Diálogos entre a Genealogia e a História em Portugal

Apresentação em tema: "Diálogos entre a Genealogia e a História em Portugal"— Transcrição da apresentação:

1 Diálogos entre a Genealogia e a História em Portugal
Nuno Canas Mendes Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas Universidade Técnica de Lisboa 1.º Congresso da ASBRAP São Paulo, 2 de Agosto de 2008

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SUMÁRIO Enquadramento O “State of the Art” da investigação genealógica em Portugal As instituições públicas e privadas Autarquias locais Edição de obras (publicação de fontes, reedições de obras clássicas, obras de referência – dicionários, bibliografia, índices -, novos tipos de monografias familiares e de âmbito regional) Teses académicas

3 Diálogos entre a Genealogia e a História em Portugal
Investigação sobre a diáspora portuguesa e sobre outras diásporas no mundo lusófono Bases de dados on-line O lugar da genealogia na historiografia contemporânea em Portugal O estado da investigação: velhas e novas áreas disciplinares e temáticas

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Enquadramento: A consolidação do sistema político na década de 80 A entrada de Portugal nas Comunidades Europeias (1986) Ciclo de crescimento e desenvolvimento económicos Reconfiguração identitária de Portugal (o fecho do ciclo imperial e os desafios da integração europeia) Aumento do interesse pelas “raízes” genealógicas e, consequentemente, do volume e qualidade da investigação, patente na criação de novas instituições e no ritmo da investigação e das publicações

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O “State of the Art” da investigação genealógica em Portugal Instituições públicas: os arquivos nacionais (Torre do Tombo, Arquivo Histórico-Militar, Arquivo Histórico Ultramarino, Biblioteca Nacional, Biblioteca da Ajuda, arquivos distritais, municipais e particulares). Assistiu-se a um esforço de modernização, de catalogação e sistematização de fontes, bem como à organização de bases de dados que facilitaram o trabalho dos investigadores.

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Os núcleos documentais disponíveis são variados: Registos paroquiais Registo Civil Registos notariais Câmara Eclesiástica Habilitações De Genere para o Sto. Ofício Habilitações De Genere para lugares de letras ou leitura de Bacharéis Habilitações De Genere para ordens menores e sacras

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Habilitações De Genere para ordens militares Inquisição (Lisboa, Coimbra e Évora) Registo Geral de Mercês Chancelarias Régias Processos individuais relativos a oficiais falecidos Nobiliários e genealogias manuscritas Contribuições e Impostos Testamentos e dotes Arquivos Judiciais Genealogias impressas Imprensa

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Administração do concelho e livros de vereações Corporações religiosas Juízo dos Órfãos Santa Casa da Misericórdia Arquivos particulares Livros de matrículas na Universidade

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Na Torre do Tombo, a colecção das Genealogias Manuscritas (com os Manuscritos da Livraria e o fundo da Real Mesa Censória) tem genealogias de famílias nobres brasileiras da Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. Outros fundos e colecções são essenciais para a História do Brasil como o Cartório dos Jesuítas, Armário Jesuítico, Papéis do Brasil, Manuscritos do Brasil, Capitanias do Brasil e ainda a Inquisição de Lisboa com os livros das Visitações do Santo Ofício ao Brasil ( , ), onde se encontram importantes documentos genealógicos.

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O Arquivo Histórico Ultramarino (organizado em três fundos principais: o Conselho Ultramarino (séc. XVI a 1833), a Secretaria de Estado da Marinha e Ultramar (séc. XVI ) e o Ministério do Ultramar ( ), tem muita informação importante relativa ao Brasil, por reunir os documentos relativos à administração colonial, para aspectos tão diversos como o povoamento e concessão de terrenos; a demarcação de fronteiras; o ensino e evangelização; as relações diplomáticas e consulares; aspectos etnográficos com informações preciosas sobre a terra e os naturais, os seus usos e costumes. No âmbito do AHU foi lançado um Projecto Reencontro (para microfilmagem dos arquivos brasileiros), de parceria com o projecto Resgate – Barão do Rio Branco (de microfilmagem dos acervos documentais estrangeiros com relevância para o Brasil)

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Instituições privadas: para além do antigo IPH, surgiram quatro associações privadas, três delas vinculadas, como centros de estudos, a instituições universidades privadas. Todas elas publicam revistas: Armas e Troféus (desde 1932); Raízes & Memórias (desde 1987); Genealogia & Heráldica (desde 1999, extinta); Tabardo (desde 2002); Revista Lusófona de Genealogia e Heráldica (desde 2006)

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Instituto Português de Heráldica (1929) Associação Portuguesa de Genealogia (1986)

