Qualidade da Água na Piscicultura Rondon T. Y. Baptista de Souza

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Transcrição da apresentação:

Qualidade da Água na Piscicultura Rondon T. Y. Baptista de Souza Zootecnista

Importância do monitoramento e do manejo da qualidade da água na piscicultura Desempenho: crescimento e conversão alimentar Bem estar: saúde e resistência às doenças Favorecimento à ocorrência de parasitos e patógenos Maior sobrevivência Otimização da produtividade e dos insumos Minimiza os custos de produção

Aspectos da fisiologia dos peixes importantes para a piscicultura Pecilotermia/ectotermia - maior disponibilidade de energia para crescimento Respiração – difusão pelas brânquias (O2 e CO2) Excreção fecal – aporte de nutrientes ao ambiente Excreção nitrogenada – metabolismo de proteínas - amônia é o principal produto, envolve baixo gasto de energia comparado aos mamíferos e aves (uréia e ácido úrico) - principal via através da difusão nas brânquias

Fontes de água para a piscicultura Água superficial – igarapés, rios, lagos, represas - qualidade variável da fonte e entre as fontes - maior risco de contaminação (poluentes, fauna) Água subterrânea – poços, nascentes - qualidade variável entre as fontes - menor risco de contaminação - comum ocorrência de baixo nível de oxigênio dissolvido (OD) e elevado CO2 - freqüente ocorrência de Fe2+ (forma reduzida) - crescente controle e restrição ao uso

Utilização da água água de origem: fonte, nascente, lago, córrego, igarapé ou mesmo um rio. água de uso: tanques, valetas, canais, canaletas, tubos de distribuição. água de lançamento: córregos, rios e lagos.

Fontes de água para a piscicultura Águas superficiais Parâmetro 1 2 3 4seca 4cheia pH 6,6 6,9 7,5 5,0 6,0 OD (mg/L) 7,6 6,1 1,8 6,2 CO2 (mg/L) 5,4 26,3 12,0 8,0 Alcalinidade (mg/L) 121,1 225,0 0,0 Dureza (mg/L) 16,0 52,8 270,0 2,0 Amônia total (mg/L) 0,09 2,7 0,01 0,05 PO43- total (mg/L) 0,07 314,0 N/D 1. Represa Piracicaba-SP; 2. Represa Rio das Pedras-SP; 3. Açude Aracoiaba-CE; 4. Rio Negro Manaus-AM.

Fontes de água para a piscicultura Águas subterrâneas Parâmetro 1 2 3 4 pH 8,4 7,4 6,0 4,5 OD (mg/L) 0,4 0,0 1,6 5,3 CO2 (mg/L) 22,0 80,0 Alcalinidade (mg/L) 260,1 106,6 Dureza (mg/L) 4,8 632,6 8,0 1,0 Fe2+ (mg/L) 0,04 10,0 N/D 1. Poço nos EUA; 2. Poço nos EUA; 3. Nascente Piracicaba-SP; 4. Poço #2 CPAQ/INPA Manaus-AM.

Principais parâmetros físico-químicos Temperatura pH – concentração hidrogeniônica Oxigênio dissolvido Alcalinidade total Dureza total Gás carbônico Amônia e nitrito Condutividade Turbidez mineral Transparência (disco de Secchi)

Temperatura para as principais espécies tropicais MORTE Redução do apetite e baixa resistência ao manuseio e às doenças 32C Conforto: 26 a 32C 26C Consumo de alimento reduzido, piora na conversão e crescimento lento 20C Crescimento muito lento e baixa tolerância ao manuseio e às doenças 8 - 16C MORTE

O pH da água pH – concentração hidrogeniônica 14 Medidor de pH (peagâmetro) Método colorimétrico Papel indicador 7 Ácido Alcalino 14

O pH da água As pós-larvas de peixes são muito sensíveis e normalmente não toleram pH acima de 8,5 8,5 Maior estresse 8,0 Faixa ideal de pH 6,5 Maior estresse 6,0 Reduz o crescimento e aumenta susceptibilidade às doenças 5,0 Morte sob exposição prolongada

O que faz variar o pH da água? A respiração, fotossíntese, adubação, calagem e poluição são os cinco fatores que causam a mudança de pH na água.

Oxigênio dissolvido (OD) para os peixes tropicais OD ideal 100% saturação > 5,0mg/L Reduz consumo de alimento 3,0mg/L Reduz o consumo de alimento e o crescimento; e piora a conversão alimentar 2,0mg/L Respiração na superfície 0,5 a 1,0 mg/L Morte por asfixia sob exposição prolongada

Formas de difusão de oxigênio Difusão direta: É realizada mediante ao contato do ar atmosférico com a água, realizado principalmente pela ação dos ventos.

Movimentação Física

Movimentação Física

Processo de fotossíntese Produção feita pelo fitoplâncton presente na água dos viveiros.

