A apresentação está carregando. Por favor, espere

A apresentação está carregando. Por favor, espere

2. – O Mistério Pascal: paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo Encontros de Formação Cristã Paróquia de Santa Maria de Carreço « Mas se Cristo não.

Apresentações semelhantes


Apresentação em tema: "2. – O Mistério Pascal: paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo Encontros de Formação Cristã Paróquia de Santa Maria de Carreço « Mas se Cristo não."— Transcrição da apresentação:

1 2. – O Mistério Pascal: paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo Encontros de Formação Cristã Paróquia de Santa Maria de Carreço « Mas se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã é também a vossa fé. (…) Mas não! Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram. Porque, assim como por um homem veio a morte, também por um homem vem a ressurreição dos mortos». 1 Cor 15, 14.20.21

2 2ª sessão – O Mistério pascal: paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo Sumário: 1.Considerações gerais 2. A Paixão e Morte de Jesus 2.1 – Os factos e o seu contexto 2.2 – O significado salvífico da paixão e morte de Jesus 2.3 – O significado revelador da paixão e morte de Jesus 3. A Ressurreição de Jesus 3.1– A problemática da ressurreição de Jesus 3.2 – A Mensagem da Ressurreição de Jesus 3.3 – O significado revelador da ressurreição de Jesus 3.4 – O significado salvífico da ressurreição de Jesus 3.5 – Ressurreição e reencarnação 4. Uma análise de um texto: Mc 16, 1-8 5. Bibliografia recomendada (E.F.C. 2)

3 1. Considerações gerais

4 1 – Considerações gerais 1 – Considerações gerais II. MISTÉRIO PASCAL tem dois sentidos: Sentido estrito: abrange apenas a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo; Sentido mais amplo: abrange também a Ascensão e glorificação e o dom ou envio do Espírito Santo, ou seja, o Pentecostes. I. MISTÉRIO PASCAL: «Mistério» não tem o sentido de "coisa oculta", "enigma", mas sim o sentido de realidade que nos supera mas que é objecto de uma revelação progressiva. «Pascal», porque a entrega de Cristo na Cruz e sua Ressurreição estão ligados à Páscoa, à festa judaica que comemora a sua libertação da escravidão do Egipto, e a que Cristo dá o sentido novo de libertação da escravidão do pecado e da morte; do hebraico, «pesha», passagem: assim como a Páscoa, para os judeus, está ligada à passagem do Mar Vermelho, para os cristãos liga-se à passagem da Morte para a Vida, sentido último do Mistério Pascal. Assim como Cristo morreu mas voltou à vida, também nós somos libertados da morte e reconduzidos à vida. III. O mesmo acontecimento e mistério da vida de Jesus é constituído por dois momentos, inseparáveis e complementares da mesma e única realidade: a paixão, sofrimento e morte, que sintetizamos com a palavra «Cruz»; e a Vida Nova e gloriosa com todo o seu significado, a ressurreição; não se podem «ler» separadamente. PÁSCOA: passagem

5 1 – Considerações gerais 1 – Considerações gerais IV. O Mistério Pascal é o núcleo da nossa fé! É o maior, mais significativo, central e fundamental acontecimento da História dos Homens e do grande momento salvífico-revelador de Deus, no seio da história humana; é a Palavra e Resposta Última de Deus à questão do sentido do Universo e da História, ao escândalo do pecado, da morte, do Mal e a revelação ao Homem de Quem é Deus e de quem é o Homem, resposta á qual o Homem é chamado a corresponder com a adesão pela fé. V. Tem-se como pressuposto uma visão retrospectiva dos acontecimentos, isto é, de diante para trás, do futuro para o passado: é a partir do acontecimento pascal que a começa a interrogação acerca da missão e da Pessoa de Jesus: Quem é O Ressuscitado? É o Crucificado! Quem é o Crucificado? É Jesus de Nazaré que fez vários sinais, ensinou em parábolas, anunciou o Reino de Deus, fez-Se baptizar por João no início do ministério, viveu em Nazaré, era da família de David, nasceu de Maria, etc. É neste ambiente que nascem os quatro evangelhos. Só mais tarde é que se entende!

6 2. A Paixão e Morte de Jesus

7 2.1 – Os factos e o seu contexto 2.1 – Os factos e o seu contexto Vamos recordar, de uma forma mais sistemática factos que já referimos… I. A PAIXÃO E MORTE DE JESUS NO CONTEXTO GLOBAL DA SUA VIDA. a) A morte de Jesus é consequência «natural», lógica, de todo o seu caminho e atitude, síntese da sua doutrina, valores e critérios que defendeu e viveu, que entrou em choque e confronto com as estruturas humanas de pecado. b) No entanto, se a paixão e morte é algo que acontece a Jesus, que se Lhe impõe dramaticamente, ao mesmo tempo é algo de profundamente Seu, de activo, de pessoal, de livremente aceite, acolhido e assumido; Jesus assume a realidade, faz da sua vida o dom, entregando-Se ao pai pela Sua Comunidade, pela Humanidade inteira. c) A própria paixão, livremente aceite por Jesus, a Sua atitude interior e exterior perante ela, é ainda anúncio de Boa Nova, do Reino de Deus: o que Jesus anunciara ao longo do Seu Ministério é agora vivido por Jesus até ao extremo, na Sua própria carne e existência. «Ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos». (Jo 15, 13)

8 2.1 – Os factos e o seu contexto 2.1 – Os factos e o seu contexto II. OS MOTIVOS DE CONDENAÇÃO E MORTE DE JESUS a) Interesses e situações ameaçados ou desiludidos: «O Mundo odeia-Me porque dou testemunho de que as suas obras são más» (Jo 7, 7). A covardia, o medo das consequências, o querer agradar aos homens, o temor das complicações, o egoísmo individual e colectivo, os interesses pessoais, etc., que estão por detrás da paixão. b) Imagem escandalosa de Deus e do seu Reino: o um Deus que acolhe quem O procura, «O sábado foi feito para o Homem e não o Homem para o sábado» (Mc 2, 7), o amor universal e perdão aos inimigos, a imagem que as pessoas tinham do Messias, etc., tudo isto choca com a imagem vigente de Deus e do Seu reino. c) A reivindicação de autoridade messiânica e divina: As palavras e gestos de Jesus evidenciam que reclama para Si uma autoridade inaudita, só digna de Deus – Jesus fala com autoridade, até sobre a Lei, perdoa os pecados, realiza sinais, chama a Deus de Pai, etc. «Não te lapidamos por causa de uma boa obra, mas por blasfémia, porque sendo apenas homem, Tu te fazes Deus» (Jo 10, 33). «Não podeis servir a Deus e ao dinheiro.» Mt 6, 24

9 2.1 – Os factos e o seu contexto 2.1 – Os factos e o seu contexto III. NÍVEIS DE RESPONSABILIDADE E CULPA a) Primeiro, há que dizer que só Deus sabe a culpa de cada um no processo! Cabe a Ele julgar! Os executores directos, com diferentes motivações foram: Saduceus, fariseus, Anciãos, Sumos sacerdotes, Anás, caifás, Pilatos, Herodes, o Povo, os próprios discípulos… b) Mas quem matou Jesus foi um espírito, uma mentalidade de pecado, o «mistério da iniquidade»; na Sua paixão está condensada as cinco grandes,linhas do pecado: a riqueza, a vaidade, o orgulho, a mentira e a falta de amor. Não é este espírito que nos move muitas vezes nas nossas acções do dia-a-dia? Na paixão e morte de Jesus está condensada toda a história humana, do «mistério da iniquidade», adquirindo ela um sentido universal. Neste mistério entra também Satanás, o inimigo de Deus, «homicida desde o início e pai da mentira» (Jo 8, 44), figura de que pouco sabemos. No fundo, nenhum de nós está inocente da morte de Jesus!

10 2.2 – O significado salvífico da paixão e morte de Jesus 2.2 – O significado salvífico da paixão e morte de Jesus I. REDENÇÃO, SALVAÇÃO E SOTERIOLOGIA. Redenção é diferente de Salvação: Redenção significa a acção libertadora realizada por Deus em Jesus Cristo, em favor da Humanidade; a redenção de Israel e da Humanidade está realizada e consumada; a Salvação, pelo contrário, estritamente falando, tem um significado mais subjectivo, pois é a apropriação por nós, o acolhimento ao longo da História, da redenção já realizada em Jesus Cristo. Contudo, são tomadas muitas vezes como sinónimos. A Soteriologia é a secção da teologia que trata da Salvação (do grego soterios, Σοτεριος). II. O CONTEXTO PRÉ-PASCAL DE INTERPRETAÇÃO. A interpretação salvífica e também a reveladora da morte de Jesus só se verificou a partir da Ressurreição, com um olhar retrospectivo. Mas A Comunidade Cristã Primitiva muito cedo começou a interpretar salvificamente a paixão e morte de Jesus. Para isso mais contribuiu as palavras e gestos de Jesus na Sua existência pré-pascal: a Sua vida foi um serviço, foi um «Homem-para-os-outros». De isso nos fala muitos relatos evangélicos: o Servo sofredor (Mc 9, 30-32), a instituição da Eucaristia (Mc 14, 22-25), o Lava-pés (Jo 13, 1-17), etc. E também no AT: salmos aplicados à paixão de Jesus (Sl 22, 34 e 69), a figura do Servo de Javé que sofre em resgate pela multidão (Is 53, 1-12). O próprio Jesus o diz: «Tomai, isto é o Meu Corpo… Isto é o meu Sangue, o Sangue da Aliança, derramado pela multidão» (Mc 14, 22-24): instituiu a Eucaristia, Dom de Si mesmo, irá morrer em acção de graças a Seu Pai. Jesus não sofreu só a morte, mas deu a Vida: «a Mim ninguém Me tira a vida, sou Eu que a dou» (Jo 19, 17-18). Essa existência na liberdade e amor está intimamente ligada à vontade do Pai, «que de tal modo amou o Mundo que lhe deu o seu Filho Único» (Jo 3, 16).

11 2.2 – O significado salvífico da paixão e morte de Jesus 2.2 – O significado salvífico da paixão e morte de Jesus III. A MORTE DE JESUS COMO LIBERTAÇÃO; REDENÇÃO OU SALVAÇÃO. «Jesus morreu para nos salvar…» Mas salvar de quê? O que isso significa em concreto? Dada a situação universal de pecado, a finalidade última da Encarnação do Filho eterno de Deus é a redenção ou salvação do pecado e a recondução do Homem a Deus. Numa perspectiva negativa a redenção é como um resgate, alicerçado na tradição jurídica e civil de Israel, na qual alguém pagava por outro a sua libertação da escravidão, «comprando» a sua vida (cf. Rm 3, 24); Numa perspectiva positiva, a redenção é a restauração da união ou comunhão com Deus, destruída pelo pecado e como tal é chamada de justificação. De que realidade nos salva e liberta Jesus? Do pecado – a morte espiritual, oposição a Deus, raiz da escravidão humana; De Satanás – por nos libertar do pecado, liberta-nos também do seu inspirador último, Satanás; Do Inferno – é a morte espiritual eterna, separação definitiva de Deus; Da morte – abre-nos para a Vida Eterna; Da Lei – o Homem não se salva por apenas cumprir a Lei, mas pela graça, pela fé em Jesus Cristo; Jesus, Sacerdote, ofereceu-Se em sacrifício a Deus pela Humanidade, como Vítima de expiação, redimiu-a, resgatou-a, libertou-a, pagou com o Seu sangue (com a vida e entrega que significam) a Deus a «dívida»,a ofensa contraída pelo pecado do Mundo.

12 2.2 – O significado salvífico da paixão e morte de Jesus 2.2 – O significado salvífico da paixão e morte de Jesus IV. A MORTE DE JESUS COMO RECONCILIAÇÃO. V. A REALIZAÇÃO DA REDENÇÃO. A vertente mais positiva do significado salvífico da morte de Jesus é a justificação. A paixão e morte de Jesus operou a reconciliação, a paz, com Deus e com os homens. A reconciliação, a paz, é filha da Sua entrega: «Deixo-vos a paz dou-vos a Minha paz» (Jo 14, 27). a) O valor da vida e da paixão de Jesus não provem do sofrimento em si, mas sim pela dignidade da pessoa e pela intenção com que é vivida. Para compreendermos temos e ver o que está «por detrás» da dor e sofrimento de Jesus: a sua dignidade é infinita e a sua intenção é o máximo de liberdade e amor; por isso, todas as acções de Jesus são salvíficas. b) A acção salvadora de Deus abarca toda a Sua vida, mas atinge na paixão e morte, na Sua Cruz, o cume. c) Jesus realizou a redenção por três modos: pelo poder doutrinal ou profético, da sua Palavra, que dissipa a mentira e o erro; pelo poder pastoral ou real, como Bom Pastor, que mostra e reconduz o Homem ao caminho do Pai e como Rei, que serve em vez de dominar; pelo poder sacerdotal, Jesus, Sumo Sacerdote e Mediador, é também Vítima, fazendo da sua vida o sacrifício. Jesus pelos seus méritos, merece por parte de Deus uma recompensa. d) Jesus é o novo Cordeiro Pascal, «o Cordeiro de Deus que tira o pecado do Mundo» (Jo 1, 29). Reúne em si o Servo sofredor de Isaías (IS 53) e o rito do Cordeiro Pascal, símbolo da redenção de Israel (Ex 12, 1).

13 2.3 – O significado revelador da paixão e morte de Jesus 2.3 – O significado revelador da paixão e morte de Jesus I. O PECADO, O PERDÃO A paixão de Jesus termina no fracasso e na morte; é o escândalo de Deus que deixa vencer a injustiça, em aparente abandono; mas ao ressuscitá-Lo, tudo muda de sentido: Deus, afinal, não é indiferente, mas ama e por isso se «magoa» com o pecado do Homem, porque aquele escraviza o Homem; a gravidade do pecado do Homem, só na Cruz de Jesus é revelada. Deus, afinal não abandona o Homem, humilhado, sofredor, «Ecce Homo», o Homem verdadeiro, que é Jesus. II. … QUE DEUS É AMOR PARA CONNOSCO Deus não olha de longe, mas torna-Se um de nós, identifica-Se com o Homem na sua humilhação, sofrimento, debilidade, derrota e até na morte. Deus é misericórdia, é Amor para connosco. III. … QUE DEUS É AMOR EM SI MESMO O Amor, em Deus, não é um atributo de Deus, mas é a Sua natureza. Na Cruz de Jesus, à luz da ressurreição, revela-se que Deus é em Si mesmo Amor, comunhão eterna e pessoal de Amor trinitário (Pai, Filho e Espírito Santo). «Quem Me vê, vê o Pai» (Jo 14, 9) A PAIXÃO E A CRUZ DE JESUS REVELA… IV. … QUEM É O HOMEM O Homem é aquele que é amado por Deus até à loucura e à morte: «Deus de tal modo amou o Mundo que lhe deu o Seu Filho Unigénito» (Jo 3, 16); só por Jesus Cristo sabemos quem é o Homem: pela graça do Espírito Santo, o Homem é filho de Deus, no Filho de Deus!

14 3. A Ressurreição de Jesus

15 3.1 – A problemática da ressurreição de Jesus 3.1 – A problemática da ressurreição de Jesus I. IMPORTÂNCIA E SENTIDO GLOBAL DA RESSURREIÇÃO Jesus de Nazaré morreu como um fracassado, abandonado por tudo e por todos! Mas neste contexto, inesperadamente irrompe a Boa-Nova: Jesus está vivo! «O Senhor ressuscitou e apareceu a Simão e depois aos Doze. Em seguida, apareceu a mais de quinhentos irmãos reunidos, de uma só vez, a maioria dos quais ainda vive… Posteriormente apareceu a Tiago e depois a todos os Apóstolos e em último lugar apareceu também a mim, o abortivo», resume Paulo (1 Cor 15, 5-8). Jesus ressuscitou e está vivo! Não é possível fé cristã, sem fé na ressurreição de Jesus Cristo. O mistério pascal de Jesus Cristo, a Sua morte e ressurreição, é o «mistério central» de Jesus Cristo, do Cristianismo, da História e da História da Salvação. «Se Cristo não ressuscitou, vã é a nossa fé» (1 Cor 15, 14). «Sem o facto da ressurreição, a vida cristã seria simplesmente absurda», CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 5 de Novembro de 2008 NÃO É POSSÍVEL SER CRISTÃO SEM ACEITAR QUE CRISTO RESSUSCITOU!

16 3.1 – A problemática da ressurreição de Jesus 3.1 – A problemática da ressurreição de Jesus II. A HISTORICIDADE DA RESSURREIÇÃO DE JESUS Mas afinal a ressurreição de Jesus é um facto histórico ou não? NÃO… E SIM! 1) NÃO: por um lado, não é histórica porque não é julgável na sua realidade positiva, medida em termos de provas históricas, críticas e científicas; a ciência tem uns limites, é incapaz de se situar para além do nosso espaço e tempo… a ressurreição não é histórica no sentido estrito, científico, pois situa-se para lá da história, é «trans-histórica», pois Cristo saiu da história com o Seu corpo para entrar no mundo de Deus. Dizer que a Ressurreição não é histórica não é dizer que ela não seja um acontecimento real para quem admite que o mundo não está definitivamente fechado sobre si mesmo, mas radicalmente aberto à liberdade de Deus; é um acontecimento real vivido pela pessoa de Jesus, um homem da nossa história. 2) SIM: trata-se de uma realidade escatológica, início dos Novos Tempos, radicalmente diferente dos nossos critérios estritos históricos; existem provas históricas seguras de que os homens testemunharam esta Ressurreição, visto que acreditaram nela; a Ressurreição é histórica, pois aconteceu num determinado lugar, data e pelos traços que deixou na história; é um acontecimento experimentado na História, mas não «medido» pelos critérios históricos. Só conseguimos falar, em sentido próprio, das realidades que experimentamos, todas elas realidades intra- mundanas, situadas no espaço e no tempo, físicas, materiais, empíricas. Por isso, todas as descrições, do Ressuscitado, das realidades meta-históricas, como Deus, Céu, Inferno, etc., são feitas na base de símbolos e metáforas: são realidades que, nós como sujeitos limitados, não podemos delimitar. A Ressurreição não é acessível senão á fé; Jesus não se faz reconhecer nas Suas aparições a não ser por aqueles que se abrem á fé nele; o anúncio da Ressurreição é, em si mesmo, um acto de fé. III. A RESSURREIÇÃO ACESSÍVEL À FÉ

17 3.1 – A problemática da ressurreição de Jesus 3.1 – A problemática da ressurreição de Jesus Têm sido apresentadas objecções ao longo da História contra a historicidade da Ressurreição, de ordem: psicológica (dizem que as aparições de Jesus ressuscitado são fruto de alucinações, ou até de má-fé; mas, o fruto das mesmas nos discípulos, de entrega até à morte total não parece ter base em interesses ocultos), de Ciência (natural ou histórica: pode dizer-se que é um acontecimento escatológico, não pode ser medido pela Ciência), etc. Vamos ver algumas concretamente. IV. OBJECÇÕES À RESSURREIÇÃO DE JESUS 1. «O corpo foi roubado do sepulcro»: Reimarus (séc. XVIII) afirma esta tese, seguindo a dos judeus da época de Jesus; contudo, os apóstolos não tinham ânimo para admitir a ressurreição de Jesus e muito menos para tentar impô-la através da fraude; além disso, qualquer tentativa de falsidade por parte dos Apóstolos teria sido descoberta pelos judeus hostis, que teriam desprestigiado toda a sua pregação, o que não aconteceu. 2. «Jesus não chegou a morrer, sendo sepultado vivo e depois reanimado». Bahrdt e Paulus (séc. XVIII) defendiam isto; o sedativo que Ele tomou quando crucificado e os aromas que as mulheres levaram para ungi-lo terão contribuído para reanimá-lo. Holger Kersten, nos nossos dias, acrescentou o seguinte: Jesus, deixando o sepulcro, foi à Índia, onde terminou os seus dias! Isto não leva em conta a arqueologia que nos diz onde está o sepulcro de Jesus, em Jerusalém, com a sua história através dos séculos; não leva em conta toda a dura paixão de Jesus (flagelação, coroação de espinhos, porte da Cruz, crucificação, golpe com a lança, «pois os soldados o encontraram já morto» (Jo 19, 33). 3. «O que ressuscitou não foi Jesus, mas a Sua mensagem». Certos seguidores da Escola da História das Formas, especialmente Willi Marxsen, discípulo de Rudolf Bultmann, isso afirmou; o milagre seria não a ressurreição de Jesus, mas a fé dos discípulos! O que se pressupõe é que tudo aquilo que a razão não explica, não é verdade; ora, se Deus não pode fazer dum círculo um quadrado, pode ressuscitar um morto! 4. «O episódio da ressurreição de Jesus foi inspirado nos mitos orientais que existiam de ressurreição de deuses». Primeiro, para os pagãos, o voltar à vida por parte de um deus (Astarté, Osíris, etc) era um fardo, a alma aprisionada no cárcere corpóreo e não tinha a dimensão que tem a ressurreição em Jesus, de passagem para Vida Nova; segundo, o ambiente religioso da Palestina não era favorável a esse sincretismo religioso, mas avessos às influências pagãs.

18 3.2 – A Mensagem da Ressurreição de Jesus 3.2 – A Mensagem da Ressurreição de Jesus I – A GÉNESE DA FÉ DOS DISCÍPULOS: DA INCREDULIDADE AO ANÚNCIO Após a Sexta-feira Santa os discípulos encontram-se com medo, fechados em si, dispersos… Mas, como é que se deu a reviravolta até ao seu anúncio firme que Jesus estava vivo, inclusive até á dávida da própria vida? A ressurreição de Jesus foi-lhes atestada por três sinais: 1º A descoberta do túmulo aberto e vazio; 2º Uma mensagem angélica no túmulo, segundo o género literário da teofania; 3º As aparições do Ressuscitado. 1º A descoberta do túmulo aberto e vazio; Antes de mais trata-se de um facto, que não podia ter sido inventado pela Igreja Nascente, pois nunca teriam apelado para dizeres de mulheres, considerados pouco fidedignos. Esta descoberta, tomada em si mesma, fora do contexto, não conduz à fé; não é prova de Ressurreição; o corpo poderia ter sido levado… Maria de Magdala tem essa reacção espontânea, os soldados («De noite, enquanto dormíamos, os seus discípulos vieram e roubaram-no» (Mt 28, 13); Pedro não chega à fé por isso; mas de João diz-se: «Viu e começou a crer» (Jo 20, 8); isto graças ao horizonte da história santa e o itinerário de Jesus que lhe permite concluir na fé: «ressuscitou».

19 3.2 – A Mensagem da Ressurreição de Jesus 3.2 – A Mensagem da Ressurreição de Jesus Para lá da diversidade de situações, as aparições de Jesus ressuscitado, no NT, têm sempre três traços comuns: 1) Jesus manifesta a Sua condição nova, diferente, escatológica: Ele é o mesmo, mas está diferente; por vezes têm dificuldade em reconhecê-lo (o que aponta para as diferenças entre o corpo glorioso de Jesus e os homens neste mundo; além dos sentidos, é necessário a fé e uma preparação interior para O reconhecer); 2) É o próprio Jesus que Se dá a reconhecer à Sua Comunidade: esta não O reconhece por si mesma, mas Ele faz-Se reconhecer por um sinal (partir do pão, a pesca milagrosa, etc.); 3) Jesus dá o mandato àqueles a quem aparece de anunciar aos outros que Ele está vivo, núcleo essencial do Evangelho. 2º Uma mensagem angélica no túmulo, segundo o género literário da teofania; 3º As aparições do Ressuscitado aos discípulos. O túmulo vazio é também o lugar de uma manifestação ou «teofania» divina da ressurreição de Jesus; os primeiros destinatários da mensagem são as mulheres; o interesse para a génese da fé é dupla: primeiro todos os evangelistas colocam em relevo o papel das mulheres, o que é surpreendente e mesmo chocante nos textos de tradição judaica; por ela se reconhece geralmente (como vimos) um critério de historicidade. Sublinham também a dificuldade dos discípulos diante do acto de fé; no caso de se apoiarem apenas neles mesmos, poderíamos pensar que os discípulos não teriam acreditado com esta simples base. Primeiro, há que salientar a dificuldade e a relutância que os discípulos têm em acreditar nas aparições de Jesus; não é desejo, nem esperança dos apóstolos, o que leva a rejeitar a hipótese de alucinação. Por exemplo, em Jo 20, 24-29, Tomé não acredita logo.

20 3.2 – A Mensagem da Ressurreição de Jesus 3.2 – A Mensagem da Ressurreição de Jesus II – O TESTEMUNHO DE S. PAULO A proclamação (kerigma) As aparições de Jesus ainda não libertam os discípulos do medo; mas não: só após o Pentecostes, que nos fala Act 2, 14, reunidos no cenáculo em oração com Maria, mãe de Jesus, recebido o Espírito Santo, começam a anunciar que aquele Jesus que padeceu, morreu, ressuscitou e agora está vivo! É o chamado kerigma, proclamação ou primeiro anúncio: os discípulos gritam a sua fé! S. Paulo sente-se testemunha do Ressuscitado; não conheceu Jesus antes da Páscoa, mas considera o acontecimento prodigioso que se deu a caminho de Damasco, como uma aparição do Ressuscitado; é o um marco importante na sua conversão (ou melhor: iluminação). S. Paulo diz-nos: «Lembro-vos, irmãos, o evangelho que vos anunciei, que vós recebestes, no qual permaneceis firmes e pelo qual sereis salvos, se o guardardes tal como eu vo-lo anunciei; de outro modo, teríeis acreditado em vão. 3*Transmiti-vos, em primeiro lugar, o que eu próprio recebi: Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras; apareceu a Cefas e depois aos Doze. Em seguida, apareceu a mais de quinhentos irmãos, de uma só vez, a maior parte dos quais ainda vive, enquanto alguns já morreram. Depois apareceu a Tiago e, a seguir, a todos os Apóstolos. Em último lugar, apareceu-me também a mim, como a um aborto». (1 Cor 15, 1-8).

21 3.2 – A Mensagem da Ressurreição de Jesus 3.2 – A Mensagem da Ressurreição de Jesus a) Paulo transmite os dois pontos essenciais da fé: morte e sepultura de um lado, ressurreição do outro. b) Paulo aponta-se ele próprio como o último beneficiário das aparições de Cristo Ressuscitado. c) Fala geralmente em «ele deu-se a ver»: sublinha a iniciativa de Jesus em todas as aparições. Assim também acontece com a ressurreição dos mortos: semeado corruptível, o corpo é ressuscitado incorruptível; semeado na desonra, é ressuscitado na glória; semeado na fraqueza, é ressuscitado cheio de força; semeado corpo terreno, é ressuscitado corpo espiritual. Se há um corpo terreno, também há um corpo espiritual. 1 Cor 15, 42-44 d) Na 1 Cor, entra em debate com os coríntios que dizem não haver ressurreição dos mortos: 1º - tira as consequências segundo a qual Cristo não teria ressuscitado: a mensagem cristã tornar-se-ia vazia de conteúdo; os que morrem em Cristo estariam perdidos; mas reafirma a ressurreição como pedra angular da mensagem cristã: «Mas não! Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram» (1 Cor 15, 20). 2º - como ressuscitam os mortos? Paulo não sabe o processo, mas salienta que o corpo é o mesmo antes e depois da ressurreição, mas a sua condição é radicalmente nova porque ultrapassa os limites do corruptível; fala na imagem do grão de trigo e a espiga. Por curiosidade, os dotes do Corpo Glorioso são: Impassibilidade; Subtilidade; Agilidade; Claridade. Isto será visto no último EFC: Os últimos tempos – a Escatologia

22 3.2 – A Mensagem da Ressurreição de Jesus 3.2 – A Mensagem da Ressurreição de Jesus III – O SENTIDO DA MENSAGEM 1. A confirmação da identidade filial de Jesus A Ressurreição é a autenticação divina do itinerário humano de Jesus. Jesus é o Filho de Deus: a reivindicação inaudita de Jesus é agora confirmada, selada por Deus. 2. A Ressurreição é a Vida A ressurreição de Jesus é a vitória da vida sobre a morte. Mas o seu destino será o nosso: a sua ressurreição é garantia das promessas que nos são feitas. 3. O significado do sepulcro vazio O sepulcro vazio não é em si uma prova da Ressurreição; mas tem uma importância capital: porque ele é o único vestígio da Ressurreição, negativo aliás, que pode ser observado na realidade física do nosso mundo. Tem um tríplice significado: 1º - a pedra rolada significa a vitória de Deus sobre as forças da morte e a abertura da morada dos mortos (o que os judeus designam sheol); orienta para a esperança em Cristo; 2º - As roupas deixadas no sepulcro representam as velhas roupas usadas e a libertação de Jesus dos laços da morte pelo Deus da Páscoa; 3º - É sinal anunciador da transformação do mundo, dos sinais dos tempos; a última palavra sobre a condição humana não é a realidade corruptível deste mundo; na pessoa de Cristo, o cosmos já conheceu uma fractura.

23 3.3 – O significado revelador da ressurreição de Jesus 3.3 – O significado revelador da ressurreição de Jesus I. A RESSURREIÇÃO DE JESUS COMO CONFIRMAÇÃO Sem a ressurreição de Jesus, o Jesus pré-pascal é incompreensível, insignificante e passado. Ao ressuscitar Jesus, de entre os mortos: -Deus confirma a pretensão pré-pascal de Jesus (ser Ele o Messias; mais: ser Ele o Filho de Deus, com autoridade absoluta e divina) e o seu agir; -Deus confirma que a morte de Jesus é salvadora, sacrificial e substitutiva: Deus ouviu a oração de Jesus, mas também que a Sua oblação, entrega sacrificial foi aceite e que a Redenção da Humanidade está consumada; -Deus revela-Se definitivamente e insuperavelmente em Jesus Cristo: há que mudar a imagem do Deus da Filosofia, para um Deus Amor, um só Deus, mas que n’Ele há três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo; o Deus revelado em Jesus ressuscitado, é um Deus diferente! II. A RESSURREIÇÃO DE JESUS COMO ANTECIPAÇÃO Israel vive na esperança da Ressurreição Universal e do Juízo Final; se Jesus ressuscitou, então o Pai confirma a Sua pretensão divina; Deus está definitivamente revelado, o Fim dos Tempos já começaram e o resto devem acontecer em breve; o Pai confirma Jesus porque ao ressuscita-l’O antecipa n’Ele o Fim dos Tempos. Jesus é o Filho do Homem esperado (cfr. Dn 7), figura a quem cabe decidir os destinos da humanidade.

24 3.4 – O significado salvífico da ressurreição de Jesus 3.4 – O significado salvífico da ressurreição de Jesus I. A RESSURREIÇÃO DE JESUS COMO FUNDAMENTO DA PLENA UNIDADE DA HUMANIDADE DE JESUS COM DEUS «Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens» (Lc 2, 52). Tendo crescido nesta unidade da humanidade de Jesus com Deus ao longo de toda a Sua vida terrena, a sua ressurreição é o momento-cume deste crescimento, a máxima e total unidade da humanidade de Jesus com Deus; pela Sua ressurreição, Jesus fica em estado de exaltação ou glorificação. «desceu aos Infernos- ressuscitou dos mortos – subiu ao Céu, onde está sentado à direita de Deus, Pai Todo-Poderoso – donde há-de vir para julgar os vivos e os mortos». Do Credo, Símbolo dos Apóstolos. DESCEU AOS INFERNOS Não é o Inferno da condenação eterna, mas os «Infernos», «lugares inferiores», onde as almas dos «justos» anteriores a Cristo estavam à espera da salvação; antes de ressuscitar no Seu corpo, o Verbo eterno de Deus, unido à Sua alma glorificada desceu aos «Infernos». Assim, a salvação só se dá em Cristo, a sua acção salvífica é universal, estende-se retroactivamente para aqueles que não O conheceram, mas que tinham esperança de Jesus Cristo. RESSUSCITOU DOS MORTOS A ressurreição de Jesus é início da nossa ressurreição do pecado (Rm 6, 3), inserção na vida nova, pela fé e pelo baptismo e, simultaneamente, imagem e penhor, garantia da ressurreição final, total, futura. SUBIU AO CÉU DONDE HÁ-DE VIR PARA JULGAR OS VIVOS E OS MORTOS Toda a humanidade de Jesus, corpo e alma, já lá está, no seio da Santíssima Trindade, um de nós… Até ao Fim do Mundo, Jesus permanece junto do Pai, na Sua humanidade exaltada e glorificada, como Mediador entre Deus e os homens; Ele é o Senhor do Universo.

25 3.4 – O significado salvífico da ressurreição de Jesus 3.4 – O significado salvífico da ressurreição de Jesus II. JESUS RESSUSCITADO, NOVO ADÃO E CABEÇA DA IGREJA É através da natureza humana ressuscitada, glorificada de Jesus - «instrumento» universal de salvação que participamos, desde já (embora ainda não visivelmente) pela presença e acção do Espírito Santo, da natureza e comunhão com Deus e futuramente da condição gloriosa da sua humanidade ressuscitada. A isto costuma-se chamar graça, justificação, santificação, divinização, filiação, etc. Jesus é o novo Adão: somos descendentes de Adão, velha natureza e «descendentes» do Novo Adão, pela participação, desde já, na filiação e natureza divina (graça santificante) e na natureza gloriosa da humanidade de Jesus ressuscitado, no futuro. Também é chamado de Cabeça da Igreja, pois Ele, Novo Adão, é Cabeça, pelo Espírito Santo, vivifica todo o Seu Corpo, a Humanidade Nova, cujo sinal sacramental é a Comunidade, a Igreja. III. JESUS RESSUSCITADO, FONTE DO ESPÍRITO SANTO É pelo Espírito Santo que o Novo Adão nos faz participantes da sua Vida Nova, que Jesus ressuscitado, Cabeça da Igreja, a alimenta e vivifica. O Espírito Santo é o grande e permanente Dom do Pai e do Filho ressuscitado à Humanidade. «Contudo, digo-vos a verdade: é melhor para vós que Eu vá, pois, se Eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas, se Eu for, Eu vo-lo enviarei». Jo 16, 17

26 3.5 – Ressurreição e Reencarnação 3.5 – Ressurreição e Reencarnação A Reencarnação é defendida pelos orientais, hinduístas, budistas, etc; há também um «modelo ocidental», expandido a a partir do séc. XIX. De forma sumária, diremos que embora tenham alguns pontos em comum, a Ressurreição e a Reencarnação são incompatíveis. Pontos em comum: -As duas crenças afirmam um sentido para a existência; -As duas crenças dão primazia à ordem espiritual; -As duas crenças são habitadas por uma esperança; -A palavra renascimento é afirmado pelas duas crenças, embora com significados diferentes. «E, assim como está determinado que os homens morram uma só vez e depois tenha lugar o julgamento…» Heb 9, 17 Pontos discordantes: -A concepção da história é diferente: uma é cíclica e indefinida, propõe um eterno retorno; há uma lei cósmica de restabelecimento de equilíbrio, compensação e harmonia; a outra é linear e avança para um termo, um acabamento; -A reencarnação insere-se no dualismo corpo-alma; a ressurreição oferece também a salvação ao corpo; -Há uma dissolução do sujeito na reencarnação, o que põe em causa a identidade e a unicidade da pessoa humana, sujeito insubstituível diante de Deus, capaz de empenhar o seu destino por um acto de liberdade absoluta; -Jesus perde valor, na medida em que é uma reencarnação de um ser, inscrito no ciclo do destino e não o próprio Filho de Deus que encarna num momento da história preciso.

27 4. Uma análise de um texto: Mc 16, 1-8

28 4.1 – Uma análise de um texto: Mc 16, 1-8 4.1 – Uma análise de um texto: Mc 16, 1-8 16 As mulheres vão ao sepulcro - 1*Passado o sábado, Maria de Magdala, Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram perfumes para ir embalsamá-lo. 2*De manhã, ao nascer do sol, muito cedo, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro.3Diziam entre si: «Quem nos irá tirar a pedra da entrada do sepulcro?» 4Mas olharam e viram que a pedra tinha sido rolada para o lado; e era muito grande. 5Entrando no sepulcro, viram um jovem sentado à direita, vestido com uma túnica branca, e ficaram assustadas.6Ele disse-lhes: «Não vos assusteis! Buscais a Jesus de Nazaré, o crucificado? Ressuscitou; não está aqui. Vede o lugar onde o tinham depositado. 7Ide, pois, e dizei aos seus discípulos e a Pedro: 'Ele precede-vos a caminho da Galileia; lá o vereis, como vos tinha dito'.» 8*Saíram, fugindo do sepulcro, pois estavam a tremer e fora de si. E não disseram nada a ninguém, porque tinham medo. É um relato do túmulo vazio, onde Marcos quer levar à compreensão mais pormenorizada de um acontecimento: a Ressurreição de Jesus. v.1 - «Passado o sábado». As mulheres não vão ao túmulo no Sábado, pois é dia de respeito, sagrado, para o judaísmo; Marcos quer dizer que o judaísmo e o Sábado estão ultrapassados pelos acontecimentos que a seguir se narra; Cristo esteve na sepultura no Sábado, que é dia de trevas, de escuridão, de túmulo; é afirmar que o judaísmo é templo de morte; mas é daí, do Sábado, do judaísmo, do túmulo que advém a vida! v.2 - «De manhã». Isto é na aurora, «ao nascer do sol»: primeiro é uma indicação de espaço e tempo; depois, é uma alusão a Cristo ressuscitado, pois Cristo é para as comunidades cristãs primitivas o Sol da Igreja Nascente; o erguer-se do sol é em grego o mesmo verbo utilizado para a Ressurreição de Jesus; Jesus é a luz, a vida das comunidades cristãs; este erguer-se o sol, é o primeiro indício que Cristo ressuscitou!

