A apresentação está carregando. Por favor, espere

A apresentação está carregando. Por favor, espere

4. – A Revelação divina: Bíblia e Tradição

Apresentações semelhantes


Apresentação em tema: "4. – A Revelação divina: Bíblia e Tradição"— Transcrição da apresentação:

1 4. – A Revelação divina: Bíblia e Tradição
Encontros de Formação Cristã Paróquia de Santa Maria de Carreço

2 4ª sessão – A Revelação Divina: Bíblia e Tradição
Sumário: A Revelação Divina 1.1 – Natureza da Revelação 1.2 – Modos de Revelação 1.3 – Revelação pública e revelações privadas As etapas e características da Revelação: breve abordagem 2.1 – As Etapas da Revelação 2.2 – As características da Revelação As Fontes da Revelação Sobrenatural: Tradição e Bíblia 3.1 – A Sagrada Tradição 3.2 – A Sagrada Escritura 3.3 – Bíblia e Tradição: duas fontes? 4. – A Revelação na «Dei Verbum»: um apontamento 5. Bibliografia recomendada - E.F.C. 4

3 1. A Revelação Divina

4 1 – A REVELAÇÃO DIVINA 1.1 – NATUREZA DA REVELAÇÃO
Pela REVELAÇÃO, Deus sai ao encontro dos homens, fala-lhes e convida-os a participar da Sua natureza divina e a ser Seus amigos e filhos… Recordemos o que é a Revelação (EFC 1)… A REVELAÇÃO é a manifestação de Deus e da Sua vontade acerca da nossa salvação. Deus revelou-Se ao homem por amor, oferecendo assim uma resposta definitiva às interrogações que o homem faz sobre o sentido da vida e sobre o fim da sua vida. Revelar = acção de tirar o véu que cobre o rosto. Do latim revelatio (do verbo revelare, «tirar o véu»).

5 1 – A REVELAÇÃO DIVINA 1.2 – MODOS DA REVELAÇÃO
«Porquanto, o que de Deus se pode conhecer está à vista deles, já que Deus lho manifestou. Com efeito, o que é invisível nele - o seu eterno poder e divindade - tornou-se visível à inteligência, desde a criação do mundo, nas suas obras» (Rom 1, 19-20). Como Se manifesta Deus? Por dois modos diferentes e complementares: 1 - REVELAÇÃO NATURAL (indirecta, porque é feita através de indícios, do raciocínio…): através da natureza e criação; 2 - REVELAÇÃO SOBRENATURAL (directa ou propriamente dita): através dos Profetas e sobretudo da Palavra incarnada, Jesus Cristo. REVELAÇÃO NATURAL OU INDIRECTA «Muitas vezes e de muitos modos, falou Deus aos nossos pais, nos tempos antigos, por meio dos profetas. Nestes dias, que são os últimos, Deus falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, e por meio de quem fez o mundo» (Heb 1, 1-2). REVELAÇÃO SOBRENATURAL OU DIRECTA

6 1 – A REVELAÇÃO DIVINA 1.3 – REVELAÇÃO PÚBLICA E REVELAÇÕES PRIVADAS
É a acção reveladora de Deus destinada a humanidade inteira e está em duas partes da bíblia: Antigo e Novo Testamento. Está já está completa e: «não há que esperar nenhuma nova revelação pública antes da gloriosa manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo» (CIC 66). REVELAÇÃO PÚBLICA Qualquer outra revelação que se diga que tenha existido ou venha a existir (por exemplo: Fátima, Lourdes…), será sempre revelação privada, não sendo objecto da fé cristã, podendo ou não acreditar-se nela. A Igreja não imporá uma revelação privada como artigo de fé: o que fará é pronunciar-se se o conteúdo da revelação é digna de crédito (contudo, se tal diz, não será mau tomar o fundamental dessas revelações com seriedade). Quem não acredita em revelações privadas não deixa de ser cristão: quem não acredita na pública, não é cristão. REVELAÇÕES PRIVADAS

