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Kant e o Juízo Sintético a priori
Filosofia
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Retomando... Kant quer fazer da metafísica uma ciência objetiva, como a lógica, a matemática e, mais recentemente, a física Critica a tradição filosófica por não ter investigado, anteriormente à confecção de teses metafísicas sobre a realidade, a possibilidade e direito do conhecimento humano de fazer tais asserções (filosofia crítica X filosofia dogmática). Começa, então, a investigar como o ser humano conhece: quais são as estruturas que possibilitam o conhecimento humano nas três áreas em que ele já está assegurado (lógica, matemática, física). Descobre que tais ciências só são apodíticas (fornecem um conhecimento necessário e universal de seus objetos, ex: ‘1+1=2’; ‘a água ferve a 100ºC’) pois buscaram conhecer os seus objetos utilizando apenas aquilo que a razão, a nossa capacidade de pensar, coloca neles.
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Retomando... Aí, Kant parte da constatação que o conhecimento humano funciona assim mesmo: só pode conhecer os objetos e a realidade a partir da capacidade humana de conhecê-los (outros seres, poderiam conhecer a realidade de outras maneiras...) Revolução Copernicana: não mais adequar o conhecimento humano aos objetos, mas adequar os objetos ao conhecimento humano Conhecemos a partir de nossas capacidades cognitivas, de nosso modo (universal, necessário e o mesmo para todos os seres humanos, dos egípicios do séc. VI a.C. Aos internautas do séc. XXI) de captar os objetos sensivelmente e de nossa capacidade específica de pensar e deduzir O ‘centro de gravidade’ do conhecimento não são mais os objetos, mas a própria razão humana Transcendental: condições e capacidades de nossa experiência de seres humanos sobre a realidade
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Retomando... Kant está dizendo que o ser humano tem a capacidade de conhecer os objetos e a realidade – que possuímos as regras pelas quais objetos podem ser conhecidos. Isso significa que a experiência que temos no mundo e do mundo depende da nossa capacidade de organizar essa experiência Nossa experiência depende da nossa capacidade de captar os objetos exteriores à mente, de articular a multiplicidade de dados sensíveis (verde, som, textura, figura) em uma unidade; de correlacionar séries de eventos com um antes e um depois; de relacionar objetos por proximidade, etc... Assim, o mundo no qual vivemos e que conhecemos depende da maneira pela qual somos capazes de conhecê-lo. Não é graças a Deus, nem graças à impressão dos objetos pela percepção que temos uma experiência da realidade, do mundo... Temos experiência do mundo porque as coisas são capturadas (e, por assim dizer, deformadas) pelas formas lógicas de estruturação próprias do sujeito humano.
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Retomando... Kant, então, inicia sua investigação analisando o modo pelo qual emitimos juízos sobre as coisas – o conhecimento, afinal, é feito pela emissão de juízos (‘a lousa é verde’...) Juízos analíticos e sintéticos, a priori e a posteriori. Juízos a priori: não dependem da experiência sensível Juízos a posteriori: dependem da experiência Juízos analíticos: são elucidativos, não acrescentam nada ao sujeito da predicação; são necessários e universais – são a priori Juízos sintéticos: são ampliativos, adicionam informação que não estava contida no sujeito; são contingentes – são a posteriori Problema: conhecimento científico exige necessidade e universalidade de suas asserções – mas: Universalidade e necessidade estão nos juízos analíticos por sua característica a priori – não se referem aos objetos existentes Entretanto: a física, que fala de objetos existentes, virou ciência. Como isso aconteceu?
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A Crítica da Razão Pura Grande pergunta da Crítica da Razão Pura:
Como são possíveis juízos sintéticos a priori? Como podemos ter conhecimento seguro e objetivo, a priori, a respeito de coisas factuais, existentes que subsistem na realidade? Como posso, ao observar uma pedra caindo em direção ao solo, afirmar, com necessidade, de modo a priori, que todos os corpos seguem a mesma trajetória? Como podemos, ao observar um fato particular, extrair uma regra de caráter universal? Juízos sintéticos a priori: são independentes da experiência (a priori), mas se relacionam a ela (são sintéticos) – Juízos sintéticos a priori são a condição de possibilidade de toda experiência possível – as formas lógicas de organização e estruturação da experiência possível para os seres humanos.
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As Faculdades do Conhecimento
Na 1ª parte de sua Crítica da Razão Pura, Kant analisa como podemos conhecer os objetos e ter uma experiência ordenada do mundo Na 2ª parte, Kant utiliza suas descobertas sobre o conhecimento para mostrar como a metafísica nunca vai se transformar em uma ciência (sempre haverá discussão e debate, sem nunca chegar a uma conclusão sobre os objetos da metafísica: Deus, liberdade, alma). O conhecimento, e nossa capacidade de organizar os dados sensíveis e pensamentos em uma experiência ordenada, depende de 3 faculdades da mente humana: A sensibilidade é a faculdade do conhecimento que fornece os dados intuitivos (sensíveis; em Kant, intuição = dados sensíveis). O entendimento é a faculdade do conhecimento que, por meio de categorias, estrutura os dados intuitivos em unidades, que os relaciona (negando, afirmando, estabelecendo relações de causa e efeito...) A imaginação é a faculdade que realiza a intermediação e a aplicação das categorias (gerais) aos dados intuitivos (particulares).
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A Sensibilidade Kant discorda dos empiristas que afirmam ser a experiência e o conhecimento a simples impressão de dados dos sentidos na mente. Se fosse assim, não teríamos experiência, mas um caos desordenado de coisas, um amontoado de informações que não fariam sentido, não teriam relação entre si, não se articulariam em uma experiência. Assim, nós ordenamos a sensibilidade de modo transcendental por meio das formas do espaço e do tempo. Não percebemos os objetos em si mesmos, a essência dos objetos! Essência = incondicionado, ao objeto em si mesmo para além de todo modo de acesso a ele! Não temos acesso direto, absoluto e para além de uma perspectiva universal, ou transcendental do ser humano: só acessamos os objetos por meio de nossa própria capacidade de acessá-los. Espaço e tempo são formas puras da intuição: toda intuição empírica, particular, de um objeto se dá por meio de nossa forma de estruturação da experiência sensível em espaço e tempo
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O Entendimento Fornece as categorias lógicas de possibilidade de toda experiência possível aos seres humanos, os modos de estruturação dos objetos sensíveis que nossa mente, ou melhor: nossa razão, realiza em cada experiência e percepção. São a priori, pois, ao estruturar a experiência, não dependem dela, mas a organizam; são sintéticos, pois ligam, ou melhor: permitem os diferentes modos de ligação (possíveis ao humano) dos objetos empíricos. “Não podemos pensar nenhum objeto senão mediante categorias; não podemos conhecer nenhum objeto senão mediante intuições que correspondem àqueles objetos” “Só conhecemos a priori [com necessidade e universalidade] das coisas, aquilo que nós mesmos colocamos nelas” Assim, as categorias são os modos fundamentais, transcendentais, que o nosso pensamento possui para organizar a experiência, permitindo-nos pensá-la. São 12 categorias do entendimento, extraídas dos juízos que podemos emitir sobre as coisas
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As Categorias do Entendimento
Juízos Categorias QUANTIDADE Universal: “todo mamífero toma leite” 1. Unidade Particular: “alguma mamífero toma leite” 2. Pluralidade Singular: “Nina toma leite” 3. Totalidade QUALIDADE Afirmativo: “todo mamífero toma leite” 4. Realidade Negativo: “não há mamífero que tome leite” 5. Negação Limitativo: “Nina não toma leite” 6. Limitação RELAÇÃO Categórico: “Nina é um mamífero” 7. Substância e acidente Hipotético: “se Nina toma leite, então ela é uma mamífera” 8. Causalidade e dependência Disjuntivo: “ou Nina toma leite, ou não toma” 9. Comunidade e interação MODALIDADE Problemático: “é possível que Nina tome leite” 10. Possibilidade e impossibilidade Assertórico: “Nina é um mamífero” 11. Existência e inexistência Apodítico: “é necessário que Nina tome leite” 12. Necessidade e contingência As Categorias do Entendimento Assim, ao analisar os diferentes tipos de juízos que emitimos sobre as coisas, Kant chega à conclusão de que há certas formas universais de articulação de dados sensíveis e de ideias pelas quais todos os seres humanos são capazes de emitir juízos... são as categorias do entendimento
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As Categorias do Entendimento
Essas são as formas necessárias de todo pensamento possível, de toda experiência possível ao ser humano Ex: “toda madeira pega fogo” é um juízo empírico (sobre a madeira e a relação causal entre ela e o fogo). Para afirmar isso, nós unificamos várias experiências que tivemos desse fenômeno mas, diferentemente do que acontecia com os empiristas, nossas categorias do entendimento unificam essas experiências (por meio das categorias de Universalidade, Afirmação e Causalidade) de modo garantir uma asserção necessária e universal a respeito da relação entre madeira e fogo (o que não ocorria com Locke e Hume...).
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A Imaginação Transcendental
Para além da imaginação empírica (imaginem um sorvete), há uma faculdade essencial e fundamental ao conhecimento: a imaginação transcendental Assim como a imaginação empírica realiza a ponte entre a sensibilidade e o entendimento (conceito de sorvete + imagem mental de sorvete), a imaginação transcendental também realiza a ponte entre a sensibilidade e o entendimento: É ela a responsável por aplicar as categorias do entendimento (Universalidade, Afirmação e Causalidade) a essa madeira aqui em nossa frente
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A Metafísica Após sua análise epistemológica (como funciona o conhecimento humano?), Kant busca aplicar suas descobertas aos objetos da metafísica: Deus, a liberdade, a imortalidade da alma O conhecimento só pode ser obtido quando haja um encontro feliz de dados intuitivos e das categorias do entendimento (devidamente mediadas pela imaginação). Mas não possuímos intuição de Deus, nem da alma, nem da liberdade!!! Por isso, podemos formular teorias, conceitos e ideias os mais elaborados, congruentes e logicamente coerentes, mas nunca poderemos decidir, científica e objetivamente, se estamos corretos em nossas afirmações! Essa é a razão das disputas entre os racionalistas e empiristas, cada qual formulando teorias metafísicas geniais e opostas, mas nunca conseguindo chegar a uma conclusão.
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