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PublicouDavi Bentes Lemos Alterado mais de 8 anos atrás
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Faculdade Maurício de Nassau Psiquiatria Básica Brena Carvalho
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Foucault (1972) XVII – O mundo da loucura se tornou o mundo da exclusão social Construção na Europa de casas para internamento (correção e exclusão) Loucura Pobreza Incapacidade para o trabalho = Problema social O saber psiquiátrico isolou o doente mental da família e da sociedade “proteção” do usuário e da sociedade
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II Guerra Mundial Hospital deveria ser transformado ou abolido Crescimento econômico, reconstrução social Movimentos civis Maior tolerância e sensibilidade às diferenças e minorias Crítica ao conhecimento da medicina Baseado em um modelo de terapêutica curativa Necessário trabalho preventivo, promoção da saúde OMS: Saúde como estado de completo bem-estar físico, mental, socieal e não consiste somente em uma ausência de doença ou enfermidade
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É um processo em construção no Brasil e no mundo Não é um movimento consensual e homogêneo É um movimento social, construído coletivamente (profissionais, familiares, usuários, sociedade em geral) É articulada a um conjunto de iniciativas operadas nos campos legislativo, jurídico, administrativo e cultural que visam transformar a relação entre a sociedade e a loucura
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Início nos anos 70 Debates sobre direitos humanos dos pacientes psiquiátricos reclusos em manicômios Denúncias sobre maus-tratos e desassistência Questionamento da estrutura asilar, da prática médica Visava humanizar a assistência: ênfase na reabilitação ativa em detrimento da custódia e da segregação Proposta da equipe multiprofissional Dissolução do saber e do poder médico
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Desinstitucionalização Romper com o atendimento à doença, abstraindo a pessoa que a possui Abandonar o paradigma da razão, da produtividade, do ajustamento social e da norma que entende a loucura como sinônimo de incapacidade e periculosidade Tais rupturas não acontecem por determinações legais É preciso superar qualitativamente e quantitativamente os recursos asilares
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Apesar de todas as lutas na esfera político-ideológica e também das várias inovações teórico-técnicas efetivadas para superar o modelo asilar, ainda se pode observar a absoluta dominância do modelo hospitalocêntrico A reforma psiquiátrica deve atingir outro campo ideológico Transformar a relação da sociedade com a loucura: combater preconceito e exclusão social
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Reforma psiquiátrica: Movimento dos trabalhadores da saúde mental (década de 80) Falta de recursos das unidades Precariedade das condições de trabalho Mote de caráter trabalhista e humanitário Desinstitucionalização 1986 – Oitava Conferência Nacional de Saúde Saúde como direito do cidadão e dever do Estado
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1989 – Projeto de lei 3657/89 – Deputado Paulo Delgado Regulamentava o direito dos doentes mentais em relação ao tratamento e indicava a extinção progressiva dos manicômio públicos e privados e a sua substituição pelos serviços extra-hospitalares Transformado na lei 10216, de 6 de abril de 2001 Dispõe sobre a extinção progressiva dos manicômios e sua substituição por novas modalidades de atendimento (Hospitais-dia, CAPS, Lares Protegidos) Propõe a substituição gradativa dos leitos em hospitais especializados Dificulta a internação psiquiátrica involuntária Impulsionou mudanças na legislação e na concepção e adequação do tratamento aberto e comunitário, recomendado pela OMS e Ministério da Saúde
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Comunidade e Família tornaram-se parte da rede social que se constitui em torno desses serviços 1987 I Conferência de Saúde Mental Surgiu primeiro movimento da luta antimanicomial: tem como fio condutor a crítica à exclusão e a promoção da cidadania Movimento ideológico de luta popular que atua no campo da saúde mental, pautado na lógica da inclusão das diferenças II Congresso Nacional de Trabalhadores em Saúde Mental “Por uma sociedade sem manicômios” 18 de maio: dia nacional da luta antimanicomial
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Como está sendo feita a Reforma Psiquiátrica e a desospitalização no Brasil? A família não está preparada para arcar com a responsabilidade do tratamento e assumir esse papel A relação da sociedade com o doente mental é categorizada em termos de “normal” X “desviante anormal” comportamento de medo, segregação É temerário afirmar que o ciclo dos asilos e das colônias tenha chegado ao fim (Delgado, 2001)
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Costa-Rosa (2000) Dois modelos básicos de prática em saúde mental no contexto atual Modo Asilar Modo Psicossocial
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Modo asilar Instituição típica: hospital Ênfase na determinação orgânica dos problemas a na terapêutica medicamentosa Crença no modelo curativo de normatização do sujeito Equipe multidisciplinar mas sem interconexão entre os integrantes Trabalho centrado na figura do médico, demais profissionais vistos como secundários Exclui família e usuários de qualquer participação Tutela de uma população considerada carente