7 2. As etapas e características da Revelação: breve abordagem

8 1ª 2ª 2.1 – ETAPAS DA REVELAÇÃO
Sintetizar numa palavra o projecto de Deus para a humanidade: ALIANÇA. Evoca o «projecto de amizade» ou «mistério de comunhão» que Deus quer estabelecer com cada homem, fazendo deles «criaturas novas» e formar com eles um Povo. A Aliança enche a História da Salvação, que se divide em Antiga e Nova Aliança. A Aliança foi-se revelando ao longo da História, através de fases ou etapas… Revelação primitiva: Deus deu-Se a conhecer aos nossos primeiros pais, convidando-os a viver numa íntima comunhão com Ele. Depois da queda, Deus promete o Messias, o Redentor ou Reconstrutor dessa humanidade:. Deus decide salvar a Humanidade, através de uma série de Etapas. A Revelação primitiva continua na renovação da Aliança com Noé, depois do dilúvio.

9 3ª 4ª 5ª 2.1 – ETAPAS DA REVELAÇÃO
A história especial de Deus com os homens começa com a vida dos PATRIARCAS Abrão, Isaac e Jacob. Deus manifesta-Se, através de uma eleição imerecida por parte do Homem e promete-lhes uma terra. É o início da constituição do povo de Deus. Com MOISÉS, Deus constitui a Israel como Seu povo, libertando-o da escravidão; dá-lhes umas indicações éticas e sociais, os 10 mandamentos. É um Deus compassivo, que vê a miséria do Seu povo e o liberta: é um Deus de Esperança. Frequentemente Israel “esquecia-se” de adorar o seu Deus e voltava-se para os ídolos. Para os ajudar a voltar ao verdadeiro caminho, Deus envia os PROFETAS, que anunciam a Sua Palavra e denunciam as injustiças e que fala em nome de Deus. Até que todo Israel cai sob o poder dos vizinhos (o Reino do Norte, em 722 a.C. e o do Sul em 587 a.C.): os profetas vêem nisto o resultado de desobedecer a Deus.

10 6ª 2.1 – ETAPAS DA REVELAÇÃO A NOVA E ETERNA ALIANÇA
Através das diversas etapas da história sagrada, Deus preparou o Seu povo para a Revelação definitiva em JESUS CRISTO. Ele é o cumprimento das promessas do Antigo Testamento. É a nova e eterna Aliança em e por Jesus Cristo. Jesus Cristo com a Sua vida, morte e ressurreição realizou e inaugurou a nova e eterna Aliança entre Deus e os homens. Assim como a Antiga Aliança tinha sido confirmada e ratificada pelo sangue de um sacrifício, assim também, a Nova Aliança, o foi pelo Sangue de Cristo. Não será o sangue de animais o testemunho dessa Aliança, mas o sacrifício de Cristo, renovado e re-actualizado na Eucaristia. Em Cristo surge o novo Povo de Deus, formado por aqueles que «nasceram de novo pela água e pelo Espírito».

11 7ª 8ª 2.1 – ETAPAS DA REVELAÇÃO
A IGREJA conduzida pelo Espírito. Para acompanhar a marcha da Igreja, ao longo da História, Cristo deixa-nos o Seu Espírito: «E Eu apelarei ao Pai e Ele vos dará outro Paráclito para que esteja sempre convosco, o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; vós é que o conheceis, porque permanece junto de vós, e está em vós.» (Jo 14, 16-17). A Aliança e a Revelação, iniciadas no tempo, serão vividas em plenitude só na eternidade, quando virmos a Deus face a face e Deus for tudo e em todos. «Vi, então, um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham desaparecido e o mar já não existia. E vi descer do céu, de junto de Deus, a cidade santa, a nova Jerusalém, já preparada, qual noiva adornada para o seu esposo. E ouvi uma voz potente que vinha do trono e dizia: «Esta é a morada de Deus entre os homens. Ele habitará com eles; eles serão o seu povo e o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus. Ele enxugará todas as lágrimas dos seus olhos; e não haverá mais morte, nem luto, nem pranto, nem dor. Porque as primeiras coisas passaram.» (Apoc 21, 1-4)

