A INTOLERÂNCIA Terça-feira, 14 de Julho de 2015
As flores toleram as abelhas, mesmo se estas lhes tiram o néctar, mesmo se, por vezes, uma pétala se magoa na operação.
A Natureza tolera os ventos que arrastam folhas e quebram os ramos, tolera as torrentes e correntes que não perguntam o que carregam na sua passagem.
A própria Lua tolera as suas mudanças e acolhe serenamente cada fase, com dignidade.
Só nós, humanos e racionais, somos assim... intolerantes com a vida, com o próximo...
...com o que nos acontece, com o que deixa de nos acontecer, com as diferenças e os diferentes, que mal suportamos.
Damos muito de nós e queremos,depois, ainda ficar inteiros; recebemos e queremos, mesmo assim, continuar iguais, ricos no nosso “eu”...
...sem as mágoas dos pecados que nos deixariam iguais a toda a gente.
Queremos amar o que nos é próximo, pois até nos disseram: “ama a teu próximo...”
...sendo, porém, que esse próximo tem de ser uma correspondência daquilo que cada um de nós é! Aquilo que aparece diferente, decepciona- nos…
Por isso, exigimos tanto dos outros e permitimos que o nosso espírito se encha de núvens negras de tristeza…
... quando nos enfrentamos com actos e reacções diferentes daquelas de que estamos à espera. que esperamos.
Mas não é amar a gente tolerar nos outros que sejam diferentes de cada qual de nós? e aceitar tudo com resignação e alegria, até que…
… mesmo nas possíveis falhas, eles nos encham de novos ares e flores?
A tolerância é uma prova de amor e de humildade… É o nosso espírito que se inclina primeiro, para depois se levantar mais rico, mais cheio, mais aberto, mais solto, mais livre…
Mais livre!!!! E por isso mais feliz!
Simplesmente, tolerar é a gente abrir-se como se abrem as nossas janelas para que o sol entre.
Tolerar enobrece-nos, pois permite experimentar a vida nos seus ínfimos pormenores.
Formatação: Celinha Neme Tradução de brasileiro para português: Rogério Barroso