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O leitor em foco As bases das teorias da recepção.

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1 O leitor em foco As bases das teorias da recepção

2 Língua falada x língua escrita Assim, as reflexões sobre o papel do interlocutor, sua competência lingüística e sua capacidade de abstração - aspectos que preocupam lingüistas, literatos e educadores – deram origem à diferentes teorias de estudo da linguagem e do discurso, literário ou não. Nesse contexto, encontramos na década de 1970 o surgimento na Alemanha de um grupo de teorias que tentam descrever processos relevantes envolvidos na relação entre indivíduo e texto: as teorias da recepção. Dessa forma, poderíamos considerá-las como a junção dos esforços de lingüistas e literatos no propósito de melhor descrever os mecanismos e os problemas que cercam a leitura.

3 O leitor em foco “É durante os anos 1970 que os profissionais da análise de textos começam a estudar a leitura. A obra literária que, até então, era entendida na sua relação com uma época, uma vida, um inconsciente ou uma escrita é repentinamente considerada em relação àquele que, em última instância, lhe fornece sua existência: o leitor. Os teóricos percebem que as duas questões mais importantes que eles se colocam – o que é literatura? como estudar os textos? – significam perguntar por que se lê um livro. A melhor forma de entender a força e a perenidade de certas obras não equivale, de fato, a se interrogar sobre o que os leitores encontram nelas?” (JOUVE, 2002, p. 11).

4 InconscienteBiografia Contexto Histórico Escrita Texto Leitor

5 O leitor em foco “Mas o que é estudar a leitura? Se o objeto da crítica é a obra, qual é o das teorias da recepção? O desempenho do leitor? O texto que lhes serve de suporte? A interação entre os dois? Mas será que a leitura se reduz a uma troca bipolar? A relação com a obra não tem também a ver com as práticas culturais, os modelos ideológicos, as invariantes psicanalíticas? Levar em conta esses diversos parâmetros não nos traz de volta ao campo tradicional dos estudos literários? Analisar a leitura significa se interrogar sobre o modo de ler um texto, ou sobre o que nele se lê (ou pode se ler). Ora, se a observação do “como” da leitura confere às teorias da recepção certa especificidade, o problema de seu “conteúdo” leva freqüentemente a se questionar sobre o ou os sentidos do texto” (JOUVE, 2002, p. 13-14).

6 O leitor em foco O que é a leitura? A leitura é uma atividade complexa, plural, que se desenvolve em várias direções. Podemos conceber a leitura como um processo com cinco dimensões: Processo neurofisiológico Processo cognitivo Processo afetivo Processo argumentativo Processo simbólico

7 O leitor em foco Processo neurofisiológico A leitura é antes de mais nada um ato concreto, observável, que recorre a faculdades definidas do ser humano. Com efeito nenhuma leitura é possível sem um funcionamento do aparelho visual e de diferentes funções do cérebro. Ler é, anteriormente a qualquer análise de conteúdo, uma operação de percepção, de identificação e de memorização dos signos. Diferentes estudos mostraram que o olho não apreende os signos um após o outro, mas por pacotes. Assim é freqüente “pular” certas palavras ou confundir os signos entre si. O movimento do olhar não é linear e uniforme; ao contrário, é feito de saltos bruscos e descontínuos.

8 O leitor em foco Processo neurofisiológico Vejamos um exemplo: “De aorcdo com uma pqsieusa de uma uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as lrteas de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia lrteas etejasm no lgaur crteo O rseto pdoe ser uma bçguana ttaol que vcoê pdoe anida ler sem pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa lrtea isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo.”

9 O leitor em foco Processo neurofisiológico O deciframento do leitor é mais fácil quando o texto comporta palavras breves, antigas, simples e polissêmicas. Por outro lado, como a capacidade de memória imediata de um leitor oscila entre oito e dezesseis palavras, as frases mais adaptadas aos quadros mentais do leitor são as curtas e estruturadas. Quando um autor não respeita esses grandes princípios de legibilidade, todos os deslizes semânticos tornam-se possíveis; assim o texto “lido” não é mais realmente o texto “escrito”.

10 O leitor em foco Processo neurofisiológico Aqui observamos um exemplo retirado do romance Ulisses de James Joyce: “Prosseguiu solenemente e galgou a plataforma de tiro. (...) Então, percebendo Stephen Dedalus, inclinou-se para ele, traçando no ar rápidas cruzes, com grugulhos guturais e meneios de cabrita. Stephen Dedalus, enfarado e sonolento, apoiava os braços sobre o topo do corrimão e olhava friamente a nieneante cara grugulhante que o bendizia, eqüina de comprimento. e a cabeleira clara não tosada, estriada e matizada como carvalho polido. (...) A fomida cara sombreada e a soturna queixada oval lembravam um prelado, protetor das artes, da Idade Média”.

11 O leitor em foco Processo cognitivo Depois que o leitor percebe e decifra os signos, ele tenta entender do que se trata. A conversão das palavras e grupos de palavras em elementos de significação supõe um importante esforço de abstração. Essa compreensão pode ser mínima, dizendo respeito apenas à ação em curso. O leitor, totalmente preocupado em chegar ao fim, concentra-se então no encadeamento dos fatos. É o que geralmente ocorre durante a leitura dos romances policiais ou de aventura. Quando os textos são mais complexos, o leitor, pode, ao contrário, sacrificar a progressão em favor da interpretação: detendo-se sobre este ou aquele trecho, procura entender todas as suas implicações (progressão X compreensão).