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Centro de Estudos de Genealogia, Heráldica e História da Família, da Universidade Moderna do Porto (1998) Centro Lusíada de Estudos Genealógicos e Heráldicos, da Universidade Lusíada (20…) Instituto de Genealogia e Heráldica da Universidade Lusófona do Porto (2006)

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Para além da actividade editorial, estas instituições têm organizado cursos de formação e de pós-graduação. Autarquias locais: organizaram valiosos arquivos municipais e deram bom acolhimento a trabalhos genealógicos reconhecendo a sua importância nos estudos de história local (ex: Amarante, Arcos de Valdevez, Ponte de Lima, Montemor-o-Novo…) Edição de obras: novas editoras neste domínio: Carvalhos de Basto, a Dislivro Histórica, a Guarda-Mor…

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Publicações de fontes: (2003) (2007) (2006) (2007)

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Reedições de obras clássicas: (1992) (2000) (1997)

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(cont.) (2002) (2008) (1991)

19 Diálogos entre a Genealogia e a História em Portugal
(cont.) (1991) (1997) (1989)

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Obras de referência (dicionários, bibliografia, índices): (1989) (2007) (2006)

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Novos tipos de monografias familiares (famílias estrangeiras, populares…) e de âmbito regional (2002) (2000) (2006)

22 Diálogos entre a Genealogia e a História em Portugal
(cont.) (2006) (2001) (2001)

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Teses académicas (de doutoramento e mestrado) (1999) (1998) (2003) (2003)

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Investigações sobre a diáspora portuguesa e sobre outras diásporas no mundo lusófono (2003) (1996) (1990) (2004)

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Bases de dados on-line: “democratizou a Genealogia” O Fórum de Genealogia teve o seu início em 2000 e tem proporcionado um espaço de debate incontornável, de âmbito internacional, e especialmente luso-brasileiro. O número de consultas da base de dados – que contém pessoas e famílias - é muito elevado e fez esbater um certo síndrome de elitismo que recaía sobre a genealogia

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“Ao retirar esta Ciência auxiliar da História do pequeno feudo em que estava espartilhada e torná-la acessível a todos através desta ferramenta revolucionária que a internet constitui, alargou-se exponencialmente o número de interessados na matéria, surgiu uma grande quantidade de novos investigadores que aqui deram os seus primeiros passos, estreitaram-se fronteiras geográficas e linguísticas, criou-se um novo e muito mais alargado número de leitores de obras da especialidade - como atestam o aumento de títulos e tiragens das publicações genealógicas -, aproximaram-se – e quantas vezes não se revelaram – parentescos desconhecidos ou dispersos”.

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O lugar da Genealogia na historiografia contemporânea em Portugal A Genealogia com carácter científico, embora existissem obras anteriores de grande rigor, emerge em Portugal no século XIX, com nomes como Sanches de Baena, João Carlos Feio, Silveira Pinto e sobretudo Braamcamp Freire, autor da famosa obra “Brasões da Sala de Sintra” ( ), para quem genealogista – o panigirista - “era sinónimo de mentiroso e parvo”. Anselmo Braamcamp Freire ( )

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No século XX, e associada à criação do Instituto Português de Heráldica, destacaram-se pela sua qualidade académica e científica os nomes de Afonso de Dornelas, Marquês de São Payo, Marquês de Abrantes, cujas obras têm lugar de destaque na historiografia dos períodos da Idade Média, Moderna e Contemporânea de Portugal. Marquês de São Payo (1902 -1981)

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Durante a segunda metade do século XX, vários nomes se impuseram na produção de monografias genealógicas: Luís de Bívar Guerra, Eugénio da Cunha e Freitas, Jorge de Moser, Calvão Borges, Sacadura Falcão. E na actualidade outros nomes têm marcado… Sacadura Falcão Manuel Arnao Metello ( ) ( ) A História da Família é hoje uma abordagem – e metodologia - que começa a ter seguidores, preferindo ao mero registo de nomes, datas e cargos, a contextualização social, económico e político… e outros aspectos como locais de residência, retratos, tendências genéticas…

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No campo da História Social, destacam-se os trabalhos de José Mattoso, que recorreu amplamente à genealogia para o estudo do período medieval e as suas linhagens: A Nobreza Medieval Portuguesa (1980); Ricos-Homens, Infanções e Cavaleiros (1982), formando escola (Luís Kruz; Bernardo Vasconcelos e Sousa, Sottomayor Pizarro e outros). José Mattoso (1933-)

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Para a Idade Moderna, evidenciaram-se os estudos sobre a Casa Senhorial do Infante D. Henrique (1991) , sobre o Morgadio em Portugal, nos séculos XIV-XV (1995) ou sobre a Casa de Bragança e as suas redes clientelares (2000), ou ainda no Antigo Regime, sobre as famílias dos “Grandes do Reino” e o seu endividamento (1998) ou sobre municipalismo (2002), de João Silva de Sousa, Maria de Lurdes Rosa, Mafalda Soares da Cunha, Nuno Gonçalo Monteiro e Teresa Fonseca.