12 2.2 – CARACTERÍSTICAS DA REVELAÇÃO
Se Deus não Se tivesse revelado, pouco saberíamos d’Ele, do que Ele pensa de Si, de nós, do mundo e da humanidade… Mas, quais são algumas das características da revelação cristã? A INICIATIVA É DE DEUS: é Deus que Se revela livremente, de forma gratuita, sem que nenhuma necessidade o obrigue: apenas por amor… Deus chama! É PROGRESSIVA NA HISTÓRIA: dá-se na História e pela História, em que Deus acompanha o lento do caminhar e a sua capacidade de compreensão e maturação. Centra-se na História de Israel e de Jesus Cristo. A REVELAÇÃO DÁ-SE PELA PALAVRA: ela é criadora e intérprete da História. A palavra de Deus criou o homem e o mundo, pela palavra se conclui a Aliança, são chamados os homens de Deus… A palavra suscita e dirige os acontecimentos (gestos de Deus) e interpreta-os. Jesus Cristo é a Palavra definitiva do Pai, de modo que depois d’Ele não haverá outra revelação.

13 2.2 – CARACTERÍSTICAS DA REVELAÇÃO
É COMUNITÁRIA, SOCIAL, ECLESIAL: destina-se não a apenas indivíduos considerados isoladamente, mas como membros de uma colectividade, para que todos estejam conscientes da sua comunhão na revelação, no amor, na salvação. É CONHECIMENTO: testemunho, mensagem, palavra, doutrina. Em Seu desígnio de amor, Deus que associar o homem à Sua vida. Dá-lhe a conhecer o Seu desígnio de salvação e a Si próprio. Assim como Cristo pregou, falou, ensinou, testemunhou, também os apóstolos o fazem: a revelação é testemunho de uma mensagem, do Deus que testemunha a Si próprio. A REVELAÇÃO É ENCONTRO: pela Revelação Deus dirige-Se ao Homem, interpela-o, fala-lhe sobre a Sua vida pessoal e sobre o Seu desígnio salvífico. Essa comunicação de Deus ao homem só atinge a sua finalidade se terminar na fé, que é a resposta do homem, encontro com o Deus vivo e pessoal em Sua palavra.

14 3. As “fontes” da Revelação Sobrenatural: Tradição e Bíblia

15 I – O significado humano da tradição
3.1 –A SAGRADA TRADIÇÃO I – O significado humano da tradição Tradição vem do latim traditio, do verbo tradere, que significa entregar ou transmitir. Não devemos confundir a «Tradição» (com maiúscula) com a «tradição» ou «tradições» (com minúscula), que em geral se refere a costumes, ideias, modos de viver de um povo e que uma geração recebe das anteriores. Uma tradição deste tipo é puramente humana e pode ser abandonada quando se considera inútil. O próprio Jesus rejeitou algumas tradições do Seu povo judaico: «Descurais o mandamento de Deus, para vos prenderdes à tradição dos homens.» (Mc 7, 8). Exemplo de tradições (com «t» minúsculo), umas benéficas e outras prejudiciais… A realização e liberdade da pessoa humana acontece pela relação com outras pessoas humanas, de modo que o «tu» chega a fazer parte da constituição do «eu». O Homem vive sempre a sua liberdade e realização a partir da tradição determinada que chega até ele e perante a qual toma partido, aceitando-a ou recusando-a…

