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Ensino de Literatura Brasileira

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Apresentação em tema: "Ensino de Literatura Brasileira"— Transcrição da apresentação:

1 Ensino de Literatura Brasileira
10. Literatura e cinema: A hora da estrela, de Clarice Lispector, e o filme de Suzana Amaral

2 Questões sobre o filme A hora da estrela (1986), de Suzana Amaral
Quais as alterações mais significativas feitas por Suzana Amaral ao adaptar o romance de Clarice Lispector para o cinema? O que de mais importante foi preservado? A fidelidade à obra literária, nesse tipo de adaptação, deve ser “cobrada” do roteirista e do diretor? Estaria ela ligada apenas à fábula narrada no livro ou haveria outros aspectos da trama que poderiam ser traduzidos para a linguagem cinematográfica? Pode a fidelidade ser vista como critério de valoração da obra cinematográfica, isto é, pode-se dizer que, quanto mais fiel ao livro, melhor o filme? Que outros critérios poderiam balizar a avaliação? A transposição de A hora da estrela para o cinema foi bem-sucedida? Trata-se mesmo, como julgou boa parte da crítica, de um belo ou um grande filme?

3 “O problema – o estabelecimento de uma hierarquia normativa entre a literatura e o cinema, entre uma obra original e uma versão derivada, entre a autenticidade e o simulacro e, por extensão, entre a cultura de elite e a cultura de massa – baseia-se numa concepção, derivada da estética kantiana, da inviolabilidade da obra literária e da especificidade estética. Daí uma insistência na ‘fidelidade’ da adaptação cinematográfica à obra literária originária. Essa atitude resulta em julgamentos superficiais que frequentemente valorizam a obra literária sobre a adaptação, e o mais das vezes sem uma reflexão profunda.” (Randal Johnson, “Literatura e cinema, diálogo e recriação: o caso de Vidas secas”, Literatura, cinema e televisão, p.40)

4  “A relação dinâmica que existe entre livros e filmes quase nem se percebe se estabelecemos uma hierarquia entre as formas de expressão e a partir daí examinamos uma possível fidelidade de tradução: uma perfeita obediência aos fatos narrados ou uma invenção de soluções visuais equivalentes aos recursos estilísticos do texto. O que tem levado o cinema à literatura não é a impressão de que é possível apanhar uma certa coisa que está num livro – uma história, um diálogo, uma cena – e inseri-la num filme, mas, ao contrário, uma quase certeza de que tal operação é impossível. A relação se dá através de um desafio como os dos cantadores do Nordeste, onde cada poeta estimula o outro a inventar-se livremente, a improvisar, a fazer exatamente o que acha que deve fazer.” (José Carlos Avellar, O chão da palavra, apud Randal Johnson, “Literatura e cinema, diálogo e recriação: o caso de Vidas secas”, Literatura, cinema e televisão, p.39-40)

5 “A fidelidade ao original deixa de ser o critério maior de juízo crítico, valendo mais a apreciação do filme como nova experiência, que deve ter sua forma, e os sentidos nele implicados, julgados em seu próprio direito. Afinal, livro e filme estão distanciados no tempo; escritor e cineasta não têm exatamente a mesma sensibilidade e perspectiva, sendo, portanto, de esperar que a adaptação dialogue não só com o texto de origem, mas com o seu próprio contexto, inclusive atualizando a pauta do livro, mesmo quando o objetivo é a identificação com os valores nele expressos.” (Ismail Xavier, “Do texto ao filme: a trama, a cena e a construção do olhar no cinema”, Literatura, cinema e televisão, p.62)

6 “Enquanto um romancista tem à sua disposição a linguagem verbal, com toda a sua riqueza metafórica e figurativa, um cineasta lida com pelo menos cinco materiais de expressão diferentes: imagens visuais, a linguagem verbal oral (diálogo, narração e letras de música), sons não verbais (ruídos e efeitos sonoros), música e a própria língua escrita (créditos, títulos e outras escritas).” (Randal Johnson, “Literatura e cinema, diálogo e recriação: o caso de Vidas secas”, Literatura, cinema e televisão, p.42)

7  “Tais observações, aos destacar equivalências entre as palavras e as imagens, ou entre o ritmo musical e o de um texto escrito, entre a tonalidade de um enunciado verbal e a de uma fotografia, colocam-se no terreno do que chamamos de estilo. Tomam o que é específico ao literário (as propriedades sensíveis do texto, sua forma) e procuram sua tradução no que é específico do cinema (fotografia, ritmo da montagem, trilha sonora, composição de figuras visíveis das personagens). Tal procura se apoia na ideia de que haverá um modo de fazer certas coisas, próprias ao cinema, que é análogo ao modo como se obtêm certos efeito no livro, ‘modo de fazer’ que diz respeito exatamente à esfera do estilo.” (Ismail Xavier, “Do texto ao filme: a trama, a cena e a construção do olhar no cinema”, Literatura, cinema e televisão, p.63)

8 “DEDICATÓRIA DO AUTOR (Na verdade Clarice Lispector)”
“Será essa história um dia o meu coágulo? Que sei eu. Se há veracidade nela – e é claro que a história é verdadeira embora inventada – que cada um a reconheça em si mesmo [...]” (Clarice Lispector, A hora da estrela, p.12) “A história [...] vai ter uns sete personagens e eu sou um dos mais importantes deles, é claro. Eu, Rodrigo S. M.” (Clarice Lispector, A hora da estrela, p.12-3)

9 “... a voz do narrador-personagem é bastante jocosa para anunciar que a história pobre da datilógrafa desenrolar-se-á acompanhada pelo ruflar de um tambor, ‘sob o patrocínio do refrigerante mais popular do mundo, com gosto de cheiro de esmalte de unhas e de sabão Aristolino’, e bastante séria para mediar o confronto da situação humana de Macabéa com o ofício e o papel do escritor. As peripécias da narração envolvem o dificultoso e o problemático do ato de escrever – questionado quanto ao seu objeto, à sua finalidade e aos seus procedimentos”. (Benedito Nunes, O drama da linguagem, p.163-4)

10 “(Se o leitor possui alguma riqueza e vida bem acomodada, sairá de si para ver como é às vezes o outro. Se é pobre, não estará me lendo porque ler-me é supérfluo para quem tem uma leve fome permanente. Faço aqui o papel de vossa válvula de escape e da vida massacrante da média burguesia. Bem sei que é assustador sair de si mesmo, mas tudo o que é novo assusta. [...])” (Clarice Lispector, A hora da estrela, p.30)

11 “[...] sou um homem que tem mais dinheiro do que os que passam fome, o que faz de mim de algum modo um desonesto. [...] Que mais? Sim, não tenho classe social, marginalizado que sou. A classe alta me tem como um monstro esquisito, a média com desconfiança de que eu possa desequilibrá-la, a classe baixa nunca vem a mim.” (Clarice Lispector, A hora da estrela, p.18-19)

12 “... mas não esquecer que para escrever não-importa-o-quê o meu material básico é a palavra. Assim é que esta história será feita de palavras que se agrupam em frases e destas se evola um sentido secreto que ultrapassa palavras e frases.” (Clarice Lispector, A hora da estrela, p.14)

13 “Apaixonei-me subitamente por fatos sem literatura – fatos são pedras duras e agir está me interessando mais do que pensar, de fatos não há como fugir.” (Clarice Lispector, A hora da estrela, p.16) “Estou me interessando terrivelmente por fatos: fatos são pedras duras. Não há como fugir. Fatos são palavras ditas pelo mundo”. (p.71) “O definível está me cansando um pouco. Prefiro a verdade que há no prenúncio.” (p.29)

14 “Tanto em pintura como em música e literatura, tantas vezes o que chamam de abstrato me parece apenas o figurativo de uma realidade mais delicada e mais difícil, menos visível a olho nu.” (Clarice Lispector, “Abstrato é o figurativo”, A descoberta do mundo, p.316)

15 “Como Gelsomina [de A estrada] e Cabíria, Macabéa é pura, tem dentro de si ‘aquilo que permaneceu intato no meio das erosões provocadas pelo ato de viver’, conforme Paulo Emílio ao descrever as duas personagens fellinianas. O narrador maquila seu rosto ante nossos olhos: meio ‘caiada’ pela ‘grossa camada de pó branco’ com que disfarçava os ‘panos’ do rosto, com a cara deformada pelo espelho ordinário que lhe punha um ‘nariz tornado enorme como se fosse o de um palhaço, um nariz de papelão’; os lábios finos pintados fora do contorno, na tentativa de imitar Marilyn Monroe, que para Macabéa era ‘toda cor-de-rosa’; as unhas roídas pintadas com esmalte berrante, deixando ver o sujo do sabugo – tudo isso compõe uma figura ao mesmo tempo lastimável e patética.” (Vilma Arêas, Clarice Lispector: com a ponta dos dedos, p.101-2)

16 “Que não se esperem, então, estrelas no que se segue: nada cintilará, trata-se de matéria opaca e por sua própria natureza desprezível por todos.” (Clarice Lispector, A hora da estrela, p.16) “... ela sabia muita coisa assim como ninguém ensina cachorro a abanar o rabo e nem a pessoa a sentir fome; nasce-se e fica-se logo sabendo. Assim como ninguém lhe ensinaria um dia a morrer: na certa morreria um dia como se antes tivesse estudado de cor a representação do papel de estrela. Pois na hora da morte a pessoa se torna brilhante estrela de cinema, é o instante de glória de cada um e é quando como no canto coral se ouvem agudos sibilantes.” (p.29)


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