29 4.1 – Uma análise de um texto: Mc 16, 1-8 4.1 – Uma análise de um texto: Mc 16, 1-8 v.2 - «no primeiro dia da semana»; sempre que as Escrituras nos falam em tempos novos, fala-se em primeiro dia; já no Génesis, Deus separa as trevas da luz e viu que a luz era boa; há aqui a imagem da Luz associada a Jesus e a superioridade da luz sobre as trevas, pois Deus viu que era bom; esse «primeiro dia» é o dia de Cristo Ressuscitado, Nova Criação. O primeiro dia da semana é o Dia do Senhor, aquele em que ressuscitou Cristo Senhor. v.4 - «Quem nos irá tirar a pedra da entrada do sepulcro?». O sepulcro é o lugar das recordações, semelhante ao verbo grego recordar: através do coração a pessoa sente Jesus Ressuscitado («recordar é viver!»); as mulheres estão preocupadas com a pedra, mas para Marcos é mais importante a pedra espiritual do que a física: a falta de esperança de ver Cristo Ressuscitado é a grande pedra. v.4 - «tinha sido rolada».Trata-se de um passivo teológico divino, não se diz quem rolou a pedra, mas sabe-se que foi Deus (os judeus evitavam falar no Seu Nome): Ele afasta a pedra física, fala só a espiritual… v.5 - «um jovem sentado à direita». Afinal onde elas esperavam a morte, trevas, encontram a vida e vida pujante, não uma vida decrépita personalizada nesse jovem; estava à direita, pois esse é o lugar de honra de Cristo ao lado de Deus.

30 4.1 – Uma análise de um texto: Mc 16, 1-8 4.1 – Uma análise de um texto: Mc 16, 1-8 v.5 - «vestido com uma túnica branca». O jovem (cheio de vida), estava revestido de branco, sinal da Luz, de Cristo ressuscitado; «e ficaram assustadas»: de facto onde pensavam encontrar o ratificar da sua falta de esperança, encontram nova esperança; há algo naquele jovem que as inquieta, pressentem algo de especial; trata-se de um «terror sagrado» presente tanto no AT como no NT, que comprova a verdade da ressurreição de Jesus; o «pavor» ou «terror» divinos não deve confundir- se com medo: expressa a reacção do homem face ao sobrenatural, àquilo que não consegue integrar no seu universo quotidiano (por exemplo, Jesus no Getsémani). v.6 - «não vos assusteis». Mesmo com o choque sentido, não há razão para isso, é quase um anúncio messiânico: afinal Cristo não estava ali; «o Crucificado?» - remete para a sexta-feira Santa, dia da Sua morte; «Ressuscitou»: de facto, era verdade, o primeiro sinal foi o erguer-se do sol e agora a afirmação que de facto ressuscitara; a acção de Deus desconcerta o homem, pois as mulheres ficaram ultrapassadas pelo acontecimento; v.6 - «vede o lugar». É tão verdade que ressuscitou que Ele estava ali, mas não está (é quase com a mesma função que o «toca-Me» de Jesus a Tomé na aparição, para que este acreditasse n’Ele).

31 4.1 – Uma análise de um texto: Mc 16, 1-8 4.1 – Uma análise de um texto: Mc 16, 1-8 v.6 - «Não está aqui». O anjo não limita Jesus às quatro paredes do Túmulo, pois Jesus não é limitado ao tempo e lugar; não há nada que O limita; v.6 - «Buscais». As mulheres já estavam inquietas no seu interior, começam a sua busca: a busca é o primeiro passo na caminhada da fé, se não nos pusermos a caminho, não acreditamos e o jovem quer alertar para isso. v.7 - «Ide, dizei a Pedro….». Preocupação de dar a primazia a Pedro; «…da Galileia» - Foi na Galileia que tudo começou, é lá que tudo deve continuar. v.8 - «Não disseram nada a ninguém, porque tinham medo». Marcos sublinha o Segredo Messiânico; ele quase provoca o leitor, pois deixa este antever que mais tarde, Deus fez com que eles anunciassem a Cristo Ressuscitado, com os ânimos acalmados. Estavam assustados porque anunciar Cristo Ressuscitado é uma responsabilidade tremenda: face ao Deus que Se revela o homem treme. -Este silêncio das mulheres mostra que ficaram transtornadas, perderam a cabeça; de facto, Deus apanhou-as de surpresa; -Por outro lado, o reagrupamento dos discípulos na Galileia e o anúncio não sejam devido ao que as mulheres dissessem ou não, mas à iniciativa do Ressuscitado; é o próprio deus que nos atira para o futuro. Este relato quer- nos levar a penetrarmos mais profundamente no Mistério que Cristo ressuscitou e está Vivo e continua hoje presente, a operar sinais.

32 5. Bibliografia recomendada (E.F.C. 2) Cap. 10 Caps. XII, XIII, XIV


Carregar ppt "2. – O Mistério Pascal: paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo Encontros de Formação Cristã Paróquia de Santa Maria de Carreço « Mas se Cristo não."

Apresentações semelhantes


Anúncios Google