16 II – O acontecimento Cristo-Igreja, fundamento da Tradição cristã
3.1 –A SAGRADA TRADIÇÃO II – O acontecimento Cristo-Igreja, fundamento da Tradição cristã Deus revelou-Se definitivamente ao Homem na pessoa, na vida e na doutrina de Jesus Cristo, Seu Filho e Palavra feita carne, plenitude e termo da revelação, de modo que até à Segunda Vinda de Cristo (Parusia), não é possível nenhuma Revelação pública de Deus aos homens (existem é as Revelações privadas, não vinculativas para a Igreja). Mas como é que esta Revelação Salvadora pode chegar agora a cada homem, através dos séculos, sem falsificações, de modo que cada um se sinta interpelado pela verdadeira Palavra de Deus e não por mais uma palavra de homens? Através da Sagrada Tradição em sentido amplo, oral ou escrita, interpretada pelo Magistério vivo da Igreja. A Igreja é desde a sua origem veículo transmissor da Palavra de Deus. PROBLEMA DA TRANSMISSÃO O mistério salvífico de Cristo torna-se presente na História porque há Igreja, Comunidade de crentes que, pela realização viva da vida, doutrina e culto, guarda e transmite a Palavra de Deus, sob assistência do Espírito Santo, através da História. Neste sentido mais amplo, a Tradição abarca mesmo a Sagrada Escritura. Em sentido próprio, a Sagrada Tradição «constitui com a Sagrada Escritura um só depósito da Palavra de Deus, confiado à Igreja» (DV 10). Para que se trata de Sagrada Tradição é necessário que seja uma tradição de origem apostólica (da sua pregação, quer esteja na Bíblia, quer seja transmitida oralmente); e que tenha verdadeiro conteúdo salvífico.

17 III – A compreensão católica da Tradição a) Tradição e Escritura
3.1 –A SAGRADA TRADIÇÃO III – A compreensão católica da Tradição Na Reforma Protestante do séc. XVI, os protestantes, em face de tentar purificar a Igreja de muitas «tradições» humanas, “proclamam” que a Palavra de Deus se encontra apenas na Bíblia: princípio da «sola Scriptura» (apenas a Escritura). Como reacção, a partir do Concílio de Trento, a Igreja Católica vincou o valor da Tradição como «fonte de revelação, embora em modalidades nem sempre felizes: formula-se a TEOLOGIA DAS «DUAS FONTES», a Escritura e a Tradição, entendida esta como tradição oral derivada dos Apóstolos e transmitida de geração em geração. Só a partir do Concílio Vaticano II, com a Dei Verbum, é que se abre a uma concepção mais ampla da Tradição, que vimos. a) Tradição e Escritura Na concepção católica actual, mais elaborada, Tradição não é um conteúdo determinado, expresso em afirmações e práticas sempre idêntico a si próprio; é antes a fé vivida da Igreja que ultrapassa sempre a própria expressão. O encontro salvífico com Cristo não pode dar-se apenas com uma Escritura vazia e soletrada, mas no ENCONTRO COM A FÉ VIVIDA da Comunidade dos crentes, a Igreja e a sua Tradição viva. O Concílio Vaticano II procurou aproximar Tradição e Escritura: «A Sagrada Tradição, portanto, e a Sagrada Escritura relacionam-se e comunicam-se intimamente entre si. Com efeito, emanando ambas da mesma fonte divina, elas até de certo modo se fundem e tendem ao mesmo fim. (…) Por isso ambas devem ser recebidas e veneradas com igual afecto de piedade e a mesma reverência» (nº 9 Dei Verbum). E «A Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura constituem um só depósito da Palavra de Deus, confiada à Igreja» (nº 10, DV).

18 3.1 –A SAGRADA TRADIÇÃO «A Sagrada Tradição, por sua vez, transmite integralmente aos sucessores dos Apóstolos a palavra de Deus que aos mesmos Apóstolos fora confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo, para que, reanimados pelo Espírito de Verdade, a conservem, a exponham e a difundam fielmente na sua pregação» (DV nº 9). À mensagem recebida da boca de Jesus, vivida, meditada e transmitida oralmente pelos Apóstolos, chama-se «Tradição Apostólica». Esta refere-se à transmissão do Evangelho de Jesus. Jesus, além de ensinar os Seus Apóstolos com discursos e exemplos, ensinou-lhes uma maneira de orar, de agir, de conviver. O Apóstolo Paulo refere esta Tradição Apostólica: «Com efeito, eu recebi do Senhor o que também vos transmiti» (1 Cor 11, 23). A Tradição tem PRIORIDADE TEMPORAL sobre a Escritura; o reconhecimento da autoridade formal da Escritura é fundado sobre a pregação dos Apóstolos. Assim, a Palavra de Deus estruturou-se em dois momentos: - 1º momento – Jesus + Apóstolos + Igreja primitiva = proclamação oral, Tradição; -2º momento – Apóstolos + Varões apostólicos = Redacção por escrito – Escritura. Têm então razão os protestantes quando dizem que a Palavra de Deus é apenas a Bíblia? Ora vejamos…

19 O que foi que Ele mandou então?...
3.1 –A SAGRADA TRADIÇÃO Os protestantes negam o valor à Tradição, dizendo que só a Bíblia é fonte de revelação, de fé (sola Scriptura)… Jesus nunca escreveu (só uma vez na areia!), nem repartiu nenhuma Bíblia, nem mandou os discípulos que escrevessem alguma coisa… O que foi que Ele mandou então?... Jesus encarregou os Seus apóstolos e sucessores, com o MANDATO de levarem o Evangelho a todos os povos, como pastores da Igreja que Ele fundou pessoalmente: «Foi-me dado todo o poder no Céu e na Terra. Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E sabei que Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos.» (Mt 28, 18-20). O Evangelho de Jesus Cristo entregue aos Apóstolos não estava escrito: o ensinamento de Jesus era apenas oral. Assim também o fizeram os Apóstolos, com a ajuda do Espírito Santo. «JESUS ESTÁ VIVO!»: é o kerigma, pregação ou primeiro anúncio, fundamental da nossa fé. Só mais tarde é que se começa a fixar a Revelação de Jesus Cristo por escrito… Os Apóstolos como TESTEMUNHAS (pessoas que ouviram, viram e conviveram com Jesus) anunciaram, pregaram aquilo que Jesus lhes ensinou: o Evangelho, que é o próprio Cristo; além deles, testemunhas privilegiadas, escolhidas pelo próprio Senhor, muitos outros foram Suas testemunhas… NO CULTO… NA CATEQUESE… NA PREGAÇÃO… PELO TESTEMUNHO…

20 Só a Escritura é Palavra de Deus! (sola Scriptura)
3.1 –A SAGRADA TRADIÇÃO Foi a Tradição da Igreja que reconheceu o carácter inspirado da Escritura e ainda estabeleceu o seu cânon já em (lista de livros - já levando em conta o estatuto que alcançaram os mesmos no seio da comunidade viva), ratificado mais tarde em Trento. Só a Escritura é Palavra de Deus! (sola Scriptura) Se só nos cingirmos à escritura, como sabemos quais são os livros inspirados e os que não são? Qual é, então o seu cânon? O texto bíblico não contem nenhuma lista de livros! Foi a Tradição da Igreja que transmitiu a lista dos livros inspirados. «Este é o discípulo que dá testemunho destas coisas e que as escreveu. E nós sabemos bem que o seu testemunho é verdadeiro. Há ainda muitas outras coisas que Jesus fez. Se elas fossem escritas, uma por uma, penso que o mundo não teria espaço para os livros que se deveriam escrever». (Jo 21, 24-25). A própria Escritura que todo o Evangelho de Cristo não está nos Evangelhos! Por tudo isto, é inegável o valor da Tradição! Ela tem até prioridade temporal sobre a Escritura, embora ambas tenham o mesmo valor, devendo ser reverenciadas do mesmo modo.