Importância da manutenção do fitoplâncton nos viveiros Oxigenação dos viveiros Remoção da amônia e gás carbônico Base da cadeia alimentar Atenua problemas com a turbidez mineral Impede o desenvolvimento de plantas aquáticas e algas filamentosas no fundo dos viveiros (sombreamento); Objetivo: promover uma rápida formação do fitoplâncton e garantir a sua manutenção

Utilização do Disco de Secchi

Ajustando a adubação em função da transparência Grande risco de baixo OD Suspender a adubação ou arraçoamento Reduzir o arraçoamento ou adubação Adubação ou arraçoamento na taxa normal 20 cm 30 cm 50 cm 70 cm

Alcalinidade e Dureza É a medida da capacidade de neutralizar ácidos. A alcalinidade é medida em mg de CaCO3 por litro de água. A alcalinidade da água dos viveiros deverá estar com valores acima de 30 mg de CaCO3/L

Alcalinidade Viveiros com alcalinidade muito baixa < 3mg de CaCO3/L poderá ter valores de pH variando muito no decorrer do dia. Águas com baixa alcalinidade não são boas para incubação de ovos pois dificultam a formação da casca dos ovos.

Alcalinidade Recomendação de calagem com calcário agrícola Alcalinidade (mg CaCO3/L) Calcário Agrícola (gramas/m2) Menor que 10 300 a 400 Entre 10 e 20 200 a 300 Entre 20 e 30 100 a 200 Para aumentar a alcalinidade dos viveiros poderemos utilizar o calcário agrícola, processo conhecido como calagem;

Calagem Objetivos da calagem Materiais para calagem Neutralizar a acidez potencial do solo Melhorar o sistema tampão da água Reduzir a concentração de gás carbônico livre na água Materiais para calagem Calcário agrícola (calcítico e dolomítico) CaMg(CO3)2 Cal hidratada CaMg(OH)2 Cal virgem CaMg(O)2

Calagem Calagem no fundo dos viveiros Calagem durante o cultivo Neutralizar a acidez potencial do solo Melhorar as condições para decomposição da matéria org. Calagem durante o cultivo Melhorar o sistema tampão da água Utilizar calcário agrícola (segurança) Se usar cal virgem ou cal hidratada doses de 70 a 100kg/ha/dia (7 a 10g/m2/dia)

Amônia A amônia é um gás proveniente da excreção dos peixes, e também da decomposição microbiana dos restos de alimento, fezes e adubos orgânicos lançados nos corpos d’água; A amônia total é composta pelo amônio (NH4+) + amônia (NH3-). O pH é o principal fator que determina a proporção que estas duas formas e quanto maior o pH maior será a porcentagem de amônia tóxica.

Amônia Concentrações tóxicas: giram entre 0,3 a 3,6 mg/L, mas a exposição contínua de amônia tóxica de 0,1 mg/L pode causar irritação das brânquias além de reduzir o consumo. Amônia (NH3) mg/L = amônia total em mg/L x (valor tabela/100)

Temperatura da água (°C) Porcentagem de amônia (NH3) na amônia total em função da temperatura e do pH da água. pH Temperatura da água (°C) 18 20 22 24 26 28 30 32 6,0 0,034 0,039 0,045 0,052 0,060 0,069 0,079 0,091 6,5 0,107 0,124 0,143 0,165 0,190 0,218 0,251 0,287 7,0 0,337 0,390 0,451 0,520 0,598 0,688 0,788 0,902 7,5 1,057 1,223 1,411 1,626 1,868 2,142 2,451 2,799 8,0 3,268 3,767 4,331 4,966 5,679 6,475 7,362 8,345 8,5 9,651 11,02 12,52 14,18 15,99 17,96 20,08 22,36 9,0 25,25 28,13 31,16 34,32 37,58 40,91 44,28 47,66 9,5 51,65 55,32 58,88 62,30 65,56 68,65 71,53 74,22 10,0 77,16 79,65 81,91 83,94 85,76 87,38 88,82 90,10

Exemplo 1: Exemplo 1 (grifado em verde). Amônia total (medido com o kit de análise de água) = 1,0 mg/L pH da água: 7,0 Temperatura: 28oC Amônia (NH3) = 1,0 x (0,688/100) = 0,00688 ou 0,0069 mg/L NH3

Exemplo 2: Exemplo 2 (grifado em vermelho) Amônia total (medido com o kit de análise de água) = 1,0 mg/L pH da água: 9,5 Temperatura: 28oC Amônia (NH3) = 1,0 x (68,65/100) = 0,6865 ou 0,69 mg/L NH3

Métodos de Monitoramento Na produção intensiva deve-se monitorar diariamente os seguintes parâmetros: Temperatura Oxigênio Dissolvido pH Transparência duas vezes por semana Amônia, nitrito, alcalinidade e dureza pelo menos uma vez por semana.

Mesmo com o monitoramento deve-se adotar um padrão para se fazer as medições: Horários (de manhã bem cedo ou fim da tarde); Profundidade; Locais pré-determinados