelo HIV nos estudantes jovens dos 15-19 anos de idade, na cidade de Nampula e no distrito de Lalaua na província de Nampula

Objectivos específicos 1. Avaliar os conhecimentos sobre as infecções pelo HIV e as ITSs 2. Explorar os conhecimentos sobre o uso do preservativo (disponibilidade e acessibilidade, percepção e poder de negociação das mulheres jovens) 3. Identificar a principal fonte de informação apropriada para abordar os assuntos relacionados com o HIV/SIDA e as ITSs numa zona urbana e rural 4. Identificar os factores associados à vulnerabilidade a infecção pelas ITSs e o HIV (condições sócio-económicas dos pais, se o estudante vive com ambos os pais, a idade em que teve a primeira relação sexual, o número de parceiros/as nos últimos 6 meses, a idade do último parceiro/a e a sua ocupação)

Perguntas da pesquisa O que é que causa o número elevado de infecções pelo HIV nos jovens dos 15-19 anos de idade? O que é que pode ser feito para parar com novas infecções pelo HIV/ITSs nos jovens? Os jovens percebem o risco de infecção pelo HIV quando têm relações sexuais? Os jovens têm o conhecimento e habilidades para usarem diferentes medidas preventivas para se protegerem?

MATERIAIS E MÉTODOS Usando métodos quantitativos ( estudo transversal) Estudo é descritivo e exploratório Usando métodos quantitativos ( estudo transversal) 275 estudantes Discussões em Grupos Focais (DGF) Um guião de perguntas Tres grupos focais Escola secundária da cidade de Nampula que é a capital provincial e Sete mil (7000) estudantes Duas escolas distrito rural de Lalaua (1 secundária e outra da ultima classe do segundo nível primário, 7ª classe) Base nas suas característicase socio-económicas, culturais, infra-estruturas, e acessibilidade e pela sua localização

Introdução de dados e análise Dados quantitativos Analisados usando o Epi-Info. Programa Epical 2000 Para calcular as diferenças estatísticamente significativas para as proporções. qualitativos Dados Transcritos e analisados manualmente de acordo com os temas priorizados: Conhecimento da infecção pelo HIV, o uso do preservativo, o poder de negociação e os factores associados à vulnerabilidade.

Resultados e análise

Características demográficas e socio-económicas 42,2% raparigas e 57,8% rapazes N=275 e 33 GFD Menos raparigas nas escolas da zona rural. Aspectos sócio-culturais fazem com que seja praticamente impossível ter o mesmo número de estudantes femininos quando comparados com os masculinos. Maioria dos estudantes vive com pais e parentes Pais 107 (38,9%)e Parentes 89 (32,3%) Na cidade 54,7% dos encarregados de educação Funcionários públicos Na zona rural 49,3% do total de rendimento dos pais e encarregados de educação Agricultura é a principal actividade

Conhecimento sobre a infecção pelo HIV e ITSs entre os jovens O total de 33 (100%) participantes na discussão em grupos focais e 275 (100%) dos entrevistados ouviu falar ou sabe acerca do HIV/SIDA e das ITSs As raparigas nas duas zonas Amamentação como forma de transmissão A diferença entre elas é mais baixa (p < 0,05) Os rapazes nas zona rural e urbana A diferença entre o nível de conhecimentos (p < 0,0001)

Grupos Focais de Discussão (GFD) Há algumas lacunas que são necessário considerar para completar o seu conhecimento sobre a infecção pelo HIV Há alguns conceitos errados, tais como “as ITSs não tratadas podem acumular-se e predispor a pessoa ao HIV/SIDA”

Abstinência não ser a principal forma de prevenção entre os jovens Formas de prevenção 69 (50,7%) da zona rural e 65 (46,8%) da cidade mencionaram correctamente 3 ou mais vias para evitar a infecção pelo HIV Abstinência não ser a principal forma de prevenção entre os jovens Afirmações como, “Existe atracção biológica para ambos os sexos entre as idades de 13 anos e 15 anos” “A relação sexual é uma criação biológica e ninguém pode ensinar ao outro o que deve fazer e como fazer, também é difícil alcançar a satisfação sexual sem uma parceira do sexo feminino”

Percepção, poder de negociação uso do preservativo entre os jovens Os estudantes que participaram nas DGFs exprimiram a sua opinião através das afirmações seguintes “A maior parte das pessoas pensa que o preservativo transmite o HIV, se você puser o preservativo na água, depois de um certo tempo você verá larvas na água.” “As pessoas querem ter relações sexuais carne com carne porque o preservativo reduz o prazer sexual e tempo de orgasmo.” “Se você tiver uma mulher bonita, não faz sentido usar o preservativo porque você não vai sentir o prazer da relação sexual.”