21 b) Tradição e Magistério
3.1 – A SAGRADA TRADIÇÃO b) Tradição e Magistério Com a morte do último Apóstolo, termina a fase constitutiva da Revelação, ficando esta definitivamente encerrada: por isso a sua pregação adquire na Igreja o carácter de depósito (depositum fidei), confiado a toda a Igreja, algo que se entrega a alguém que o conserva e cuida. O depósito de fé, que contem a Revelação divina, contem tudo o necessário que precisamos para seguir a Cristo e abarca tanto a Sagrada Tradição como a Sagrada Escritura: ambas estão intimamente unidas. Mas o ofício de interpretar autenticamente a Palavra de Deus, oral ou escrita, foi encomendado por Deus unicamente ao Magistério vivo da Igreja. Este Magistério, segundo a Tradição Apostólica, é formada pelos bispos em comunhão com o sucessor de Pedro, que é o Bispo de Roma: o Papa. Este poder pode ser exercido de 3 formas: pelo conjunto do Episcopado quando, em comunhão com o Papa, propõe por unanimidade uma doutrina como revelada por Deus à Igreja; pelo Concílio Ecuménico reunido com o Papa; pelo Papa sozinho quando, enquanto Doutor Supremo da Igreja (ex cathedra – usando da sua suprema autoridade docente) toma uma decisão doutrinal que, em nome da fé, obriga de uma maneira universal e definitiva. O Magistério não está acima da Revelação Divina, mas sim ao seu serviço; o Magistério reconhece a infalibilidade de uma verdade contida na Tradição; é um guia seguro na interpretação da Sagrada Escritura: fixa o seu cânon, determina o seus sentido e vela pela sua integridade (cf. DV nº 10).

22 c) Classificações da Tradição
3.1 – A SAGRADA TRADIÇÃO A Tradição nada tem de conservadorismo, de fixismo, mas refere-se à transmissão daquilo que é vital na Igreja. O Magistério orienta também o crescimento e a compreensão da fé. Com a assistência do Espírito Santo, leva o crente a viver da Palavra de Deus em cada momento histórico, pois torna explícito aquilo que está implícito na Revelação. Isto é: perante a revelação de Deus, realizada de uma vez por todas em Cristo e transmitida pelos Apóstolos, o Magistério não acrescenta nada, mas ENRIQUECE A TRADIÇÃO DIVINO-APOSTÓLICA ATRAVÉS DO «AUMENTO DA COMPREENSÃO DAS REALIDADES E DAS PALAVRAS TRANSMITIDAS». O objectivo é indicar a cada momento o caminho para Deus, através de uma fidelidade à fé apostólica, para que a Igreja seja a mesma de Cristo. Por exemplo, ao definir um dogma, o Magistério não «gera» uma nova verdade», mas apenas descobre e esclarece o que já estava contido, embora talvez implicitamente, na sua Tradição, ou seja na Revelação, embora até aí não tivesse plena consciência do que era portadora. c) Classificações da Tradição Em relação ao «AUTOR» a Tradição pode ser: a) Divina ou divino-apostólica (verdades que Cristo e o Espírito Santo revelaram aos apóstolos e estes aos sucessores até chegar a nós); b) Eclesiástica (disposições práticas tomadas pelos apóstolos pela sua iniciativa). Em relação ao «CONTEÚDO OU OBJECTO» que se transmite, a Tradição pode ser: a) Dogmática (se se trata de uma verdade de fé); b) Moral (se é sobre alguma norma referente ao culto e disciplina). Em relação à SAGRADA ESCRITURA a Tradição pode ser: a) Constitutiva (quando nos permite conhecer uma verdade que não está contida nas Escrituras); b) Interpretativa (quando expõe uma verdade clara ou obscuramente contida nos livros santos).

23 3.1 – A SAGRADA TRADIÇÃO d) «Lugares» onde podemos encontrar Tradição… A Tradição está contida principalmente: nos símbolos da fé; na liturgia e na vida da Igreja; nos escritos dos Padres e Doutores da Igreja. Creio em Deus Pai, todo-poderoso, Criador do céu e da terra. E em Jesus Cristo, seu único Filho nosso Senhor. Que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desceu a mansão dos mortos, ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos Céus está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso, donde há de vir julgar os vivos e mortos. Creio no Espírito Santo, na santa Igreja católica, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na vida eterna. SÍMBOLOS E PROFISSÕES DE FÉ. São certas fórmulas que resumem as principais verdades de fé. A mais conhecida é o Símbolo dos Apóstolos, que remonta à idade apostólica: é o CREDO. A SAGRADA LITURGIA E A VIDA DA IGREJA. A Tradição também está contida nos ritos da Liturgia, que muitas vezes são uma confissão implícita da fé, contendo valores dogmáticos. Por exemplo, a Santa Missa é uma confissão no dogma da Redenção, o rito dos defuntos é uma confissão na crença no purgatório (nem os bem-aventurados necessitam ajuda, nem os condenados a podem receber), etc. Constitui uma unanimidade da fé de toda a Igreja.

24 Santo Atanásio (Padre da Igreja)
3.1 – A SAGRADA TRADIÇÃO PADRES DA IGREJA: são os autores cristãos antigos que se distinguiram pela santidade de vida, pelo profundo conhecimento das Sagradas Escrituras e da doutrina de fé e pela responsabilidade com que desempenharam as tarefas pastorais que lhes foram confiadas. O consenso patrístico unânime constitui regra certa para interpretar a Sagrada Escritura. Os Padres Apostólicos foram os que conheceram os Apóstolos, como Santo Inácio de Antioquia, São Clemente Romano, etc. Os últimos Padres da Igreja foram: no Ocidente, Santo Isidoro de Sevilha (faleceu em 636) e no Oriente São João Damasceno (faleceu em 749). Santo Atanásio (Padre da Igreja) DOUTORES DA IGREJA: são aqueles escritores, que além de se distinguirem pela sua pureza de fé e santidade, destacaram pela sua ciência eminente. Os 4 grandes doutores da Igreja grega foram: Santo Atanásio, São Basílio Magno, São Gregório Nazianzeno e São João Crisóstomo; os 4 grande doutores na Igreja latina foram: Santo Ambrósio, São Jerónimo, Santo Agostinho e São Gregório Magno; outros: São Bernardo, Santo Anselmo, São Francisco de Sales, São João da Cruz, Santa Teresa de Jesus e Santa Teresinha (Teresa de Lisieux),etc. São Basílio Magno (Doutor da Igreja) Definições solenes de concílios ecuménicos e dos sumos pontífices onde a fé da Igreja numa determinada verdade se afirma de maneira clara e definitiva. Por exemplo: a Divindade de Cristo (Concílio de Niceia, 325), Maternidade divina de Maria (Concílio de Éfeso, 431), Infalibilidade do Papa (Vaticano I, 1870), Assunção de Maria ao céu (1950), etc.

25 3.1 – A SAGRADA TRADIÇÃO O consentimento dos teólogos que, sob a direcção do Magistério, estudam as verdades reveladas e difundem o seu conhecimento. Passada a época patrística os teólogos ocupam o lugar dos Padres, sendo uma autoridade muito particular São Tomás de Aquino. Outro aspecto interessante é o sensus fidelium. O conjunto dos fiéis baptizados forma um povo profético, que goza de uma chamada infalibilidade in credendo, para distingui-la da activa, que é própria do Magistério da Igreja. «A totalidade dos fiéis, que possuem a unção que vem do Espírito Santo, não pode enganar-se na fé, e manifesta esta propriedade particular através do sentido sobrenatural da fé do povo inteiro, quando desde os bispos até aos últimos fiéis leigos, manifesta consenso universal a respeito das verdades de fé e costumes» (Lumen Gentium 12). Exemplo: o bom senso dos fiéis sempre acreditou na imunidade de Maria do pecado original. A 8 de Dezembro de 1854, Pio IX proclamou o dogma da Imaculada Conceição. Sobre a legitimidade e valor das diversas fontes da Tradição, compete apenas ao Magistério da Igreja o seu julgamento. A Tradição é apenas infalível quando está reconhecida pelo Magistério da Igreja. Assim, o valor de cada fonte é diverso e compete ao Magistério determinar sua importância. Nem todas são igualmente vinculantes ou normativas. Por exemplo: rezar de joelhos, certas regras para a nomeação dos bispos. Determinados ritos do Baptismo, etc.

