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PublicouKauany Prisco Alterado mais de 11 anos atrás
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A formação de tradutores Panorama das principais abordagens
Dorothy Kelly 2005
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KELLY, Dorothy (2005) “Setting the Scene”
KELLY, Dorothy (2005) “Setting the Scene”. In: A Handbook for Translator Trainers. Manchester: St. Jerome. 2) Panorama da principal literatura recente sobre a formação de tradutores apresentação dos principais autores e suas abordagens primeiras propostas baseadas em objetivos propostas centradas no aprendiz
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As primeiras propostas pedagógicas
“Durante muito tempo na história da formação de tradutores, os formadores pressupunham que os estudantes ou aprendizes aprendiam a traduzir traduzindo e ponto. Tradutores profissionais com pouco tempo disponível para refletir sobre a organização do ensino e da aprendizagem, muitos dos primeiros formadores limitavam as atividades de sala de aula a pedir traduções orais (on-sight translation) de textos jornalísticos ou literários, com pouca ou nenhuma preparação prévia dos estudantes, oferecendo em seguida sua própria versão “correta” como modelo, depois de afirmar publicamente a falta de qualidade profissional da tradução dos estudantes. Essa abordagem essencialmente anti-pedagógica acabava sendo, é claro, extremamente frustrante para os estudantes.” (Kelly, p. 11) Os avanços nos Estudos da Tradução, na Lingüística (ex. lingüística textual, análise do discurso, pragmática) e na Pedagogia (paradigmas centrados no aprendiz opostos a paradigmas centrados no professor) contribuíram para mudar esse panorama.
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A importância dos objetivos de aprendizagem: Jean Delisle
Estabelecer objetivos claros para qualquer processo de ensino/aprendizagem é uma premissa pedagógica básica. Jean Delisle foi o primeiro a aplicá-la à formação de tradutores, por volta de 1980. Primeira publicação: L’analyse du discours comme méthode de traduction (1980): proposta sistemática para um curso introdutório à prática da tradução entre o inglês e o francês. Sugere 23 objetivos pedagógicos. Segunda publicação: La traduction raisonée (1993): divide os objetivos entre gerais e específicos.
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A importância dos objetivos de aprendizagem: Jean Delisle
Oito objetivos gerais: Metalinguagem da tradução para iniciantes Habilidades básicas de pesquisa documental para o tradutor Método de trabalho do tradutor O processo cognitivo da tradução Convenções da escrita Dificuldades lexicais Dificuldades sintáticas Dificuldades de produção escrita
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A importância dos objetivos de aprendizagem: Jean Delisle
Proposta acompanhada de um amplo leque de atividades para a sala de aula, de acordo com cada um dos muitos objetivos específicos elencados. Num artigo de 1998, Delisle baseia-se na taxonomia de Bloom (p. 37) para formular os objetivos, substituindo a nomenclatura utilizada em 1993. Delisle se inspira na teoria do sentido e em na abordagem contrastiva de Vinay e Darbelnet. Mas sua contribuição essencial foi aplicar princípios pedagógicos básicos à formação de tradutores, principalmente o de estabelecer objetivos claros e viáveis, como um elemento chave do planejamento de um curso, o que teria as vantagens de: facilitar a comunicação entre professor e alunos facilitar a seleção dos instrumentos pedagógicos estimular o uso de atividades variadas fundamentar a avaliação da aprendizagem
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No caminho das abordagens baseadas na realidade profissional e centradas no aprendiz: Christiane Nord Christiane Nord ([1988] 1991), Text Analysis in Translation. Theory, Methodology and Didactic Application of a Model for Transaltion-Oriented Text Analysis. Um modelo para análise textual dirigida à tradução e de base funcionalista. Os estudantes respondem a perguntas tomadas da Nova Retórica para facilitar tarefas de tradução realistas (que simulam a prática profissional): Quem vai transmitir para quem para quê por qual meio onde quando por quê um texto com qual função Sobre qual tema essa pessoa vai dizer o que (e o que não) em que ordem usando quais elementos não verbais com que palavras em que tipo de orações ou frases em qual tom com que efeito
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Nord prossegue oferecendo considerações detalhadas e conselhos práticos para o desenho curricular, a seleção de materiais e textos, progressão, atividades de sala de aula, motivação dos estudantes, avaliação etc. Uma das autoras que aborda o tema de forma mais exaustiva. Sua proposta é um passo claro na direção de uma pedagogia mais centrada no aprendiz e da inserção da realidade profissional na sala de aula, pavimentando o caminho para abordagens mais recentes nessa linha. Nord defende a natureza gradual da aquisição da competência tradutória e a necessidade de uma intervenção substancial do professor, principalmente nos estágios iniciais da aprendizagem, para garantir que essas atividades sejam não apenas realistas, mas também factíveis, e portanto não desmotivem os aprendizes.