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Para os séculos XIX e XX, numa aliança entre História Económica e Social e Genealogia, os trabalhos de Helder Fonseca (O Alentejo no século XIX: Economia e Atitudes Económicas, 1996), incidindo sobre as teias familiares da elite empresarial eborense, ou de Antónia Pedroso de Lima (Grandes Famílias, Grandes Empresas: Ensaio Antropológico sobre uma Elite de Lisboa, 2002), sobre as famílias de banqueiros e financeiros lisboetas (Santos (Jerónimo Martins), Espírito Santo, Vaz Guedes, Pinto Basto, Orey, Queiroz Pereira e Mendes Godinho…) dos séculos XIX-XX (numa abordagem de Antropologia Social).

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O estado da investigação: velhas e novas áreas disciplinares e temáticas O diálogo tem sido muito frutuoso não só na História Social, mas também na… História Política (ex: biografias de monarcas, estadistas, como a que José Miguel Sardica pu- blicou sobre o Duque de Ávila, 2005) Duque de Ávila ( )

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História Diplomática (ex: biografias de diplomatas e das redes familiares que constituíam, como a que Isabel Cluny escreveu sobre D. Luís da Cunha, 1999…) História das Elites (ex: estudos sobre elites tradicionais – aristocracia, militares e clero -, elites locais, negociantes e financeiros – como José Maria Eugénio -, intelectuais e a sua participação no poder político…) D. Luís da Cunha ( ) José Maria Eugé- nio de Almeida ( )

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História da Arte (ex: estudos sobre artes decorativas, joalharia, prataria…) História da Família (ex: estudos sobre património e arquivos familiares, sobre perseguições judiciais – caso Vila Real e Távora -, publicação de correspondência…) D. Leonor Daun, Marquesa de Pom- bal ( )

36 Diálogos entre a Genealogia e a História em Portugal
Demografia Histórica (ex: estrutura da população em épocas recuadas, permite reconstituir paróquias, os ritmos da natalidade, nupcialidade e mortalidade, …)

37 Bibliografia: Amaral, Augusto Ferreira do (2000) – Fontes da Genealogia em Portugal. Porto: Universidade Moderna. Cabral, João de Pina; Lima, Antónia Pedroso de (2005 )– “Como fazer uma história de família: um exercício de contextualização social”, in Etnográfica, vol. IX (2), pp Gama, Luís Filipe Marques da (2004) – Genealogia e Heráldica, Fontes Documentais da Torre do Tombo para a História do Brasil. Lisboa: Instituto dos Arquivos Nacionais/Torre do Tombo. Guerra, Luís de Bívar (1978) – “Cem anos de Genealogia ( )”, in A Historiografia Portuguesa de Herculano a 1950, Lisboa: Academia Portuguesa da História ( ). Análise Social, História Social das Elites (1992), 4.ª série, vol. XXVII, n.os , Instituto de Ciências Sociais

38 Mendes, Nuno Canas (1996) – Descubra as suas raízes
Mendes, Nuno Canas (1996) – Descubra as suas raízes. Mem Martins: Lyon Multimedia. Pizarro, José Augusto de Sotto Mayor – “O Género Genealógico na Historiografia Medievística Portuguesa”, in Sousa, G.V. – cit. infra Silva, Armando Barreiros Malheiro da (1984) – “A Genealogia em Portugal e o desafio do presente”, in Armas e Troféus, V série, n.os 1,2,3 ( ). Sousa, Gonçalo de Vasconcelos e (1998) – Temas de Genealogia e de História da Família, Porto: Centro de Estudos de Genealogia, Heráldica e História da Família – Universidade Moderna.

39 Diálogos entre a Genealogia e a História em Portugal
Sites úteis: IPH: APG: CLEGH: IGHUL: Geneall Portugal: Associação dos Amigos da Torre do Tombo: Biblioteca Genealógica de Lisboa:

40 Torre do Tombo: Arquivo Histórico Ultramarino: Arquivo Histórico Militar: Biblioteca da Ajuda:

41 Arquivos Distritais Braga: http://www.adb.pt/
Bragança: Coimbra: Faro: Leiria: Porto: Vila Real: Viseu: