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PublicouWilson Avelar Ventura Alterado mais de 7 anos atrás
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HENRI WALLON: a psicogênese da pessoa completa
Psicologia Aplicada à Educação Prof. Marcos Romão
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Vida e Obra Nasceu na França, em Viveu em Paris até sua morte, em Aos 23 anos, formou-se em Filosofia e aos 29 anos, em Medicina. Na 1ª. Guerra Mundial atuou como médico do exército francês. Até então, devido ao seu trabalho com crianças deficientes, havia desenvolvidos posições neurológicas que foram revistas, após o contato com ex-combatentes que apresentavam lesões cerebrais. Até 1931, atuou como médico em instituições psiquiátricas, onde se dedicou às crianças com deficiências neurológicas e distúrbios de comportamento. Esse seu trabalho leva-o a um interesse cada vez maior pela psicologia da criança, tendo sido o responsável, no período de 1920 a 1937, pelas conferências sobre a psicologia da criança, em várias instituições de ensino superior.
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Em 1925, fundou um laboratório para pesquisa e atendimento às crianças deficientes. Ainda neste ano, publica sua tese de doutorado intitulada “A Criança Turbulenta”, o primeiro de inúmeros livros voltados à psicologia da criança. Em 1931, em uma viagem para Moscou, passa a integrar a Círculo da Rússia Nova, grupo formado por intelectuais. Em 1948, criou a revista “Enfance”, publicada até hoje e que serve de instrumento de pesquisa para psicólogos e educadores.
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O teórico das emoções Wallon foi o primeiro a levar não só o corpo da criança mas também suas emoções para dentro da sala de aula. Fundamentou suas ideias em quatro elementos básicos que se comunicam o tempo todo: a afetividade, o movimento, a inteligência e a formação do eu como pessoa. Militante apaixonado (tanto na política como na educação), dizia que reprovar é sinônimo de expulsar, negar, excluir. Ou seja, "a própria negação do ensino".
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Psicogênese da pessoa completa
Ao contrário de Piaget, que buscava a gênese da inteligência, Wallon pretendia a gênese da pessoa. Assim, admite o organismo como condição primeira do pensamento, pois afirma que toda função psíquica supõe um componente orgânico e que o objeto de ação mental vem do ambiente em que está inserido. Dessa forma, o sujeito é determinado fisiológica e socialmente, ou seja, é resultado tanto das disposições internas quanto das situações exteriores.
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Wallon, então, propunha a psicogênese da pessoa completa, ou seja, o estudo da pessoa completa integrada ao meio em que está imersa. Com o seus aspectos afetivos, cognitivos e motores, também integrados. Afirma ainda que o estudo do desenvolvimento humano deve considerar o sujeito como “geneticamente social”, e realizar os estudos da criança contextualizada, nas relações com o meio.
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O desenvolvimento do organismo
Wallon afirma que o desenvolvimento se inicia na relação do organismo do bebê recém-nascido com o meio humano. A partir das relações humanas das pessoas à sua volta, aos seus reflexos e movimentos impulsivos, a criança passa a atuar no ambiente humano, desenvolvendo aquilo que Wallon denomina motricidade expressiva (dimensão afetiva do movimento). A condição e o limite para o desenvolvimento são o desenvolvimento neurológico, a maturação orgânica. Este, porém, está estreitamente ligado às condições do meio, que lhe vão dar as condições necessárias a essa maturação.
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Dessa forma, é a ação motriz que regula o aparecimento e o desenvolvimento das funções mentais (o movimento espontâneo transforma-se em gesto que, ao ser realizado intencionalmente, se reveste de significado). No esforço mental a musculatura, embora imobilizada, permanece envolvida em atividade tônica que pode ser intensa, ou seja, pensa-se com o corpo em sentido duplo: com o cérebro e com os músculos. Percebemos assim a importância atribuída à motricidade, na teoria de Wallon, que diz, que a imitação revela as origens do ato mental, e que o gesto precede a palavra, sendo também uma característica cultural.
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A função simbólica inibe o movimento, ou seja, a partir do momento em que o sujeito assimila os signos sociais (fala, escrita, etc) a comunicação motora passa a ser substituída por outros meios, decorrendo dai a disciplina mental, ou seja, o controle do sujeito sobre suas próprias ações. Desenvolver-se é ser capaz de responder com reações cada vez mais especificas a situações cada vez mais variadas. No seu desenvolvimento, o sujeito caminha do sincretismo (sentimento e ideias vividos de uma maneira global, confusa, sem clareza da situação) em direção à diferenciação (aos poucos se tornam mais claros e adequados às necessidades que a situação apresenta).
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A aquisição da linguagem muda radicalmente a forma de relação da criança com o meio. A linguagem é indispensável ao progresso do pensamento; sua relação é recíproca: a linguagem exprime o pensamento ao mesmo tempo que atua como estrutura do mesmo.
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Wallon estabeleceu três leis que regulam o processo de desenvolvimento:
Lei da alternância funcional: duas direções opostas alternam-se ao longo do desenvolvimento: centrípeta (construção do eu) e centrífuga (elaboração da realidade externa). Essas duas direções alternam-se constituindo o ciclo da atividade funcional. Lei da sucessão da preponderância funcional: as três dimensões (afetiva, cognitiva e motora) preponderam alternadamente ao longo do desenvolvimento do indivíduo. A dimensão motora predomina nos primeiros meses de vida, e as dimensões afetiva (na formação do eu) e cognitiva (no conhecimento do mundo exterior) alternam-se ao longo de todo o desenvolvimento. Lei da diferenciação e integração funcional: as novas possibilidades integram-se às conquistas dos estágios anteriores.
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Wallon estabeleceu os seguintes estágios de desenvolvimento do indivíduo:
Impulsivo emocional: 1º. Ano de vida. A afetividade orienta as primeiras reações do bebê às pessoas, as quais intermediam sua relação com o mundo físico. Os atos da criança têm o objetivo de chamar a atenção do adulto para que ele satisfaça as suas necessidades e garanta a sua sobrevivência. Aos poucos, passa a demostrar, também, necessidade de manifestações afetivas. Sensório motor e projetivo: vai até os 03 anos. A aquisição dos movimentos da marcha e da pressão dá autonomia na manifestação dos objetos e na exploração dos espaços. Ocorre o desenvolvimento da função simbólica e da linguagem. A criança aprende a conhecer os outros como pessoas em oposição à sua própria existência.
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Personalismo: dos 03 aos 06 anos
Personalismo: dos 03 aos 06 anos. Construção da consciência de si, mediante as interações sociais. Percepção dos diferentes papéis e das relações dentro do universo familiar e também dentro do novo grupo (escola maternal). Diferencia-se do outro e toma consciência de sua autonomia em relação aos demais. Categorial: dos 07 aos 12 anos. Progressos intelectuais dirigem o interesse da criança para as coisas, para o conhecimento e conquista do mundo exterior. Desenvolvimento cognitivo aguçado e sociabilidade ampliada. Capacidade de participação em vários grupos com graus e classificações diferentes, segundo as atividades de que participa.
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Predominância funcional (adolescência): fase marcada pelas transformações fisiológicas e psíquicas, com predominância afetiva. Há nova definição dos contornos da personalidade, que ficam desestruturados com as transformações ocorridas. O processo de socialização dá-se pelo contato como o outro e, também, pelo contato com a produção do outro (texto, pintura, música, etc). Por isso, a cultura em geral aproxima os homens, pois permite a identificação de uns com os outros.
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Legados de Wallon à educação
A teoria de Wallon apresenta muitos subsídios à reflexão na educação, não somente por estudar desenvolvimento da pessoa completa e de basear este estudo numa perspectiva dialética, mas, também, por tratar de temas como emoção, movimento, formação da personalidade, linguagem, pensamento, entre outros. Além de sua teoria psicogenética, que traz inúmeras implicações educacionais, Wallon desenvolveu ideias acerca da educação em artigos especialmente destinados a temas pedagógicos, e na proposta de reforma do sistema de ensino francês do pós-guerra, no projeto denominado Projeto Langevin- Wallon, das quais podemos destacar:
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A necessidade de compreender-se as complexas relações de determinação recíproca entre o indivíduo e a sociedade; A percepção da relação entre o regime politico de determinada sociedade e o sistema educacional nela vigente; A necessidade de considerar-se todas as dimensões que constituem o homem completo, para efetivar uma educação humanista; A afirmação de que a aptidão se manifesta se encontrar ocasião favorável e objetos que lhe respondam; A necessidade de uma educação completa; A necessidade de acesso à cultura, visando o cultivo de aptidões; A busca da dimensão estética da realidade e da expressividade do sujeito;
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A busca de oportunidade iguais a todos e o respeito à singularidade;
A necessidade de oferecer oportunidade de aquisições e expressões (integração entre arte e a ciência); A necessidade de uma nova organização do ambiente escolar, que deve ser planejado para que possa oportunizar interações sociais; A demonstração de que nas interações ocorrem crises e conflitos; é importante conhecer os motivos destas manifestações para controlá-las e entendê-las; A afirmação de que o ato motor tem múltiplas dimensões; o movimento mantém uma estrita relação com a atividade mental. Como resposta apresenta a “ditadura postural”, muitos conflitos podem ocorrer devido às exigências da escola.
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Para reflexão – afirmações de Wallon
“Somos pessoas completas, com afeto, cognição e movimento. Relacionamo- nos com uma aluno que é também uma pessoa completa, integral, com afeto, cognição e movimento. Somos componentes privilegiados do meio de nosso aluno”. “ Formação psicológica dos professores não pode ficar limitada os livros. Deve ter referência perpétua nas experiências pedagógicas que eles próprios podem pessoalmente realizar”.
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Referência Bibliográficas
Henri Wallon: uma Concepção Dialética do Desenvolvimento Infantil, Izabel Galvão, 136 págs., Ed. Vozes, Piaget, Vygotsky e Wallon: Teorias Psicogenéticas em Discussão, Yves de la Taille, Marta Kohl de Oliveira e Heloysa Dantas, 120 págs., Summus Editorial. A Infância da Razão: Uma Introdução à Psicologia da Inteligência de Henri Wallon, Heloysa Dantas, 112 págs., Ed. Manole.
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