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Abordagens centradas no processo: Daniel Gile
Delisle e Nord apontam a importância do processo no ensino, em oposição a uma tendência tradicional a enfatizar o produto, isto é, as traduções dos estudantes. Foco do ensino: como proceder para traduzir, e não um produto pontual desse processo complexo. É dominando o processo que o futuro profissional atingirá o nível de um tradutor experiente. Razões do interesse do trabalho de Gile (1995) nesse aspecto: Tece considerações sobre a tradução escrita e a interpretação, apontando suas semelhanças. Entende a tradução e a interpretação como atos de comunicação profissional. Trata a questão da qualidade da perspectiva do profissional. Aborda em profundidade a questão da pesquisa documental . Oferece uma revisão crítica da literatura existente na época, no campo da formação do tradutor e do intérprete.
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Abordagens centradas no processo: Daniel Gile
“A idéia é dirigir o foco em sala de aula não para os resultados, ou seja, não para o produto final do processo tradutório, mas para o processo em si. Mais precisamente, em vez de simplesmente dar aos estudantes textos para serem traduzidos, comentar as traduções dizendo o que está “certo” e o que está “errado” na versão produzida na língua-meta, e contar com que a acumulação dessa experiência e dessas instruções para fazer os estudantes avançarem na aprendizagem, a abordagem centrada no processo sinaliza para os estudantes quais são os princípios, métodos e procedimentos para uma boa tradução.” (Gile 1995, 10) Apresenta uma série de modelos e conceitos básicos, entre eles: comunicação, qualidade, fidelidade (à mensagem), compreensão e aquisição de conhecimentos (pesquisa documental). Propõe exercícios de aplicação interessantes e inovadores.
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Abordagens centradas no processo: Daniel Gile
Vantagens da abordagem centrada no processo defendidas por Gile: O progresso é mais rápido do que em abordagens centradas no produto, que funcionam na base de tentativa e erro. A atenção é dirigida a um aspecto do processo de cada vez, evitando dispersão, ao passo que as abordagens centradas no produto lidam com todos os problemas que surgem ao mesmo tempo. Enfatizar mais as estratégias de tradução, permitindo que os estudantes assimilem a forma de trabalhar, mais do que apontar se seus esforços foram ou não frutíferos. Permite maior flexibilidade em aspectos como aceitabilidade lingüística ou fidelidade, o que é especialmente útil nos estágios iniciais da formação, ao passo que comparar os resultados dos estudantes com o “modelo ideal” oferecido pelo professor se mostra desmotivador.
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Resultados das pesquisas processuais aplicáveis à formação de tradutores:
Estudantes de tradução tendem a se concentrar no processo de transferência lexical; tradutores profissionais focalizam questões estilísticas e as necessidades do usuário. Estudantes têm menor sensibilidade a potenciais problemas de tradução; a maior competência tradutória dos profissionais implica maior sensibilidade a eles. Os profissionais alternam entre processamento automático das atividades de rotina com processamento consciente em situações novas. O processo tradutório não é linear, mas um ir e vir entre aspectos nos macro e micro-níveis, dirigidos por uma macro-estratégia. Fatores afetivos como uma atitude positiva para com seu trabalho e altos níveis de motivação parecem fazer parte da competência tradutória e contribuir efetivamente para aumentar a qualidade da tradução.
