Robert Mundell Usos e Abusos da Lei de Gresham

Apresentação em tema: "Robert Mundell Usos e Abusos da Lei de Gresham"— Transcrição da apresentação:

1 Robert Mundell Usos e Abusos da Lei de Gresham
Curso: Tópicos em História Financeira IE/UFRJ, 2016 Prof. Fernando Carlos G. de C. Lima Robert Mundell Usos e Abusos da Lei de Gresham

2 Origens da lei de Gresham I
Aristófanes ( a.C): “moedas de valor intrínseco elevado (full-bodied) que são o orgulho de Atenas não são usadas, enquanto que as moedas de bronze passam de mão em mão”  Políticos ruins expulsam de circulação os políticos bons

3 Origens da lei de Gresham II
Oresme (séc. 14): toda vez que a moeda é aviltada, as moedas de menor valor intrínseco expulsam de circulação as moedas de maior valor intrínseco.  Oresme considerava a redução do peso ou da pureza da moeda uma forma de roubo praticada pelo príncipe

4 Atribuições equivocadas
Schumpeter Lei da economia:  1. escolha o bem mais útil entre os bens com o mesmo custo; e, 2. escolha o mais barato entre os que têm a mesma utilidade lei de Gresham é trivial: “se moedas contendo metais de diferente valor possuem o mesmo valor como curso forçado, as moedas mais baratas serão usadas nos pagamentos, enquanto que as melhores irão desaparecer de circulação”

5 Mundell: o aspecto microeconômico da lei de Gresham é trivial, mas...
Micro X Macro Mundell: o aspecto microeconômico da lei de Gresham é trivial, mas... A lei não é um princípio microeconômico sobre a motivação individual, racional; A lei de Gresham é uma proposição fundamental sobre a composição da moeda na economia e suas consequências

6 A moeda boa expulsa a moeda má?
Empiricamente, observa-se que a moeda boa expulsa a moeda má. Ex.: os “dólares da Idade Média”; o ouro e a prata usados nas moedas não eram “baratos” a libra esterlina no séc. 19 e o dólar no séc. 20

7 A moeda má expulsa a moeda se boa se são negociadas pelo mesmo preço
A condição essencial da lei de Gresham é que haja dois (ou mais) tipos de moeda que têm o mesmo valor para certos propósitos, e valores diferentes para outros propósitos Ex.: Uma moeda de prata nova que tenha o mesmo valor de face que uma moeda muito velha, de tamanho reduzido: elas são equivalentes (de curso forçado) para pagamentos domésticos; mas internacionalmente, valem pelo pesam

8 A moeda má expulsa a moeda se boa se são negociadas pelo mesmo preço (II)
Para que não circulem lado a lado internamente, é preciso haver uma situação de desequilíbrio: demanda de moeda diferente da oferta Ex.: se a demanda por moeda cai, a oferta vai se ajustar. Logicamente, haverá redução das moedas mais valiosas;  mas se a demanda aumenta, haverá desentesouramento das moedas boas

9 A moeda má expulsa a moeda se boa se são negociadas pelo mesmo preço (III)
Outra situação de desequilíbrio: déficit no balanço de pagamentos: apenas as moedas novas serão usadas sem desconto, logo serão exportadas As forças de mercado restabelecerão o equilíbrio, se o governo não adotar medidas de esterilização (se houver ajuste automático) A saída de circulação da moeda boa será maior se o governo cunhar moedas mais leves com o mesmo valor das moedas já em circulação

10 A moeda má expulsa a moeda se boa se são negociadas pelo mesmo preço (IV)
A lei de Gresham pode ser aplicada para apenas uma única economia: quando a demanda por moeda cai, as melhores moedas serão entesouradas Têm sido encontrados tesouros contendo moedas cunhadas em séculos diferentes; logo, desde que a demanda por moeda exigisse, circulavam pelo seu valor legal, mas sem que houvesse prêmio ou desconto

11 A substituição do ouro pelo crédito e pelo papel-moeda
Hume, 1752: Suponhamos que haja 12 mi. de libras em papel-moeda e 18 milhões em ouro e prata. Se não houvesse 12 milhões em papel-moeda, de qualquer forma haveria uma circulação total de 30 mi de libras em ouro e prata, que seriam adquiridos em outros países  A grande circulação de ouro na França se deve à grande demanda por papel-moeda e por crédito, e à falta de bancos

12 A substituição do ouro pelo crédito e pelo papel-moeda
Smith, 1776: papel-moeda “liberou” o ouro e a prata, que são instrumentos de comércio muito mais caros J.S Mill, 1848: “A substituição da moeda metálica pelo papel-moeda é benéfica; mas qualquer aumento da emissão de papel-moeda além desse ponto é uma forma de roubo”  1º Banco do Brasil ( )

13 “A grande recunhagem foi vítima da lei de Gresham”
No final do séc. 17, circulavam muitas moedas muito cerceadas, ao lado de moedas novas Prevaleciam as moedas de prata, cuja maior parte foi recunhada pelo valor e peso oficiais. Locke e Newton eram contrários ao “levantamento” das novas moedas Em 1694, entraram em circulação as notas de Banco da Inglaterra  As novas moedas de prata foram exportadas e a falsificação continuou, apesar da pena de morte “A grande recunhagem foi vítima da lei de Gresham”

14 Lei de Gresham & Bimetalismo I
EUA : adotou bimetalismo em 1792, com relação de 15:1 (Hamilton não sabia o que aconteceria na França) França (Napoleão), em 1803 manteve a relação 15,5:1  Nos EUA prevaleceu, na prática, a prata Em 1834, mudaram a relação para 16:1  Os EUA adotaram, na prática, o padrão-ouro

15 Lei de Gresham & Bimetalismo II
França: relação de 15,5:1 até 1870 Na prática, adotava a prata Nas décadas de 1840 e 1850 houve forte produção de ouro na Rússia e nos EUA  Resultado: ouro sobrevalorizado. Em 1870, a França adotou o padrão-ouro

16 Lei de Gresham & Bimetalismo III
Inglaterra: após a grande recunhagem, as moedas de prata foram exportadas. Era lucrativo importar ouro para cunhar Em 1717, o famoso relatório (Isaac) Newton, então presidente do Royal Mint A relação passou para 15,5:1, enquanto que na Europa era de 15:1 ou menos (por causa do ouro do Brasil)  Resultado: padrão-ouro, na prática