Muitas pessoas na sua escola usam o preservativo durante as relações sexuais? Afirmam vigorosamente 36 (26,5%) zona rural e 43 (30,9%) da urbana Discordaram vigorosamente 58 (42,6%) dos estudantes da zona rural 40 (28,8%) da zona urbana Diferença estatística (p< 0.05)

Tomada de decisão para o uso do preservativo 128 estudantes do total de 143, com experiência sexual, afirmaram ter usado o preservativo As raparigas afirmaram serem elas próprias que normalmente tomam a decisão de usar o preservativo em relacao aos seus pares das 22 da zona rural, 14 (63.6%) e das 21, da zona urbana 11 (52.0%). Os rapazes, afirmaram terem sido eles que decidiram o uso do preservativo. 25 (59.5%) da zona rural e 25 estudantes (58.1%) da zona urbana Afirmaram ter sido ambos a decidirem pelo uso do preservativo 5 (22.7%9) raparigas da zona rural e 8 (38.1%) da urbana A principal razao do uso do preservativo Evitar a gravidez

Factores associados a vulnerabilidade às ITSs e ao HIV Percepção do risco de contrair a infecção pelo HIV Condições sócio-económico dos pais “a pobreza conduz a uma baixa auto-estima”, “falta de controlo dos pais” “A maioria delas (as estudantes do sexo feminino) têm colegas amigos com quem mantem uma relação, porém a maioria das raparigas tem múltiplos parceiros (homens mais velhos)” e “devido aos encargos económicos, alguns pais não questionam as suas tuteladas quando as encontram com dinheiro”

Percepção do risco de contrair a infecção pelo HIV Há uma associação estatisticamente significativa (χ ² = 4,46, df=1, p < 0,05) entre a percepção do risco de infecção e a ocupação de seus pais. Aqueles que têm uma percepção do risco elevada, têm pais com bom rendimento salarial. Parece que aqueles cujos pais têm melhor rendimento, têm uma vantagem quando se trata de se protegerem da infecção pelo HIV. A percepção dos estudantes sobre o risco de HIV não difere significativamente (χ ² =2,15, df=1, p>0,05) entre aqueles que tiveram relações sexuais (n=143) e as condições socio-económicas dos pais. Há uma associação significativa (χ ² = 9,7, df=1, p < 0,01) para aqueles que não tiveram relação sexual e estão a viver com ambos os pais. Esta é, provavelmente, uma indicação de que aqueles que tiveram relações sexuais estão a correr o mesmo risco independentemente das condições socio-económicas dos pais.

Percepção do risco de contrair a infecção pelo HIV “Por causa do amor e do dinheiro, as raparigas têm relações sexuais sem preservativos; por outro lado, os homens querem ter o valor do seu dinheiro e não aceitam o uso do preservativo.” “A pobreza faz com que alguns pais empurrem as raparigas para terem relações sexuais ou relação com homens mais velhos apenas para adquirirem dinheiro para o sustento da casa e outros benefícios, especialmente se a rapariga fica grávida, isso constitui uma oportunidade para eles reterem esse homem.”

Discussão “Os jovens têm razão para não usar o preservativo porque querem ter a sensação sensual e incutir neles a confiança de que têm uma mulher para si próprios” e “Se você tiver uma mulher bonita, não faz sentido usar o preservativo porque você não sentirá o prazer da relação sexual.” “É preferível masturbar-se do que usar um preservativo.” A promoção do preservativo deve ter uma estratégia diferente para as raparigas e para os rapazes

O poder de negociação do uso do preservativo é influenciado: Conclusão O conhecimento relativo a importancia do uso do preservativo para prevenir a transmissão do HIV é elevado, Entretanto conceitos errados sobre o preservativo como estando já infectado pelo HIV e A percepção de redução do prazer durante as relações sexuais O poder de negociação do uso do preservativo é influenciado: Pelos aspectos sociais e económicos, por exemplo Enquanto as raparigas não podem negociar o uso do preservativo por causa do dinheiro Os rapazes recusam-no por causa do prazer A percepção de infecção entre os estudantes está associada às condições sócio-económicas dos pais. Viver com os pais, receber apoio e supervisão também está associado com o retardamento das relações sexuais entre os jovens.

Muito Obrigado