26 3.2 – A SAGRADA ESCRITURA Somente uma parte da palavra de Deus, proclamada oralmente foi colocada por escrito: é a SAGRADA ESCRITURA. «A Sagrada Escritura é Palavra de Deus enquanto foi escrita por inspiração do divino Espírito Santo» (DV nº9). Devido à riqueza e beleza das Sagradas Escrituras, nada diremos agora, remetendo para os próximos 4 encontros que falam do assunto: - Noções básicas sobre a Bíblia; O Antigo Testamento; O Novo Testamento; A Palavra de Deus, alimento da vida cristã. «Desconhecer as Escrituras é desconhecer a Cristo» (S. Jerónimo)

27 3.3 –BÍBLIA E TRADIÇÃO: DUAS FONTES?
Algumas conclusões… A Igreja não retira somente da Escritura a certeza de toda a Revelação divina. O princípio formal do catolicismo em relação à Revelação não é a Escritura, mas a Igreja viva, apostólica, que transmite a Tradição, em que a escritura encontra o seu lugar. A Tradição e a Sagrada Escritura constituem um único depósito sagrado da Palavra de Deus, no qual a Igreja peregrina, como num espelho, contempla a Deus, fonte de todas as suas riquezas; à Igreja foi confiado esse depósito, mas o ofício de interpretar autenticamente a Palavra de Deus (a Sua Revelação), foi confiado unicamente ao Magistério vivo da Igreja e aos bispos em comunhão com o Papa. A Tradição, a Escritura e o Magistério da Igreja estão intimamente ligados, de modo que nenhum pode subsistir sem os outros; todas contribuem eficazmente para a salvação dos homens, sob a acção do Espírito Santo. A Revelação, Palavra de Deus ou Evangelho (em sentido amplo), é transmitida ao Homem à Comunidade cristã pela Sagrada Escritura e pela Sagrada Tradição, actualizadas e interpretadas autenticamente pelo Magistério vivo da Igreja. A Revelação divina chegou até nós através de duas fontes, não podendo nenhuma delas subsistir sem a outra: a Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura; aliás, mais do que «duas fontes», são dois aspectos de uma única fonte… A FONTE É JESUS CRISTO.

28 4. A Revelação na «Dei Verbum»: um apontamento

29 4. – A REVELAÇÃO NA «DEI VERBUM»: UM APONTAMENTO
Em 1965 nasce a Constituição Dogmática sobre a Divina Revelação, Dei Verbum, uma das quatro Constituições do Concílio Vaticano II. O seu processo de elaboração foi longo e complicado, pequena em extensão, mas rica em conteúdo, por isso chamada de «a pérola do Concílio». Não é um documento exclusivamente sobre a Sagrada Escritura, mas sobre a maneira como Deus vem ao encontro do homem e lhe fala, embora as Escrituras ocupem lugar fundamental neste contexto. Compõe-se de seis capítulos: 1º A Revelação (nºs 1 a 6): a Revelação consiste no mistério do amor de Deus, que deseja chamar a cada um para uma vida de comunhão com Ele; essa Revelação, a Palavra de Deus, é Cristo, Revelador e Revelado, plenitude da Revelação; 2º A Transmissão da Revelação (nºs 7 a 10): define melhor o conceito de Tradição, supera o dualismo das duas fontes, pondo em relevo a relação entre Escritura e Tradição e entre estas e o Magistério da Igreja, que é serva das Escrituras; 3º Inspiração e verdade salvífica (nºs 11 a 13): fala da Inspiração na Sagrada Escritura; 4º O Antigo Testamento (nºs 14 a 16) 5º O Novo Testamento (nºs 17 a 20) 6º A Bíblia na vida da Igreja (nºs 21 a 26): a Bíblia é para colocar no coração de cada um, não na estante! Maiores novidades: Proclama Jesus Cristo Palavra de Deus e centra tudo n’Ele; supera o dualismo da teologia das duas fontes, que afinal jorram de uma só, que é Cristo; A Igreja está numa posição de ouvinte, de serva da Palavra e não «senhora» da mesma. Coloca a Sagrada Escritura ao alcance de todo o fiel e não só dos exegetas: recoloca a Escritura no seu lugar central na vida da Igreja.

30 5. Bibliografia recomendada (E.F.C. 4)


Carregar ppt "4. – A Revelação divina: Bíblia e Tradição"

Apresentações semelhantes


Anúncios Google