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Irmã Marluce de Almeida

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Apresentação em tema: "Irmã Marluce de Almeida"— Transcrição da apresentação:

1 Irmã Marluce de Almeida
A Mulher Chiquitana Irmã Marluce de Almeida Maria Síria No dia 15/01/2011, em Cuiabá (Mato Grosso) conversei com Maria Síria Rupe, representante das mulheres chiquitanas do Portal do Encantado nos encontros indígenas. Ela começou dizendo: “A mulher chiquitana é muito discreta. Ela nunca vai comentar com as outras mulheres, ou mesmo para os homens, algo sobre seus maridos ou sobre qualquer problema que possa vivenciar com ele...”

2 Perguntei para Maria Síria o que representa o pote para as mulheres chiquitanas e ela me respondeu com brilho nos olhos: “Os potes representam nossas vidas, é a vida, pois ali guardamos nossos alimentos, nossa chicha e os nossos antepassados também faziam seus pratos, suas panelas da mesma argila. Quando vamos buscar a argila, fazemos uma oração em nossas casas, acendemos velas para pedir licença ao dono da argila, pois senão, ela foge. Quando chegamos, conversamos com ela, não chegamos mandando... Chegamos devagar, com calma, conversamos com ela com educação, tranqüilas. Explicamos que precisamos da terra para nos alimentar, alimentar nossos filhos, falamos que a chicha representa nossa tradição e depois tiramos a argila. A senhora sabe, acreditamos em Deus, no Espírito Santo e eles enviaram um espírito para a terra, a água, as matas e nós respeitamos”.

3 E a conversa se direcionou para o lugar da mulher na aldeia chiquitana.
“A senhora não vê mamãe? Ela fica acompanhando meu pai e depois conversa com ele, só os dois. E ele escuta. As mulheres chiquitanas protegem seus maridos e também os outros homens se eles estiverem certos. Quando temos que ir para a FUNAI, eles querem sempre uma mulher por que eles não falam. Somos nós que falamos. Sempre que temos uma reunião, quem mais fala são as mulheres. Eles pedem nossa presença e nós sabemos que precisamos estar presentes”.

4 Maria Síria, mãe de Rian e Richard e professora na Escola Indígena Chiquitana, também comentou acerca da mulher em relação aos filhos. “A mulher chiquitana cuida dos filhos, ama seus filhos e ensina seus filhos a rezar, a trabalhar, principalmente a respeitar os mais velhos, os anciões. Nós não chamamos ‘você’, é sempre senhor, senhora. Ensina a não gritar, a falar devagar, com calma, ensina as tradições chiquitanas. Caso seu filho for homem, quando tiver 13 anos, o pai leva no mato para a cerimônia de iniciação e não sabemos o que acontece, somente os homens. Se for filha mulher, ensinamos o que precisa comer quando chegar à primeira menstruação e como deve fazer quando ficar grávida. A mulher chiquitana, mesmo se tiver filhos no hospital, não toma remédios, leva suas ervas, o óleo... Nós confiamos nos nossos remédios e também, durante a gestação, não comemos bobagem, comemos somente o que vai fazer bem aos nossos filhos. Mesmo que os médicos falem que não tem problema, nós não comemos.”

5 Maria Síria citou uma lista de alimentos que come durante a gestação
Maria Síria citou uma lista de alimentos que come durante a gestação. E acrescentou: “A mulher Chiquitana trabalha com os homens na roça, quebra lenha, cuida das coisas da casa, da igreja, trabalha muito nas festas e rituais. Fazer comida, lavar roupa, panela, pratos, limpar a casa é serviço das mulheres. É nossa cultura, fazemos com alegria.”

6 As mulheres no cuidado das crianças e da natureza
Ecofemenismo As mulheres no cuidado das crianças e da natureza

7 Educar as crianças para o cuidado da natureza...
“Tinha criancinha que nunca viu [...] fomos devagar para eles conhecer[...]. Sempre minha tia Mica fala assim que a gente numa mina, a gente nunca deve ficar andando direto também, porque é um lugar muito preservado, que é a natureza que faz, ele [o hichi] não gosta muito da gente ficar se aproximando [...] porque as lenda da gente... que ele tem o dono... papai fala assim que a água tem dono que protege os animaizinhos” (Maria Auxiliadora Rupe, dezembro de 2008 ). O processo de educação-aprendizado típico dos Chiquitanos está implícito nesta ação que é expressa de forma simples: “devagar para eles conhecer”, um ritmo próprio de uma etnia com o fim de conhecer em profundidade. Mais que ouvir falar, Maria Auxiliadora acompanhou as crianças com os cuidados próprios destes lugares sagrados: não podem ser invadidos! O jeito de andar, de falar, enfim, de se comportar é orientado pelos adultos pois é visto como um santuário da natureza.

