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Poemas de Rómulo de Carvalho.

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Apresentação em tema: "Poemas de Rómulo de Carvalho."— Transcrição da apresentação:

1 Poemas de Rómulo de Carvalho

2 Poema para Galileo   (...)Eu queria agradecer-te, Galileo,   a inteligência das coisas que me deste. Eu,   e quantos milhões de homens como eu   a quem tu esclareceste, ia jurar - que disparate Galileo!   - e jurava a pés juntos e apostava a cabeça   sem a menor hesitação -   que os corpos caem tanto mais depressa  quanto mais pesados são.  Pois não é evidente, Galileo?   Quem acredita que um penedo caia   com a mesma rapidez que um botão de camisa   ou que um seixo na praia?   Esta era a inteligência que Deus nos deu.   (...)Por isso estoicamente, mansamente,   resistente a todas as torturas,   a todas as angústias, a todos os contratempos   enquanto eles, do alto inacessível das suas alturas,   foram caindo,   caindo,   caindo,   caindo,   caindo sempre, e sempre,   ininterruptamente,   na razão directa dos quadrados dos tempos.

3 Lágrima de Preta Encontrei uma preta que estava a chorar   pedi-lhe uma lágrima para analisar.   Recolhi a lágrima   Com todo o cuidado   Num tubo de ensaio   Bem esterilizado. Olhei-a de um lado,   do outro e de frente:   tinha um ar de gota   muito transparente.   Mandei vir os ácidos, as bases e os sais, as drogas usadas   em casos que tais.   Ensaiei a frio, experimentei ao lume, de todas as vezes   deu-me o que é costume:  nem sinais de negro   nem vestígios de ódio,   água (quase tudo)   e cloreto de sódio

4 A Catedral de Burgos Máquina do Mundo
  A catedral de Burgos tem trinta metros de altura e as pupilas dos meus olhos dois milímetros de abertura.   Olha a catedral de Burgos com trinta metros de altura! Máquina do Mundo   O Universo é feito essencialmente de coisa nenhuma.   Intervalos, distâncias, buracos, porosidade etérea.   Espaço vazio, em suma.   O resto é matéria.  Daí, que este arrepio,  este chamá-lo e tê-lo, erguê-lo e defrontá-lo, esta fresta de nada aberta no vazio, deve ser um intervalo.

5 Suspensão Coloidal   Penso no ser poeta, e andar disperso na voz de quem a não tem;   no pouco que há de mim em cada verso,   no muito de tudo e de ninguém.  Anda o cego a tocar” La Violetera”, e eu a vê-lo, e a cegar; e a pobre da mulher esfregando e pondo a cera e eu a vê-la, e a esfregar.  Que riso perto, que aflição distante,   que ínfima débil, breve coisa nada,   iça, ao fundo, esta draga carburante,   rasga, revolve e asfalta a subterrânea estrada? Postulados e leis e lemas e teoremas,   tudo o que afirma e jura e diz que sim, teorias, doutrinas e sistemas, tudo se escapa ao autor dos meus poemas.   A ele e a mim.

6 Arma Secreta Tenho uma arma secreta ao serviço das nações.
Não tem carga nem espoleta mas dispara em linha recta mais longe que os foguetões. Não é Júpiter, nem Thor, nem Snark ou outros que tais. É coisa muito melhor que todo o vasto teor dos Cabos Canaverais. A potência destinada às rotações da turbina não vem da nafta queimada, nem é de água oxigenada nem de ergóis da furalina. Erecta, na torre erguida, em alerta permanente, espera o sinal da partida. Podia chamar-se VIDA. Chama-se AMOR, simplesmente.

7  Como será estar contente? Máquina de Fogo Lançar os olhos em volta,
moderado e complacente, e tratar com toda a gente sem tristeza nem revolta? Sentir-se um homem feliz, satisfeito com o que sente, com o que pensa e com o que diz? Máquina de Fogo Meu coração é máquina de fogo, luz de magnésio, floresta incendiado. Combustar-se é o seu próprio desafogo. Arde por tudo, inflama-se por nada.

8 Amador sem coisa amada com os olhos postos no chão.
Resolvi andar na rua com os olhos postos no chão. Quem me quiser que me chame ou que me toque com a mão. Quando a angústia embaciar de tédío os olhos vidrados, olharei para os prédios altos, para as telhas dos telhados. Amador sem coisa amada, . aprendiz colegial. Sou amador da existência, não chego a profissional.

9 Reflexão total Recolhi as tuas lágrimas na palma da minha mão,
e mal que se evaporaram todas as aves cantaram e em bandos esvoaçaram em tomo da minha mão. Em jogos de luz e cor tuas lágrimas deixaram os cristais do teu amor, faces talhadas em dor na palma da minha mão.

10 Lição sobre a água Este líquido é água. Quando pura
é inodora, insípida e incolor. Reduzida a vapor, sob tensão e alta temperatura, move os êmbolos das máquínas que, por isso, se denominam máquinas a vapor. É um bom dissolvente. Embora com excepções mas de um modo geral, dissolve tudo bem, ácidos, bases e sais. Congela a zero graus centesimais e ferve a 100, quando à pressão normal. Foi neste líquido que numa noite cálida de Verão, sob um luar gomoso e branco de camélia, apareceu a boiar o cadáver de Ofélia com um nenúfar na mão.

11 Trabalho realizado pela aluna
Ana Rita Torres nº2 «--» 9ºB


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