As pessoas que sofriam ataques de asma alguns anos atrás, se apavoravam com a doença, porque a asfixia é pior que qualquer tipo de dor e para aliviar uma forte dor já existiam analgésicos, chás, massagens, compressas quentes e muito mais, mas para a dispnéia da asma era do lado do sem jeito, porque só existia uma injeção chamada Asmoglanglina e era muito perigosa.

Quando o asmático tomava a tal injeção se sentia péssimo: tinha taquicardia, tremia e suava frio, a asfixia melhorava, mas só até o efeito da injeção acabar, ai começava tudo novamente e com medo do efeito da Asmoglanglina, os doentes aspiravam a fumaça de uma erva chamada Mata-Carneiro colocada sobre brasas, tossiam muito e sentiam uma melhora pequena e passageira.

Quando as pessoas que usavam a tal injeção começaram a morrer de ataques cardíacos, sua fabricação foi proibida pelo governo e não restou outras opções de tratamento e o sofrimento dos asmáticos aumentou; na pequena cidade de Leão da Rocha morava Maria Leonor, que sofria crises fortes de asma que duravam semanas e até meses, era um horror.

Desesperada com o sofrimento ela fazia tudo que lhe ensinavam, tomou azeite de mamona, chá de todo tipo de folhas e raízes e chegou a tomar chá de jasmim de cachorro {cocô de cães}, mas nada ajudava e a coitada experimentou de tudo e foi nessa ocasião, que alguém falou sobre um médico alemão recém chegado da Alemanha.

Ao ouvir falar sobre o tal medico, Maria Leonor resolveu ir até Belo Horizonte fazer uma consulta e o medico que se chamava Peter Shinaider indicou uma pequena cirurgia inventada por ele, mas garantiu que depois da operação ela não voltaria a ter ataques de asma e mesmo aconselhada a não fazer, ela teimou e fez.

Como não existiam convênios de saúde naquela época, a esperançosa doente vendeu a casa onde morava, para cobrir os altos custos da tal cirurgia; Maria Leonor voltou se julgando curada e foi morar com seu marido e filhos na casa de sua mãe; poucos dias depois da cirurgia a asma voltou pior do que antes, parecia que ela ia morrer.

Julio o marido de Maria Leonor, voltou a capital para falar com o doutor Peter Shinaider e o medico disse que era normal a doença voltar no inicio, mas que em pouco tempo ela estaria curada para sempre, mas o tempo passava e as crises se sucediam, pelo jeito a cirurgia era enganação e Julio voltou a Belo Horizonte.

Quando encontrou o alemão, ele disse: sua cirurgia não funcionou e eu vim buscar meu dinheiro de volta, mas o medico se recusou a devolver e foi ai que a coisa ficou feia, porque Julio derrubou o doutor no chão e lhe deu uma enorme surra, dizendo: moço, para enganar um mineiro um alemão só é pouco.

O doutor Peter Shinaider devolveu o dinheiro do zangado cidadão e voltou para a Alemanha de couro quente e bolso vazio; Maria Leonor nunca se recuperou, mas conseguiu comprar sua casa de volta e com as novas descobertas da medicina, ela conviveu pacificamente com sua asma por muitos anos, mas sarar nunca sarou.

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