8 A falta de água é associada ao desmatamento feito na cabeceira do córrego Encantado
“Eu gostaria que o governo e quem tem esse serviço: Não vá pelo dinheiro e não se deixe iludir pelos fazendeiros que tem dinheiro. [...] Porque não somos nós que estamos destruindo a natureza de Deus mas sim os grandes que tem dinheiro, tem máquina... destrói a terra. Deus deu a terra para nós cuidar, não para destruir. [...] Quase o meu milho morreu, por quê? Por causa da desmatação” (Maria Auxiliadora). Maria Auxiliadora tem uma consciência política dos meios que possuem para sustar estes malefícios, por isso fazem questão de encaminhar as demandas pessoais e comunitárias aos órgãos competentes (como o IBAMA e a FUNAI). Mas também nos acionaram (Irmãs Azuis) e a equipe de solidariedade chiquitana para atuar principalmente na oração, pois pela oração atingem outros níveis que consideram imprescindíveis para que o rio não seque. Possuem clareza dos seus direitos e deveres para com a sustentabilidade dos seres vivos e dos demais agentes sociais envolvidos.

9 Deus é o Criador da água e dos espíritos que a vivificam, mas o ser humano tem que cuidar...
“Ninguém faz a água, somente Deus. Ninguém faz a água. Tudo que é da natureza, somente Deus e ninguém mais. [...] E para isso todos nós devemos unir e cuidar da natureza de Deus, que Deus fez para todos nós. [...] Um dia a gente não agüenta de sede! Então é muito triste, eu fico muito triste. Naquele dia do encontro de Nossa Senhora eu pedi para Nossa Senhora que não nos deixe... por causa que fui pescar, eu vi. Minha alma parece que gritava: Meu Deus do Céu” (Maria Auxiliadora). A oração para os Chiquitanos é fundamental no equilíbrio da natureza, pois Deus é o criador e pode agir sobre os seres que povoam o manancial, e age no coração dos que desmatam e na consciência dos que agentes dos órgãos fiscalizadores. Por isso passam muitas horas rezando em situações difíceis para poder equilibrar as forças que movem o universo através da oração, de forma religiosa.

10 As águas possuem agência humana que são expressas através de seus hichis (sereias, senhoritas...)
Maria Auxiliadora nos leva a pensar o território chiquitano como uma espécie de extensão do corpo humano e da sociedade que se elabora no cotidiano e no espaço concreto das nascentes do córrego que desce da Serra Santa Bárbara (Portal do Encantado), ou até mesmo como parte do corpo dos “deuses”. Foi assim que se expandiu o sistema chiquitano desde a Bolívia até o Brasil, ou seja, possuem uma relação espiritual com os locais culturalmente densos e seus seres vivos como é o caso das cabeceiras do córrego Encantado na Terra Indígena Portal do Encantado, o Monte Cristo... Os Chiquitanos não separam como nós a Natureza da Cultura. Eles olham para os seres da natureza como seres humanos, como sujeitos históricos com os quais eles se relacionam.

11 Representações de hichis na praça de Sañonama e nas igrejas de San Miguel e San Rafael (Missão de Chiquitos, Bolívia). A primeira claramente relacionada pela pintura da fonte e pelo pote de água ao meio ambiente aquático e as demais com forma de sereia que sustenta a mesa da palavra, o local onde se fazem as leituras bíblicas e as homilias (foto do arquivo pessoal de Aloir Pacini, 10/08/2009 e 24/05/2008).

12 Imagem de um hichi representado em uma figura sincrética, mistura de peixe e anjo que navega nas águas dos rios e lagoas com azas para voar aos céus de onde vem as chuvas... Está tocando seu violino! Em comparação com a sereia que sustenta o púlpito da Igreja de San Miguel e San Rafael, esta sereia tem um rosto que transmite doçura, é angelical, femenina, mulher. Esta imagem da hishi é uma escultura do Taller artesanal dos Hermanos Guasase de San Ignacio de Velasco, hoje no Museu de História em Santa Cruz. Segundo o artista, sua marca de estilo está no rosto da imagen. Foto de 8/06/2010: “Sirena” tocando violín.

13 Hichi das águas


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