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Modo Psicossocial Dispositivos extra-hospitalares: CAPS, NAPS, HDs, Ambulatórios de saúde mental, equipes de saúde mental inseridas em centros de saúde e hospitais gerais Fatores políticos e biopsicossociais como determinantes da loucura Importância à existência do sujeito e sua participação no tratamento Loucura reintegrada à existência como parte constitutiva do sujeito Ênfase na reinserção social e recuperação da cidadania Equipe interdisciplinar Diferentes recursos terapêuticos: psicoterapia, laborterapia, socioterapia, cooperativas de trabalho, medicação Interlocução e livre trânsito entre usuários e a população
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Vasconcelos (1992) Características da estrutura legal e jurídica brasileira Não dispõe de uma tradição de reconhecimento de cidadania e de seus direitos ao nível da cultura de massas Os aparelhos legislativo e judiciários são extremamente burocratizados e lentos: pouco efeito como instrumento de garantia de direitos Pouca mobilização da opinião pública
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Desviat (2008) Insuficiência de recursos econômicos no desenvolvimento de programas comunitários Alocação insuficiente de recursos para a desinstitucionalização Programas de saúde mental projetados para prevenção, para a intervenção em crise e para tratamentos precoces e não para usuários crônicos
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Desviat (2002) A realidade atual contrasta com o otimismo exagerado que marcou os primórdios da reforma psiquiátrica Desinstitucionalização: Põe em destaque a persistência da cronicidade e a insuficiência ou a completa inadequação dos programas alternativos, sanitários, sociais, tudo isso agravado pela baixa qualidade dos serviços substitutivos Formação inadequada dos profissionais de saúde mental O fato de serem serviços substitutivos não garante a sua natureza não manicomial Podem reproduzir mesmos mecanismos ou características da psiquiatria tradicional
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Vasconcelos (2002) É preciso ter cuidado para não se induzir uma “privatização” compulsória da loucura na família ou um processo de negligência social Barros (2003) Risco do CAPS se tornar uma instituição cronificada e cronificadora, reproduzindo o asilamento do qual se quer escapar Novas cronicidades: retenção dos pacientes devido a um contexto sociofamiliar refratário à inclusão dos usuários Cronicidades dos modos de gestão: sobrecarga de trabalho, precariedade da formação Cronicidade reproduzida pela fragilidade da rede de atenção à saúde mental: carência de serviços - CAPS centralizam o cuidado
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Aboud-yd e Silva (2003) Ruptura radical com o manicômio Exige a disposição de ir ao encontro verdadeiro com o outro diferente, ao invés de adotar posições benevolentes, caritativas e excessivamente zelosas, que retiram do outro toda a capacidade de ser e de existir enquanto tal É preciso colocar entre parênteses e a doença para que seja possível olhar para o sujeito Negatividade patológica (incapacidade, periculosidade, invalidez, inimputabilidade) X Modos próprios e inerentes à loucura
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Aboud-yd e Silva (2003) É preciso lidar com a loucura sem querer disciplinar essa experiência (Costa, 2003) É preciso permitir a interlocução da loucura com a sociedade É preciso compartilhar o saber não apenas entre os técnicos, mas também com as famílias
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Preocupações: Aumento da pressão por demanda de serviços Desmotivação/desmobilização de muitos trabalhadores diante da falta de clareza política do projeto de saúde mental do município Falta de clareza quanto ao projeto assistencial Falta de reciclagem Falta de articulação com outros serviços Supervalorização do papel do psiquiatra e da medicação
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Preocupações Relegação das oficinas ao segundo plano Perda do trabalho em equipe Falta de uma consideração sólida e um conhecimento mais detalhado sobre a natureza da doença mental crônica, do manicômio e dos recursos que são necessários para os novos serviços Necessidade de uma postura de pesquisa contínua que tencione buscar respostas e soluções para a complexidade dos problemas
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Os avanços são inegáveis O Brasil apresenta um quadro heterogêneo, complexo e dinâmico Existem boas experiências nos níveis local e regional Não há mais possibilidade de recuo desse movimento! Na verdade, a luta pela inclusão do portador de sofrimento mental na sociedade significa a tentativa de construir outra sociedade, baseada em novos valores e em novas relações sociais. A luta é por mudanças nas relações entre as pessoas, por uma nova maneira de conviver que reestruture as relações familiares, comunitárias e de trabalho
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Maciel, S.C. (2012) Reforma Psiquiátrica no Brasil: algumas reflexões. Caderno Brasileiro de Saúde Mental, 4(8), 73-82
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