12 O leitor em foco Processo cognitivo A leitura de textos literários apresenta uma característica particular em relação à outras modalidades textuais: o pacto ficcional. Como afirma Umberto Eco: “A norma básica para se lidar com uma obra de ficção é a seguinte: o leitor precisa aceitar tacitamente um acordo ficcional, que Coleridge chamou de ‘suspensão de descrença’. O leitor tem de saber que o que está sendo narrado é uma história imaginária, mas nem por isso deve pensar que o escritor está contando mentiras” Dessa forma dois universos distintos (o universo experimental e o universo imaginário) se complementam na obra de arte.

13 A ilusão do ficcional

14 A complementaridade entre os universos

15 A subversão e a reorganização da realidade

16 DO RIGOR NA CIÊNCIA – Jorge Luis Borges (Argentina, 1960) Naquele Império, a Arte da Cartografia alcançou tal Perfeição que o mapa de uma única Província ocupava toda uma Cidade, e o mapa do império, toda uma Província. Com o tempo, esses Mapas Desmesurados não foram satisfatórios e os Colégios de Cartógrafos levantaram um Mapa do Império, que tinha o tamanho do Império e coincidia pontualmente com ele. Menos Afeitas ao Estudo da Cartografia, as Gerações Seguintes entenderam que esse dilatado Mapa era Inútil e não sem Impiedade o entregaram às Inclemências do Sol e dos Invernos. Nos desertos do Oeste perduram despedaçadas Ruínas do Mapa, habitadas por Animais e por Mendigo; em todo o País não há outra relíquia das Disciplinas Geográficas. (Suárez Miranda: Viajes de Varones Prudentes, livro quarto, cap. XLV, Lérida, 1658.)

17 O leitor em foco Processo afetivo O charme da leitura provém em grande parte das emoções que ela suscita. Se a recepção do texto recorre às capacidades do leitor, influi igualmente, talvez, sobretudo – sobre sua afetividade. As emoções estão de fato na base do princípio de identificação, motor essencial da leitura de ficção. É porque elas provocam em nós admiração, piedade, riso ou simpatia que as personagens romanescas despertam o nosso interesse. Segundo os humanistas, o texto literário faria com que o leitor conhecesse um pouco mais sobre si mesmo através das relações possíveis de semelhança ou oposição entre o indivíduo empírico e os construtos ficcionais presentes no texto (personagens, espaço, conflitos, etc.).

18 O leitor em foco Processo argumentativo O texto, como resultado de uma vontade criadora, conjunto organizado de elementos, é sempre analisável, mesmo no caso das narrativas em terceira pessoa, como “discurso”, engajamento do autor perante o mundo e os seres. A intenção de convencer está, de um modo ou de outro, presente em toda narrativa. Qualquer que seja o tipo de texto, o leitor, de forma mais ou menos nítida, é sempre interpelado. Trata-se para ele de assumir ou não para si próprio a argumentação desenvolvida.

19 O leitor em foco Processo argumentativo Vejamos um exemplo explícito do escritor estado- unidense Henry David Thoreau: “O melhor governo é o que menos governa (...) Entendido ao pé da letra, esse lema significa o seguinte: ‘O melhor governo é o que não governa absolutamente nada’. Tão logo os homens estejam preparados, esse será o gênero de governo que terão”. “Toda votação se constitui num tipo de jogo (...) com uma leve coloração moral, em que se brinca com o certo e o errado sobre questões morais”.

20 O leitor em foco Processo simbólico O sentido que se tira da leitura (reagindo em face da história, dos argumentos propostos, dos jogos entre os pontos de vista) vai se instalar imediatamente no contexto cultural onde cada leitor evolui. Toda leitura interage com a cultura e os esquemas dominantes de um meio e de uma época. O leitor passa a encarar o universo de suas relações e de suas experiências de uma forma diferente daquela anterior à leitura. A obra de arte, simulacro da realidade, volta a se inscrever no mundo factual após a leitura, alterando a visão de mundo do indivíduo e podendo se fixar no imaginário coletivo de uma época. Tal processo pode, inclusive, transformar padrões estabelecidos de pensamento e comportamento.

21 O leitor em foco Processo simbólico No trecho a seguir da sátira Terra Papagalli, percebemos a atualidade da crítica de José Torero: “De vez em quando davam com as flechas nas nossas ancas, mas era isso antes gracejo que ameaça, pois já folgavam conosco e só alguns ainda nos olhavam com má cara. Isso passado, entendemos que já não tinham disposição de nos matar, principalmente por estarem muito admirados dos barretes, pentes e espelhos que havíamos trazido da nau, e desse episódio tiro, senhor conde, o primeiro dos conselhos que tem que aprender aqueles que querem vir para estes lugares:

22 O leitor em foco Processo simbólico Primeiro Mandamento Para bem viver na Terra dos Papagaios Na Terra dos Papagaios é preciso saber dar presentes com generosidade e sem parcimônia, porque os gentios que lá vivem encantam-se com qualquer coisa, trocando sua amizade por um guizo e sua alma por umas contas.”

23 O leitor em foco A grande particularidade da leitura em comparação com a comunicação oral é seu estatuto de comunicação diferida. O autor e o leitor estão afastados um do outro no espaço e no tempo. Autor e leitor não têm espaço comum de referência. Portanto, é fundamentando-se na estrutura do texto, isto é, no jogo de suas relações internas, que o leitor vai reconstruir o contexto necessário à compreensão da obra. Dessa forma, as teorias da recepção não deixam qualquer dúvida em relação ao papel essencialmente ativo do leitor. Ainda que o afastamento temporal e espacial sejam aparentes, a leitura não deixa de representar um diálogo entre dois indivíduos por meio do texto. E, assim como na comunicação oral, o interlocutor deve participar ativamente da composição de idéias e da construção dos sentidos.

24 Emissor Canal Mensagem Código Contexto Receptor


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