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Resultados das pesquisas processuais aplicáveis à formação de tradutores:
Profissionais usam os dicionários bilíngües para conseguir nuances para significados rapidamente configurados em sua mente ou para estimular a busca de soluções; iniciantes dependem deles para entender o texto-fonte. Profissionais parecem aplicar o princípio do mínimo esforço a seu trabalho, por exemplo, corrigindo erros de superfície na medida em que ocorrem, ou monitorando a qualidade estilística no estágio de revisão final da tradução. Tradutores lêem o texto de um modo diferente dos leitores monolíngües, condicionados pela tarefa que vão levar a cabo. Tradutores mostram maior insegurança quando traduzem para a língua estrangeira. Sumário das pesquisas processuais em Jääskeläinen (1998, “Think-aloud protocols”, na Routledge Encyclopedia of Translation Studies). Livros publicados pelo grupo TRAP (Translation Process) na Copenhagen Business School (Hansen 1999, 2002).
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A abordagem situacional: Jean Vienne, Gouadec
Abordagem situacional proposta por Jean Vienne: as atividades de sala de aula devem consistir em atividades de tradução de fato realizadas profissionalmente pelo professor, de forma a que possa simular mais realisticamente o papel de iniciador. Metodologia de Vienne: análise situacional da situação de tradução (com pontos de contato com a de Nord), na qual o professor assume o papel de iniciador que responde as questões levantadas pelos estudantes. Compartilha com Nord a base em teorias funcionalistas, mas desaconselha simular atividades profissionais não autênticas: tornaria muito difícil realizar uma análise realista da situação e responder as questões que possam surgir. Versão dessa proposta por Gouadec: incorporar trabalhos de tradução para clientes reais nos cursos de tradução (1994 e 2003).
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Abordagens baseadas em tarefas: Amparo Hurtado, María González Davies
A abordagem baseada em tarefas foi inicialmente aplicada ao ensino de línguas estrangeiras. Mais recentemente começou a ser aplicada a formação de tradutores, principalmente por Hurtado (1999) e González Davies (2003, 2004). Proposta: desenhar uma série de atividades “... concretas e exercícios breves que ajudem a praticar pontos específicos [...] ou desenhar tarefas [entendidas como] seqüências de atividades dirigidas à mesma finalidade global e produto final. Nesse percurso, tanto os conhecimentos procedimentais (saber como) quanto os declarativos (saber o quê) são praticados e explorados” (González Davies 2004: 22-23) Hurtado e sua equipe da Universitat Jaume I de Castellón (1999), Espanha, e González Davies, sozinha (2004) ou com sua equipe da Universitat de Vic (2003), Espanha, oferecem uma rica variedade de sugestões para atividades de sala de aula para diferentes níveis e tipos de cursos de tradução, dento desse paradigma.
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Equilíbrio entre análise consciente e descoberta subliminar: Douglas Robinson
Becoming a translator (1997, 2003 versão revisada). Um compromisso entre aprendizagem acadêmica detida (consciente, analítica, racional, lógica e sistemática) e aprendizagem acelerada baseada na experiência do mundo-real (holística, subliminar). O livro cobre aspectos profissionais, teóricos, pessoais, cognitivos, semióticos, culturais e lingüísticos da tradução, oferecendo um panorama amplo e integrado aos aprendizes.
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Equilíbrio entre análise consciente e descoberta subliminar: Douglas Robinson
“A tradução é uma atividade inteligente que envolve processos complexos de aprendizagem consciente e inconsciente. Aprendemos de diferentes maneiras, e o aprendizado institucional deve portanto ser flexível e tão complexo e rico quanto possível, de modo a ativar os canais através dos quais cada estudante aprende melhor.” (Robinson 2003: 49) O tradutor profissional é visto por Robinson como alguém que aprende durante toda a vida, na linha de recentes desenvolvimentos na educação superior em geral. O livro em suas duas versões contém atividades provocadoras que estimulam o pensamento e que podem ser aplicadas à sala de aula ou por um leitor autodidata.
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A abordagem sócio-construtivista: Don Kiraly
Em seu segundo trabalho sobre formação de tradutores publicado em 2000, Kiraly critica sua primeira abordagem cognitiva e adota o sócio-construtivismo como base para propor uma abordagem colaborativa da formação de tradutores. “... A aprendizagem é atingida de modo mais eficiente através de interações significativas com colegas e outros membros da comunidade à qual os estudantes pretendem se incorporar. [...] Mais do que tentar desenvolver de forma atomística habilidades e conhecimentos relacionados com a tradução, com exercícios simulados prévios à prática da tradução, seria mais construtivo iniciar cada evento pedagógico com um projeto fortemente realista e, se possível, genuíno” (2000: 60)
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